Caminhando em Gelo Fino escrita por Ditto


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

mais um capítulo procês ヽ(*≧ω≦)ノ
espero que gostem



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—A biblioteca tá reformando – anunciou Sai segurando meia dúzia de livros nos braços.

—Que pena – respondeu Naruto. Ele jogou a mochila nas costas animado e fingiu-se de triste fazendo beicinho – Acho que não vamos poder estudar essa semana, não é uma tragédia?

—Na verdade, eu só tinha pensando de achar outro lugar pra ficar enquanto não terminam a reforma.

—Ah – Naruto murchou – É... Pode ser, também...

Os dois deixaram o prédio discutindo possíveis lugares para se instalarem quando passaram perto da quadra. Alguns alunos do ensino médio estavam disputando uma partida de futebol ali e, na arquibancada, fazia uma boa sombra. Naruto convenceu Sai de que seria agradável sentar para estudar ao ar livre, já que fazia muito calor e, com alguma insistência, o garoto cedeu, sob a condição de que o loiro não se distraísse com o jogo.

Já haviam entrado no segundo mês de aula, com a ajuda de Sai, Naruto já estava começando a melhorar não somente em física, mas em quase todas as matérias. O garoto já fazia um ou outro exercício sozinho ao invés de começar a rabiscar desenhos na lateral da apostila quando Iruka passava lições em aula – o que, ao ver de Naruto, era um feito enorme e praticamente inédito.

Sai precisou procurar uma anotação em sua mochila e, entediado com a matéria, Naruto aproveitou o momento para voltar sua atenção para o jogo. Entre os estudantes que jogavam, estava Sasuke. Ele parecia ter cometido alguma falta, pois algum aluno do segundo ano gritava irritado com ele, mas o garoto o deu às costas desinteressado. Ele suava, o sol estava forte na maior parte da quadra e, sendo um dos melhores jogadores, Sasuke trabalhava muito em campo, era impressionante que não estivesse ofegante como a maioria dos colegas.

Quando deu meia volta e foi se afastando do segundo-anista que reclamava da falta, os olhos de Sasuke correram pela arquibancada avistando Naruto. O olhar gélido fez uma corrente elétrica correr instantaneamente pelo corpo do garoto, fazendo seu estômago congelar, mas ele não desviou o olhar. Sasuke também continuou o encarando, removeu alguns fios de cabelo que colavam em seu rosto e começou a desabotoar a camisa do uniforme, tirando-a e expondo o tórax maciço com uma postura incrivelmente arrogante. Parou no limite da quadra, ainda encarando Naruto com seu olhar frio e intenso, e atirou a camisa num canto fora do campo. Só então, desviou os olhos e voltou ao jogo.

—Você realmente achou que aqui seria um bom lugar pra estudar, ou só queria vigiar o Sasuke de perto?

Naruto virou-se para Sai assustado – por um momento, havia esquecido que o outro estava lá. Percebeu de repente que seu coração estava disparado, sentia todo o seu corpo tomado por uma onda de adrenalina, como se houvesse acabado de sair de uma montanha russa.

—O quê? Eu só tava olhando o jogo – apressou-se em dizer, mirando o caderno em seu colo com um súbito interesse.

—Você tá zoando, né? - disse Sai com um riso incrédulo – O jogo tava parado. Você tava olhando pra ele.

—Eu não tava...

—Ele tirou a camisa... Encarando você.

Naruto sentia o rosto inteiro queimar, quase não conseguia se mexer.

—Ele é arrogante, metido e quis se exibir, porque é um insuportável.

—Pensei que você considerasse ele seu melhor amigo.

—Já disse que ele mudou completamente, não foi? Agora ele é um babaca.

—Você gosta dele.

As palavras desapareceram de sua boca. Gostar em que sentido? Naruto voltou o olhar instintivamente para seu estojo e fingiu procurar alguma coisa.

—Já disse que acho ele insuportável – resmungou exasperado, não vendo quando Sai sacudiu a cabeça com um misto de reprovação e pena – Talvez tenha mesmo sido uma má ideia estudar aqui, por que a gente não vai no refeitório? Deve ter umas mesas vazias lá.

—Ok.

Os dois deixaram a quadra e foram para o refeitório, não tocaram mais no assunto e, depois de tal conflito, mal se falaram pelo resto do dia. Após terminarem as lições do dia, Naruto resolveu retirar-se para seu quarto. Sakura passou mais tarde para perguntar porque não havia ido jantar, mas ele argumentou que estava sem apetite e preferiu comer um pacote de biscoitos que tinha guardado - o que era verdade – e, quando a garota perguntou se estava tudo bem, respondeu-lhe que estava apenas cansado – o que era mentira. Sentia-se ansioso e angustiado, mas não queria que ninguém soubesse, mesmo porquê, não tinha certeza da razão. Também não queria ter. Ocorreu-lhe uma ou outra possibilidade, mas tratou de dispensá-las todas e evitou pensar no assunto ao máximo, no que falhou até o último segundo, quando, para seu alívio, conseguiu dormir.

No dia seguinte, Naruto continuou disperso. Não conseguia parar de pensar na atitude de Sasuke na tarde anterior e na forma com que as ações do garoto o afetavam sempre. Sai não havia sido o primeiro a apontar a demasiada atenção que dava a ele, no entanto parecia ser o primeiro a levar isso a sério. Não ficou surpreso em ver que ele sabia exatamente pela qual não estava prestando atenção nas aulas.

—Ainda pensando nisso? - perguntou Sai ao virar-se para trás no fim do período e encontrar Naruto absorto em seus pensamentos enquanto o resto da turma já terminava de guardar seus pertences e corria para fora da sala.

—Pensando no quê? - fez-se de desentendido e apressou-se em jogar o material na bolsa. Sai respirou fundo e virou os olhos com paciência.

—Ele não veio hoje, você reparou, né? Onde será que ele está?

Naruto suspirou. Lógico que havia dado falta de Sasuke. O amigo dele, Suigetsu, estava presente, o que inicialmente o fez pensar que talvez ele só estivesse indisposto, mas a comoção e exasperação dos professores o levou à conclusão de que o garoto havia, mais uma vez, pulado os muros da escola, desta vez, sozinho. Seria mais fácil não me preocupar com ele se ele não se metesse tanto em problemas, pensou irritado.

—Você vai ter que me explicar esse lance de hoje de matemática todo do zero, eu não entendi bulhufas – disse mudando o assunto. Tinha esperanças que, ignorando as provocações de Sai, ele parasse de o aborrecer sobre aquilo. Por hora, funcionou.

—Naruto, o professor nem passou nada de novo. É melhor você começar a prestar mais atenção nas aulas, as provas começam em menos de duas semanas!

—Eu sei! Eu sei!

A escola inteira foi ficando cada vez mais quieta conforme a semana de provas se aproximava. Para o alívio dos alunos, a biblioteca reabriu em pouco tempo, grande parte dos estudantes passou a dedicar seu tempo livre ali. As provas começariam na terça-feira, sendo assim, a segunda amanheceu mais desanimada que o normal. Todas as aulas foram revisão e resolução de dúvidas.

—Você tá ao menos me escutando?

—Naruto virou para encontrar Sai com o rosto desconfortavelmente próximo do seu. O encarou por um momento, quase sem respirar, antes de se afastar e desviar o olhar.

—Não precisa chegar tão perto! Eu tava prestando atenção! - reclamou desconcertado.

—Ah, é mesmo? O que eu falei?

—Tá bom, eu me distraí.

—Naruto, as provas começam amanhã.

—Eu sei, é que...

Ele mordeu os lábios, a expressão de Sai se tornou sutilmente irritada.

—Fala.

—O Sasuke não apareceu na aula hoje de novo.

Evitou ao máximo comentar sobre ele desde o desentendimento na quadra, mas nunca fora mesmo muito bom de autocontrole. Sai revirou os olhos.

—Você não consegue esquecer esse cara por um segundo!

—Mas ele tem fugido sozinho! - justificou – Ele pode estar se envolvendo com alguma coisa pesada! Ainda mais em véspera de provas, sem falar que os professores já estão todos putos com ele por isso...

—Porque você não para de arranjar desculpinhas esfarrapadas e admite logo que é apaixonado por ele?

Seu coração deu um salto. Em um instante sua boca ficou seca e suas mãos começaram a tremer, apertou com força o lápis que segurava e encarou Sai atordoado.

—Quê? - sua voz saiu um tanto esganiçada. O outro mantinha a calma e frieza de sempre.

—Você é perdidamente apaixonado por ele – repetiu como quem explica algo para uma criança – Quero dizer, tudo bem, mas você tá deixando isso atrapalhar sua vida, sabe, esse cara não...

—Cala a boca! – interrompeu Naruto elevando a voz – Cala a boca, você tá achando que eu sou... Puta merda, não! Eu... Eu gosto da Sakura!

Sai deu uma gargalhada.

—Sakura? Agora você tá forçando a barra.

Naruto ficou em pé de repente, derrubando alguns lápis de cima da mesa. Seus punhos estavam cerrados e sua face tingiu-se de vermelho.

—Cala a boca! - repetiu ainda mais alto, a voz cada vez mais trêmula – Qual é o seu problema?!

—Naruto, para de gritar, isso é uma biblioteca.

—Que se foda! Você chega me ofendendo...

—Wow, calma, desde quando gostar de alguém virou ofensa? Eu só tô preocupado com você.

—Uma ova! - Naruto havia perdido a calma completamente, Sai, no entanto, demonstrava paciência e serenidade, respondendo à situação como um adulto lidando com uma criança birrenta, o que irritava Naruto ainda mais – Como você me fala uma coisa nojenta dessas...

—Quem tá sendo ofensivo agora é você.

—Eu não... - mordeu os lábios. Todos os presentes haviam parado o que estavam fazendo e observavam a cena – Você chegou aqui ontem e já tá achando que pode falar um monte de merda pra mim, bem que meus amigos tentaram me avisar que você era um bizarro! Eu não sou obrigado a escutar isso!

Para a frustração de Naruto, Sai tinha um sorrisinho de pena no rosto. Parecia impossível tirá-lo do sério.

—Eu só disse “você está apaixonado” e você entrou na defensiva, começou a gritar e me xingar. Pensa um pouco no que essa reação significa.

Naruto bufou e pegou agressivamente seus livros da mesa, metendo-os debaixo do braço.

—Vá se foder.

Deixou a biblioteca batendo os pés. Sai deu um longo suspiro, balançando a cabeça devagar, e pegou os objetos caídos em torno da mesa.

Avançando pelos corredores transtornado, Naruto ignorou Sakura, que o chamou ao vê-lo passar, assim como mais algum colega cuja voz, por estar tão absorto em seu próprio ataque de raiva, passou despercebida. Entrou em seu quarto, bateu a porta, largou os livros em qualquer lugar e jogou-se na cama, enterrando o rosto no travesseiro. A respiração já começava a desacelerar, mas o coração demoraria mais para normalizar depois de atravessar a escola praticamente correndo. Respirando o mais fundo que conseguia, Naruto procurou se acalmar. Não se lembrava muito bem da última vez que havia se descontrolado dessa forma, recordava vagamente de vários colegas envolvidos, muita gritaria e alguns hematomas. Devia ter sido alguma briga séria, pensou. Mas desta vez não havia outros envolvidos, desta vez estava gritando sozinho. Lembrou-se da calma de Sai durante a discussão e sentiu-se um tanto ridículo – devia estar mesmo exagerando, afinal.

—Droga – resmungou sentando-se na cama e esfregando as mãos no rosto.

Pensa um pouco no que essa reação significa” Sai tinha razão, reagir de forma exagerada só faria com que o amigo se convencesse ainda mais. A imagem de Sasuke o encarando sem camisa pulou em sua mente, por que ele tinha que ter feito aquilo? Sasuke era realmente lindo, dono de um físico invejável, traços perfeitos e um ar rebelde que encantava quase todas as garotas do Ish sem esforço algum. Naruto era um garoto, sim, mas não era cego. Não era crime, afinal, admirar e invejar a beleza de alguém, certo? Quanto à preocupação, bom, não poderia desistir do colega, talvez não voltassem jamais a serem amigos, mas não podia deixar alguém tão incrível, inteligente e especial jogar um futuro brilhante no lixo – devia isso a ele e estava decidido a ir até o fim.

Sai estava errado, concluiu, e ele não tinha motivos para se estressar. Não que conseguisse acalmar-se tão facilmente, sentia um aperto intenso no coração e ainda pairava em sua mente o sorriso de pena na face do amigo, o que tornava difícil diminuir sua raiva. Talvez devesse tomar um ar, pensou saindo do quarto, lavar o rosto, tomar água, quem sabe chutar alguma coisa melhoraria seu humor.

Sakura voltou a encontrá-lo mais tarde, perguntou o porquê de toda a raiva de quando passou reto por ela, esbravejante, mas preferiu desconversar.

Desde que começaram a se falar, na terceira série, Naruto passou a admirá-la e a ter pela garota um enorme carinho e afeição. Para ele, era a menina mais bonita da escola, além de ser sua melhor amiga e, apesar de ser muitas vezes áspera e até rude, sempre que precisava, era Sakura quem se doava inteiramente e lhe oferecia apoio incondicional. Também uma bronca ou outra quando era necessário. Era ela, Naruto tinha convicção, com quem iria se casar um dia. Havia fixado na cabeça quando eram crianças e, com o tempo, mesmo a garota insistindo que jamais aconteceria nada além de amizade entre eles, a ideia se tornou uma realidade trivial para ele.

—Vocês brigaram? - perguntou Sakura quando Naruto passou evitando Sai no jantar e procurou uma mesa vazia do lado oposto do refeitório.

—É uma longa história – o garoto sentou de costas para o outro e enfiou na boca uma garfada desnecessariamente grande de comida.

—Pode contar mesmo assim, tô com tempo.

O garoto tentou falar de boca cheia, mas a amiga lhe lançou um olhar ameaçador que o fez se calar e engolir a comida antes de explicar.

—Não foi nada – tentou desconversar – ele só pulou pra umas conclusões precipitadas e começou a fazer um escândalo por causa disso.

—Sério? - Sakura não parecia muito convencida – Ele fez um escândalo? Ele não tem cara de quem faz escândalo, tem certeza que não foi você?

Naruto franziu o cenho.

—Claro que não! Eu não faço escândalo!

—Não, imagine, só naquela vez que você se meteu na briga do Lee com o Neji e fez a escola inteira descer pro pátio pra ver, e aquela vez que fez o seu dormitório inteiro acordar e obrigou o Kakashi a olhar debaixo da sua cama porque você achou que aquela aranha era venenosa...

—Eu podia ter morrido!

—... e aquela vez que você se jogou chorando no chão e implorou pro professor Iruka não te reprovar...

—Tá! Tá bom, já entendi! Eu às vezes causo umas comoções, mas...

Às vezes...

—Mas são por motivos totalmente válidos, sabe? Pra evitar brigas, morte, reprovações...

—Morte? Aquela aranha era menor que a minha unha do dedinho!

—A questão é que o Sai não tinha que ter feito comoção nenhuma.

—Mas vocês estavam estudando juntos, não é? Você tá preparado pras provas, Naruto? Esse ano você não pode vacilar, tem vestibular!

—Eu sei! Eu sei! Acho que sim, eu até que to entendendo as coisas melhor esse ano.

—O Sai te ajudou bastante, então?

—É...

—Se ele te ajuda tanto, então não é legal vocês brigarem. Ainda mais se foi mesmo por um motivo bobo.

Naruto encheu a boca de comida novamente para não ter que responder. Estava se sentindo realmente mal por ter brigado com Sai e Sakura reforçou consideravelmente seu sentimento de culpa. Havia falado coisas agressivas e injustas na tentativa de atacá-lo e, pensando friamente, não conseguia justificar o porque de tê-lo feito. Conversaria com Sai no dia seguinte, decidiu, e pediria desculpas por ter se descontrolado por coisa pouca. Assim, talvez conseguiria também mudar a ideia maluca do amigo que havia causado toda aquela discussão que, claro, já estava no blog da S (não souberam dizer a razão da briga, para seu alívio, mas não deixava de ser um incômodo).

Naquela noite, Naruto dormiu mal e acabou acordando atrasado na manhã seguinte. Apesar de tudo, a prova era de inglês e, para seu contentamento, conseguiu não deixar uma questão sequer em branco. Não devia ter acertado todas, provavelmente, mas pelo menos conseguiu fazer a prova toda sem nenhum chute mirabolante, isso era coisa rara. Estava mesmo em dívida com Sai. Jamais teria conseguido estudar sozinho e, sem sombra de dúvidas, não teria conseguido fazer a prova sem estudar.

Decidido, Naruto terminou de almoçar e foi direto para a biblioteca. Sai estava sempre por lá, quando não estudando, lendo. Não o viu nas mesas, a bibliotecária o informou que o garoto procurava um livro na sessão 27, então o loiro foi atrás dele em tal sessão. Ficava meio escondida, bem no fundo da biblioteca. Sai estava lá. Naruto engoliu seco e aproximou-se devagar.

—Sai...

—Boa tarde – o cumprimentou o garoto com simplicidade – Como foi a prova?

—Bem. Acho que consegui uma nota legal.

—Que bom! - ele sorriu e abaixou os olhos para o livro em suas mãos, o folheando.

—Eu... Eu queria me desculpar... Por ter gritado com você e tudo mais, sabe, você tinha razão, não foi motivo pra tanto.

—Tudo bem, é normal você ter esse tipo de reação no começo.

Naruto corou, sentiu que teria que se controlar muito para não estourar desta vez, Sai nem sequer tirou os olhos do livro.

—Eu disse que você estava certo sobre eu ter exagerado, não sobre a outra coisa.

—Sem problemas, leve o tempo que precisar.

Sentia seu rosto queimar mais a cada segundo. Sai não estava facilitando as coisas o provocando daquela forma, sem nem ao menos o olhar enquanto falava.

—Sai, eu não sou gay, para com isso!

—Não tem nada de demais, sabe, é perfeitamente okay gostar de alguém do mesmo sexo que você – finalmente, Sai tirou os olhos do livro e olhou Naruto nos olhos, novamente com aquela expressão como se explicasse algo para uma criança. Naruto respirou fundo, procurando manter a calma.

—Eu sei, eu não tenho nenhum problema com gays! - Sai lhe lançou um olhar de descrença – E-eu só não gosto do Sasuke, tá legal? Se eu gostasse dele eu não teria problemas em falar.

O olhar de Sai ficou sério de repente. Ele fechou o livro e adiantou-se para devolvê-lo à prateleira que estava logo atrás de Naruto, aproveitando para encurralar o loiro, que deu um passo para trás apenas para se encontrar preso entre os livros e o colega.

—Mesmo? - perguntou Sai diminuindo o tom de voz quase em um sussurro e encarando Naruto com tal intensidade que fez seu coração disparar – Então se você gostasse de um menino, você diria numa boa? Se você sentisse atração e quisesse beijar um cara na boca você beijaria sem medo ou você tá blefando?

Naruto abriu a boca para responder, mas não conseguiu produzir som algum. Era impossível raciocinar com o garoto o prendendo contra a estante de livros, os lábios finos e pálidos de Sai a poucos centímetros dos seus e seu coração acelerando progressivamente.

Utilizando a ausência de respostas ao seu favor, Sai eliminou completamente a distância entre seus corpos, pressionando-o contra a estante. Naruto estava paralisado, segurava-se à prateleira atrás de si mantinha os olhos fixos nos lábios do outro, sentia o calor do corpo e da respiração de Sai contra sua pele. Por mais que tentasse, não conseguia organizar os pensamentos ou esboçar qualquer reação, assim apenas fechou os olhos quando a boca de Sai finalmente foi de encontro à sua.

Apesar da aparência fria que o garoto tinha, seus lábios eram quentes e suaves, Sai os pressionou ainda mais contra os do outro e, devagar, levou as mãos à cintura dele. Naruto lentamente começava a relaxar os músculos. Sentiu a boca do outro garoto se abrir e deixou que os próprios lábios acompanhassem o movimento, a língua de Sai invadiu sua boca, foi apenas permitindo os avanços, retribuindo aos poucos. Soltou a estante e pousou as mãos timidamente sobre os braços do rapaz, que o puxou pela cintura e intensificou o beijo.

Naruto apenas percebeu o quão forte estava apertando o braço de Sai quando este separou o beijo. Abriu os olhos atordoado e o soltou, ofegava e seu coração batia com tal força que podia senti-lo ribombando em sua cabeça. Sai o encarava com uma expressão hesitante, esperou que Naruto falasse alguma coisa, mas o loiro estava em estado de choque. Depois de alguns segundos de silêncio, Naruto desvencilhou-se do outro desajeitadamente e correu para fora da biblioteca sem olhar para trás.

Trancou-se em seu quarto. Nunca havia beijado antes, muitas vezes fantasiou a cena em sua cabeça, porém jamais imaginava que seria de tal forma. Com um aperto no peito e a mente confusa, Naruto decidiu que precisava se acalmar. Foi tomar um gole de água no bebedouro do corredor e voltou para seu canto. Como no dia seguinte teriam duas provas, pensou em estudar as matérias. Abriu o livro de história e tentou ler algum capítulo, mas foi em vão. Pegou-se lendo a mesma frase de novo e de novo e de novo, era simplesmente impossível prestar atenção em qualquer coisa quando a sensação da boca de Sai explorando a sua recusava-se a ir embora.

Ainda podia sentir o corpo do garoto contra o seu, estava ainda muito fresco na sua pele, nos lábios, na língua, no céu da boca. E o mais assustador: gostava daquilo. Era uma sensação boa, não podia negar a si mesmo o quanto havia gostado do beijo, mesmo sendo com um garoto, e queria mais. Da próxima vez seria uma menina, pensou. E com certeza gostaria ainda mais. Não podia ter uma diferença tão significativa, afinal, talvez de olhos fechados fosse tudo a mesma coisa. Só que uma garota não teria ombros largos, braços fortes e, definitivamente, não estaria o prensando contra a parede.

Naruto deu um longo e sofrego suspiro. Reparou que já havia anoitecido, estava tão absorto refletindo sobre o ocorrido que mal percebeu o tempo passar. Não teve fome, então não se deu ao trabalho de descer para o jantar. Ocupou-se o resto da noite em pensar como deveria agir com Sai quando o encontrasse no dia seguinte e em convencer a si mesmo de que gostava mais de meninas que de meninos. Decidiu dormir cedo, assim não correria risco de perder hora ou estar cansado durante a prova. Já havia apagado a luz e se deitado quando o celular apitou. Era uma mensagem de Sakura.

Você tá bem?”

Imaginou que a garota estava preocupada por não tê-lo visto no jantar.

Tô, só não tava com muita fome”, respondeu. Pouco depois, a garota mandou uma nova mensagem.

Mesmo? Você viu o blog da S?”

Sentiu de repente como se lhe tivessem despejado um balde de gelo sobre sua cabeça. O coração disparou imediatamente e começou a suar frio. Com as mãos trêmulas, Naruto abriu o navegador em seu celular e clicou no ícone do blog, já em seus favoritos. Sentia um nó na garganta. Por favor, não seja o que eu acho que é, pensou enquanto a página carregava. A última postagem feita era de pouco menos de cinco minutos antes.

Ba-ba-do!

Olha só quem flagaram aos beijos hoje à tarde na biblioteca! Será namoro? Será só luxúria adolescente? Quem sabe, só sei que eu estou em choque. Do branquelinho todo mundo já suspeitava, mas o loirinho... Confesso que nem eu esperava por essa. Faz anos que não rola um LGBT no Ish, tava demorando, né?

Só passei pra dividir essa notícia bombástica e abalar a noite de vocês, meus queridos.

Bons sonhos e boa sorte nas provas!

Beijinhos,

SS”

Abaixo do texto, Naruto estremeceu e o ar desapareceu de seus pulmões ao ver, estava uma foto, aparentemente tirada por entre as prateleiras, em que se via claramente Sai e Naruto se beijando.


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Notas finais do capítulo

AI ALOK
ACONTECEU MUITA COISA EHUEHUEHUEH
acostumem-se com o ritmo.

Então... sei lá, esse capítulo é meio que muito importante, porque agora a porra toda começa a desenrolar, então quero comentários sinceros sobre tudo o que vocês pensarem ou sentirem lendo essa desgraça.
E se alguém começar a bolar teorias pra alguma coisa que está acontecendo/pode acontecer, pode me contar também pq eu adoro ler essas coisas, rçrçrç

S A I N A R U mothafocka.
Eu shippo muito hard, cês num tem ideia 8D