Terrible Lies escrita por Anddie in Wonderland


Capítulo 2
Slow Dancing in a Burning Room




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Ficar enfurnada em um quarto com pelo menos 6 mulheres a sua volta, dificultando sua respiração e mexendo do seu corpo, com certeza não era o melhor jeito de passar uma manhã de um sábado escaldante.

– Senhorita, o que acha deste vestido? – Uma mulher loira e baixa, com os olhos verdes aparecera na frente de Selina, segurando pelo cabide um vestido verde musgo, bordado por todo ele.

– Não sei se seria a melhor escolha para hoje à noite, essas mangas são compridas de mais para um dia tão quente quanto este. Não tem algo que tenha um pano leve, sem mangas, que seja um pouco sexy mas não tão sexy ao ponto de fazer meu pai ficar bravo?

– Annie, que cor será as unhas dela? – A loira perguntou para uma das duas mulheres que preparavam as unhas da jovem.

–Bom, ainda não sei, talvez algo mais claro. Talvez uma francesinha ou algo mais nude como um branco ou um branco perolado.

A loira pensou um pouco e andou até as araras que estavam próximas à porta do closet do quarto de Selina e vasculhou por alguns momentos, procurando o vestido que combinasse com o que a jovem havia pedido.

Depois de um certo tempo, a mulher voltou para perto de Selina com um vestido vermelho, com uma faixa de flores feita de pedra, que atravessava de uma extremidade da parte de frente e indo até as costas, para outra extremidade. O pano na parte de cima era entrelaçado, fazendo um grande “X” na frente.

– Ele é perfeito! Eu amei! – Dito isso, todos os detalhes seguintes foram baseados no vestido vermelho, desde os acessórios até a maquiagem.

O dia na Mansão foi baseado em correria. Haviam pessoas correndo com arranjos de flores e bandejas, decoradores tentando achar a posição correta para cada coisa e chefes de equipes gritando com seus funcionários que não estavam fazendo seus deveres corretamente.

Bruce tratava de negócios em seu escritório com Fox auxiliando.

– Bruce, acha que é uma boa ideia? Sabe, esse baile de apresentação. A imprensa e seus inimigos ficarão em cima.

– Fox, minha filha está prestes a fazer 18 anos. Há dois anos, ela ainda era uma menina, e conseguia se distrair com atividades aqui na Mansão. E hoje, duas semanas depois da minha volta, percebi que ela já não pode mais ficar apenas aqui dentro. Ela precisa sair, fazer amigos, ir à festas e, por mais que eu queira evitar essa parte, conhecer um rapaz para poder namorar. – Bruce falava com convicção, olhando diretamente para Lucius que sentava-se na cadeira em frente a dele.

– Vamos precisar ficar de olho nos passos dela, Bruce. Você sabe muito bem disso.

– É. Eu sei.

– E uma hora você vai ter que contar a ela toda a verdade. Ela vai ligar os pontos e vai fazer perguntas.

– Fox, eu sei. Dói-me pensar sobre isso, mas eu não posso evitar. Selina não pode ficar aqui para sempre. – Wayne falou passando as mãos nos cabelos.

***

Às oito horas os convidados começaram a chegar. Aos poucos a Mansão foi se enchendo de pessoas desconhecidas para Selina, e o seu nervosismo aumentava a cada carro que chegava.

– Filha, está pronta? – Bruce batera na porta do quarto da filha. Logo em seguida, entrou. – Meu Deus, Selina. Você está deslumbrante!

– Obrigada, pai. Você também está um gato, quem sabe não arranja uma mulher para você hoje. – Ela disse, sorrindo e indo ao encontro de seu pai e dando-lhe um abraço. – Estou nervosa. Nunca vi tanta gente de uma vez só em toda minha vida!

Wayne riu do nervosismo de sua filha.

– Fique calma, vai dar tudo certo. Eles vão adorar você! Agora vamos, estamos atrasados.

– Achei que fosse uma tradição dos Wayne sempre chegar atrasados para um compromisso. – Ela brincou, tentando se acalmar.

Todos estavam em suas posições, Bruce estava no alto da escada para começar a fazer seu discurso. Selina estava escondida nas escadas laterais, esperando a hora para descer. Alguns jornalistas estavam presentes, por opção do próprio anfitrião. –Senhoras e senhores, por favor, peço a atenção de todos – Bruce começou, batendo na taça de cristal, fazendo o som ecoar por toda sala. As pessoas começaram a olhar, e então, ele continuou. – Convidei-os para minha casa, a Mansão Wayne, patrimônio de meu pai, para que todos possam conhecer uma pessoa muito especial para mim. – Murmúrios começavam. Podia se ouvir algumas pessoas perguntando se Wayne finalmente tinha ficado noivo, ou até mesmo se casado. – Ela é incrível, creio que todos irão amá-la. E não, senhorita Campbell – disse direcionando seu olhar a uma mulher alta e magra –, ela não é minha noiva. Apresento-vos minha filha, Selina Wayne.

Aplausos e flashes. São as palavras que podem resumir os minutos seguintes. Selina estava ao lado de seu pai, tentando sorrir para o maior número de câmeras possível. Era uma tarefa difícil, já que o número de fotógrafos era maior do que ela pensava.

Às vezes, ela corria os olhos pela multidão, tentando ver se algum rosto lhe era familiar, e, claro, sua tentativa fora inútil nas primeiras vezes.

Até que ela encontrou alguém conhecido.

Wayne e filha ficaram pelo menos vinte minutos em pé de frente para as câmeras, até que Bruce decidiu que já era o suficiente, e praticamente expulsou todos os repórteres dali.

Selina começara a conhecer os convidados, a maioria amigos de seu pai e a minoria pessoas que eram apenas da elite de Gotham.

– Filha, quero que conheça o Comissário Gordon – Bruce disse conduzindo sua filha até um homem de estatura mediana, óculos e um bigode penteado.

– É um prazer conhece-lo. – Selina disse cumprimentando Jim, que retribuiu o gesto.

– O prazer é todo meu. Sabe, Bruce, ela se parece muito com você. – Gordon disse se virando agora para Wayne. – Ah, Selina, esses são meus filhos e essa é minha esposa. – Jim apresentou sua família, adorável aos olhos de Selina e de qualquer pessoa que os visse.

A noite foi se passando e o número de famílias não parecia diminuir, a jovem estava ansiosa para ver se o par de olhos que ela encontrara era o mesmo que vira por muitas vezes.

– Bruce? Quanto tempo! – Uma voz grossa e com um sotaque inglês chamara o nome de Wayne e tanto pai quanto filha se viraram para ver quem falara.

– Walter! Meu bom e velho amigo. Como vai?

– Vou bem, muito bem. Essa é minha esposa, Moira. – O homem que aparentemente se chamava Walter apresentou uma mulher baixa de cabelos curtos e olhos azuis a Bruce.

Depois das devidas apresentações Selina foi apresentada ao casal, que foi muito acolhedor.

– Ah! Senhorita Wayne, quero que conheça meus enteados. – Walter disse estendendo as mãos para dois jovens, uma mulher mais ou menos da idade de Selina e um homem, alguns anos mais velho que ambas as jovens – Thea e Oliver Queen.

A jovem era linda, com cabelos castanhos claros acima dos ombros e olhos azuis penetrantes, assim como os da mãe e os do irmão. Ah! O irmão. Que homem! Alto, com cabelos claros, maxilar definido, olhos azuis. O sonho de qualquer mulher. Seu aperto de mão era firme e seu olhar sedutor.

– Muito prazer em conhece-la. – Disse Oliver, acordando Selina de seus pensamentos. Ela percebeu que uma mulher cutucara ele, e em seguida disse – Ah, claro. Senhorita, essa é minha namorada: Laurel Lance.

Selina sentiu uma pontada de decepção, mas tentou ser a mais simpática possível.

– Muito prazer, senhorita Lance. – Disse cumprimentando-a com dois beijos nas bochechas.

– O prazer é todo meu. – Laurel retribuiu, abrindo um sorriso que, para Selina, transbordava falsidade.

A noite correu bem, em todos os aspectos. Mas, principalmente, a comida. Estava espetacular!

Já eram quase duas horas da manhã quando Selina estava em frente à mesa de doces e ouviu uma voz feminina e familiar chamar pelo seu nome.

– Thea! – Disse quando se virou e reconheceu quem a chamara – Achei que nunca mais iria a ver novamente!

As jovens se abraçaram e ficaram assim por um bom tempo, até que Thea largou a amiga e a encarou falando alguma coisa, mas entender era quase impossível por causa da música alta.

– Thea, não consigo entender! – Selina gritou e gesticulou ao mesmo tempo, tentando facilitar para a amiga.

A jovem Queen fez algo com as mãos, dando a entender que era para Selina a seguir. E assim o fez.

Thea a conduziu até o jardim dos fundos, onde Oliver e sua namorada já se encontravam.

– O que está havendo com eles? – Selina perguntou assim que notou que o casal estava discutindo. – Parece que ela vai bater nele!

– Ela está com ciúmes porque uma mulher deu mole para ele.

– Não posso culpar essa mulher. Seu irmão é um puto de um gostoso, Thea. – Selina sussurrou essa última parte, para não chamar a atenção de Laurel, fazendo Thea rir.

– Vamos sentar aqui e esperar eles discutirem. Mas eu já sei o que vai acontecer. Ela vai terminar com ele, e ele, como um cachorrinho, vai atrás dela. Ela vai dar um empurrão nele e ele vai afogar as mágoas em bebida. Só esse mês isso já aconteceu quatro vezes.

– Por que raios ele não termina com ela?

– Ele acha que ama ela. Mal sabe ele que ele só gosta da transa dela.

Os acontecimentos seguintes foram exatamente como Thea havia dito. Apenas a parte de “afogar as mágoas em bebida” que não aconteceu. Ao invés disso, Oliver foi para onde as meninas se encontravam e sentou-se ao lado da irmã.

– Você está bem, Oliver?

– Sim. – Ele respondeu convicto – Eu só... Eu cansei. Cansei de sempre acontecer a mesma coisa toda vez que uma mulher fala comigo. Eu estou sempre errado, e ela sempre certa. Eu cansei de ela me tratar como cachorro.

Thea levantou-se para atender seu celular, que já havia tocado outras duas vezes, deixando Selina e Oliver sozinhos.

–Como você vivia? Quero dizer, sempre trancada aqui. Não era cansativo? – Oliver perguntou, virando seu corpo para poder encarar a companheira de banco.

– Bom, digamos que nem sempre eu estive aqui. – Oliver a encarou, parecendo confuso – Não está achando estranho o fato de eu e sua irmã já nos conhecermos?

–É, talvez.

– Quando eu tinha quinze anos, eu estava naquela fase de “adolescente rebelde”, que todos nós passamos alguma vez. E eu fugia no meio da noite e ia para outros lugares. Às vezes ao cinema, ao shopping e uma vez eu fui até a Starling City, já que é próxima daqui. Conheci sua irmã em um shopping e nos tornamos amigas. Mas depois que meu pai teve que viajar e por lá ficar durante dois anos, eu fiquei desanimada, pois sentia muito sua falta. Mantive contato com Thea apenas por mais de um ano, depois perdemos contato.

– Como você ia para todos esses lugares? Não teria como ir a pé.

– Você é muito curioso, sr. Queen! – Disse socando seu ombro, mas sem aplicar muita força. – Talvez eu tenha subornado um dos nossos motoristas.

– Selina? – Bruce chamava por sua filha. – Vamos para dentro. Os convidados sentem sua falta. – Disse caminhando com as mãos no bolso da calça social. – O que os dois fazem aqui, sozinhos?

– Thea está ali, pai. – Selina apontou para onde a amiga se encontrava, ainda falando ao celular. – E Oliver tem namorada.

– Não precisa se preocupar, sr. Wayne.

Bruce olhou desconfiado.

– Vamos, filha. Esse baile é seu, não deixe seus convidados sozinhos.

– Lá dentro está escaldante. Não posso mesmo ficar aqui fora, onde está mais fresco?

– Não. Ande logo!

Selina bufou em desaprovação. Se despediu de Oliver, que esperava a irmã e seguiu seu pai para dentro.

Já eram três horas da manhã e os convidados não iam embora. Selina estava exausta.

– Thea, vamos lá apara cima comigo? Não aguento mais ficar aqui.

Thea respondeu com um aceno de cabeça. As duas subiram as escadas, tentando fazer o mínimo de alarde possível, mas claro que alguns olhares curiosos as seguiram até que elas começaram a subir as escadas laterais e não dava mais para vê-las.

– Este quarto está vazio, Sel. Vazio de verdade, não tem nem ao menos um sofá aqui! –Thea afirmou, assim que entrou no cômodo.

– Eu sei, meu pai está reformando essa parte da Mansão. Por isso os jornais e as lonas no chão. E além do mais, ainda não foram colocadas câmeras de segurança nessa ala. Então os seguranças não poderiam nos ver e, consequentemente, não causaria problemas para nós. Pode ser um dos quartos mais quentes, mas é o mais seguro.

– E põe quente nisso! Estou derretendo.

***

Uma batida na porta fez as duas amigas saltarem com o susto. Lentamente, a porta foi se abrindo e uma sombra foi refletida no chão, devido as luzes dos corredores.

– Oliver! Como nos achou? – Thea perguntou quando conseguiu ver quem entrara.

– Dá para ouvir as risadas de vocês na metade das escadas laterais, mesmo com o som alto!

Oliver foi para perto das meninas, que estavam próximas à janela, de modo que eles formavam um triângulo.

Os três conversaram por um longo tempo, sobre diversos assuntos, até que um silêncio tomou conta da sala.

– Está gostando do baile? – Perguntou Selina, quebrando o silêncio e olhando para Oliver.

– Está tudo muito bom. A comida, a bebida, a música... Você. – Respondeu, abrindo um largo sorriso, fazendo Selina sorrir também.

– Fico feliz que esteja gostando. E, obrigada? – Disse olhando para baixo quando sentiu suas bochechas corando.

Thea pigarreou, chamando a atenção dos dois.

– Eu acho que vou deixar os dois sozinhos. – E saiu, sem deixar chances para alguém responder.

No momento em que Thea fechou a porta, uma música lenta começou a tocar. O som dava para se ouvir perfeitamente onde se encontravam.

– Esse DJ é bem conveniente, não acha? – Oliver questionou, olhando para Selina. – Conceda-me a honra desta dança, senhorita? – E esticou a mão para a jovem, fazendo uma reverencia sutil.

– Mas é claro, meu bom senhor. – Selina retribuiu o gesto, pegando seu vestido por ambos os lados e fazendo a mesma reverencia sutil.

Oliver colocou uma de suas mãos na cintura de Selina, aproximando-a de seu corpo, e ela colocou uma de suas mãos em cima de seu ombro. As mãos que sobraram foram postas juntas, no ar e um pouco acima de seus ombros.

– Então... “Não precisa se preocupar, sr. Wayne”, você realmente achou que poderia ajudar dizendo isso? – Indagou Selina, relembrando o fato que ocorrera algumas horas antes.

Oliver riu com a pergunta.

– Eu não ia dizer nada. Entretanto, seria muita falta de cavalheirismo deixar você e seu pai naquela situação. Sei que não ajudou, mas foi o melhor que consegui pensar. Seu pai meio que me intimida. Deve ser aquele olhar severo de pai super protetor.

Ambos riram, e Oliver apertou mais a cintura de sua parceira de dança, fazendo-a colar completamente seu corpo no dele.

Os dois balançavam lentamente de um lado para o outro. Ele respirava próximo ao ouvido dela, arrepiando-a. E ele apertava mais e mais sua cintura, cada vez que notava que estavam ficando mais distantes.

A música terminou, e os dois se encararam. Seus rostos estavam muito perto, de modo que seus narizes se esbarraram. A respiração dos dois estavam tomando conta do ambiente, sendo a única coisa a se escutar, exceto pela música que vinha do salão. Eles continuavam na mesma posição que eles dançaram.

– Oliver – Selina disse suspirando e olhando para boca de Oliver –, você tem namorada.

– O que? – Ele respondeu, parecendo não ter prestado atenção no que ela havia falado – Ah, claro.

A porta se abriu.

– Opa, acho que aqui já está ocupado. – Disse o homem que entrara na sala junto com uma mulher.

– Acho melhor nós irmos, meu pai já deve estar preocupado. – Selina disse se afastando do corpo de Oliver.

– É, é melhor mesmo.


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