Talvez realmente fosse uma sorte ter uma herança deixada pelo os meus pais, pelo menos era o que todos diziam. As garotas sempre estavam andando atrás de homens ricos, mesmo sendo sustentadas por suas famílias ricas. As casas eram enormes, perfeitas para fazer uma enorme festa ou levar alguma garota.

Não era assim.

Miami poderia ser o lugar perfeito para isso, mas para mim era só apenas uma tentativa de esquecer definitivamente Teresa. Era uma razão para eu me encontrar com os caras e beber até não aguentar. Talvez cometer alguns erros, porém nenhum superava o erro "Teresa".

Dois anos de colegial juntos e todos eles jogados foras. Vivendo por um relacionamento a distância por mais um ano e depois a reencontrando com um anel na mão. Eu estava completamente bêbado quando pensei que me casar com Teresa fosse algo certo, estava totalmente perdendo a minha cabeça.

Agora eu estava em Miami, aproveitando a casa de meus pais. Tentando recomeçar a minha vida. Posso estar errado em tentar reconstruir ela na Flórida, mais eu com certeza ficaria pior em uma cidade pequena. Eu precisava daquilo, de uma cidade grandes, com bastantes garotas.

Talvez o suficiente para esquecer de Teresa.

A maior parte da casa era a sala, em uma janela dava para ver a praia e o mar. O quão eu odiava aquilo? Muito.

Meus pais se conheceram aqui e se apaixonaram aqui, eu não queria decepcionar eles entrando nessa casa e jogando todo tipo de mulher que encontraria na rua. Eu poderia encontrar alguém novo, alguém que eu pudesse amar. Mas isso não iria acontecer.

Bliss, Katie, Erin. Nenhuma delas se comparava a Teresa, nenhuma delas era capaz de colocar um sorriso no meu rosto nos piores dias. Teresa era única, e eu nunca iria poder substituir ela.

Depois de cinco anos noivos, Teresa decidiu que seu amor por mim não era mais o mesmo e que eu devia seguir em frente assim como ela. Aquilo doeu mais que uma facada, esmagou meu coração em pedaços inexistentes.

O anel foi jogado no lixo no momento que ela me abandonou. Os planos foram descartados do meu futuro. Tudo o que nós tínhamos planejado para uma vida perfeita, acabou em sérios minutos.

Eu agora tinha uma casa própria, qual eu poderia colocar uma família inteira. Miami não era tão especial como as pessoas pensam, boates por toda parte e sempre garotas andando de biquíni. Fazia tempo que eu não via aquilo, fazia tempo que eu pensava em sexo por uma noite.

Fiquei a manhã inteiro passeando pela casa, ele era enorme. Caminhei até o antigo quarto de meus pais, eu podia imaginar eles ali. Podia imaginar minha mãe sorrindo enquanto meu pai tentava fazer piadas sem sentido. Eu desejava ter eles comigo novamente, mais agora eu só tinha a mim mesmo. Me afastei de toda a família depois da morte deles, meus tios nunca mais os vi e muito menos meus avós.

O último adeus que dei para todos foi no enterro de meus pais, todos estavam chorando, implorando para que eles voltassem. Eu sabia que isso era impossível, não vivo em um mundo com magia e muito menos em um conto de fadas. Foi duro aceitar a morte de ambos, o tempo não ajudou em nada. Sempre tive Newt e Minho me arrastando de casa para assistir as aulas. Tive Teresa me ajudando a decidir uma Universidade.

Newt e Minho se conhecem desde pequenos, suas famílias moravam no Brooklyn e logo se mudaram para Londres juntos. Ambos vinham de lugares diferentes, Minho sempre tentava explicar que sua família toda morava na Coreia do Sul, mais ninguém nunca entendia o porquê de seu sotaque ser Americano. Newt morava em Londres, passou um bom tempo em Brooklyn, onde conheceu Minho, e depois voltou para Londres. Meus pais viviam mudando de cidade, isso faz eu não saber onde eu exatamente nasci. Talvez eu fosse de uma cidade pequena ou talvez eu seja de Miami.

Respectivamente, todos nós fomos para a mesma escola e Universidade. Eu implorava para eles não me seguirem, mas eles sempre estavam ao meu lado. Newt veio para Miami comigo enquanto Minho ficou em Londres terminando seus estudos.

Meu emocional não estava preparado para Miami, porém Newt prometeu que iria fazer eu ter a melhor viagem da minha vida. Eu poderia pensar nele se divertindo com várias garotas e eu somente no canto bebendo até conseguir ficar bêbado o suficiente para pensar em me matar.

Raramente eu me apegava a alguém até eu conhecer Teresa. Ela tinha me amarrado de vez, tinha feito eu me apaixonar por ela em questão de segundos. Os olhos dela cinzentos eram apaixonantes e era impossível não se apaixonar pelo sorriso dela. Eu estava ciente de que outros garotos olhavam para ela mais nunca pensei que ela olhava para eles. Pensava que ela queria a mim pelo resto da vida. E agora, ela ainda em tem mais eu não a tenho.

Fui até um bar próximo da praia, ele estava cheio para o horário. Várias garotas olhavam para a porta principal para ver quem estava chegando. Muitas meninas de colegial estavam por lá, algumas com seus namorados e outras sozinhas. Encontrei Newt conversando com uma garota, ela parecia rir de suas piadas idiotas. Ele estava bebendo alguma bebida alcoólica enquanto a menina estava com uma Coca-Cola levando a sua boca.

— Tommy. — Newt me chamou. Ele com certeza já estava bêbado, sempre me chamava por esse apelido quando estava prestes a vomitar. — Conheça a minha nova musa, o nome dela é o que mesmo?

Ela soltou uma risada e levantou a sua bebida.

— Harriet. — Ela se apresentou e eu assenti com a cabeça — Ele está me contando o porquê que está em Miami.

— Pois é, amigo. — Newt me puxou pela gola da camisa. — Estou contando para essa musa o porquê que estou aqui. Estou aqui para, — Senti o halito de cerveja de Newt perto de mim. — para lhe ajudar a encontrar sua musa.

— Eu realmente não preciso de uma musa. — Dei um riso fraco.

— Claro que precisa. — Newt bateu fraco nas minhas costas. — Você precisa de uma garota fodidamente sexy e gostosa quanto Harriet. Espera, eu disse isso em voz alta?

Assenti.

— Você sabe que é linda, minha musa? — Newt deu ombros e caminhou até Harriet que ainda estava sentada no banco.

— O quão bêbado ele está? — Perguntei para Harriet.

Newt fez uma demostração com a mão falando que era pouco e ela somente gargalhou.

— O suficiente para dizer com quem perdeu a virgindade. — Ela deu ombros.

— Se lembra com quem foi, Tommy? — Newt pareceu animado para contar a história. — Foi com aquela amiga da Teresa.

— Aliás, ele me contou sobre a Teresa. — Harriet pareceu estar magoada. — Você vai encontrar alguém melhor que ela.

— Obrigado, eu acho. — Agradeci, amargamente.

Eu estava tentando não pensar nela, até eu sentir meu celular vibrar com uma ligação sua. Em seu contato ainda tinha uma foto de nós dois, meus braços em volta da sua cintura. Estávamos distraídos quando bateram a foto, o sorriso de Teresa estava aberto enquanto eu a apertava como um urso.

Me afastei de Newt e Harriet, caminhei até um lugar onde o barulho fosse abafado. Algum lugar vazio, eu não sabia o que fazer. Eu poderia falar com ela e pedir que voltasse ou podia ser duro com ela.

Eu poderia a ignorar, deixar a ligação cair ou desligar o celular. Mas eu não queria, eu necessitava escutar sua voz. Necessitava-a sentir comigo novamente.

— Tom, — Ela sussurrou, pensei na possibilidade dela estar com outro cara ao seu lado mas logo descartei. — eu estou morrendo de saudades de você. Por que você se foi?

Eu tinha que ser duro com ela, não podia me deixar levar por sua voz doce. Tinha que mostrar para ela que estava seguindo em frente ou tentando. Ela nunca mais me veria perdoando-la, iria me ver duro como uma pedra.

Não pude conter uma risada sarcástica de sair.

— Por quê você se foi? — Repeti sua frase com frieza. — Você sabe o porquê. A verdade é que eu não iria aguentar ficar em Londres, ficar naquela casa sabendo que eu me lembro de você em todos lugares que vou. Sabendo que você terminou algo que falou que ninguém iria separar, algo que nós criamos e que ninguém iria interferir.

— Tom. — Sua voz me agrediu, ela poderia estar chorando agora. Isso não poderia me interferir, eu tinha que esquecer ela. Eu tinha que jogar toda a minha dor em cima dela.

— Me pergunto se você está ciente de tudo que levou consigo quando saiu, se você sabe que levou a minha força vital, se você sabia que eu me tornaria dependente dos seus beijos e carinhos matinais. Que ficaria esperando o momento que você voltaria e seu cheiro ficaria impregnado em casa centímetro cubico. — Eu sabia que aquilo a magoaria, eu não pude me conter. Eu estava magoado e ela não se importava. — Deus sabe o quão eu me arrependo por todas as promessas opacas que fiz, todas as juras de amor que eu fazia. Tudo indo pelo ralo.

— Eu lhe amo, Tom. — Sua voz estava fraca e aquilo me atingiu como um raio. — Eu sempre vou o amar, o que tivemos foi certo. Foi a melhor coisa que eu fiz em minha vida. Eu sempre vou ser sua, Tom. Tente entender.

— Não, Teresa. — Implorei para que ela parasse com aquilo, estava me matando. — Eu preciso esquecer você. É a coisa certa a se fazer.

— Por favor, Tom. — Ela agora estava chorando, fazendo eu me quebrar em questão de segundos. — Não me deixe ir.

Desliguei o telefone. Não iria aguentar aquilo, eu não podia a perdoar, eu necessitava seguir em frente com outra pessoa. Eu tinha que encontrar alguém novo para mim, talvez alguém que não me magoasse tanto quanto Teresa, alguém que a apagasse da minha mente.

Fiquei a tarde toda pensando nela, a chuva caiu em Miami e o som ecoava pela casa e as gotas se assemelhavam ao meu ser. Pingando, pingando, pingando. Desintegrando-se e escorrendo pelas beiradas do meu corpo. Dando-me a sensação de estar expelindo veneno. Queria saber se Teresa sabe que nos destruiu e que eu sou o único que lamenta pelos destroços.