Procura-se Namorado Para Granger escrita por they call me hell


Capítulo 5
Encontros


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo pra vocês. ♥



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— 5 —

ENCONTROS

 

Quando Hermione acordou na manhã de sábado, uma estranha sensação se apossou dela. Era a sensação libertadora de poder acordar a hora que quisesse, sem o barulho incessante de um despertador a perturbar seu sono. Mesmo com seu gosto por uma vida disciplinada e recheada de afazeres para ocupar o tempo, ela também sabia que precisava de descanso para conseguir fazer tudo com a sua usual eficiência.

Levantando-se, ainda com o pijama no corpo e o cabelo emaranhado, a grifa foi até a cozinha e rapidamente preparou para si um copo de leite morno com chocolate. Entre todos os hábitos que tinha, esse permanecia sempre intacto em sua rotina, independente de como pudesse ser o resto do seu dia. Assim, mais disposta, ela retornou ao quarto com a caneca em mãos e se sentou outra vez na cama. Havia um livro com numerosas páginas em sua cabeceira e ela o apanhou, folheando-as lentamente até encontrar o ponto no qual parara em sua última vez.

Foram longos minutos de leitura e muitos goles de leite, até que a caneca se esvaziou e Hermione se virou para pousá-la cuidadosamente sobre a mesinha ao seu lado. Nela, além do lugar dedicado aos livros que estava lendo, havia um abajur amarelo e um relógio que marcava dez e quarenta e cinco da manhã. Isso teria sido apenas um detalhe, se Hermione não tivesse se lembrado do dia anterior.

Com um imprevisto, Hermione cedera um dia das suas férias para ir a Salém resolver alguns problemas que precisavam da sua orientação. Fora um dia exaustivo para o qual ela não estivera nada preparada, tendo dormido tarde na noite anterior. Apenas alguns dias de ausência e as coisas pareciam ter se virado de ponta cabeça.

Em meio ao caos de pessoas que lhe chamavam entre uma sala e outra, além dos papéis que tinha que ler e preencher, e dos exames a serem feitos nas pacientes, Hermione recebera duas corujas, para as quais não dera a devida atenção no momento e que agora lhe causariam um imenso problema.

A primeira coruja era de Harry, convidando-a para juntar-se a ele para comer algo na sua cafeteria preferida, e a segunda viera de Gina, avisando que infelizmente não poderia acompanhá-la na prova final do Buffet por conta de um treino que esquecera, mas que Fred iria como cobaia para dar sua opinião Weasley. Ela os respondera rapidamente, desejando não perder o foco, e só agora, ao olhar para o relógio, se lembrara de que os dois compromissos estavam marcados para dali a quinze minutos.

* * *

Enquanto isso, no Ministério da Magia, Harry estava ansioso para o desenrolar do seu plano. Hermione confirmara sua ida a cafeteria, mas teria uma surpresa assim que chegasse, pois Harry mentiria que não poderia ir e sugeriria que ela fosse com George, que estaria esperando ali com a mesma finalidade. Saindo de sua sala, ele não precisou andar muito pelo corredor para que encontrasse o gêmeo confortável em uma poltrona, esperando sua admiradora secreta. Era hora de agir.

— Ei, George! – ele disse alegremente. – eu estava te procurando.

O ruivo se levantou da poltrona com pressa, julgando que sua companheira estava a caminho.

— Sua garota, J., já deve estar a caminho – ele concluiu.

George abaixou os ombros, desapontado por ainda ter que aguardar alguns minutos.

— Espero que ela não demore.

Harry então o reconfortou, levando uma das mãos ao ombro do cunhado.

— Não fique assim. Hoje, na verdade, é o seu dia de sorte: uma garota bonita está interessada em conhecê-lo melhor e você poderá aproveitar esse encontro para desenvolver as coisas.

George ergueu uma das sobrancelhas, um tanto receoso, mas, por fim, concordou com a idéia. Então Harry o deixou de volta a poltrona, esperando pacientemente. No relógio faltavam apenas dez minutos e Hermione não desapontaria em nada.

* * *

Fred acordou com o despertador a tocar e isso o incomodou profundamente. Ele odiava despertadores mais do que qualquer outra coisa na vida e eventualmente o seu irmão é que lhe acordava; porém, George dissera ter um encontro importante pela manhã. Saindo da cama, Fred viu que faltavam apenas cinco minutos para o horário que combinara com Gina. Assim, sem muita pressa, foi até o banheiro e lavou o rosto, depois escovou os dentes e tomou uma ducha rápida. A roupa já estava separada, de modo que apenas teve que vesti-la e pegar suas chaves para sair.

Quando o ruivo aparatou e viu a pequena casa em que Hermione vivia, logo se lembrou do dia em que se juntara aos seus irmãos e Harry para auxiliá-la na mudança. Em meio a tantas caixas transportadas e móveis montados, muitas risadas foram dadas e, no fim, tudo terminou em pizzas e cerveja amanteigada. Fred teria rido disso, mas foi outra coisa que lhe causou o riso: assim que se aproximou da porta, um barulho brusco se fez ouvir e, olhando em sua direção, encontrou uma Hermione esbaforida. Ela abria a janela com brusquidão para deixar sua coruja levantar vôo com um pergaminho. O melhor, entretanto, era o fato de que vestia calça jeans com blusa de pijama e tinha os cabelos metade penteados e metade presos em um coque mal feito.

Ver Fred não era exatamente o que Hermione mais desejava naquele segundo, então seu rosto avermelhou e ela levou alguns minutos a mais para terminar de se arrumar antes de abrir a porta e encontrar-lo rindo do outro lado. Dando espaço para que ele entrasse, se sentindo ainda mais envergonhada, ela murmurou:

— Fique a vontade, Fred. Vou terminar de me arrumar em um minuto.

— Não se preocupe, leve o tempo que quiser – ele respondeu, tentando conter o riso enquanto ela desaparecia pelo corredor para o que deveria ser seu quarto.

Agora, com as coisas desempacotadas e organizadas, Fred podia ver que tudo naquela casa dizia claramente que quem morava ali era Hermione Granger. A construção era simples, tal qual a mobília, por mais que ela tivesse dinheiro suficiente para comprar coisas excelentes. O ruivo apreciava isso, a simplicidade acima de tudo, pois ele próprio era assim quando se tratava de debater com alguém o motivo pelo qual preferia continuar vivendo no pequeno apartamento acima da loja.

Enquanto ela se arrumava, Fred sentou no sofá próximo e viu os tantos livros espalhados pela sala. Não que estivessem bagunçados – bagunça era algo que não condizia com Hermione –, pois pareciam fazer parte da decoração, de um jeito ou de outro.

— Estou pronta – ela disse, voltando do lugar para o qual se direcionara anteriormente. – Desculpe fazê-lo esperar, Fred. Podemos ir agora.

Ele concordou com um gesto de cabeça, satisfeito.

— Não se preocupe, Hermione – disse, aproximando-se dela para que aparatassem. – Estou acostumado com a enrolação de Gina. Ela demora muito mais, você bem sabe.

Hermione riu baixinho. Por mais que fosse verdade, não iria depor contra a amiga, mesmo em sua ausência.

 

* * *

 

Enquanto Harry sentia-se ainda mais ansioso, desta vez para descobrir os resultados do encontro, George avistou uma bela silhueta a caminhar pelo saguão do Ministério. Pernas longas, quadril largo, cintura pequena e longos cabelos castanhos. Apenas ao olhar para o rosto da garota em questão é que descobriu ser sua velha amiga de Hogwarts, Angelina Johnson. “Johnson”, ele pensou consigo mesmo quando ela o notou e pôs-se a caminhar em sua direção para cumprimentá-lo. Fazia um bom tempo que não se viam. “Mas que garota espertinha, essa Angelina. Não deixou Harry me dizer seu nome, mas, ao menos, pude descobrir que é ela através da letra inicial do seu sobrenome, J”. Que ele estivesse completamente equivocado quanto aquilo, era algo que jamais saberia.

— Olá George, quanto tempo!

Ele sorriu, levantando-se para dar-lhe um beijo no rosto. Harry estava certo: Angelina era mesmo uma garota muito bonita e, pelo que se lembrava dos tempos em que eram colegas de Casa e de time em Hogwarts, sabia que ela era também uma garota bem humorada e falante, tal como ele.

— Olá, Angie – ele disse. – Já está livre para o almoço?

Ela retribuiu ao ouvir aquilo. Não sabia por qual razão George Weasley estava ali no Ministério, seu local de trabalho como parte da sessão de esportes mágicos, mas alegrou-se com isso. Os anos lhe haviam feito muito bem.

— Bem, estou. Precisava ter uma palavrinha com Harry, mas deixarei isso para mais tarde.

Touché!”, George pensou, acreditando estar totalmente certo quanto a descoberta de sua admiradora secreta. Angelina, porém, apenas precisava dizer a Potter que ele estava convidado para fazer um pequeno discurso na abertura da Copa Mundial de Quadribol, como o exímio apanhador que era e devido a toda a sua fama. Isso, porém, era uma informação confidencial e não a diria a George.

— Pois então vamos a cafeteria dos Smith – ele lhe ofereceu um braço educadamente, lembrando-se de que Harry fizera as melhores recomendações quanto a sua integridade e delicadeza.

— Combinado, George – ela riu da sua pose pomposa, segurando-lhe o braço. – A área de aparatação é por ali.

Enquanto ela lhe indicava o caminho, George apenas pensava em agradecer Harry quando o visse.

 

* * *

 

Hermione sentiu certo remorso por deixar Harry lhe esperando para o café, mas sabia que ele lhe entenderia quando lesse a coruja que mandara há pouco com as devidas explicações. No momento, ela estava sentada com Fred Weasley em uma confortável mesa no restaurante Abóbora de Ouro, aguardando que o menu especialmente criado para o casamento fosse servido a ambos.

— George não quis vir também? – Hermione questionou, para iniciarem algum assunto durante a espera.

Ao ouvi-la, Fred levantou os olhos do cardápio em suas mãos e o fechou, devolvendo-o a mesa.

— Não – ele respondeu. – Na verdade, George me disse que tinha um encontro importante na hora do almoço com uma “bela e interessante bruxa”. Palavras dele, claro.

Hermione riu baixinho, para si mesma.

— Espero que assim tenha sido, ainda que eu achasse que vocês morreriam com a idéia de que mulheres interrompem seu fluxo criativo.

— George parece ter se esquecido disso - Fred fingiu-se ofendido com o comentário. – Porém, eu continuo a pensar assim. Isso garante a nossa felicidade por muito mais tempo, visto que quem genialmente projeta os logros sou eu.

A morena revirou os olhos com tamanha tolice, mas Fred não percebeu.

— E as coisas na loja, como estão?

— Muito bem, devo dizer. Nós criamos uma série de coisas nos últimos meses, durante um fluxo repentino de criatividade, e estão sendo um verdadeiro sucesso. Como havia de ser.

— Fico feliz por isso.

— Mas vejam só – o ruivo demonstrou falsa surpresa. – Hermione Granger está admitindo que admira meu trabalho!

— Fred, não faça escândalo – ela o repreendeu, vendo que um garçom já se aproximava com o prato de entrada. – Eu não estou dizendo que admiro seu trabalho, apenas estou expondo que me sinto feliz por ver que estão se saindo bem naquilo que gostam de fazer, ainda que eu os ache imprudentes em seus testes.

Fred resmungou.

— Não é nada imprudente dar amostras grátis dos nossos projetos para alunos de Hogwarts testarem em sonserinos e nos escreverem sobre os resultados – ele se defendeu. – Isso se chama marketing. Papai me disse que é uma palavra trouxa para fazer negócios de forma inteligente.

O debate acerca de quão bem intencionados poderiam ser os testes dos logros apenas foi interrompido com o almoço. Ver Fred comendo como se tivesse passado um longo tempo em Azkaban fez Hermione se lembrar da tradicional competição Weasley de quem come mais, na qual Gui era o campeão da categoria Trasgo e Gina possuía o título da categoria Pufoso, como melhor comedora de doces. Não parecia fazer tanto tempo assim desde que presenciara uma edição da competição no que costumava ser o esconderijo de logros de Fred e George na Toca. Mas, pensando bem, já faziam quase dez anos.

Após todos os pratos servidos, Hermione aguardou que Fred fizesse qualquer comentário a respeito do que lhe fora servido. Já sabendo a data e o local do casamento, essa era a hora de acertarem o Buffet.

— Minha mãe que não me escute, mas esta é uma das melhores comidas que eu já provei – ele disse, satisfeito.

Hermione sorriu diante a conclusão e, pedindo licença, disse que acertaria então para que servissem o casamento de Harry e Gina. Assim, ela se encaminhou até o balcão e aceitou tomar uma xícara de chá com o responsável pelo Buffet, enquanto fazia sua digestão. Fred a acompanhou com os olhos, caso ela precisasse dele para mais alguma coisa.

— O casamento será no dia 20 de Setembro – Hermione disse, vendo cada informação dada sendo anotada em um pergaminho por uma pena enfeitiçada de um jeito muito similar a de Rita Skeeter.

O homem, chamado Caelir, lhe sorriu sugestivamente.

— E você é a noiva?

— Não, apenas uma amiga dela dos tempos de escola – Hermione respondeu.

— Isso é ótimo – Caelir comentou, estudando-a atentamente com os olhos, o que deixou Hermione embaraçada. – Seria um imenso desperdício ver uma bruxa como você comprometida.

Antes que Hermione pudesse dizer alguma coisa, porém, ela ouviu a voz de Fred atrás de si:

— Pois saiba que ela está muito comprometida – sua voz irritada disse, assustando o homem diante de si. – Comprometida comigo.

Por mais que soubesse que ele estava mentindo para protegê-la, a grifa se surpreendeu. Harry e Ron certamente teriam a mesma postura naquela situação, pois eram seus melhores amigos, mas aquela era a primeira vez que passava algum tempo com Fred e se sentir segura ao lado dele a fazia vê-lo com novos olhos.

— Creio que a senhorita é quem devesse se manifestar a respeito, não?

Fred pressionou ainda mais os dedos em seu punho cerrado.

— Na verdade, você deveria lhe pedir desculpas – ele disse. Estava quase perdendo a cabeça, portanto, resolveu que já era hora de saírem dali antes que algo mais acontecesse. – Vamos, Hermione.

Antes de saírem, porém, Caelir se adiantou na direção de Fred e lhe acertou um belo soco no rosto fazendo uma trilha de sangue escorrer pelo lado direito, devido a um corte acima de sua sobrancelha. Isso enfureceu Fred de tal maneira que uma grande briga se iniciou no restaurante, até que o homem caísse em sua cadeira desacordado e Hermione conseguisse segurar o ruivo para aparatarem de volta a sua casa.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?