Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 10
Capitulo 1 x 10




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Gustavo
Gustavo mal havia chegado a fabrica e Emily o avisara que o Sr. Helio e Diogo, queriam falar com ele. Ele já sabia que Diogo havia marcado uma reunião com todo o setor de produção da fabrica. Era sua primeira reunião como diretor e aquilo não o deixava tranquilo, muito pelo contrário o deixava ainda mais nervoso. Sem falar que ainda tinha Sophie, ele percebera que ela estava fria com ele. No entanto aquilo seria uma questão para se tratar depois, pois naquele momento ele tinha um problema maior para solucionar.
Alguém bateu a porta de sua sala. Sem perder tempo ele ajeitou a sua postura e esperou para ver de quem se tratava. Quem apareceu na entrada sala foi à figura do Sr. Helio. Era um homem de meia idade, poderia se deduzir que estava chegando aos seus 60 anos. Era um homem calvo, barrigudo, mas de uma educação exemplar, logo atrás dele surgiu Diogo com sua postura imponente.
– Te atrapalho filho? – perguntou Sr. Helio ainda parado na porta.
_ Não, por favor, entrem! – disse Gustavo fazendo sinal para que entrassem.
Antes de fechar a porta Gustavo conseguiu ouvir Diogo dizer a Emily que não queria ser incomodado por ninguém.
Ele esperou Sr. Helio e Diogo se acomodarem, antes de mencionar qualquer palavra.
_ Vamos direto ao ponto. – disse Helio. – Quero saber o que você pretende fazer para aumentar a produção em 25%. Já que será um trabalho árduo.
– Certamente pensei em algo, porém o senhor terá que me dá um crédito além do esperado. – disse Gustavo.
Sr. Helio se recostou totalmente e cruzou os braços.
– Estou lhe ouvindo. – disse ele.
Diogo se remexeu na cadeira, como se estivesse ansioso para escutar o que Gustavo iria propor para aumentar a produção. Ele o estava olhando com uma expectativa tão grande que dava medo.
– Eu não posso cobrar nada dos funcionários, se não tiver algo a lhes oferecer. – falou Gustavo se inclinando para frente. – Estou pedindo que o senhor, me dê algo para dar aos operários da fábrica. Um estímulo, para aumentarem a produção. Um aumento de 5% no salário.
Helio no mesmo instante arregalou os olhos de surpresa, não se sabia se era pela ousadia ou pela burrice.
– Tem ideia do que você esta me pedindo? – perguntou ele.
_ Sim, eu tenho! – respondeu Gustavo, pensando que tinha perdido o seu emprego. – Estou pedindo a oportunidade de fazer com que os funcionários se vinculem a empresa.
– Não estou te entendo.
– É simples! Um funcionário que começa a ver, que a empresa que na qual ele trabalha, está se preocupando com o bem estar dele, Deixando-os a entender que há expectativas de crescimento e um bom ambiente de trabalho...
– Levará aquele funcionário a lutar pela empresa, a fim de não perder tudo aquilo que a empresa está lhe oferecendo. – interrompeu Diogo, olhando Gustavo com um olhar de orgulho, coisa que ele nunca poderia esperar de seu pai.
Gustavo ficou feliz por ver, que Diogo estava acompanhando seu raciocínio. Era engraçado pra ele estar trabalhando com o irmão de seu melhor amigo. Diogo era um engenheiro mecânico de mão cheia, Muitas fábricas queriam Tê-lo em seu grupo de engenheiros. Ele era um exemplo para qualquer estudante engenharia que quisesse se dar bem nesse ramo.
– Então você, acha viável Diogo, o que este garoto está propondo? – perguntou Helio, se virando completamente para olhar Diogo que estava atrás dele de pé.
Gustavo se sentiu um pouco ofendido ao ser chamado de garoto, pois dava a entender que ele não era propício para aquele cargo, porém no momento ele estava mais preocupado era coma opinião de Diogo.
– É um chute no escuro, sem duvida. – disse Diogo. – Mas é uma boa estratégia, acho que o senhor deve dar uma chance a ele. Se não der certo, ele simplesmente vai para o olho da rua.
Gustavo se lembrou de uma coisa que Noah sempre lhe dizia a respeito de seu irmão, de que Diogo nunca dava nada de graça e ali estava a prova. Diogo estava dano o seu apoio a ele. No entanto nada com ele sai de graça. Ele havia colocado o emprego de Gustavo na balança. E com um olhar penetrante diretamente para Gustavo ele fazia a seguinte pergunta: O que vai pesar mais? O seu emprego ou seu fracasso?
– Pois bem, comunique hoje aos operários na reunião sobre os 5% de aumento. – disse Helio levantando as mãos, como sinal de rendimento ou até aceitação. – Mas lembre-se filho é o seu emprego que está na reta agora.
– Obrigado pelo voto de confiança Sr. Helio! – agradeceu Gustavo.
Sr. Helio se levantou de seu assento e seguiu para saída da sala. Diogo permaneceu na sala. Gustavo sabia que a conversa agora seria somente entre os dois. E seria muito séria.
– Obrigado Diogo! – agradeceu Gustavo.
– Não me agradeça, ainda, pois temos muito trabalho a fazer. – falou Diogo dessa vez se sentando em uma das cadeiras.
Gustavo sabia que Diogo fora do ambiente de trabalho era outra pessoa, um cara amigo, brincalhão. No entanto quando se tratava de trabalho ele levava aquela palavra, a um grau anormal de seriedade. E era aquilo que fazia dele um dos Diretores mais respeitado da fábrica. Diziam até que ele era quem ditava as regras na ausência do Sr Helio, até seu pai tremia na base quando Diogo o chamava para uma conversa.
– Eu vou ser melhor que meu pai. – disse Gustavo.
– Você é um cara idôneo. Eu acredito em você Gustavo, porém lhe falta algo. – disse Diogo pegando celular do bolso.
– O que seria?
– Confiança em si mesmo.
Mais uma pessoa dizia o que sua mãe e sua noiva haviam dito. Não nas mesmas palavras, mas com a mesma ênfase de efeito moral. Não tinha mais o que discutir, ele teria que mudar sua postura perante a si mesmo. Teria que ter mais voz ativa sobre suas decisões, até mesmo sobre sua vida. Estava na hora de dar um passo, que poucos nessa vida tinham coragem de dar. O passo que te lava a se, surpreender consigo mesmo.
– Tenho que fazer uma ligação. – comentou Diogo. – Nos vemos na reunião.
– Até!
Diogo saiu da sala, o deixando sozinho para pensar um pouco. Ele tinha que pensar sobre o que iria dizer na reunião.
Seu celular começou a tocar, ele olhou no visor e viu que era Lívia, e atendeu.
– Oi Livia! – disse ele.
– Olá Gustavo. – respondeu ela
Gustavo adorava sua voz, pois ela tinha uma voz sensível, mais firme e seu sotaque gaucho, era admirável.
– Poderíamos nos encontrar hoje? – perguntou Livia
– Só dizer o horário e local. – pigarreou Gustavo.
– No Café Stevenson às quatro da tarde.
– Estarei lá. Beijos!
– Beijos!
***
Gustavo almoçava na fábrica e no mesmo horário que os outros funcionários, alguns caras da produção sentaram na mesma mesa que ele. Eram caras que ele já conhecia falavam com ele às vezes mais nada além do que o necessário. Enquanto almoçava conseguiu ouvir um grupo de funcionários reclamarem sobre o aumento de 25% na produção, uns diziam que era impossível outros apenas davam de ombros como quem não sabe o que dizer sobre o assunto.
Faltavam vinte minutos para a reunião com toda a fábrica começar, Gustavo ficou observando da janela de sua sala, o aglomerado de funcionários que seguiam para o auditório era, estrondosamente enorme. O que dava medo de certo modo a Gustavo. Quando ia saindo de sua sala, por incrível coincidência. Acabou se encontrando com Diogo.
– Está pronto? – perguntou Diogo.
Gustavo teve vontade de voltar e se trancar na sua sala e não sair de lá enquanto o expediente não acabasse, mas não podia fazer isso. Ele tinha que provar a si mesmo que era capaz de ser Diretor Geral de produção de uma fábrica, ele devia isso a si mesmo.
– Sim! – respondeu ele, com toda confiança que dispunha naquele momento. Naquele instante.
Ele conseguiu ver por breves segundos Diogo lhe lançar um sorriso, o que poderia significar um é assim que tem que ser.
Ali no auditório estavam cerca de seiscentos funcionários que trabalhavam naquele período da manhã. A FHSM tinha um total de mil e duzentos funcionários ao todo. Ali estavam todos os operários com os seus jalecos cinza e os encarregados de cada sessão com os seus jalecos azuis. Era um falatório, onde conseguia se ouvir apenas murmúrios se misturando a outros murmúrios. Gustavo sentiu todos os olhos do auditório se concentrarem nele e em Diogo enquanto iam pelo canto esquerdo do auditório até o palanque.
Todos estavam apreensivos com aquela reunião, pois uma reunião em grande escala como aquela poderia ser tanto benéfica quanto maléfica de certo modo. Gustavo logo se posicionou para dar inicio com Diogo ao seu lado. Gustavo por fora estava mostrando autoconfiança, autoridade, respeito, mas por dentro estava prestes a desabar.
– Boa tarde a todos! – cumprimentou Gustavo. – Meu nome para quem não sabe é Gustavo Domingues. E sou o novo Diretor Geral de Produção.
Ninguém teve a decência de responder de volta a Boa tarde, mas isso não era relevante no exato momento, já que ele esperava muitos questionamentos em relação ao aumento da produção.
– Eu vou direto ao assunto, pois não sou homem de rodeios. Foi estipulada uma meta, pelo dono da fabrica, o Sr. Helio. Ele quer um aumento de 25% na produção.
No exato momento em que ele disse os 25% de aumento na produção. Houve uma enorme inquietação dentro dou auditório, Gustavo conseguia escutar alguns xingamentos como o que esse filho da puta ta achando que somos? , esses merdas só querem explorar... Dente outras que não se podia tirar proveito de maneira positiva.
– Puta que paril! Vocês vão me deixar terminar de falar? – falou Gustavo alterando um pouco seu tom de voz. Nesse momento Diogo o fitava com os olhos um pouco incrédulo.
O auditório foi se acalmando aos poucos. Muitos o olhavam agora com certo pavor. Enquanto outros o olhavam com uma petulância inquestionável.
– Pois bem! Eu não poderia vir pedir algo a vocês, sem lhe oferecer algo em troca. Então eu tive uma reunião hoje cedo com o Sr. Helio. E pedi a ele que lhes concedessem 5% de aumento no salário de vocês. Ele concordou, deixo avisado que no pagamento do mês que vem. Já vira com os 5%...
Antes que ele pudesse continuar, ele foi interrompido por um assombroso som de salva de palmas. Todo o auditório o estava aplaudindo de pé. Isso para Gustavo estava sendo gratificante, mais ele ainda tinha coisas a falar.
– Eu consegui isso para vocês, então vocês podem esperar o melhor de mim. Assim como eu vou querer o melhor dos senhores. Vou fazer de tudo para lhes propor um ambiente de trabalho favorável e adequado... Como também vou exigir isso de vocês. Mas já deixo avisado, o primeiro que vacilar comigo. Vai ser mandado embora na hora, não terá segunda chance.
Todos olhavam com um respeito estrondoso. Ele queria que seu pai estivesse ali pra vê-lo. O quão responsável ele havia se tornado.
– Estou comprometido com vocês a partir de hoje. E vocês estão comprometidos comigo? – perguntou Gustavo a multidão de operários.
– SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM! – gritou todos.
– Então voltem ao trabalho, pois temos quatro meses para atingir essa meta. – encorajou Gustavo.
Ele sentiu uma mão pousar sobre seus ombros e se virou para ver quem era. Era Diogo, ele havia ficado em silencio durante toda a reunião.
– Fui bem? – perguntou Gustavo, já sabendo que havia se saindo bem, porém ele queria ouvir um sim sair da boca de Diogo.
– Você conseguiu fazer uma coisa que seu pai, nunca conseguiu fazer e nem sequer chegou tentar fazer. E isso com certeza, o torna melhor que ele. – falou Diogo lhe lançando um sorriso.
– E o que eu fiz?
– Você conquistou uma coisa essencial, que é a confiança deles.






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