Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 13
XII - Uchiha




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“Eu também não lembro de nada daquela festa e definitivamente não lembro de ter cantado “Misunderstood” com Haru, mas quando acordei no dia seguinte admito que fiquei um pouco aliviado de ter sido com ela com quem tinha passado a noite e não com alguma qualquer que iria se apaixonar por mim e me perseguir por semanas.

Enquanto eu me cobria com os travesseiros, eu vi Haru virar para mim com uma expressão que eu só posso definir como assassina. Ela ergueu o meu caderno e perguntou, com um tom de voz que parecia sair de um filme de terror:

– O que é isso?

– Nada. – respondi prontamente. Ela vinha em minha direção como se estivesse pronta para me matar, mas tudo o que eu conseguia pensar era em suas coxas novamente.

Quando eu menos esperava, ela estava me atacando com o caderno. Haru parece inofensiva, mas ela é mais forte do que parece e eu não podia sair da minha posição porque estava pelado e apesar de ser extremamente gostoso, não queria dar nenhuma ideia de onde ela podia atacar.

– O que é isso?! – ela gritava enquanto me batia com o caderno.

– É um caderno com informações sobre a família Yamanaka! – falei por fim e ela parou e ficou me encarando como se eu tivesse xingado sua mãe.

– Por que... Como... Todo mundo sabe sobre isso? – Haru perguntou para a minha surpresa. Nada de “por que?” ou “vou te denunciar” nem nada. Ela queria saber se as pessoas sabiam sobre o que eu sabia.

Por isso, me tornei subitamente menos preocupado.

– Não. Quer dizer, seria impossível todo o mundo saber, não seria? – respondi com um tom de zombaria e eu percebi que ela estava se segurando para não me socar.

– Eu vou contar pra ela. – disse, possessa. – Vou contar e essa brincadeira vai acabar, seu nojento, ridículo, vil...

Eu quis rir, mas sabia que só pioraria a situação.

– E como exatamente você vai contar que descobriu? Vai contar que estava fodendo o namorado da sua melhor amiga e viu uns papeis enquanto estava fuçando nas coisas dele?

Peguei-a de surpresa, porque a expressão de ódio dela se foi e uma nova de desdém e orgulho ocupou seu lugar. Ou seja, sua expressão normal de quem acha que sabe tudo e é melhor que todos.

– Eu não estava fuçando nas suas... – começou, percebendo tarde demais que aquele não era o assunto em pauta. – Eu dou um jeito. Vou fazê-la descobrir.

– Tente. – respondi, porque sabia que não importasse o que ela dissesse, Ino nunca acreditaria nela, estava apaixonada demais por mim.

Haru estava simplesmente prestes a soltar fogo pela boca, quando bateu a porta ao sair do meu quarto. Apesar de realmente achar que Haru não seria capaz de convencer a amiga de que eu andava espionando ela, eu fiquei receoso, então chamei Ino para sair.

Para a minha sorte, foi ela quem mencionou sua família primeiro:

– O meu pai te amou! Você precisa ir em outro evento daqueles comigo de novo.

É claro que o velho tinha me amado, tudo o que eu fiz foi puxar o seu saco e falar como eu concordava com suas ações politicas, além de fazer piadas racistas e preconceituosas, bem do tipo que caras como ele gosta.

– Eu adoraria. – respondi prontamente, era tudo o que eu queria. – Podemos marcar um almoço na sua casa. – propus, porque entrar na casa dela seria o ideal, onde eu poderia procurar por onde eu quisesse por qualquer coisa relacionada a minha família.

– Feito! – ela exclamou, entusiasmada e deu alguns pulinhos antes de me abraçar.

Eu posso ficar aqui contando todos os encontros que eu tive com a família Yamanaka, mas vou poupar-lhes de muitas piadas preconceituosas e racistas e contar só os que realmente importa para o caso.

Haru realmente fez Ino descobrir sobre o que eu estava fazendo, -vou deixá-la contar sobre isso depois-, mas não antes de eu descobrir o que Itachi queria. Foi em um dos inúmeros jantar beneficentes que a família Yamanaka deu. Eu consegui de forma admirável fazer o pai dela ficar incrivelmente bêbado.

Depois disso, foi fácil arrancar qualquer coisa dele.

– Seu pai não retorna mais as minhas ligações, filho. Estou começando a achar que é pessoal. – ele disse a certa altura, em um tom muito mais descontraído que o tema propunha.

Dei um sorrisinho, tentando passar confiança e respondi:

– Se você me falar sobre o que se trata, talvez eu possa passar o recado para ele.

Ele deu uma gargalhada alta, balançando sua taça de champagne em mãos.

– É assunto de negócios. Apesar de te achar um rapaz bem competente, não pediria isso de você. Prometi à minha criança que não meteria mais os namoradinhos dela nos meus negócios. – respondeu, corado. Quis revirar os olhos e dar-lhe um soco na cara, mas simplesmente respirei fundo e continuei:

– Eu nunca falaria para Ino, senhor. E eu sei que o seu assunto é muito sério, tenho certeza que se me contasse, poderia agilizar as coisas para o senhor.

Ele riu mais uma vez, mostrando o nível da sua embriaguez e deu uma batidinha nas minhas costas.

– Bom, você pode falar que estou ansioso para fazer negócios com ele e que concordo com seus termos e que ficaria muito satisfeito se ele pudesse me retornar para podermos concretizar nossas ideias. – ele disse, sendo o mais vago possível. Me segurei para não bufar e xingá-lo, quando me ocorreu que eu estava na casa deles e os arquivos do sr. Yamanaka estava ao meu alcance. Tive a ideia genial de seduzir Ino para que pudéssemos nos pegar no escritório, porque era proibido e sexy.

Não preciso dizer que ela concordava com qualquer coisa que eu pedisse, certo? Ela me pediu incansavelmente para que não fizéssemos barulho e eu fingi estar me divertindo com toda a espontaneidade daquilo.

– Linda, só uma coisa faria isso tudo melhor. – comentei, encarando-a sugestivo. – Lembra daquela fantasia que você usou aquela vez de dançarina de cabaré?

Ela entendeu na hora a minha intenção e foi se trocar, me dando tempo suficiente de fuçar tudo o que eu podia. O documento que eu encontrei já está na posse dos senhores e eu não preciso detalhá-lo, mas foi nessa hora que eu notei as intenções do sr. Yamanaka e entendi o que Itachi queria saber.

Como os senhores já sabem, eu descobri que o pai de Ino queria ajuda financeira da nossa empresa para compra de votos em seu favor, coisa que ele já tinha feito anteriormente. Eu assumi que Itachi queria saber se ele iria usar o dinheiro para outras coisas e trair a empresa depois de ser eleito, não nos dando os benefícios com dinheiro público.

Eu poderia ter ido a polícia imediatamente, mas a verdade é que eu já estou tão acostumado com a sujeira da empresa, que não me ocorreu em realmente denunciá-la. E outra, eu não ia colocar meu pai na cadeia e acabar com a renda do meu futuro acadêmico.

Depois do evento, eu fui direto encontrar com Itachi, confrontá-lo com as minhas verdades.

– Ele não vai trair a empresa, achei um documento com as porcentagens que ele pretende deixar para nós com o dinheiro público. – afirmei, assim que nos sentamos. Itachi me encarou surpreso, como se não esperasse que eu descobrisse tudo sozinho, o que era idiotice, porque ele mesmo que tinha me colocado naquela posição.

– Você tem esse documento? – ele perguntou e eu entreguei uma cópia para ele.

– Pronto, cadê a minha grana?

Itachi me deu o resto do meu dinheiro e eu levantei, satisfeito.

– Prazer fazer negócios com você, mano. – murmurei, antes de me afastar.

– Espera! Sobre a Akatsu...

– Já disse que não quero saber de nada da sua sociedade secreta, Itachi! – exclamei. – Não vou entrar, me deixa em paz.

Sai o mais rápido que pude e torci para que não fosse sequestrado por um cara mascarado que me forçasse a responder perguntas e me colocasse em um rito de iniciação bizarro.

Depois que me livrei da obrigação que Itachi tinha me passado, resolvi me concentrar em não perder a aposta idiota que eu tinha feito no começo do ano. Meu único real desafio era Haru e ela parecia cada mais inalcançável. Depois do nosso incidente depois da festa, nem me ocorreu que eu poderia ter pegado seu sutiã e anotado seu número e, francamente, não parecia certo. Eu não tinha ganhado, aquilo foi uma noitada de bêbados, a aposta era sobre conquista.

Resolvi pegar os livros com as anotações, eu ia acabar com aquilo. Percebi que Haru tinha caído perfeitamente na minha provocação, porque embaixo do meu: “Errado. O máximo que você podia fazer por mim é algo que eu sei que você nunca faria” estava escrito: “Sério, você me subestima ao dizer que eu NUNCA faria alguma coisa. O que seria isso?”.

Sorri comigo mesmo ao ver que ela tinha caído perfeitamente no que eu queria e resolvi esperar um pouco para responder, deixando-a curiosa e sedenta. Resolvi, então, terminar com Ino, já que eu não tinha mais nenhuma razão para continuar com aquela farsa.

Estava completamente feliz quando liguei para o seu celular, mas a pessoa do outro lado fez toda a minha euforia ir embora com uma palavra:

– Uchiha? – foi Haru quem atendeu, me fazendo revirar os olhos e responder:

– Passa pra Ino.

– Se dependesse de mim, eu nunca deixaria você falar com ela, seu crápula! – ela gritou no meu ouvido e eu afastei o celular.

– Você ainda está pensando nisso? Já fazem dias que...

Eu quase senti a energia enfurecida que emanava de Haru pelo outro lado da linha.

– Que eu descobri que você só está com ela pra obter informações sobre sua família? É, eu ainda estou pensando nisso! E eu já estou planejando em como fazê-la descobrir!

– Ah, pensei que tinha desistido, já que faz tanto tempo e nada aconteceu. – provoquei. Nesses momentos, eu esquecia da minha aposta, eu só queria me divertir com Haru e provocá-la. Não sabia dizer porque, mas eu quase gostava de odiá-la.

Haru desligou na minha cara e eu sorri sozinho, indo em direção ao dormitório dela inconscientemente. Se Haru falou daquele jeito, era óbvio que Ino não estava lá. Mas parecia que meus pés me guiaram até lá de qualquer forma, ignorando qualquer racionalidade.

Do lado da lavandaria, eu a encontrei com um cesto de roupa suja, me encarando com olhos sonolentos. Fitei seu corpo e novamente, vi o desleixo que ela fazia tanta questão de ter. Suas pernas nuas estavam apenas cobertas por um grande moletom e meias até o joelho e seu cabelo estava jogado pra cima.

– Ei! – exclamei. – Esse moletom é meu!

Lembrei-me, então, da noite que tínhamos passado juntos há dias e não pude deixar de notar que era a primeira vez que a via desde então. Ela tinha de fato pegado meu moletom, deixando seu vestido jogado em algum lugar do meu quarto. Não conseguia lembrar de detalhes da nossa noite, mas alguns flashs inconvenientes vieram quando ela me encarou de volta e franziu a testa.

– Não pense que estou usando porque tem seu cheiro ou alguma coisa estranha assim, porque não estou! Foi a única coisa limpa que sobrou. – ela respondeu, achando inutilmente que isso favorecia a sua defesa de alguma forma.

– Que nojo. – suspirei e ela mostrou a língua. Como ela podia ser tão infantil, tão... irritante?

– Sabe, eu estou te dando uma chance de ser um cara decente e contar pra ela. – ela disse de repente, passando por mim e colocando a cesta em cima de uma das máquinas de lavar.


Por um segundo, pareceu que sua armadura abaixou um pouco, como na vez que eu falei que ela precisava de um acompanhante para o evento da Ino. Era até estranho ver ela usando um tom tão pacífico para falar comigo.

– Eu não posso contar pra ela porque estava fazendo o que eu fiz. – respondi, percebendo então, a gravidade do que eu tinha descoberto.

Percebi, então, que depois do que eu tinha descoberto naquela tarde, quanto mais pessoas eu envolvesse, pior seria. E, bom... Haru estar aqui do meu lado é a maior prova disso.”


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Notas finais do capítulo

Oiee, como estão?
Cap dedicado à Redfoxx que deixou uma recomendação linda para fic, muito obg *-*

:*