O Terceiro Feitiço escrita por Thially Andrade, Caroline Lannister


Capítulo 10
10° Capítulo




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POV LIV (StoryBrooke, 2014)

Tá, eu admito, trabalhar com a Ruby era MUITO divertido! A cada pessoa que entrava, mesmo eu internamente já sabendo da história da maioria deles, eu perguntava para Ruby quem eram e como eram. Simplesmente porque a descrição de Ruby era impagável. Um dia, meu odioso professor de matemática, sr. Clements, apareceu na Granny’s e por incrível que pareça, ele já era muito irritante como adolescente. Tive vontade de me vingar por todas as minhas detenções e puxar sua cueca e enfiar palitos de dentes em seus olhos.


Eu estava comendo um hot dog no almoço, quando uma jovem tia Ashley entrou na Granny’s com um lindo garotinho loiro que aparentava ter pouco mais de um ano. Quando eu liguei que o garotinho que estava babando no colo de tia Ashley era o meu namorado gato quase morri engasgada com a salsicha. E a Ellie quase chorou de tanto rir da minha cara.


Mas enfim, o bebê Alex era realmente uma fofura, e eu não consegui evitar de imaginar o nosso futuro como uma família, pelo menos era isso que eu sonhava que acontecesse.
Ellie teve a brilhante idéia de também trabalhar na loja do tio Rumple, e eu não estava gostando dessa história. Tudo bem que nós o conhecíamos em 2032, mas não sabíamos que tipo de pessoa ele era em 2014. Então eu resolvi arrumar outro emprego também, porque usar as coladas roupas de Ruby estavam me afetando negativamente.

Resolvi pedir um emprego de meio período na floricultura da cidade, herdei a paixão por plantas da mamãe e graças a Deus, o dono estava precisando de alguém para tomar conta da loja enquanto ele estivesse fora.
Quando os dois dias que a Snow Queen nos deu para contar para nossos pais quem éramos passou e não cedemos, ela apareceu em nosso quarto, quando largamos do trabalho. Ela estava sentada na minha cama, nos esperando. Fiz uma nota mental de trocar os lençóis antes de dormir.


– Olá, queridas - Ela falou, dando um sorrisinho, enquanto Ellie trancava a porta atras de mim.

POV Robin (StoryBrooke, 2032)

Eu estava dirigindo meu carro e Regina estava ao meu lado. Ela vestia um vestido preto e óculos escuros, e eu meu terno negro. Rumamos em direção ao cemitério, e o carro da funerária estava na nossa frente, levando os caixões de mogno sem janelas, em razão dos rostos estarem desfigurados... chegamos ao cemitério em silêncio, e os Charmings já estavam lá: David, Snow, Emma e Neal. Assim que David me viu, veio me dar um abraço, e Snow abraçou Regina. 


– Onde está o Roland? – Snow perguntou a Regina.


– Está vindo no outro carro com o Henry, João, Maria e Grace. – ela respondeu.


Então paramos de falar enquanto o carro da funerária estacionava na nossa frente. Regina saiu do meu lado e foi checar a retirada dos caixões da mala do carro. Henry tinha organizado todo o velório e enterro, e ele colocou uma lembrança das meninas em toda a parte do cemitério. Duas covas, uma ao lado da outra, foram cavadas. Na frente delas, havia um púlpito, onde o padre falaria algumas palavras e a família teria tempo para se despedir. Ao redor das covas, várias cadeiras brancas. Pétalas de rosas vermelhas foram espalhadas por todo o espaço. A cidade inteira já estava aqui, rostos conhecidos, amigos, família. Recebemos abraços de algumas pessoas, e sorrisos tristes de outras.

Enfim, nos sentamos para escutar as palavras do padre. Assim que eu sentei ao seu lado, Regina pegou minha mão e apertou. Meu coração doía muito pela perda das minhas princesas, mas me assustava quando eu via Regina tão vulnerável e sem vida. Roland sentou ao meu lado e passou seu braço em meu ombro, dando-me todo o seu apoio e amor. Henry sentou ao lado de Regina, nós quatro na primeira fila e Emma, Hook, David e Snow na segunda fila. E então o padre começou a falar:


– Estamos aqui reunidos para agradecer a Deus pelas lindas vidas de Eleanor e Olivia Mills Locksley. 
Engoli o nó na minha garganta e apertei a mão de Regina com mais força. O padre continuou:


– Meninas tão jovens, irmãs gêmeas, que tiveram suas vidas tomadas e terminadas de uma forma tão terrível.


Olhei para Regina e vi uma lágrima correr por seu rosto e seus olhos desceram para seu colo, onde sua outra mão segurava dois pequenos ursinhos, um vermelho e um azul. E então as lembranças tomaram conta de mim. Lembrei de quando Regina chegou em casa com esses pequeninos ursinhos, o vermelho era da Ellie e o azul da Liv. Lembro de que a Collete, filha da Belle e do Rumple, cismou que queira um também e fez o pai comprar um amarelo para ela. Até a adolescência as meninas só dormiam abraçadas com os ursinhos, e depois que cresceram os deixaram no criado mudo ao lado das camas. Voltei das memórias e todos estavam se levantando para fazer uma oração. Levantei e dei minha mão livre para Roland, que a pegou prontamente. Depois da oração era a vez da família falar alguma coisa, e Regina quis ser a primeira. Ela tirou os óculos escuros ajeitou o vestido caminhando até o púlpito, pigarreou e começou, olhando para as covas:


- Lembro da primeira vez que as peguei no colo – ela disse, sorrindo um pouco. – Eram tão pequenas e dependentes. Branquinhas e gordinhas. As bebês mais lindas desse mundo. Eu as amei desde o minuto em que vi duas listras no meu exame, indicando positivo. As amei desde que o médico me disse que eram duas meninas, as amei desde o segundo que vocês nasceram e eu pude olhar seus rostinhos rosados. Perfeitas, lindas e encantadoras. Eu acordava no meio da noite para olhar para vocês, ter certeza que toda aquela felicidade era de verdade, que eu estava vivendo meu final feliz. Lembro do primeiro aniversário de vocês. Liv estava super doente e não parava de chorar, então não temos quase nenhuma foto boa. – ela disse sorrindo e algumas pessoas riram e eu me juntei a elas, lembrava exatamente desse dia. - Lembro do dia em que cheguei em casa e encontrei vocês dormindo, abraçadas uma de lado do Robin – ela falou, olhando para mim – Dei graças aos céus pela minha família. Lembro da primeira briga de vocês, o motivo? Quem se parecia mais comigo. – ela disse, sorrindo. - Esse não vai ser o meu adeus, minhas filhas. Não vou descansar antes de vingá-las. Não deixarei que a pessoa que fez isso com vocês saia impune. Eu as amo, minhas princesas.


Todos estavam em lágrimas, inclusive eu. Quando Regina caminhou até mim, eu a abracei e sussurrei um “Eu amo você”, mas ela estava soluçando demais para responder. Soltei o seu abraço, dei um beijo em sua testa e rumei ao púlpito, agora ela a minha vez. 


– Nunca passou pela minha cabeça que algum dia eu estaria velando vocês. – eu disse, engolindo o nó na minha garganta. – A única coisa que eu podia pedir a Deus era não estar aqui para ver a morte de vocês, princesinhas. Assim que vocês nasceram, eu não conseguia acreditar que eram minhas. Vocês eram tão lindas e delicadas, eu estava totalmente encantado. E então, quando eu vi que os olhos de Ellie eram idênticos aos meus, comecei a chorar. – passei a mão pelo rosto, enxugando as lágrimas que teimavam em cair. – Lembro que a primeira palavra que a Ellie disse foi “papai”, o que deixou Regina super triste, mas eu estava nos céus. – eu disse rindo e vi um sorriso no rosto da minha mulher também. Funguei o nariz e continuei: - Vocês eram duas sapequinhas, duas malandras que sabiam direitinho como me enrolar. A Liv sabia que só me chamar de "paizinho" que ela teria qualquer coisa que quissese. Ser pai do Roland era fácil e eu estava na minha zona de conforto, brincando de carrinho e de lutas, mas com vocês, eu aprendi a fazer chá para as bonecas e ter uma opinião concreta sobre alguma roupa. Um dia, Livie me pediu para aprender a usar o arco e a flecha, e eu quase saltitei de alegria.
No aniversário de dezesseis anos de vocês, fizemos uma grande festa, e foi o fim da minha paz. Vocês se tornaram duas mulheres lindas e encantadoras e eu comecei a me preocupar com os garotos que apareceriam nas suas vidas. Por isso tenho tantos fios de cabelo brancos – e as pessoas sorriram. Eu continuei: - Eu tive uma imensa sorte de ser o “paizinho”, como a Livie me chamava, de vocês, de cuidar e ser cuidado por vocês, as melhores filhas que eu podia imaginar. Lembrarei das suas risadas e seus trejeitos pelo resto da minha vida. – e então, comecei a soluçar: - sei que vou me pegar imaginando como seria a formatura da Ellie ou o casamento da Liv. Como seria a emoção de andar ao seu lado até o altar. Eu amo vocês e sempre amarei. Descansem em paz.


Deixei o púlpito e recebi o abraço de Regina. Ambos soluçávamos e as pessoas nos olhavam em silêncio.

Henry passou a mão pelo meu ombro e se dirigiu ao púlpito.
Ele pigarreou e começou falar:


– Eu sempre desejei uma família grande. Encontrei minha mãe Emma, meus avós… mas eu era filho único, eu ansiava por irmãos. Quando minha mãe Regina me contou que estava grávida eu praticamente fiz uma festa e quando ela me contou que eram gêmeas eu quis soltar fogos. – ele riu e continuou: - como irmão mais velho, eu protegia vocês de tudo e de todos, mas eu falhei. – ele começou a chorar, respirou fundo e continuou: - Eu falhei, m-me desculpem.


E assim ele terminou seu breve discurso, indo direto para os braços de Regina e depois da Emma.

E então, Roland já estava no púlpito. Ele esperou Henry se sentar e começou a falar:


- Bem, por ser pouco mais velho que vocês, eu não as achava frágeis. Vocês sempre foram muito duronas, metiam o terror no bairro inteiro. – ele gargalhou e olhou para mim: - Um dia vocês cismaram que os meninos da rua tinham rido de vocês e fizeram eles deitarem no asfalto e andaram por cima das costas deles, as duas de coroas. – e muitas pessoas riram, inclusive eu: - E um dia, vocês queriam ir para um show de Beyoncé que ia acontecer na capital do estado, mas o papai não deixou. Eu estranhei que vocês aceitaram o “não” dele e não imploraram para ir. E então houve a noite de talentos da escola. Acho que eu nunca ri tanto em toda a minha vida. Vocês disseram que a música era uma surpresa e foi uma surpresa e tanto! Eu reconheci a batida da música assim que ela começou a tocar e prendi a respiração até vocês entrarem no palco. A música era “Crazy in love” da Beyoncé, e foi um tapa em cheio no papai, porque a música é, hm, um tanto sensual – ele disse gargalhando e eu corei e ri junto, aquela foi, infelizmente, uma noite inesquecível, ele continuou: - Vocês estavam lindas e cantaram e dançaram muito! E claro, Collete arrasou na parte do Jay-Z. - ele disse, sorrindo para Collete que estava em algum lugar nas últimas filas. Ele continuou a falar, mas seu semblante mudara da água para o vinho, ele já não ria mas: - Vocês eram destemidas e teimosas, tão diferentes e iguais ao mesmo tempo. Eu amo muito vocês. Sempre amarei, pestinhas.

POV Liv (StoryBrooke, 2014)

– Estou aqui para dar o que vocês merecem por serem tão desobedientes. - a maldita disse, assim que Ellie trancou a porta.

E como em um piscar de olhos, nossas mãos e nossos pé estavam acorrentados ao chão. Tentamos usar nosso poder, em vão. Olhei para Ingrid e seu sorriso debochado continuava estampado na sua cara nojenta.

Ela fez um movimento com as mãos e um espelho oval apareceu na nossa frente. Ellie suspirou e disse, rangendo os dentes:

– Sabemos que somos lindas, é de conhecimento geral. Pra quê um espelho?

Ela não respondeu, apenas nos olhou com aquela cara de bunda de urso polar.

E então alguma coisa começou a mudar no espelho, ao invés do nosso reflexo nós estávamos vendo um jardim. Com várias cadeiras e flores em todo canto. Vimos o carro do papai estacionar na frente do jardim e papai e mamãe saíram do carro, os dois de preto. Vimos, também vestidos de preto, tia Emma, tio Killian, tia Snow e tio David. Eles se abraçaram e eu senti um arrepio por toda a minha coluna.

E então eu vi. Estavam passando por papai e mamãe. Eram dois. Com uma coroa de flores cada um, uma vermelha e uma azul. Foram colocados de frente para as cadeiras e eu não conseguia pensar direito. Tirei meus olhos do espelho por um segundo e olhei para a Ellie, seu rosto estava aterrorizado com eu nunca vira antes. Ela também já sabia do que se tratava.

Mas não era possível, nós estávamos ali, vivinhas da silva! Voltei a olhar para o espelho quando escutei uma voz conhecida. O Padre da cidade começou a falar:

–Estamos aqui reunidos para agradecer a Deus pelas lindas vidas de Eleanor e Olivia Mills Locksley.

E então eu surtei.


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Notas finais do capítulo

ps: para quem não sabe, Locksley é o verdadeiro sobrenome de Robin Hood.
ps2: Mandem reviews, gatinhos e gatinhas!!