Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 19
Capítulo 1 x 19




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Noah

Flavio estava sentado na calçada de sua casa, Faltavam duas semanas para o casamento. E ainda não tinha escrito seus votos e não estava com cabeça para escrevê-los. Ele não conseguia tirar da cabeça o que Beatriz havia dito a respeito de Noah.

Ele ouviu o portão da sua casa se abrir só conseguiu ver quem era quando a pessoa se sentou ao seu lado. Era sua noiva Mariana.

– Flavio, você tem que ligar pra ele. – falou Mariana.

– Eu não sei se consigo. – disse ele.

– Não sabe se consegue o que? – perguntou sua noiva, o observando de uma maneira tão absorta.

– Passar por cima do fato dele ser gay e ser apaixonado por mim. – respondeu Flavio, agora fazendo círculos com o dedo no chão áspero de cimento.

– Você tem que fazer isso, pois você deve isso a ele. – falou Mariana.

Ele parou no mesmo instante para fitar sua expressão e o que ele viu, foi sua noiva com uma expressão de serenidade e confiança, nas palavras que havia acabado de dizer.

– Devo?

– Sim, pois ele passou por cima dos sentimentos dele e valorizou os seus. Ele colocou a sua felicidade acima da dele. – explicou Mariana.

– Não estou entendendo Mariana? – indagou Flavio.

– Toda vez que brigávamos, eu entrava em contato com Noah, pedia a ele conselhos sobre como lidar com você. Juro que teve vezes em que eu pensei em desistir de nós dois. Mas ele me fazia mudar de ideia, me fazia acreditar que estávamos realmente predestinados a ficar juntos.

– Ele sempre quis...

– O seu bem. – o interrompeu Mariana. – Ele teve várias chances de me fazer desistir. Mas ele sempre lutou por você. Ele te deu a maior prova de amor que alguém pode dar.

– E que prova de amor, seria essa?

– A de deixar a pessoa que você ama. Ser feliz ao lado de uma pessoa que não é você. Acho que o único erro dele foi te amar de outra maneira em silencio. No entanto a amizade de vocês sempre foi algo que ele fazia questão de colocar em evidencia. Algo que ele defendeu todos esses anos. Se machucando todos os dias por viver uma farsa. Pelo simples medo de perder o que vocês tinham.

– Será que é tarde? – perguntou Flavio, olhando para o céu.

– Pra que? – indagou Mariana.

– Pra dizer a ele, que não ligo para sua opção sexual. Pra dizer a ele que não posso ama-lo da maneira que ele queria, mas que posso fazer com que esse amor que eu sinto por ele nunca vá se esvair. Porque o amor que eu sinto por ele é incondicional, é puro, é imperfeito é de verdade. – falou Flavio. – Mas que é dele e sempre será dele, pois ele é o meu melhor amigo. Ele é o meu irmão.

– Então vai Flavio, diga a ele que nada mudou, que a amizade vocês não chegou ao fim. Diga a ele que você o ama.

Flavio correu até em casa, pegou a chave do carro, deu um beijo rápido em Mariana e saiu em disparada.

***

Noah estava saindo de casa para correr um pouco na avenida. Ele trancou a porta do apartamento e foi para frente do elevador, quando a porta do elevador se abriu. Ele viu uma pessoa que não esperava ver tão cedo. Os batimentos do seu coração se aceleraram de tal forma que ele chegou a pensar que fosse morrer ali.

– Boa noite Noah! – disse Flavio. – Será que podemos conversar?

– Claro. – disse Noah ainda perplexo. – Se você não se importar de conversarmos caminhando.

– Tudo bem. – concordou Flavio.

O percurso até a avenida foi de total silencio, Noah olhando de segundo em segundo o celular e Flavio fixamente o chão. Até que Noah decidiu quebrar o silencio.

– Eu sei que devia ter te contado sobre minha opção sexual, e sobre a paixão. Já faz anos que não te amo mais daquela maneira. – disse ele, quase que se atropelando nas palavras de tão rápido que ele havia as pronunciado.

– Noah, eu realmente fiquei bravo naquele dia, por saber que você é gay e que era apaixonado por mim. E sinceramente não sabia se iria conseguir aceitar. Mas eu coloquei tudo o que passamos ao longo de todos esses anos juntos e vi o quanto você realmente me ama. E eu nunca havia percebido. – disse Flavio, com a voz carregada de culpa e vergonha.

– Eu tinha medo de que a nossa amizade acaba-se. Caso você descobrisse a verdade. – comentou Noah.

– E eu tive medo de perder sua amizade, pelo simples fato de não conseguir aceitar quem você realmente é. – rebateu Flavio

– E quem eu sou pra você? – perguntou Noah parando para ouvir a resposta.

Eram nove e meia da noite, e os carros passavam a toda velocidade, outras pessoas também estavam correndo na calçada da avenida, uns levavam seus cachorros para passear. Outros queriam apenas caminhar, aproveitar a noite. E Noah estava ali esperando uma resposta.

– Você é o meu melhor amigo, você é o meu irmão. – respondeu Flavio. – Eu vim até sua casa hoje pra dizer que te amo meu amigo, não da forma que você queria. Mas da forma sobre a qual consolidamos o que somos hoje um pro outro. Sobre uma base que erguemos há seis anos. Quando você me perguntou se eu queria ser seu amigo? E eu respondi que sim.

Flavio estava chorando, e dessa vez não fazia questão de esconder aquilo que escorria por seu rosto.

– Eu quero continuar fazendo parte da sua vida, assim como quero que você continue fazendo parte da minha. Quero que meus filhos te chamem de tio Noah. Quero chorar, quando você chorar, como também quero sorrir, quando você sorrir. Quero você ao meu lado daqui a duas semanas. Quando estarei dando um dos maiores passos da minha vida. – disse Flavio secando as lágrimas.

_ Eu vou estar presente em todos esses momentos. – prometeu Noah.

E os dois fizeram o que os uniam em todos aqueles anos. Abraçaram-se, selando ali um laço de amizade, que por eles jamais iria se romper.

Noah desistiu de correr e decidiu ir pra casa com Flavio e preparar alguma coisa para os dois comerem. No caminho de volta ao apartamento. Noah avistou um carro que parecia muito com o de André. Ele teve a certeza quando olhou para a placa do carro. Ele decidiu se aproximar. Quando chegou mais próximo do carro viu a cena que não queria ter visto.

Andre estava aos beijos com outro cara dentro do carro. Flavio que estava perto do amigo. Percebeu na hora o que estava acontecendo e bateu no vidro da janela. O vidro se abaixou. E Andre viu Noah e Flavio. O cara que estava com ele pareceu não se importar, já André empalideceu no mesmo instante que os viu.

– Noah, eu posso explicar – disse André saindo do carro.

Noah não dizia nada, apenas ficava olhando para André indo a sua direção. Quando sentiu alguém lhe puxar pra trás.

– Explica isso seu babaca. – falou Flavio dando um belo de um soco no nariz de André.

André cambaleou pra trás com a mão posta sobre o nariz, tentando pressionar o sangue que escorria.

– O que você pensa que está fazendo cara? – perguntou André ainda com a mão no nariz.

– Estou defendendo meu irmão, de um filho da puta, como você. – respondeu Flavio.

Noah ficou surpreso ao ver Flavio agir daquela maneira. No entanto ficou feliz em ver seu amigo e irmão, lhe defender.

– Espero não te vê perto do meu irmão de novo. – aconselhou Flavio ao Andre.

– Eu realmente devia ter dado ouvido aos meus amigos, mas preferi ir contra eles. Acreditando que eu e você iríamos começar de onde paramos. – falou Noah. – Siga sua vida André e tente esquecer que um dia tivemos algo, pois eu vou fazer o mesmo.

– Eu nunca fui homem para você Noah. – disse André, ainda com a mão no nariz.

– É você nunca foi homem pra mim. – concordou Noah. – Vamos embora Flavio.

Eles foram pra casa, Flavio olhando as costas de sua mão que estava vermelha e Noah dando gargalhadas, como se tivesse presenciado algo muito engraçado.

– Do que você ta rindo? – perguntou Flavio, intrigado em saber qual era a piada.

– Eu poderia escrever um livro com isso. – respondeu ele.

– Meu Deus! – gritou Flavio, levando as duas mãos a cabeça.

– O que foi Flavio? – perguntou Noah assustado.

– Eu ainda não escrevi meus votos. – explicou Flavio.

– Eu te ajudo a escrever seus votos. – disse Noah, jogando seu braço esquerdo por cima do ombro de Flavio e lhe dando um sorriso afetuoso.

Assim que chegaram em casa, a primeira coisa que Flavio fez foi ligar pra Mariana, para avisa-la que não iria dormir em casa. Que iria dormir na casa do seu amigo, pois eles iriam virar a noite jogando vídeo game.

***

Finalmente havia chegado o dia do casamento. A cerimônia seria realizada na Igreja de Santa Terezinha, no distrito de Conselheiro Paulino. Tudo estava perfeito, da escolha das flores que enfeitavam a igreja, a quantidade de padrinhos e madrinhas.

Noah foi até Flavio que estava roendo as unhas de tanto nervoso, parecia que o garoto iria ter um ataque do coração.

– Se acalme homem! – Noah o aconselhou.

– Eu to nervoso cara! – falou Flavio olhando de um lado para o outro.

– Te julgaria um imbecil se não estivesse, levando em conta tudo o que pode acontecer em um casamento.

– O que pode acontecer em um casamento? – perguntou Flavio totalmente assustado.

– Pense, Mariana pode dizer não, ou talvez nem aparecer, pois reconheceu que não quer passar o resto da vida dela ao seu lado, um antigo amor seu, pode se manifestar na hora do casamento e começar a fazer um escândalo, e na última das hipóteses seria alguém morrer durante a cerimônia. – falou Noah sarcasticamente. – Isso tudo pode acontecer.

– Eu te odeio! – disse Flavio.

– Odeia nada. – rebateu Noah sorrindo

A mãe de Flavio apareceu para chama-los e mandar ficarem prontos, pois a noiva já havia chego.

– Vai dar tudo certo. – afirmou Noah ao amigo.

A música nupcial começou a tocar e assim entrou a noiva. Mariana estava deslumbrante. Seu sorriso fazia jus a toda a sua beleza e simpatia. Ela parou ao lado de Flavio e o padre começou a falar coisas que se diz em casamentos. Alguns minutos se passarem e chegou o momento de ler os votos. Mariana foi a primeira a ler, Flavio não parou de chorar nem um segundo enquanto ela lia. E finalmente chegou a hora de Flavio começar a ler os seus votos de casamento. Ele desdobrou o papel e começou a ler.

– Eu era um jovem apaixonado, eu só queria conhecer o que era certo, mesmo sabendo que também poderia encontrar o errado. Eu queria desesperadamente encontrar você. Eu pedia para que as pessoas me mostrassem um caminho, que me levasse até você. Nessa minha busca eu chorei, cheguei até pedir em oração, para que Deus me levasse urgentemente à pessoa que completasse a outra metade do meu coração. Chegou um tempo em que eu estava disposto a cruzar um oceano, mesmo que fosse pra chegar lá e descobrir que tudo não passou de um engano. E quando eu pensei em desistir, depois de tanto tempo procurando. Uma estrela no céu brilhou, e sim, foi naquela hora em que você me olhou, naquela hora em que meu coração pulsou mais forte e eu tenho certeza de que não foi sorte. Desde aquele dia cada minuto que passo com você. Pareço estar no céu, o seu beijo é doce como favo de mel. Você me tirou daquela solidão e completou a outra metade do meu coração. Eu falei no começo que era um jovem apaixonado. No entanto eu ainda sou um jovem apaixonado. A diferença é que naquela época eu era um jovem apaixonado a procura de alguém por quem me apaixonar. E hoje eu sou um jovem apaixonado, que se, apaixona, todos os dias por você Mariana.


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