Terrible Lies escrita por Anddie in Wonderland


Capítulo 8
Batcave


Notas iniciais do capítulo

Olá novamente! Fiz um "pequeno" hiatus por conta da escola e consequentemente pela minha falta de tempo para escrever. Mas estou de volta e espero que a todo vapor!



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Selina entrou em seu quarto e se jogou na cama. Depois de uma semana longe, era bom estar em casa. Seu cachorro ainda sem nome foi a seu encontro e deitou-se em cima dela, lambia todo seu rosto com a maior felicidade.

– Ei, calma, garoto – pediu, tentando tirá-lo de cima de seu corpo, sem sucesso. – Você cresceu tanto. E quando ficou tão forte?

Uma batida na porta a despertou da brincadeira com o animal de estimação. Bruce entrou no quarto sem esperar uma resposta e encontrou sua filha lutando bravamente para tirar o cachorro de cima dela.

– Você quer ajuda? – perguntou se aproximando da cama.

– Sim, por favor.

Bruce, então, pegou o cão e o botou para o lado, dando tempo de Selina sentar-se na cama.

– Ele sentiu sua falta – ele começou.

– E eu dele – Selina respondeu fazendo carinho em seu animal. – O que foi? – perguntou quando notou que Bruce a encarava.

– Você está muito sorridente.

– Bom, minha melhor e única amiga voltou de um coma alcoólico. Acho que devo ficar feliz com isso – disse sorrindo, com tom de brincadeira.

– É mais do que isso.

Bruce sabia. Sabia sobre Tommy. Assim que ela percebeu sobre o que ele estava falando, seu sorriso desapareceu. Ela se ajeitou na cama, colocou os cabelos para trás das orelhas e teve uma ideia.

Levantou-se da cama e foi até sua penteadeira, e de dentro de uma das gavetas tirou a foto que achou no dia que seu pai voltara de viagem, estava um pouco amaçada, com linhas marcadas de tanto que foi dobrada e desdobrada. A colocou sobre a barriga, segurando-a com as duas mãos. Bruce olhava curioso, mas ele tinha uma ideia do que seria.

– Eu conto uma coisa se você me contar outra em troca. Podemos fazer assim? – sugeriu piscando os olhos algumas vezes.

– Me parece justo.

Selina se sentou na cama, no mesmo lugar de antes, e colocou a foto por de baixo do seu travesseiro. Seu pai ainda a encarava, e ela viu nos olhos dele que era ela que teria que começar a falar.

Ela respirou fundo e fechou os olhos.

– Quando eu fui para Starling, alguns dias depois que Thea acordou, eu tive um encontro – começou, ainda de olhos fechados. – Eu tive um encontro com Tommy Merlyn – confessou, diminuindo o tom de voz.

Bruce arqueou as sobrancelhas, ele não estava surpreso com a notícia, mas estava surpreso que ela realmente tinha contado.

– E como foi? – perguntou fazendo Selina levantar os olhos, curiosa.

– Não vai gritar comigo? Não vai falar sobre ele ser mais velho? Ou que eu deveria ter ligado para você antes?

– Gritar com você? Por que eu faria isso? Eu te apresentei para o mundo sabendo que não demoraria para achar alguém para sair – passou sua mão pela lateral do rosto da filha, fazendo ela sorrir levemente. – E Tommy não é tão mais velho, ele tem 23 anos, e embora ele já tenha aparecido no noticiário por muitas coisas, ele parece ser um bom rapaz. Mas enfim, como foi o encontro?

O sorriso discreto que Selina possuía no rosto logo cresceu e se tornou um sorriso enorme.

– Teria sido melhor se você não tivesse aparecido no restaurante – contou, com um tom de acusação.

Bruce exibiu um sorriso que demonstrava satisfação.

– Bom, acho que meu instinto paterno me ajudou na hora de sugerir que o meu jantar de negócios acontecesse naquele restaurante. O que achou da lasanha de lá?

– Não achei nada. Depois que você apareceu lá nós fomos para a casa dele.

E no momento em que a última palavra da frase saiu de sua boca, Selina se arrependeu. As feições de Bruce se tornaram assustadoras, fúria podia ser percebida em seus olhos.

– Vocês o que? – ele perguntou com voz baixa e pausadamente, tentando manter a calma. Logicamente, ela não ia ousar falar novamente e ele sabia disso. – VOCÊ FOI PARA A CASA DE UM CARA QUE VOCÊ MAL CONHECE NO PRIMEIRO ENCONTRO? O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA, SELINA?

Ele gritou com tanta força que até mesmo o Husky se assustou. Selina arregalou os olhos, e seu coração acelerou, batendo tão rápido que poderia pular para fora de seu peito.

– Nós não fizemos nada, pai – ela disse com um nó na garganta. – Só comemos lasanha congelada e bebemos vinho. Depois ele me levou para a Mansão Queen.

Bruce se levantou e andou alguns passos para longe da cama. Colocou uma das mãos na cintura e a outra ele passou pelo rosto, subindo até os cabelos. Selina permaneceu imóvel na cama seguindo ele com os olhos, e quase chorando novamente. Ele estava de costas mas ela sabia que ele ainda estava com as sobrancelhas franzidas e seus olhos ainda flamejantes.

Ele se virou para trás e encarou-a, as mãos dela começaram a suar frio e ela temia pelo o que poderia vir em seguida. Bruce respirou fundo e esperou alguns segundos até se acalmar, antes de voltar para a cama, sentar-se e pegar nas mãos da filha.

– Você jura para mim que não aconteceu nada demais?

Ele não queria que ela o temesse, ele queria ter uma relação boa com ela. Queria que ela fosse capaz de contar as coisas sem medo do que ele pudesse falar. Ele precisaria confiar nela.

– Eu juro – ela olhou fundo em seus olhos, ele acreditava nela. E além disso, era verdade, não acontecera nada demais.

Ele suspirou, sem cortar o contato visual.

Eles ficaram ali por alguns segundos, apenas se olhando e de mãos dadas.

– Bom, você me contou uma coisa. O que você quer saber em troca? – ele perguntou já se preparando para o que estava por vir.

Selina soltou suas mãos e virou o corpo para pegar a foto. Era hora. Finalmente que iria saber quem era aquela mulher que estava com seu pai, e talvez o motivo pelos quais eles estavam tão felizes.

– Quem é essa mulher? – indagou virando a foto para que seu pai pudesse vê-la. Selina nunca havia olhado o verso da foto, e, consequentemente, nunca tinha visto o conjunto de números que formavam uma data que estava ali. Bruce pegou a foto com as duas mãos e virou-se para frente, apoiando seus cotovelos nos joelhos.

– Onde você achou isso? – perguntou olhando para ela. A pergunta era tola, ele sabia onde ela achara a foto.

– Na sua porta secreta atrás dos ternos, no seu closet. Achei no dia em que voltou de viagem, quando o ajudava a guardar as roupas.

Ele parou para admirar a foto. Havia muito tempo que não olhava para ela.

– Essa é sua mãe – começou, e a visão de Selina ficou embaçada por conta das lágrimas que chegavam. – Essa foto foi tirada no dia em que ela descobriu que estava grávida de você – ele falou encarando a foto, ela não viu, mas sabia que ele estava com olhos cheios d’água também. – Ela estava tão feliz. Ela mudou totalmente, ficou mais radiante e sorridente, eu queria tanto que ela tivesse te visto crescer. Queria que ela tivesse visto a mulher incrível que se tornou. Você é tão parecida com ela, de todas as formas. Até seu nome.

Selina arregalou os olhos já quase deixando as lágrimas escaparem. Ela se ajoelhou, e desse jeito, foi mais para perto de seu pai.

– Eu tenho o nome dela? – perguntou em um sussurro, sendo incapaz de falar mais alto.

– Sim, você tem – virou o rosto para ela mais uma vez, e quando notou que ela estava chorando puxou-a mais para perto e a abraçou. – Não chore, senão eu não me aguento. Tenho uma pose a zelar, não posso chorar também.

Ela deu um sorriso fraco e mordeu os lábios inferiores, na tentativa de conter as lágrimas.

– Como você quer que eu não chore quando eu acabei de descobrir como minha mãe era e que eu tenho o nome dela? – indagou. Sua voz falhara algumas vezes, devido ao choro.

Ele a abraçou, fazendo ela encostar no seu ombro. Bruce passava os dedos delicadamente pelos cabelos longos e escuros da filha, que chorava baixinho.

***

Selina acordou em um pulo, havia pegado no sono enquanto chorava no colo do seu pai. Olhou para seu celular para checar que horas eram: 6:38PM. Viu que tinha trinta mensagens novas, sabia que dois terços seriam de Thea, mas não se preocupou em responder.

Levantou-se e desceu para procurar algo para comer, mas não encontrou nada que a agradasse. Pegou, então, um pote com alguns morangos e subiu de volta para o quarto. Chegando lá, sentou-se na cama, pegou o celular no criado mudo e começou a ler as mensagens.

De: Thea Queen

Você nem me esperou acordar para ir embora, sua puta.

3:03PM.

De: Thea Queen

Queria saber como foi seu encontro. E aí, como foi?

Ele beija bem?

3:03PM.

De: Thea Queen

Vocês se beijaram, né? Espero que não tenha perdido essa chance. Tommy

não é daqueles caras que tem segundos encontros. Assim como Oliver.

3:04PM.

De: Thea Queen

Você pode me responder? Credo, já não basta eu estar de castigo,

minha melhor amiga não responde minhas mensagens

para me dar uma distração.

3:04PM.

Selina revirou os olhos com essa última mensagem. As outras vinte e três mensagens que Thea mandara estava cheia de coisas idiotas de uma adolescente entediada e de castigo. Mesmo depois de ter lido todas as mensagens de Thea, Selina viu que ainda restavam 3, todas de Tommy;

De: Tommy

Olá, moça (:. Como dormiu? Espero que bem.

4:36PM.

De: Tommy

Quando poderemos nos ver de novo?

4:49PM.

De: Tommy

Bom... acho que você deve estar ocupada, me mande mensagem

quando puder falar, então.

5:05PM.

Para: Tommy

Não estava ocupada, estava dormindo! Hahaha. Dormi

bem, obrigada.

6:53PM.

Para: Tommy

Existe um assunto de família que preciso resolver que pode tomar

um pouco do meu tempo. Mas espero que nos vejamos logo (:

5:53PM.

Quase que imediatamente, seu celular vibrou, dando-lhe um susto. Pegou pensando que seria de Thea novamente, mas era Tommy.

De: Tommy

Entendo que assuntos de família possam ser bem complicados.

Deixe-me saber se precisar de algo.

5:54PM.

Ela respondeu que o deixaria saber sim, embora soubesse que ele não poderia fazer nada. A jovem ficou feliz com o fato de ele se preocupar com esse tipo de assunto.

Deixou o celular de lado e começou a pensar sobre sua mãe, queria saber sua história, se ela tinha uma família que ela poderia conhecer. E se ela visitasse o bairro de onde sua mãe veio? A ideia em si não era ruim, mas seu pai provavelmente não deixaria. Precisaria ir e só depois contar a ele. Sim, essa ideia parecia genial. Mas primeiro precisaria de algumas informações, e isso pediria seu pai.

Foi andando nervosa até o quarto de seu pai e parou em frente à porta, respirou algumas vezes e levantou a mão direita para bater. Porém antes que os nós de seus dedos tocassem a madeira pintada de branca, ouviu uma movimentação no quarto, o som de uma cadeira sendo arrastada e o som do piano. Ela colocara uma das orelhas mais próximas da porta para que pudesse escutar melhor. O silêncio se instalara e Selina entrou no quarto sem pestanejar. Estava vazio.

Andou em volta do quarto, olhando as fotos e sentindo o cheiro de seu pai, que, logicamente, estava em todo lugar. Ela foi até uma cômoda e olhou um dos portas retratos que tinha ali, era ela com Bruce quando ela ainda era um bebê. Ele a segurava como se ela fosse a coisa mais importante do mundo, como se ela fosse tudo o que importasse. Selina olhou os outros porta-retratos, e pela primeira vez notara: não havia uma foto de sua mãe. Um aperto no peito, como se alguém tivesse seu coração em mãos, quase a fez chorar. Por que Bruce escondeu por todos esses anos sobre a mãe dela?

Sacudiu a cabeça tentando se recompor e secou os olhos usando a manga de sua blusa de frio, embora não estivesse tão frio assim. Olhou ao redor e começou a pensar em como seu pai poderia ter saído dali, senão por uma das sacadas do quarto.

O piano, pensou.

Parou em frente ao grande instrumento que tantas vezes tocara com seu pai quando era pequena, mas que agora estava esquecido. Passou seus dedos sobre as teclas e tentou se lembrar dos sons produzidos por Bruce. Por sorte, tinha bons ouvidos e boa memória, então tentou de acordo com o que recordava:

D com E

Sobe um tom: D com E

A junto com B.

A grande estante de livros feita de madeira pesada, se abriu como uma porta, silenciosamente, dando a uma escadaria que a levou até um elevador, bem moderno. Entrou no elevador e apertou um botão que continha um seta para baixo desenhada. Com um movimento limpo, a caixa de ferro começou a descer, com uma velocidade que fez com que Selina se sentisse em uma montanha russa, com aquele frio na barriga. Algo estava estranho nesse elevador, mas ela não conseguia descobrir o que. A falta de um espelho nos fundos? Não, já vira alguns sem espelhos. Antes que pudesse tentar reparar em outra coisa, o elevador chegou onde deveria. As portas se abriram e ela sentiu um enorme cheiro de... umidade? Não só esse cheiro, mas o barulho de uma cachoeira.

Onde diabos eu estou?

Caminhou para frente olhando para os lados e para cima. Na sua frente havia um pequeno lago, mais parecido com uma enorme poça d’água, pois não era profundo. Havia uma cachoeira ali também. O lugar era todo escuro, exceto pela água e rochas que constituíam as paredes, havia apenas um quadrado alto, como um palco, de concreto no centro do lugar, com algumas máquinas ali.

Andou mais um pouco procurando um meio de chegar até o lugar no centro, que ficava ilhado. Em uma pilastra que sustentava a entrada, próximo ao elevador, um botão se encontrava, apertou-o e uma pote de ferro também escuro literalmente surgiu da água, e ela dava até o lugar centrado.

Selina agradeceu um segundo por ter calçado os chinelos, porque senão teria de pisar no molhado e provavelmente pegaria um resfriado.

As “máquinas” eram, na verdade, computadores, bem diferentes, é verdade, mas ainda sim computadores. Ela conseguiu liga-los, porém precisaria de uma senha. Tentou a data de nascimento dela e de seu pai, a data de casamento dos seus avós, o ano em que a mansão fora construída. Nada. Tentou pensar mais além, até que um ideia correu. O conjunto de números no verso da foto. Será? Digitou um número por um, pausadamente, tentando se lembrar; 09/02/1997.

O som de uma voz dizendo “senha correta” assustou-a, fazendo dar um pequeno pulo.

A tela inicial não era nada convencional, apenas ícones rústicos do tipo “documentos”, “pesquisa” e até mesmo um “banco de dados do Departamento de Polícia de Gotham”. Selina escolheu um o qual havia chamado uma atenção especial: “traje”. Bem diante dela, no pequeno lago que vira assim que chegara, outra plataforma, parecida com essa que se encontrava agora, emergira, e em cima dela outras duas plataformas menores surgiram.

Foi até lá e perdeu o fôlego quando viu do que se tratava: uma delas estava vazia, apenas as formas do que deveria estar ali, como uma forma de biscoitos natalinos, e só com isso ela não pôde dizer o que é. Já a outra estava cheia, uma roupa preta, colada e fosca, provavelmente de um material tipo couro, pendia juntamente com botas de cano longo e saltos extremamente altos e um tipo de arco que possuía formato pontiagudo.

– Que merda é essa? – perguntou a si mesma.

– Acredito que essa “merda” seja algo que não deveria ver sozinha – Alfred surgira tão silenciosamente como um fantasma e Selina deu um pulo com o som da sua voz.

– Alfred, por favor...

– Não contarei ao seu pai, senhorita. Você mesma irá contar... ou perguntar, como preferir. Mas aconselho a subir de volta comigo antes que o patrão Bruce retorne.


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Notas finais do capítulo

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