O Espírito do Estripador escrita por MarcosFLuder


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo da fanfic, espero que quem leu tenha gostado.



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SEDE DA SCOTLAND YARD

6 DE NOVEMBRO

A situação estava tensa naquela reunião em que estavam presentes o Comissário Bensom, o Inspetor-chefe Nigel Spencer, Phoebe Green, além de Mulder e Scully.

– Você espera mesmo que eu acredite nessa idéia maluca agente Mulder?

– Se não fosse pelas minhas “idéias malucas” Comissário vocês ainda estariam com dois assassinos à solta.

– Isso é maravilhoso agente Mulder – disse Spencer – agora você quer nos ensinar o nosso trabalho.

– Essa não é a intenção do agente Mulder Inspetor – Scully tenta contemporizar – é apenas a natureza fora do normal desse caso que nos permite enxergar um pouco mais adiante, pois estamos mais acostumados com situações desse tipo.

– Você concorda então que existe um fantasma envolvido nessa história – disse o Comissário.

– Estamos falando de um espírito obsessivo Comissário – disse Mulder.

– Espírito, fantasma, o que me importa – o Comissário estava quase aos gritos – eu quero saber se ela acredita nessa besteira.

– Não precisa gritar conosco Comissário – Mulder levanta-se irritado – eu e minha parceira fomos chamados para esse caso porque havia a suspeita de uma presença sobrenatural envolvida nesses crimes.

– Eu creio que houve um mal-entendido aqui agente Mulder – interveio Spencer – vocês foram chamados para nos ajudar a provar que não havia nada de sobrenatural envolvido aqui – ele vira-se para Phoebe – não é verdade Inspetora Green?

– Esse era...hã...o objetivo inicial...senhor – ela olha para Spencer com ódio – mas o fato é que eles estavam certos a respeito de Derek Smith. Tanto o depoimento da jovem que foi atacada por ele quanto a busca que fizemos em sua casa acabaram confirmando que ele era o segundo assassino. O material recolhido não deixam dúvidas que tinham vestígios de sangue que pertenciam a algumas das vítimas.

– Nesse caso eu tenho que parabenizá-los, agentes Mulder e Scully – disse o comissário – antes de mais nada eu quero desculpar-me pelo meu descontrole momentâneo – ele dá um suspiro – quero deixar uma coisa bem clara agente Mulder, essa sua idéia de espírito obsessivo é uma besteira para mim, mas eu sou um homem justo, e reconheço que a sua ajuda e de sua parceira foi fundamental para pegar-mos esses dois assassinos.

– Ora senhor, não é o caso...

– Quieto Spencer – disse o Comissário deixando Spencer embaraçado, principalmente ao ver o sorriso de Phoebe – eu vou enviar um relatório com fartos elogios a respeito da colaboração de vocês dois nesse caso.

– Isso por acaso é o que eu estou pensando Comissário?

– Acho que sim agente Scully, hoje mesmo eu vou comunicar ao superior de vocês que a Scotland Yard agradece imensamente a colaboração do FBI, mas que está dispensando os seus agentes desse caso – Mulder faz menção de falar algo mas Scully o impede apenas com o olhar.

– Nesse caso Comissário, obrigado por tudo – Scully aperta-lhe a mão e Mulder faz o mesmo, eles saem da sala e lá fora Mulder resolve interpelá-la.

– Porque não me deixou falar com ele Scully?

– Ia ser uma perda de tempo Mulder, ele já tomou uma decisão

– Ainda não acabou Scully, esse espírito obsessivo não vai descansar enquanto não acabar com a sua missão.

– Mas você mesmo disse que esse espírito obsessivo não pode baixar em qualquer um.

– Esqueceu que existe a possibilidade de ter havido um terceiro assassino Scully? Quem garante que não há mais alguém ligado aos crimes de Jack, o Estripador por aí e que esteja vulnerável o suficiente para ser possuído pelo espírito responsável por esses crimes – Scully ia responder quando viu Adam chegar, ele veio na direção dela e de Mulder e um arrepio correu em sua espinha. A lembrança de uma conversa ocorrida na mesma noite em que fizeram amor pela primeira vez veio em sua mente mas ela recusou-se a permitir que tal pensamento a dominasse. Era uma idéia absurda , pelo menos era disso que tentava se convencer.

– Como vai Adam? – Mulder o cumprimentou – conte pra ele das novidades Scully – ele olha para ela e nota o seu nervosismo – o que aconteceu Scully? Você está bem?

– Não é nada Mulder eu...eu preciso ir no banheiro por um instante, com licença – ela sai evitando olhar para Adam e tanto ele como Mulder estranham a atitude dela.

Scully lavou o rosto seguidas vezes tentando se recompor, aquela idéia não saia de sua cabeça e ela sabia que não podia esconder mais as suas suspeitas de Mulder. Por mais que sua natureza céptica achasse tudo isso um absurdo ela não podia arriscar a vida de pessoas inocentes por causa de suas convicções. Ela saiu do banheiro decidida a contar para Mulder das suas suspeitas, mas parou ao ouvir uma discussão que vinha da saída de incêndio. Ela não tinha o hábito de fazer isso mas ficou curiosa ao reconhecer a voz de Phoebe Green e do Inspetor-chefe Spencer.

– Você não presta mesmo Phoebe – Spencer estava quase aos gritos.

– Pare com esse escândalo Nigel, desse jeito nós dois vamos acabar suspensos por conduta imprópria.

– É nisso que você pensa não é? Na sua carreira, você usa qualquer um por causa da sua maldita carreira, Adam, o agente Mulder, a mim , qualquer um.

– Não admito que fale assim comigo Nigel, eu nunca precisei ir pra cama com ninguém para subir na carreira.

– Você me traiu sua cadela.

– Esquece isso Nigel, acabou está bem. E ninguém ficou sabendo o que houve entre nós, você não tem do que se constranger – Scully resolve sair dali, pois não queria passar pelo constrangimento de ser pega espionando a conversa alheia. Ela voltou para onde estavam Mulder e Adam e antes que eles perguntassem sobre o que estava acontecendo com ela, Phoebe e Spencer chegaram.

– O que você faz aqui Adam? – a voz de Spencer traia a sua tensão.

– Esqueceu que ele também está colaborando nesse caso Nigel? – o tom sarcástico de Phoebe não deixava dúvidas de que o clima entre ela e Spencer era o pior possível.

– Pois assim como os agentes Mulder e Scully os serviços dele estão dispensados – Spencer sai deixando um clima tenso no ar.

– Mulder eu vou para o hotel

– Eu acompanho você Dana – disse Adam

– Não Adam eu...er...eu preciso ter uma conversa particular com o Mulder.

– Tá , tudo bem...depois nós conversamos – Scully e Mulder saem deixando Phoebe e Adam sem entender nada.

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– Isso que está dizendo é muito sério Scully – Mulder andava de um lado para o outro no quarto sob o olhar da parceira – devia ter me falado antes.

– É muito difícil para mim admitir tal possibilidade Mulder, eu só estou falando com você porque não quero arriscar a vida de uma mulher inocente com a minha omissão.

– Temos que manter o Adam sob vigilância Scully.

– Nós não estamos mais no caso Mulder, já deveríamos estar é nos preparando para voltar a Washington.

– Temos que falar com o Skinner e conseguir uma autorização para ficar-mos em Londres pelo menos até o dia 9 de novembro.

– Já vi que vai sobrar pra mim – ela sorri, mas logo depois fica séria ao pensar em Adam.

– Está pensando nele não é?

– A idéia do Adam ser um assassino não entra na minha cabeça Mulder, você mesmo disse que a pessoa precisa estar em sintonia com o espírito obsessivo e eu não consigo imaginar o Adam nessa situação.

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Mulder e Scully já estavam a dois dias vigiando o seu suspeito, apesar dela ter algumas dúvidas ele tinha certeza de que estavam na pista certa e durante a noite voltaram a segui-lo e viram que ele dirigia-se aos locais próximos onde ocorreram os crimes.

– Ele está agindo como Derek Smith, mas sem tomar o mesmo cuidado – disse Mulder.

– Vamos ter que esperá-lo atacar alguém pra poder-mos fazer alguma coisa Mulder.

Eles continuaram seguindo seu suspeito até que ele entrou num beco e sumiu. Mulder e Scully começaram a procurá-lo, mas dessa vez sem se separar, até que ouviram um grito. Chegando ao local de onde eles vinham, encontraram uma mulher degolada.

– Droga Scully, chegamos muito tarde – Mulder mal conseguia conter a sua irritação – temos que ir atrás dele porque agora só falta matar a última vítima de Jack, o Estripador.

– E isso vai acontecer amanhã Mulder, e nós nem temos certeza de que ele vai atacar quem você acha.

– Só pode ser ela Scully.

– Será que ela vai acreditar nisso?

– Ela vai ter de acreditar ou não poderemos salvá-la.

APARTEMENTO DE PHOEBE GREEN

9 DE NOVEMBRO

10:53 Pm

Phoebe vai até a janela e vê um carro parado em frente ao prédio onde mora, ela não pode ver o seu ocupante mas sabe que é Mulder quem está lá.

– Isso tudo ainda me parece um absurdo Scully.

– É para sua própria segurança Phoebe.

– Você acredita no que o Fox diz? Que os meus sonhos são premonições e eu posso ser a última vítima.

– Nesse tempo todo de parceria eu aprendi a confiar nos instintos do Mulder, além disso nós não temos outra pista para seguir.

– Ele sumiu mesmo não é?

– Não conseguimos encontrá-lo desde que matou aquela moça ontem a noite.

– Nesse caso vamos apagar a luzes e ver no que isso vai dar.

Phoebe apaga todas as luzes do apartamento; do carro, Mulder percebe o fato e se prepara. O tempo vai passando e ninguém aparece até que Mulder tem um pressentimento e resolve entrar no edifício. Ele fala com o porteiro e ambos vão até a garagem. Mulder olha por todo canto até encontrar numa parte bem escondida vários sinais de que alguém estava se escondendo por ali. Um arrepio percorre o corpo dele que vai correndo até o elevador.

Scully está na sala enquanto Phoebe preferiu ficar no quarto. Ela anda de um lado para o outro até ir para a janela ver o carro de Mulder. Ela percebe que não há ninguém ali e fica preocupada. Um barulho vindo da cozinha chama a sua atenção e ela vai até lá.

– É você Mulder? – ninguém responde e ela engatilha a sua arma quando um vulto avança em sua direção; ela se assusta, mas tenta apontar-lhe a arma que é jogada para longe com um chute.

– Vocês todas merecem morrer suas cadelas – o homem agarra Scully com força e joga-a longe, ela bate na parede e desmaia.

– Scully o que está havendo aí – atraída pelo barulho, Phoebe entra na cozinha e vê-se frente a frente com o sujeito que agredira Scully.

– É você quem eu realmente quero cadela – o homem a agarra com força e bate sua cabeça várias vezes contra a parede fazendo-a desmaiar e arrastando-a para o quarto.

O elevador parecia levar uma eternidade para chegar ao andar onde ficava o apartamento de Phoebe. Mulder engatilhou a arma e assim que a porta do elevador abriu ele correu em direção ao apartamento. Ele arromba a porta e ao ouvir barulhos vindos do quarto corre até lá e encontra Phoebe amarrada na cama.

– Tudo bem com você Phoebe? – ele tira a mordaça da boca dela.

– Atrás de você Fox – ela grita, mas ele nem tem tempo de virar-se pois um violento golpe na cabeça o faz desmaiar.

– Achava mesmo que ele ia salvá-la cadela.

Phoebe tenta gritar, mas não consegue, e quando vê a navalha próxima de sua garganta sente que sua vida está chegando ao fim. Uma espécie de torpor toma conta de seu corpo, e ela só é despertada pelo sangue que cai em seu rosto logo após ouvir o disparo de um tiro. Ela sente o peso do corpo de Nigel Spencer caindo sobre o dela, ao ver o sangue na cabeça dele, não tem dúvida de que está morto. A luz do quarto é acesa e Phoebe vê Scully com a arma na mão.

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Os homens da perícia trabalham no quarto de Phoebe, ela está na sala e vê quando o corpo de Nigel é retirado por alguns homens, ao mesmo tempo que Adam chega ao local, Scully vai até ele.

– Eu não tive outra escolha Adam, sinto muito – ele olha para elamas não consegue dizer nada e deixa-se abraçar por Scully, Mulder vai até eles.

– Acho que não há muito o que dizer sobre isso Adam – Mulder aperta o ombro dele e volta para junto de Phoebe, que evita olhar para Adam.

– Depois nós conversamos Dana, eu preciso cuidar da liberação do corpo para o enterro – ela olha-o com ternura e piedade e dá um suave beijo em seu rosto. Adam vai embora e Scully vai para junto de Mulder e Phoebe.

– Como foi que vocês descobriram que ele ia me matar?

– Tudo começou quando a Scully me contou sobre a família do Adam, no princípio pensamos que podia ser ele até descobrir-mos que Nigel era seu irmão.

– Eu poderia até levar a sério a teoria do Mulder sobre um espírito obsessivo, mas jamais aceitaria que Adam pudesse ser possuído por um.

– Ele não estava em sintonia com o espírito, mas o irmão sim. Partindo daí foi só pensar nos pesadelos que você tinha, e que eram claramente premonitórios, bem como o relato da Scully sobre a discussão que vocês tiveram.

– Deu pra ficar ouvindo as discussões alheias Scully?

– Não foi intencional Phoebe, será que nem numa hora dessas você deixa de ser sarcástica?

– O que você espera de mim Scully? Um agradecimento emocionado?

– De você eu não espero nada Phoebe – Scully sorri – o importante é que agora tudo acabou.

– Será que acabou mesmo Scully?

– Porque está dizendo isso Mulder? Mesmo que o seu espírito obsessivo estivesse por trás dessas mortes não há mais nada que ele possa fazer, até porque já é 10 de novembro.

– Ele não vai desistir Scully, não quando falta uma última vítima, talvez a mais importante, talvez a única que ele quisesse realmente matar.

– Você está falando daquelas teorias a respeito da última vítima de Jack, o Estripador não é? Acha mesmo que Marie Janette e a esposa do Dr. White eram a mesma pessoa?

– Acho também que o Dr. White, tomado pela vergonha e o desespero, deixou Liverpool e foi para Londres onde tornou-se Salomon Staninsk. Acho que ele matou Nichols Mary Ann, Chapman de Annie e Catharine Eddowes. Apenas Stride Elizabeth é que foi morta pelo Príncipe Edward, mas ele sempre quis Marie Janette.

– Mas outra pessoa chegou antes não é Mulder?

– Exatamente parceira.

– Do que vocês estão falando? – Phoebe sentia-se estranhamente excluída da conversa, pois Mulder e Scully pareciam agir como se só houvesse os dois naquele lugar.

– Sabe-se que George Fillon era casado, ele provavelmente teve relações com Marie Janette e pegou dela uma doença que arruinou o seu casamento. Tomado por um profundo ódio, matou-a cruelmente, e depois acabou suicidando-se, ou talvez tenha sido morto por Salomon Staninsk , como vingança por tê-lo privado de sua vítima.

– É uma bela teoria Fox, como dezenas de outras que existem a respeito de Jack, o Estripador.

– Eu sei Phoebe , e volto a dizer que tenho medo de que essa história não tenha acabado.

– De qualquer forma Mulder eu acho que não temos mais nada o que fazer aqui

– Fale por você mesma Scully – disse Phoebe que sorri para Scully com o seu jeito sarcástico de sempre – de qualquer forma obrigado por salvar a minha vida.

– Você não tem nada o que me agradecer Phoebe – Scully dirige-se até a porta – o que fiz por você eu teria feito por qualquer outra pessoa – ela sai e Mulder faz menção de acompanhá-la mas é seguro por Phoebe.

– Fique comigo Fox , eu...eu não quero ficar sozinha essa noite.

Mulder olha para ela, tão frágil e dependente, como nunca a vira antes. Sabia que ela sentia-se humilhada com a situação, e com o fato de saber que devia sua vida a uma mulher que sempre tratou com desdém. Uma parte dele queria ficar ali e confortá-la, mas ele sabia que aquela fragilidade era apenas momentânea. Logo ela voltaria a ser a mesma pessoa volúvel e insensível de sempre. Essa certeza despertou nele um sentimento de crueldade que ditou-lhe as palavras.

– Se não quer mesmo ficar sozinha Phoebe, vá para casa da sua mãe – ela fica perplexa com o que Mulder diz e nem reage quando o vê indo embora.

AEROPORTO DE LONDRES

DOIS DIAS DEPOIS

O movimento das pessoas era frenético, num vai e vem constante. Mulder pega as passagens dele e de Scully e dirige-se até ela, vendo-a distante olhando as pessoas entrando.

– Está esperando por ele?

– Achei que ele fosse vir Mulder, mas acho que Adam não consegue evitar de culpar-me pela morte do irmão.

– Você não tinha escolha Scully, sabe disso.

– Eu sei, e acho que ele também sabe, mas ainda assim não há como evitar o fato de que eu matei o irmão dele.

– O agente Mulder tem razão Dana, você não tinha escolha – Scully e Mulder voltam-se para ver Adam.

– Eu vou deixar vocês a vontade, mas não demorem pois o vôo sai em 15 minutos – Mulder os deixa sozinhos e um silêncio perdura por alguns instantes como se estivessem procurando as palavras certas.

– Você vai ter sempre um lugar especial no meu coração Dana – ele dizia isso enquanto acariciava-lhe o rosto e os cabelos – mas a verdade é que mesmo antes do que aconteceu naquela noite nós sabíamos como a nossa história ia acabar.

– Eu sei Adam, afinal você tem sua vida em Londres e eu tenho a minha em Washington – ela disse enquanto sorria com uma certa tristeza – mesmo assim foi muito bom te conhecer.

– Eu digo o mesmo sobre você Dana – seus rostos vão lentamente chegando perto um do outro e logo eles beijam-se com um misto de delicadeza e intensidade até se separarem. Eles ainda ficam bem próximos durante alguns segundos até que Scully vai afastando-se. Ela caminha em direção a Mulder e ambos vão para o local de embarque, não sem antes ela dar um último aceno para Adam.

LONDRES

9 DE NOVEMBRO DO ANO SEGUINTE

Corine Fischer não estranhou quando o marido decidiu-se por uma viagem repentina até Londres, verdade que o temperamento apagado dele não combinava muito com o jeito repentinamente decidido daquele homem que ela tratava com profundo desprezo há vários anos. Ela pensou tratar-se de uma tentativa patética de demonstrar uma autoridade que nunca teve. Se soubesse a verdade, se tivesse a mínima idéia do que estava acontecendo certamente não teria vindo. Certamente teria fugido do marido, mas agora era tarde demais e ela jazia morta naquele quarto de hotel barato. Seu corpo estava completamente despedaçado, o coração arrancado estava bem longe dali.

Clarence Fischer caminhava sem rumo por Londres. Ele tinha acabado de matar a esposa que o tratava com desprezo, fazendo-o ser motivo de chacota para todos que os conheciam, e que sabiam dos casos que ela nem mesmo fazia questão de esconder. Ele carregava uma bolsa onde estava a faca com que despedaçara Corine, bem como o coração arrancado do corpo dela. Depois de horas de caminhada ele finalmente chegou até a ponte. Indo até o ponto mais alto, ele atirou-se para a morte nas águas geladas daquele rio, tendo a noite como a única testemunha do seu tresloucado gesto.

FIM


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