Todos chegaram na hora combinada com seus presentes em diferentes embrulhos. Felicity usava um vestido vermelho um pouco mais curto que dos que ela normalmente usaria, mas nada vulgar. Ele modelava suas curvas e tinha um manga apenas que cobria todo o seu braço direito em renda vermelha delicada. Sapatos de salto da mesma cor e cabelos soltos em ondas modelavam seu rosto de boneca. Oliver ao vê-la precisou segurar com um pouco mais de força a taça de champanhe que estava em sua mão por medo de deixa-la escapar. Ele alisa o terno escuro que usava em um ato de nervosismo, tentando se certificar que estava arrumado o suficiente. Seus olhos se cruzam por um momento, então ele percebe a caixa enfeitada com um laço largo de fita verde e vai ao seu auxilio.

– Oi. – Cumprimenta com um sorriso contido. Felicity parece um pouco constrangida quando seus olhos se cruzam, o que por um momento o deixa confuso. –Está tudo bem com você?

–Sim. – Responde impressionada pelo azul dos olhos dele que são intensos sobre ela. – Acho que sou a última a chegar. – Constata olhando em volta do local onde todos já estavam envoltos em conversas animadas.

– Nem percebi que os outros estavam aqui. – Oliver diz sugestivo a fazendo corar imediatamente. – Vestido bonito. – Acrescenta olhando novamente para ela.

– Obrigada, gosto desse terno. – Responde se sentindo um tanto exposta por causa do olhar intenso de Oliver que nunca a deixava. – Quer dizer... Gosto de você nesse terno... Não! O ter no é bonito. – Se atrapalha com as palavras e Oliver se diverte a encarando dificultando o raciocínio da garota. – Não é como se eu conhecesse todos os seus ternos e gostasse especialmente desse! – Concerta, mas era obvio que ela conhecia. Cada centímetro dele... Bom, ela conhecia as partes que ficavam aparentes...

– Felicity! – Cumprimenta Thea animada, poupando o constrangimento que ela passaria com a resposta de Oliver a sua declaração. – Espero ser eu sua amiga secreta. –Ela brinca se referindo ao tamanho do presente da Felicity que por coincidência já estava nas mãos do dono.

– Por que não eu Speed? – Oliver finge estar ofendido e a irmã acaricia com carinho seu braço.

– Com aquele embrulho mínimo, espero sinceramente ter sido tirada por qualquer outra pessoa! – Provoca, mas Oliver não se deixa abater com a pressão.

– Então conseguiu descobri quem tirou o Roy para conseguir trocar com a pessoa? – Perguntou provocando a irmã que precisou se conter para não lhe dar língua feito uma criancinha.

– Vamos começar? – Diggle diz batendo em sua taça com uma faca.

Todos se agrupam ao redor da arvore de natal onde os presentes deles foram depositados. Felicity estendeu as mãos para a pequena Sara que estava nos braços da mãe que imediatamente jogou seu corpinho em direção a madrinha sorrindo. Oliver observava Felicity brincando com a criança tão atentamente que não percebeu John se aproximando.

– Apreciando a visão? – Pergunta John enquanto Lyla anuncia que sua amiga secreta é Thea, que saltita em seu lugar feliz ao ver o par de sapatos de marca que havia ganhado.

– Sua filha é mesmo linda. – Responde Oliver com um sorriso e John acompanha sabendo que ele não falava apenas de Sara.

Thea havia tirado a pequena Sara que tirou Roy e lhe deu um novo moletom vermelho para revezar com o habitual dele, o que fez com que todos desse muita risada. Roy tirou Lyla fechando o círculo.

– Precisamos começar novamente. – Lyla diz abrindo seu presente. – Felicity por que não começa?

– Tudo bem. – Ela se levanta entregando a criança a Sara e pega o grande embrulho. – Nunca fiz isso... – Começa a dizer. – Eu fiquei pensando em como descrever essa pessoa que tirei. – Sem falar de suas habilidades ocultas ou seu abdômen definido. Começa a pensar e todos da sala dão risada, percebendo a conversa interna que a garota estava tendo. – Então... A pessoa que eu tirei... – Retome seu discurso. – Com certeza não tem o maior QI do mundo! – Brinca e todos olham para Roy.

– Uou eu já sai! – Entra na brincadeira.

– Mas tem um coração enorme, capaz de abrir mão de qualquer coisa, para o bem maior... – Ela dá um sorriso triste e todos menos Thea olham para Oliver, com o mesmo sorriso que Felicity. – Foi o pior chefe que já tive na vida! – Brinca para quebrar a tensão que se instalou na sala e Oliver ergue o braço.

– Não fui assim tão ruim. – Brinca caminhando em direção a ela com um sorriso de gratidão nos lábios.

– Você não era lá dos melhores! – Concorda Diggle entrando na brincadeira.

Oliver abraça Felicity antes de pegar o presente, mas se arrepende de não ter pego primeiro, pois o embrulho impede que os dois se abracem de verdade e acaba virando algo atrapalhado que arranca risadinhas dos amigos.

– O que é isso? – Oliver olha confuso para a caixa agora aberta cheia de objetos aleatórios dentro.

– Leia o cartão! – Incentiva Felicity com um sorriso divertido nos lábios.

“Kit – Tudo o que você perdeu nos cinco anos em que ficou na ilha.” – Começa a ler em voz alta sorrindo. – “Querido Oliver, durante esse três anos que nos conhecemos percebo como tem sido difícil para você se adaptar a sociedade desde sua volta.” – Todos gargalhavam a essa altura. Oliver precisou de um minuto para se recompor antes de voltar a ler. - “Por exemplo, nós cidadãos civilizados costumamos usar camisas como uma parte permanente de nossas vestimentas... O espaço pessoal do outro precisa ser respeitado, aconselho de um a dois passos de distância, seria o ideal... Dentro dessa caixa você vai encontrar um DVD, que eu mesma fiz, com fatos importantes que você perdeu, como a eleição de Obama, o casamento do Príncipe William com Katy Middleton, entre outros fatos políticos e sociais (não se preocupe coloquei uma música da Katy Perry no fundo para que você não morra de tédio). Existe também um boxe de todos os filmes que foram vencedores do Oscar nesse período, e outro dos que foram um desastre para a humanidade, mas influenciaram a cultura pop até o momento. Series mais famosas e fiz questão de explicar o fim de Lost para você (aliás desculpe a ironia, só percebi a semelhança depois de já ter tido todo o trabalho, então resolvi deixar). Criei uma playlist com todas as melhores bandas e cantores que surgiram desde 2007. E por fim, porém não menos importante um classificado com algumas vagas de emprego que eu já classifiquei e separei segundo suas habilidades (as politicamente corretas), na sociedade de hoje precisamos trabalhar! Feliz Natal Oliver. Com amor Felicity.”

Todos riam com aquelas palavras, e com as brincadeiras que Felicity tinha montado para Oliver, mas a única coisa que ele conseguia ver eram aquelas ultimas três palavras ‘Com amor Felicity’ era esse o seu verdadeiro presente, por mais carinhoso e divertido que tudo aquilo era, e o tempo que ela tivesse despendido para cuidar disso, o que realmente lhe importava era isso ela tinha colocado o amor dela naquela pequena caixa e o tinha lhe dado. Ele tentou seguir o pensamento e acompanhar as risadas mais estava muito entorpecido.

– Ollie? – Sarah o chama estalando os dedos à sua frente. - Por mais que tenha coisas para ver nessa caixa, e vários empregos para analisar quero o meu presente ainda hoje. – Oliver é então obrigado a se lembrar o que fazer.

– Bom. - Ele não sabe ao certo o que dizer, mas respira fundo, e o perfume que sente é o dela e aquilo lhe clareia a mente. – Meu presente não foi tão elaborado assim...

– Diz alguma coisa que eu não sei, olha o tamanho dessa caixa? – Thea dia e todos estão rindo, mas de todos ali presente somente John sabe que o presente em questão foi um trabalho delicado e cuidadoso, quando Oliver pensava que estava sozinho ele se dedicava totalmente a cada pequeno detalhe, e na noite anterior tinha ouvido uma ligação em que Oliver falava em um idioma que ele não entendia, alguma coisa parecida com espanhol, mas ele tinha certeza que não era, seu ouvido só estava treinado para o árabe, talvez fosse italiano, mas não tinha como confirmar.

– Como eu estava dizendo antes de ser rudemente interrompido pela minha querida, mas inapropriada irmã, meu presente não foi tão elaborado assim. E com certeza a minha caixa não têm tantas coisas quanto a que recebi. – Oliver levanta a caixa que não é maior que uma caixa de óculos. – E quanto a pessoa que eu tirei. – Ele dá um leve sorriso. – Única, não chega nem perto de descreve-la. – Oliver não tira o olhar da caixa. – Forte, ousada, corajosa. – Ele inala como se aquele fosse o verdadeiro momento. – Me disse que eu tinha sido o seu pior chefe. – Oliver levanta o olhar encontrando os dela que estão marejados. – Ao lado dela eu passei os melhores momentos da minha vida. – Ninguém na sala parecia respirar, e para Felicity o ar estava carregado demais, ela se levanta e vai em direção a sacada, ao longe ela ouve John falando que ele iria fazer agora a grade revelação tentando quebrar o clima que tinha se instaurado dentro do ambiente. – Felicity?

– Oliver, não! – Ela respira fundo erguendo as mãos pedindo espaço, mas ele já estava muito próximo ao seu corpo, ela inalou seu perfume o que a deixou ainda mais desnorteada. – O que você espera realmente Oliver? O que você quer? Não pode chegar aqui e falar isso, não pode me fazer sentir isso para depois só criar o maior espaço que consegue fazer existir entre nós. – Seus olhos estão cheios de lagrimas, ela as segura, pensando em como isso já tem se tornado uma constante em sua vida.

– Eu só quero te entregar o seu presente. – E não tinha pretensão ali, pelo contrário, seu olhar era tão triste tanto quanto o dela. – Espero que goste. – Felicity não queria aceitar, mas não tinha muito que pudesse fazer, ela pega a caixa de veludo azul que Oliver segurava a sua frente e a abre, dentro havia um galho com seis flores de cor rosa que Felicity nunca tinha visto na vida. – Esse é um tipo raro de orquídea, são delicadas e especiais. – Oliver começa a explicar olhando para a flor em suas mãos. -Para viver precisam de um local especifico. – Felicity sabia do que se tratava, ela tinha assistindo uma vez o Discovery Channel em mais uma das suas tardes de sábado tediosas, e viu que essas flores são espécies, tropicais, mas no programa não tinha visto uma tão delicada, ou tão linda. Ela levanta com muito cuidado o galho e sente um fio de metal enrolado entre as flores. Um colar e com um pingente peculiar, único, e ela sabia fora feito pelas mãos dele, em cada detalhe. – É uma aljava, Felicity.

– Eu sei. – Ela não sabia o que dizer apenas ficou olhando para o pequeno pingente que girava pendurado ao colar. Aquele olhar acabou com as defesas de Oliver que ainda restavam, ele se dá por vencido e começa a falar.

– Ele representa o que você fez comigo. – Ela por fim levanta o olhar e o encara. – Você me desarmou, a cada sorriso, a cada briga, a cada cuidado, ou olhar, você tirou uma a uma as flechas que eu podia usar para te afastar, para me defender. Eu não tenho mais nada que possa usar e isso me assusta, não sei o que fazer a partir desse ponto. Eu sempre tive defesas e ataques mas com você todas elas foram inúteis, foram como se eu fosse uma criança sem saber como agir e o que fazer. Você me faz isso, você me faz isso dia a dia, e eu não sei mais o que fazer. – Oliver dá um passo em direção a ela, parecia que ela tinha um imã que o puxava. Pegou o colar de sua mão e com cuidado o colocou em volta do seu pescoço, levando um tempo maior que o necessário, aproveitando ao máximo cada roçar dos seus dedos cálidos na pele da jovem.

– É lindo. – Ela conseguiu dizer por fim. - Tudo. E pensar que eu só te dei bugigangas e coisas sem valor. – Ela segura o pingente entre os dedos.

– Você me deu o melhor presente. – Ela olha sem entender. – Dentro daquela caixa você colocou o seu amor.

– Não Oliver. – Seus olhos são intensos. – O meu amor por você nunca saiu do meu peito. – E era isso que ele precisava ouvir, Oliver envolve a cintura dela com seus braços e os dela estão envoltos em seu pescoço, entre suas mãos a caixa com as flores estavam bem guardadas.

– Eu posso te pedir mais um presente de natal?

– Qual? – Ela está perdida ali.

– Um beijo seu. – Sua intensidade é tanta que chega a deixa-la desnorteada.

– Não. – ela responde por fim, e ele fica sem entender. – Você não pode ter um beijo meu se for só um beijo, Oliver. Isso tem que ser decisi...- Ele a cala com seus lábios, a boca dele se encaixa perfeitamente na dela, Felicity sente vagamente alguma coisa sendo tirada das suas mãos mas só parte da sua consciência consegue captar esse movimento.

– Então está decidido. – Separam-se apenas quando o corpo grita por oxigênio, Oliver encosta a testa na dela. – Não vai ser só um beijo. – Ele dá um selinho leve em seus lábios. – Não vai ser só hoje. – Beija seu nariz. – Te disse que não tenho mais defesas contra você. – Beija sua testa. – Pelo tempo que me quiser sou seu, e quando esse tempo acabar ainda serei. – Ambos ficaram perdidos nos olhos um do outro, o coração batia acelerado gerando um sorriso permanente em seus lábios.

– Eu falei que esse visco iria funcionar. – Os dois ouviram John falar, acima de suas cabeças havia um pequeno galho com algumas frutinhas em vermelho. Eles sorriram um para o outro de forma cumplice. – Agora só falta colocar Roy e Thea ali de baixo. Por sinal a onde esses dois estão? – Felicity e Oliver olham para baixo e vêem o casal andando de mão dadas pela rua em meio a neve.

– Acho que eles não precisaram de ajuda. – Sara diz segurando a pequena caixa de Felicity.

– Melhor mandar eles subirem, está quase na hora da ceia. – Lyla diz enquanto um forte cheiro de queimado invade a casa. – Ah não!

– Ah sim! –J ohn diz rindo. Mas Oliver e Felicity estão alheios a confusão. – Comida japonesa, mexicana, tailandesa, italiana ...? – John pergunta trazendo os folhetos e desperta Oliver.

– Italiana não, tudo menos italiana. – Ele fala quase em desespero, fazendo Felicity dar risada enquanto vai pegar a caixinha que Sara tinha lhe tirado evitando que ela caísse no chão.

– Ok, italiana não. – John quase gargalha enquanto Felicity senta ao lado de Sara que estava animada com as novas botas de combate que tinha ganhado de John ela por sua vez tinha dado uma jaqueta de couro para o amigo.

– Serio Sara, você não supera o couro não? – Pergunta Felicity abraçando a amiga.

– Sorte sua que eu não te tirei, se você soubesse o que eu planejava te dar, digamos que você mataria o Oliver. – Sorriu sugestivamente, o que fez Felicity corar ao perceber a malicia nas entrelinhas da frase dita pela amiga.

– Alguém pode gritar esses dois aí em baixo? Precisamos fazer o pedido, estou com fome. – John diz enquanto está às voltas com os cardápios. Oliver senta em um canto do sofá e puxa Felicity para seu colo.

– E ai, já sabe quais são as nossas intenções de ano novo? – Pergunta feliz.

– Já estamos fazendo planos juntos? – Felicity não consegue acreditar que está envolta pelos braços do homem que ama, tudo aquilo lhe parecia um sonho, um sonho perfeito demais.

– Planos, metas, sonhos, desejos.... – Beija sua mão. – Não tenho intenção de ir a lugar nenhum sem você... e você?

– Gosto disso. – Ela acaricia inconscientemente o presente recém recebido, enquanto Thea e Roy entram pela porta de mão dadas.

– Chinesa então? – Lyla pergunta enquanto dá mamadeira para a pequena Sara.

– Chinesa é uma boa pedida. – Felicity se aninha no colo de Oliver enquanto vê todos se divertirem fazendo o pedido da ceia improvisada. E ela pensa que para o seu primeiro natal ela não podia ter pedido presente melhor. Já Oliver sente o perfume dos cabelos de Felicity e sabe que não importa quantos natais ele tenha na vida, nenhum poderá superar aquele que ele ganhou de Secret Santa o amor da sua vida.