Como dizer adeus em robô escrita por nmsm


Capítulo 10
Vale tudo no amor e na guerra




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Assim que colocou os pés no salão, Hermione se perguntou novamente por que exatamente estava ali. Logo na entrada, esbarrou com alguns sonserinos que debocharam da morena no meio daquele ninho de cobras; era, sem dúvida, muito corajoso da parte de uma grifinória chegar sozinha na casa de Salazar.

 

Procurou o loiro na pista de dança, e encontrou Blasio e Pansy se beijando e quando pensou em ir até eles, viu Malfoy se aproximando com uma garrafa de cerveja amanteigada na mão. Ótimo, ele está bêbado, a Granger pensou ao revirar os olhos.

 

No bar, Hermione se serve de uma dose generosa de hidromel, que desce queimando pela sua garganta. Ela dá um suspiro ao virar mais um copo de shot e se pega olhando para o sonserino contando alguma história para Pansy e Blaise que fazem eles rir.

 

Draco Malfoy usava um colete de seda preto com detalhes verdes musgo por cima da camisa de algodão preta e uma gravata plissada da mesma cor. O terno vitoriano de Draco exala a elegância de um bruxo muito, muito rico; com costuras em verde e botões bordados que gritavam sonserino.  Despretensiosamente, Draco afrouxa a gravata, desabotoa e arregaça as mangas do terno e Hermione observa tudo de longe. Draco estava lindo, Draco estava irresistível.

 

Hermione balançou a cabeça, respirou fundo mais uma vez, tomou toda coragem que tinha e o chamou.

 

— Malfoy.

 

Hermione Granger escolheu um vestido vermelho para aquela ocasião, o que fazia a garota se destacar facilmente no meio das cobras. O vestido longo era na verdade de Parvati Patil que insistira para Hermione usar, e deu certo: o vestido lhe caia perfeitamente, fluindo em seu corpo. As mangas longas e o decote V deixavam o vestido elegante, com amarrações e uma leve transparência. As costas nuas davam um toque especial para a peça e uma confiança inabalável  em Hermione Granger.

 

E ainda sim odiava estar ali, odiava ter se dado ao trabalho de pegar um vestido para estar ali, odiava todas aquelas pessoas que estavam ali. Odiava a música, a bebida rolando solta e já odiava as fofocas que rondariam Hogwarts no dia seguinte, mas assim que Malfoy viu a morena no salão e o sorriso do loiro se alargou , Hermione sentiu seu coração quase sair pela boca.

 

Ele larga a garrafa, se aproxima de Hermione e a pega pela mão, passando a mão livre pela sua cintura.

 

— Você veio – ele sorri ficando mais perto de Hermione para falar.

 

— É – ela deu de ombros.

 

— Você está linda, Granger — ele fala.

 

— Mas já vou embora — ela responde, tentando não vacilar.

 

— Ah, qual é?! Você veio por mim, e eu estou aqui. Não tem por que ir embora – ele disse puxando Hermione no ritmo da música.

 

— Não vim por sua causa – ela franziu o cenho.

 

— Não? Então por que veio? – o Malfoy perguntou, provocando-a.

 

— Para dizer que deixei alguns relatórios da monitoria na sua sala – a morena respondeu. Draco riu.

 

— Você acha que engana quem?

 

 

A Granger dá de ombros, pela primeira vez sentiu que não tinha necessidade de brigar com Draco. E, afinal, ela estava em uma festa dele... Ela sentiu as mãos de Draco prendendo-a um pouco mais e olhou para o sonserino arqueando as sobrancelhas. O Malfoy riu.

 

— O que foi? – ela perguntou irritada com as gargalhadas dele. Parece que Draco não levava nada a sério.

 

— Passe a noite comigo – o Malfoy respondeu, o que fez Hermione arquear mais a sobrancelha, desacreditando no pedido tosco.

 

— Você bebeu – ela concluiu se livrando das mãos de Draco.

 

Ele a puxou novamente: – Nunca falei tão sério em toda minha vida – e era verdade.

 

A garota fitou Draco, olhando nos olhos dele pela primeira vez desde que chegara.

 

E o beijou.

 

Ela quase pôde ouvir um “oh” das pessoas que os cercavam, mas não ligou. Draco, pego de surpresa, a apertou contra seu corpo e deslizou a mão pelos cachos de Hermione, enquanto correspondia ardentemente aos seus beijos.

 

Draco queria aquela garota, naquela hora, naquela noite. Largaria a Sonserina e a festa toda para ficar com ela, em qualquer lugar.

 

Ele a olhou sorrindo, estava praticamente convencido quando Hermione respondeu, seca.

 

— Não sou uma prostituta.

 

— Então eu não pago – o loiro rebateu. Estava notoriamente bêbado e a Granger duvidava de que ele se lembraria de algo no dia seguinte.

 

Hermione bufou.

 

— Vamos, Granger – Draco insistiu, puxando-a para mais perto de si e falando no seu ouvido, e pôde perceber a garota se arrepiando – Fica comigo. Fica comigo essa noite.

 

— Não, você está bêbado.

 

— Sabe uma coisa sobre os bêbados? – Hermione abriu a boca para responder, mas Draco a cortou rapidamente – Eles quase sempre estão falando a verdade.

 

Hermione o olhou com raiva. Ela se aproximou mais do Malfoy, com violência. Draco, nem um pouco surpreso com o ato, encarou a grifinória.

 

— E era preciso umas garrafas de FireWhiskey para você me querer? – a Granger perguntou olhando nos olhos, firme.

 

Draco abriu um sorriso canalha: – Eu sempre te quis, minha querida. Só que agora você sabe.

 

Ele passou a mão pelos cabelos castanhos de Hermione, colocando uma mecha atrás de sua orelha, hesitante. Não queria ultrapassar os limites com Hermione e deixá-la mais nervosa do que já estava.

 

— Não sou sua querida – ela rebate.

 

— Achei que tinha mudado de opinião desde a última vez que conversamos sobre isso – ele deu de ombros.

 

— Hã, por favor, Draco – a grifinória riu sarcástica – Nada vai mudar entre nós.

 

— Já mudou, Hermione – ele sorri de lado.

 

— Não, eu ainda te odeio – ela olha para sua boca quando fala.

 

Draco a puxou mais pra perto: – Não… você me ama. Sabe disso... Tanto quanto eu te amo e sou louco por você... Tanto quanto eu sei...

 

Hermione não respondeu e Draco passa a mão pela sua cintura.

 

— E você também sabe que eu estou falando a verdade – o Malfoy respondeu.

 

— Você é ridículo e está falando merda porque está bêbado – ela balançou a cabeça, pronta para ir embora.

 

Draco ergue as mãos em rendimento: – Sim, hoje eu estou bêbado. Mas quer saber? Amanhã eu vou estar sóbrio e ainda vou te amar.

 

Hermione olha para ele. Está lindo, gostaria de congelar aquele momento. Gostaria que tudo fosse mais fácil. Gostaria que ele não tivesse a magoado para que pudesse acreditar cegamente naquelas palavras.

 

— Isso tem que acabar. Você e eu. Eu vim aqui para isso, para te dizer que se você tem qualquer esperança de que eu vou passar por cima de tudo, das minhas crenças, para ficar com você... você me entendeu errado – Hermione fala e consegue sentir um soco no estômago a cada palavra que sai da sua boca. Ela quase não olha Draco nos olhos, mas sabe que não são as palavras que ele quer ouvir e que aos poucos as mãos dele vão se afastando da sua cintura. E ela quer pegar Draco pela mão, falar que sente muito e que tudo foi da boca para fora, mas sabe que não é capaz. Por fim, Hermione conclui: – É melhor você acabar com isso antes que se machuque.

 

Por um instante, ele não sabe o que responder para ela e Hermione está quase convencida de que conseguiu pôr um final naquela história. Mas Draco, Sonserino do jeito que é, não se dá por vencido:

 

— Eu passo por cima de tudo, Hermione. O que você quiser, mulher... — ele responde por fim e Hermione arqueia as sobrancelhas, sem acreditar no que está ouvindo.

 

— Draco, eu não preciso das suas promessas...

 

— Hermione, eu nego minha família, sobrenome o que for... – ele fala puxando de volta, mas dessa vez hermione não se deixa levar.

 

— Não nega, Draco! Isso é maior que você. É sua casa, é sua família... você fez mais do que me magoar, você acabou comigo em todos os sentidos. Você me fez sofrer, Draco, inúmeras vezes. Por causa de sangue, por causa de sobrenome... Você e a Sonserina toda – ela desabafa.

 

Ele esperava por aquilo. Draco Malfoy se sentia um grande merda ter feito a Granger sofrer naqueles anos em Hogwarts e ele podia jurar que se pudesse voltar, faria tudo diferente.

 

Ele, de novo, não sabe o que dizer, então Hermione continua:

 

— Não estou sendo orgulhosa, Malfoy... se é isso que está pensando... – ela se defende. Está cansada, está pronta para ir embora, pronta para voltar para seu dormitório e para sua vida normal na qual o Malfoy não deveria ter se intrometido.

 

— Eu não vou desistir de você, Hermione.

 

— Eu sugiro que faça.

 

— Você não consegue — Draco fala. E, sincero, ele diz: — Se quer um pedido de desculpas, eu te peço desculpas. Me desculpe, Hermione Granger, eu fui um completo babaca.

 

— Eu não quero nada, Malfoy...

 

— Eu não posso te perder, Granger. Não desse jeito — o Malfoy admite. O coração do sonserino está batendo mais forte e a cabeça dele está funcionando a mil tentando pensar em como fazer Hermione ficar.

 

— Você não pode perder algo que nunca teve, Draco — Hermione diz, por fim.

 

Era mentira, aquele não era o fim, ela sabia. Ela sabia que acabaria, ela e Draco, e fecharia a porta para a história dos dois, mas aquela não era a hora.

 

— Uma chance, Hermione, só uma chance — Draco tenta.

 

Hermione olha Draco nos olhos.

 

Não era um final. Não tinha que ser.

 

A morena se inclina lentamente, roçando os lábios nos de Malfoy, fazendo as bocas se tocarem em um beijo lento e calmo e, puxando o loiro pela gravata frouxa, intensificou o beijo, pegando Draco de surpresa que passou a mão pelas costas nuas da morena, apertando mais e mais o corpo da Granger contra o seu, doido para tirar aquele vestido. Era louco por aquela garota, nunca tinha entendido como havia ficado sem ela todo esse tempo.

 

O beijo falava por eles tudo aquilo que não conseguiam verbalizar. Era apaixonante, Draco era apaixonante e Hermione não acreditava como aquela boca a levava a ter os pensamentos mais perversos que já teve um dia. Seu corpo desejava a boca de Draco desesperadamente, por isso quando Malfoy a puxa para fora do salão, Hermione o segue sem pensar duas vezes. E no meio do caminho eles trocam beijos e juras absurdas.

 

Draco estava louco para sair daquela festa, atravessaria Hogwarts inteira com a Granger... iria para sua sala da presidência, para a sala Precisa, até mesmo para a Torre da Grifinória. Ele não se importaria desde que estivesse com ela.

 

Quando se dá conta, Hermione está na Sala Comunal da Sonserina, mas por um momento não  se importa e volta a beijar o Malfoy, livrando o sonserino do blazer e do colete e desabotoando a camisa que Draco apenas joga no chão.

 

A Sala Comunal da Sonserina está escura e vazia. Todos estão na festa de Draco, enquanto Draco está com ela.

 

No primeiro sofá que encontra, Draco fica por cima de Hermione, procurando pelo zíper do seu vestido vermelho. E ele tira facilmente o vestido da grifinória, deixando a garota apenas de lingerie preta e dá um larga sorriso ao ver os seios fartos e convidativos da morena.

 

Hermione sabe que deveria, mas não querer parar e volta beijar Draco ardentemente antes que o alarme vermelho soe na sua cabeça. Ela passa a mão pelo abdômen definido do Malfoy enquanto ele distribui beijos pelo seu seio e a aperta pela cintura.

 

— Parabéns – Hermione dissera de repente, interrompendo os pensamentos do loiro. Draco a olhou sem entender e a Granger suspirou – Pelo cargo.

 

O loiro deu de ombros: – Tive uma ajuda.

 

— Então… – ela mexeu na franja bagunçada do Malfoy – Feliz aniversário, acho.

 

— Faça ser melhor – Draco disse, fazendo uma trilha de beijos na sua barriga até o cós da lingerie preta de Hermione.

 

— Eu preciso ir. Eu já falei tudo que tinha para falar — ela respondeu, afastando o loiro.

 

Draco fica por cima da morena, lhe dando um beijo que faz Hermione perder toda a coragem que tinha juntado até ali. Como era difícil ficar longe da boca de Draco, como era difícil não se perguntar o que aquela boca podia fazer em outros lugares.

 

Ele fala no ouvido da grifinória, que está alheia:

 

— E eu já disse que te amo.

 

Ela sorri, sarcástica: – E eu já disse que eu preciso mais do que isso.

 

Draco dá risada. Ela está certa... ela quase sempre está.

 

— É um bom ponto.

 

Hermione afasta Malfoy e dessa vez ele não tenta fazê-la ficar. Ele se perde olhando a Granger colocar o vestido que Draco tinha acabado de jogar no chão da Sala Comunal. Tudo em Hermione era apaixonante, seu corpo por inteiro.

 

— Tchau, Dra... – ela frangiu o cenho e se corrigiu – Malfoy.

 

Draco deu risada.

 

— Tchau, Hermione.

 

Hermione se vira e vai embora, tentando não dar muita atenção ao fato de estar na Sala Comunal da Sonserina e deixando o loiro para trás, vendo-a ir e levando seu coração junto.

 

O loiro volta para a festa, pega uma cerveja amanteigada no bar e bebe tudo em um gole só, mas sabia que não tinha álcool que faria tirar Hermione Granger da sua cabeça.

 

O Malfoy sentiu uma mão quente em seu ombro e se virou, dando de cara com Zabini e Pansy, com três shots de FireWhisky na mão.   

 

— Então Hermione Granger veio — Pansy dissera passando um shot para Draco.

 

— Veio e já foi embora — ele responde batendo o copo de shot com Zabini e Pansy.

 

Os três viram o líquido ao mesmo tempo e Draco sente o FireWhisky descer queimando na sua garganta. Ia ter que beber muito naquela noite.

 

— Ela terminou com você, Malfoy? — Blasio brincou.

 

— Não – o loiro balançou a cabeça, sorrindo – Isso está longe de acabar.

 

— Você está fodido – Blás disse.

 

— Eu corro o risco — Draco dá risada e, olhando os dois amigos, ele diz: — E quando vai ser o casamento?

 

— Ah, não começa — Pansy revirou os olhos, mas Draco sabia que ela estava brincando.

 

Zabini dá um beijo em Pansy, ignorando Draco que finge estar ofendido, mas está muito feliz pelos seus amigos.

 

— Arrumem um quarto — ele diz.

 

Zabini dá um tapa nas costas de Draco e Draco percebe que o sonserino estava um pouco mais bêbado que ele.

 

— Vamos comemorar, cara – Zabini gritou, levantando sua garrafa, o que fez com que todos do salão olhassem em sua direção — Eu gostaria de propor um brinde à pessoa mais espetacular que pisou nesse salão essa noite! Hermione Granger!

 

— Hermione Granger! — Pansy e Draco levantaram suas garrafas junto com Zabini.

 

— Hermione Granger! — Zabini incentivou a multidão e todos levantaram seus copos, brindando — Feliz aniversário, Draco!

 

Draco riu e desejou que Hermione tivesse escutado.

 

[…]

 

— O que houve? O que foi isso? O que está fazendo aqui?

 

— Meu Merlin, quantas perguntas – Hermione balançou a cabeça. — O que diabos você está fazendo aqui?

 

Hermione, assim que saiu das Masmorras, deu de cara justo com Gina. Ela só não soube se aquilo era bom ou ruim, pois, por um lado, as serpentes lhe davam medo e, por outro, a caçula dos Weasley lhe dava mais medo ainda.

 

— Estou tentando fazer ciúmes no Harry – Gina respondeu, sincera.

 

— Vindo em festas de sonserinos? – Hermione riu – Você está tentando causar ciúmes ou um ataque cardíaco?

 

Gina bufou: – Ataque cardíaco teve eu naquela sala! Eu não suporto sonserinos.

 

— Vamos sair logo daqui, essas gárgulas me dão arrepios — A Granger disse puxando Gina para a saída.

 

— Bom, outra coisa te dá arrepios, Hermione... e você gosta... — Gina falou, rindo.

 

— Perdeu o respeito, Weasley? — Hermione fala, ignorando o comentário.

 

— O que você veio fazer aqui, hein? – Gina voltou a perguntar.

 

— Eu vim terminar com o Malfoy — ela respondeu e os olhos de Gina brilharam — É outra história longa, Ginevra.

 

— Ótimo, eu tenho tempo – a Weasley sorriu para a amiga – E não me chame de Ginevra.

 

— Tudo bem – ela revirou os olhos.

 

[…]

 

Eu me lembro de ter dito alguns capítulos atrás que, uma hora, a minha participação nas eleições faria sentido. E, bem, aqui estamos nós.

 

Tudo começou na aula do Professor Slughorn.

 

— O Potter está certo – a cobra disse ao meu lado – O certo é esmagar a vagem sudorífera com uma adaga antes de colocar no caldeirão. Faz sair mais seiva.

 

— Não é o que o livro pede – eu respondi, ríspida.

 

— Mas ele está certo.

 

— Como sabe? – resolvi perguntar.

 

— Já fiz a Poção do Morto-Vivo antes e o Potter está fazendo certo.

 

— Mesmo é? – perguntei irônica – Então por que é que você não está fazendo como o Potter? – eu resmungara ao ver que Draco tentava cortar a vagem sudorífera, assim como eu. Um sorriso de lado cínico escapou e eu descobri que não precisava saber da resposta. Até porque era óbvio: por mais que Harry estivesse certo, Draco não faria nada igual a ele.

 

— E, bem, os iniciantes também merecem uma chance – ele adicionou logo em seguida. De algum lugar da sala, Simas explodiu sua poção, chamando a atenção de todos. Alguns pares de olhos pousavam várias vezes na minha mesa e aquilo estava me incomodando. Draco se inclinou na mesa para falar, sem dar atenção a Simas. — Nervosa, Granger?

 

Ainda que Kim não tenha revelado minha verdadeira identidade naquela noite no Três Vassouras, os olhos e as especulações se voltaram todas para mim no dia seguinte.

 

Assim, meu nome e o de Malfoy voltaram a caminhar juntos por Hogwarts inteira. O desgraçado não pensou em nenhum momento em negar de que era eu, aumentando ainda mais a curiosidade do bom povo Hogwarts e, de repente, eu assumi um posto completamente novo e inédito: popularidade.

 

— Quando é que vamos realizar o sonho deles de nos ver juntos? – Malfoy perguntou. Semicerrei os olhos, me perguntando se ele podia ler mentes ou coisa assim.

 

— Nunca – respondi, seca.

 

Antes que pudesse responder, Slughorn anunciou pra sala toda que Harry tinha conseguido fazer a Sorte Líquida corretamente e que agora tinha a posse da poção, eu não pude deixar de olhar para o Malfoy e revirar os olhos ao ver que o desgraçado esboçava um sorriso canalha.

 

Que se dane se Harry fez uma poção certa e eu não. Harry tem que estudar muito para chegar onde eu estou... Sorte Líquida... Eu não preciso de Sorte Líquida.

 

— O que foi, Granger? Ah, sim, “você estava certo, Malfoy, e eu errada. Agora vou te encher de beijos” – ele dissera, sarcástico. Eu me virara para a cobra e o vira rindo mais uma vez ao sair da sala de Poções. Ele arrumou a gravata, convencido — Não foi nada, querida.

 

— Não me chame de querida; não sou sua querida – eu falei, voltando a andar pelo corredor, direto para as estufas – E para quem foi praticamente humilhado no Três Vassouras, seu ego até que está bem inflado.

 

— Afasta os impostores — ele respondeu.

 

— Essa conversa está me incomodando, por que estamos nos falando? – eu falara, construindo uma muralha infalível e inquebrável entre nós.

 

— Vim me redimir – Malfoy admitiu, sarcástico – Pedir desculpas, dizer que me arrependi.

 

— Você é tão canalha – eu balancei a cabeça.

 

— Você adoraria que fosse verdade, não é?

 

Eu dei risada, seca. Como conseguia ser tão egocêntrico?

 

— Nunca vai acontecer nada entre nós, Malfoy. Nem se você tomar banho de Sorte Líquida. As chances são as mesmas de você se tornar presidente. Não consigo em pensar em alguém mais idiota, mesquinha, narcisista, egoísta e babaca que você. Você tem ideia do quanto você foi babaca nesses últimos seis anos? Nunca vai acontecer nada entre nós porque eu tenho bom senso —  eu disparara logo em seguida. Por sorte, não estava atrasada para a aula e poderia ter uma discussão saudável antes de chegar às estufas.

 

— É mesmo, é? – ele perguntou sem se importar, como se o que eu disse não tivesse feito a menor diferença – Bem, eu gosto de desafios.

 

— Mas que diabos...

 

— Hermione Granger, você tem um acordo comigo agora – o Malfoy dissera, triunfante.

 

— O quê? Não, não, não. Eu não... Eu não quis dizer isso. Eu não vou… – gaguejei, entendendo onde a cobra queria chegar.

 

— Eu vou ser o primeiro presidente dessa escola! — ele diz sorrindo. Canalha! — E você vai me dar uma chance.

 

— Eu me recuso.

 

— E eu vou tomar Sorte Líquida.

 

— Isso é trapaça.

 

— Vale tudo no amor e na guerra — ele disse se afastando.

 

 

[…]

 

— Uau, Malfoy se superou — Gina deu risada, fazendo Hermione olhar irritada para ela.

 

— Malfoy tem sérios problemas — a Granger falou cruzando o corredor escuro do castelo.

 

— E você fez tudo isso só para não dar uma chance para ele?

 

— Gina, Draco não é vítima, não.

 

— Eu sei, mas você já o humilhou de tantas formas e ele ainda vai atrás de você... — Gina observou — Talvez ele realmente sinta algo por você.

 

Hermione deu risada e Gina, ao perceber o que tinha dito em voz alta, deu risada também.

 

— Essa foi boa, Gina.

 

— Só… conte de uma vez, Hermione, o que você foi fazer naquela festa — a ruiva pediu.

 

— Estamos indo por partes, paciência – a Granger massageou as têmporas. Gina revirou os olhos – Onde parei…? Ah, sim, o Malfoy enlouquece...

 

[…]

 

No final da aula, eu fui checar para ver se a serpente não tinha enlouquecido de vez. E fui fazer isso na sala da diretoria, empoleirada na porta para saber o que conversavam lá dentro. Eu não consegui ver nada e no exato momento que vi a cabeleira loira do Malfoy, ele abriu a porta, fazendo eu desequilibrar e cair.

 

A primeira reação do Malfoy foi rir. Rir muito.

 

— Não posso acreditar no que estou vendo!

 

— Você? Presidente? – perguntei ignorando-o.

 

Malfoy inclinou a cabeça para o lado, em um ângulo de 180º.

 

— Dá para ver sua calcinha.

 

Corada, eu puxei a saia do uniforme. Malfoy esticou a mão para me ajudar a levantar.

 

— Mas é claro! Eu, presidente. Você, não.

 

— Qual é?!

 

— Isso mesmo – Malfoy sorriu — E eu devo tudo isso a você, meu maior incentivo para servir o povo de Hogwarts foi você, Hermione Granger.

 

— QUAL É?! Eu não vou sair com você!

 

— Você fez um trato. E pode falar o que quiser… Trato é trato.

 

— Você não vai ganhar.

 

— Por favor, eu sou o Malfoy – ele respondeu, esnobe – Todo mundo me ama.

 

— Todo mundo te odeia.

 

— A Grifinória me odeia, mas quem liga para a Grifinória?

 

— Isso não vai ficar assim.

 

— É mesmo? – Malfoy cruzou os braços e riu.

 

Eu tive uma ideia! Uma ideia um tanto quanto maluca, mas uma ideia genial. Tudo bem, talvez não tão genial, porque as chances de dar certo eram mínimas, só que foi um momento de total desespero.

 

Reuni todo ar que tinha em meus pulmões e, com toda coragem de Grifinória, me virei para o Malfoy e disse, claramente:

 

— Eu também vou me candidatar – cruzei os braços, dessa vez como uma menina mimada.

 

— Vá em frente. Eu vou adorar ganhar de você – ele dissera também ao cruzar os braços, sorrindo sarcástico.

 

Passei pelo Malfoy batendo em seu ombro, indo em direção a sala da diretoria.

 

McGonagall ficou super surpresa com a minha candidatura, mas me desejou boa sorte e disse que estava torcendo por mim. Ela me encheu de ideias para a minha propaganda eleitoral e eu apenas balancei a cabeça, concordando e fingindo que não estava fazendo aquilo só para me livrar de um certo sonserino.

 

Fiquei me perguntando o que mais eu teria que fazer para manter o Malfoy longe de mim e achava muito sarcástico como o Universo sempre dava um jeito de nos fazer topar de cara um para o outro toda vez.

 

Eu pelo menos achei que quando Kim cantasse a música, a história seria encerrada.

 

Saí da Sala de McGonagall certa de que tinha me enfiado em uma situação impossível de sair e quando fui contar para Pamela a história toda, ela apenas riu:

 

— Eu já fiquei sabendo.

 

— Meu Merlin, você sabe de tudo.

 

— Essa é apenas uma das minhas qualidades — ela disse, convencida — Quando é que você vai entender que ele gosta de você?

 

— Draco me esqueceu.

 

— Hã, Hermione, se tem uma coisa que Draco não fez ainda foi te esquecer.

 

— Ele me esqueceu completamente. Você estava lá quando Zabini nos contou. E está fazendo isso por puro ego.

 

Joguei a mochila no pé da árvore ao lado de Pansy. Ela estava sentada com pergaminhos no colo enquanto assistia ao treino de quadribol da Sonserina.

 

Zabini acena com a cabeça. Ele faz sinal com uma expressão de irritado, o que dá a atender que está perdendo a paciência com os novos jogadores. Pansy manda um beijo para ele e ele sorri.

 

— Olha só você... Toda apaixonadinha — eu falo observando aquela acena.

 

— Ah, eu sei — Pansy ainda está sorrindo —Quando alguém aparece e te lembra que os problemas são iguais, às vezes você o recebe com a guarda baixa e os braços abertos.

 

— Muito bonito, Pamela. O que Zabini fez com você?

 

— O que quero dizer, Granger, é que depois de tudo que aconteceu entre vocês, é óbvio que ele ainda não esqueceu.

 

— Onde parece óbvio? Para mim parece muito confuso.

 

Bom, desde aquela noite nos Três Vassouras, Draco e eu não tínhamos trocado duas palavras e o pouco que eu soube sobre ele era que tinha terminado com Astoria Greengrass. Ele aparecia menos em Hogsmeade, nas refeições e nas aulas que fazíamos juntos.

 

Eu já estava me acostumando, mas sentia falta de Draco às vezes.

 

Pansy dá risada, me livrando dos meus devaneios.

 

— Como você pode ser tão cabeça dura? Você gosta dele também.

 

Sinto meu olho esquerdo piscar compulsivamente. Aquilo me matava.

 

— Tudo bem, pode ser que eu tenha gostado dele por um tempo, mas agora... nada! Absolutamente nada.

 

— Prova que não e chama ele para sair.

 

— O quê?

 

— Você não superou? — ela pergunta retoricamente. — Chama ele para sair e eu aposto todo meu ouro que você não vai aguentar, Hermione, e vai acabar nos braços daquele loiro.

 

— Uau, é essa visão mesmo que você tem de mim?

 

— Tem sido mais clara ultimamente.

 

— Eu não consigo! — admito — Draco me esqueceu e só quer me fazer sofrer.

 

— E você achou mesmo que a melhor forma de lidar com isso era se candidatar para as eleições? — ela pergunta, retórica.

 

Por um momento, me sinto incrivelmente burra e sinto meus ombros caírem.

 

— Eu sei, vou precisar da sua vida.

 

— Por que você complica tudo?

 

— Tudo isso é culpa do Malfoy.

 

— Não, Hermione, tudo é culpa sua.

 

Foi um caos.

 

As semanas que sucederam a minha candidatura até o dias da eleições foram caóticas. Lilá e Parvati montaram tudo. Cartazes, panfletos, distribuíram feijões de todos os sabores, geminilidades Weasleys e convenceram até a Murta-Que-Geme fazer parte da campanha.

 

Hogwarts estava um caos. De um lado, a Grifinória, se recusando fazer qualquer tipo de aliança com a Sonserina e dividindo opiniões entre Lufa-Lufa e Corvinal. E do outro, a própria Sonserina, fazendo o possível e o impossível para conquistar o bom povo de Hogwarts.

 

E eles também tinham mais dinheiro para isso.

 

Quando o dia das votações chegou, eu não estava surpresa. No dia anterior, Malfoy tinha feito um circo no pátio principal e não se falava em outra coisa. E, claro, com o Profeta de Hogwarts cobrindo tudo.

 

— Boa sorte, Hermione Granger — Malfoy me cumprimenta naquele dia no Salão Principal. Dumbledore ia fazer o anúncio em poucos minutos.

 

Está tão estúpido, está tão certo de que já ganhou.

 

— Boa sorte, Malfoy, você vai precisar — eu respondi, amarga.

 

Malfoy riu, sarcástico. Todo mundo praticamente prestando atenção na nossa conversa, todos os olhos em nós quando ele se aproxima e fala, baixinho:

 

— Você não precisa passar por essa humilhação, Granger. Só aceita e me dá uma chance.

 

Levanto o nariz e encaro aquela cobra nos olhos. Pansy, no fundo, estava certa. Era quase improvável que eu não caísse nos braços de Draco, ainda que fizesse um esforço absurdo. Odiava admitir, mas Malfoy me tinha de um jeito muito fácil.

 

— Eu prefiro a Lula Gigante — respondi, firme.

 

— Como quiser, Granger — ele responde, se afastando.

 

Pois é, aconteceu. Malfoy ganhou.

 

Mas talvez fosse óbvio e eu que não queria ver. Embora fosse o diabo em pessoa, Hogwarts inteira adorava o Malfoy, mas não é nenhum um pouco justo uma pessoa como ele ter tudo o que quer com tanta facilidade.

 

O diabo em pessoa.

 

Fiz um esforço danado para não trocar olhares com a cobra o resto da noite, mas chamou minha atenção quando Pansy saiu da mesa da Sonserina e caminhou até a mesa da Grifinória, atraindo olhares sem acreditar.

  

Porque mais parecia que ela carregava uma bomba em baixo da capa e aquela era a única resposta para uma sonserina se dirigir à mesa da Grifinória.

 

— Eu sinto muito, Mione — Pansy dissera sentando de frente para mim. Rony ficou incomodado.

 

— É o fim dos tempos — falei.

 

— Olhe pelo lado bom...

 

Eu revirei os olhos. Pansy balançou a cabeça.

 

— Bom, a Sonserina vai dar uma festa amanhã nas Masmorras. Vocês estão convidados — ela falou olhando para Harry e Rony também, que deram risada.

 

— Não piso lá nem por dívida de jogo — Rony ralhou.

 

— Só chamei por educação, não quero que você vá, Weasley — Pansy rebateu.

 

— Vão comemorar a vitória? — Harry falou, desinteressado.

 

— É aniversário do Malfoy — Pansy explicou.

 

— Só está piorando... — Rony resmunga.

 

[…]

 

— E… é isso – Hermione concluíra.

 

— O quê? Acabou?

 

— Sim.

 

— Tem certeza? – Gina perguntou, inconformada.

 

— Até aqui, sim, acabou.

 

— Então você perdeu duas vezes?

 

A Granger bufou, que seja, pensou ao se levantar da cama de Ginevra. Ela olhou no relógio; 2 da manhã. Esperava que Lilá e Parvati não tivesse prendido-a para fora do dormitório do 6º ano.

 

— Estou dispensada, Ginevra? – ela perguntou para a amiga.

 

— Claro – Gina sorriu, sarcástica – Estou ansiosa pelos próximos capítulos.

 

— Ah, você sabe, as coisas só tendem a piorar – dissera antes de fechar a porta atrás de si.


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