Love Suicides At Sonezaki escrita por Lirium-chan


Capítulo 1
Love Suicides At Sonezaki




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Rin parou na trilha assim que viu a marca na árvore, deixando-se descer barranco abaixo com a ajuda de raízes e pedras. Depois ficou mais fácil, confiando nos traços talhadas na madeira e na própria memória.

Ela estava ajoelhada aos pés da grande árvore do riacho.

“Miku!”

“Rin-chan.” Ela sorriu, levantando e batendo a terra dos joelhos nus. “Achei que não vinha.”

“Desculpe.” Rin curvou-se em seu uniforme do fundamental. “Me colocaram no dever de limpeza hoje, então fiquei para trás.”

“Tudo bem.” Miku foi até a garota, sorrindo com simplicidade ao tomar suas mão e iniciar uma caminhada ao longo do riacho.

“O que estava fazendo, agora há pouco, quando cheguei?”

“Rezando.”

“Rezando?”

Uhum. Pelas almas de Tokubei e Ohara.”

Rin fitava o correr das águas.

“Tokubei e Ohara?”

“Você não os conhecia? Aconteceu aqui, na Floresta Sonezaki: Tokubei era um jovem e promissor comerciante. Como via futuro nele, o dono da loja na qual ele trabalhava arranjou para que se casasse com a sobrinha de sua esposa. Mas Tokubei não podia aceitar isso…”

Miku abaixou-se para ajeitar a tornozeleira, e Rin precisou desviar o olhar para não pensar em outras coisas.

“Por que não?”

Porque estava apaixonado por Ohara, uma cortesã. O dono da loja disse que merecia uma compensação, então, pois havia firmado um acordo monetário com a madastra de Tokubei. Então ele pegou suas economias destinadas para tirar Ohara do distrito das luzes vermelhas, mas acabou sendo enganado…”

Rin puxou uma mecha de cabelo para trás da orelha.

“Enganado?”

“Ele emprestou o dinheiro para um amigo em necessidade e, na data marcada para ser pago de volta, o tal amigo negou que devia qualquer coisa. E não havia nada que Tokubei pudesse fazer para defender sua honra. Então, como vê, o casal não viu outra escolha senão cometer suicídio em conjunto. Aqui; nessa mesma floresta.”

“Oh…”

“O que acha disso?”

Fora uma mudança tão trágica de eventos que Rin não sabia bem o que pensar.

“Bom, se eles não tinham nenhuma outra saída…”

Miku concordou gravemente com a cabeça, então atirou a cabeça para trás e fechou uma mão em punho contra a testa em um gesto teatral.

“É trágico, não é? Dois amantes forçados a tomar a vida um do outro pelas circunstâncias, tornando-se verdadeiros mártires para o amor verdadeiro…”

“Oh!” Rin finalmente entendeu. “Você conseguiu um papel?”

“Você está olhando para a própria Ohara, minha querida.” Miku sorriu brilhantemente, jogando os cabelos para trás como uma estrela glamourosa. “Nós do clube de teatro vamos interpretar o roteiro de ‘Sonezaki Shinjuu’ no Festival Cultural este ano~”

Rin se atirou contra a garota, efetivamente derrubando-a no chão – consigo junto.

“Parabéns, parabéns, parabéns!”

Miku riu.

“É, eu sei! O papel principal. Prima Donna. Muito obrigada.”

Rin estava rindo, também, selando vários beijos rápidos nos lábios da colegial.

“Mas eu não entendo…” Ela parou, de súbito, franzindo o cenho. “Essa peça passou pelo comitê?”

A azulada revirou os olhos.

“Rin-chan, por favor, o que os olhos não veem o coração não sente.”

“Mas-“

“Não se preocupe, os sempai sabe o que estamos fazendo.”

“E o que estão fazendo?”

“Arte.” Miku sorriu daquele jeito brilhante que Rin amava. “Agora me beije direito, sua boba, porque nós só temos vinte minutos.”

Ela estava tão linda. Rin pensou, se afundando no pescoço da maior. Com o quimono vermelho e o obi amarrado na frente, como uma flor proibida que eu sei que é minha. Só minha. Ela morreu e voltou pra mim. Minha flor de lótus.

Sorriu quando incitou um gemido, recompensando a outra com pequenas mordidinhas enquanto puxava mais a aba das vestes pra conseguir mais espaço. Estava tentando se posicionar melhor entre as pernas dela, quando a maior soltou uma risada travessa e rapidamente trocou suas posições com um empurrar e um puxar, efetivamente prendendo a loira contra o chão. Rin sentia-se tonta. A sensação rapidamente foi preenchida com os lábios de Miku, e a cortina azul que seus longos cabelos formavam.

Rin cessou os movimentos do beijo com um resfolegar, trazendo a cabeça pra trás e rindo ao esticar as mãos para tocar o rosto da mais velha.

Foi então que ela ouviu o som da câmera. O grito de Miku. O garoto que era seu vizinho correndo. A própria letargia se fazendo sentir enquanto a sala de aula girava…. Girava ao seu redor.

“Seus pais?”

“……. Vamos nos mudar.”

“Eu esperava por isso.”

“Miku…”

“Só há um jeito.”

Quando a noite caiu, Rin soube que era o fim da sua vida.

Ela abriu a janela e rolou pelo telhado baixo do terraço, aterrissando com o barulho de folhas secas sob os pés. Puxou os shorts pra baixo, nervosa.

Tinha pensado muito no que escrever naquela carta. Uma tarde inteira.

A carta estava vazia.

Foi silenciosamente até floresta, todas as pessoas da cidadezinha há muito recolhidas, sabendo que era a coisa certa.

Andando por seu caminho de árvores em traços, na floresta, pensou que suas vidas eram como pegadas na terra que iam desaparecer – e isso era lindo.

Ouviu uma suave canção, uma oração, seguindo a voz doce e melodiosa de seu amor.

Hatsune Miku estava a esperando com cordas e uma faca de peixeira.

Ela também estava chorando.

“Eu contei mais 108 lágrimas.” Ela interrompeu o canto para dizer. “mais de cento e oito. Mais do que as contas, é o bastante?”

Como daquela vez, estava sob a árvore do lago. Rin se abaixou até ela e a envolveu em seus braços. Ela sabia que Miku esteve rezando por elas. Pelo que estavam pra fazer.

Miku a empurrou de leve, beijando-a a castamente e soltando um lamento antes de recomeçar.

“Temos de nos apressar.” Disse ela. “Uma alma pode ser salva se a vida for terminada em muito sofrimento.”

“Eu já sofro.”

Miku balançou a cabeça.

Mais… precisamos sofrer mais.” Empurrou a faca na direção de Rin. “Preciso que me fira. Vários ferimentos. Mais do que possa contar. Para que eu sangre até morrer. E depois… depois eu farei o mesmo por você.”

Rin engoliu em seco, concordando e sentindo as próprias lágrimas quentes escorrerem pelas bochechas.

Miku amarrou seu braço esquerdo ao de Rin com a corda vermelha, para que estivessem conectadas.

“Agora… devemos morrer?”

Elas costumavam cochilar juntas naquele lugar de paz. Ser envolvida por Miku, seu corpo morno e sua pele macia…

Rin segurou o cabo da faca com mãos trêmulas.

“Eu me devoto á você, Amitabha.” Ela chorou.

E desferiu o primeiro golpe.


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Notas finais do capítulo

Oi.
É. Eu não sei bem o que dizer. Não ia postar nem nada, mas a Ly-chin perguntou e eu tinha tempo livre então- É.
Se você chegou aqui, que tal comentar? Não cai a mão e ainda deixa o autor feliz. Olha que lindo.
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