Ele era tão belo. Me era tão precioso. E me confortava. Como outros nunca poderiam. Tinha tanto medo de perdê-lo que o perdi de fato.
Descobri depois que... Se ele não tivesse me abandonado naquele momento... Enquanto ainda estava saudável, ele teria se explodido, provavelmente na minha frente. E então fiquei pensando... Será que foi melhor ter sido abandonado, afinal? Teria sido melhor ter enfrentado a dor de perdê-lo do que ter sido abandonado por ele?
...
Lembro-me como se fosse há alguns segundos atrás.
Sua coloração, vermelho sangue, cortava o azul brilhante do céu e, com os restos de uma pútrida esperança, tentava lhe alcançar, mesmo sabendo que nunca conseguiria.
Foi então que você me deixou.
...
Na época não compreendia. Nunca poderia ter entendido, nem que me explicassem.
No fim, descobri que o que eu mais sentia falta de você, era eu. Sim, de você, sentia falta de mim. Falta de quem eu era. De quem eu era quando estava com você. Eu só era aquele eu quando estava com você.
Quando você se foi, você levou o meu melhor eu com você. Quando você se foi, eu fui com você, mas este eu estranho e triste ficou aqui.
Esse eu que eu odeio.
Esse eu que não suporto.
Esse eu que está perdido.
...
Vez ou outra, me pego olhando para o céu, pensando se um dia você voltará para mim.
Se um dia você trará para mim aquele eu. O melhor eu que existia. O eu que existia quando você estava comigo. E quando eu estava com você.