Despertados escrita por kelvin william


Capítulo 10
Traidora




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CAPÍTULO 10 - TRAIDORA

–MAGALI! VENHA ATÉ AGORA!- os gritos vinham do aglomerado, identifiquei a voz de Drauzio, o diretor. Sem dúvida Magali também sabia que a voz era dele porque parecia apavorada.
–Ai meu Deus! Como ele pode ter descoberto?- a voz da Magali falhava, se eu estava assustada imagine ela.
–Calma, ninguém viu o que aconteceu!- tentei acalmá-la.
–É melhor você ir logo até lá!- Cascão falou.
–Nós vamos até lá, estamos juntos nessa não é?- enfatizei o "nós".
–Sim, vamos lá!- Cebola empurrou Cascão pelas costas.
Abrimos espaço entre a multidão barulhenta, a maioria das pessoas seguravam seus celulares, provavelmente espalhando a notícia do incêndio para o resto do mundo. Drauzio estava à frente de todos, nos aproximamos disfarçando ao máximo a tensão.
–Hã, oi! Me chamou, diretor?- Magali não era muito boa em disfarçar.
–O que você está esperando Magali? faça alguma coisa, apague esse fogo!- disse ele, nervoso.
Magali se abraçou desconfortável, parecia não perceber que Drauzio não desconfiava dela, apenas queria salvar o ginásio.
–Anda Magali! apague o fogo!- falei para ela calmamente, gesticulando para que ela fizesse alguma coisa.
Lentamente ela avançou pelo pátio olhando para as nuvens. O céu começou a se nublar e escurecer, os alunos perceberam o que estaria por vir e correram até as partes cobertas do colégio, fizemos o mesmo e nos protegemos no corredor principal.
Os trovões rebombaram iluminando as nuvens negras e a chuva despencou intensamente. As chamas intensas resistiram por vários minutos, no fim as paredes enegrecidas do ginásio realçavam as janelas destruídas, a mistura de aromas vindos da chuva, grama e fumaça dificultava a respiração.
Pouco depois os bombeiros chegaram, visto que a situação estava sob controle os professores ordenaram que os alunos voltassem para as salas de aula. Em meio a movimentação dos alunos pude ver, incógnita que Drauzio procurava alguma coisa ou alguém.
–Vamos sair daqui!- pedi aos meninos.
–Não vamos esperar a Magali?- Cebola perguntou.
–Vão com ela, preciso correr até o dormitório e colocar o uniforme! Espero que o Drauzio não tenha notado!- entrei na correnteza de alunos. -Vejo vocês na sala de aula daqui a pouco!- gritei.


Depois de vestir o uniforme corri até a sala de aula, o professor ainda não havia chegado apesar da sala estar com todos os alunos. Cebola, Cascão e Magali estavam em suas carteiras, logo me sentei entre eles na fila perto das janelas. A sala estava tomada por cochichos, todos falavam sobre o incêndio.
–Oi, tudo certo?- perguntei.
–Tudo, a maioria dos professores ainda estão lá fora conversando com os bombeiros!- Cascão respondeu.
–Acha que vão esquecer da prova depois disso?
–Isso ninguém sabe, mas pelo menos esse incêndio vai atrasar as coisas!- Cebola fala baixinho. - Só acho que a Magali se empolgou demais!
–Queria o quê? Se eu pegasse muito leve eles ia apagar o fogo com os extintores. -Magali se defendeu.
A porta se abriu, uma mulher entrou carregando pastas, devia ser a professora que estava lecionando na classe enquanto nós incendiávamos o ginásio. Parecendo tranquila depositou as pastas na mesa e falou:
–Bom alunos, o incêndio está controlado. Os bombeiros disseram que foi um curto circuito no disjuntor do ginásio e que a estrutura não corre perigo de desabar. As aulas continuam normalmente, só as de educação física serão feitas em outro lugar. E não, ninguém morreu ou se feriu. Alguma pergunta?
Como ninguém falou nada a professora deu continuidade à aula. Nunca me senti tão aliviada, o sucesso do plano da Magali havia me dado mais tempo para treinar. Se tudo continuasse dando certo eu passaria no novo teste e me livraria do medo de ser expulsa.


Depois das aulas fomos jantar, eu e meus três novos amigos escolhemos uma mesa distante e pequena para comer em paz e falar sobre futuros treinos no porão. Magali queria organizar mais ainda o lugar usando biombos e coisas do tipo, para os meninos as cestas de basquete eram suficientes.
Nos separamos quando era hora de voltar para os quartos, chegamos lá e Dora estava segurando um livro sem palavras, era em braile. Eu não sabia que ela era cega até então.
–Oi meninas! A Denise ainda não chegou!- ela fechou o livro e girou na cadeira para falar conosco frente à frente. -Vocês ficaram sabendo do incêndio?
–Obrigado por me avisar sobre o novo teste Dora! Se não fosse você eu estaria perdida!- precisava agradecer antes de tudo.
–Então foi a Dora que te avisou? Agora entendi porque você queria falar com ela hoje cedo!- Magali constatou.
–É isso mesmo, eu tenho agradecer à todos vocês...
–Pare amiga, sei que quando precisarmos você vai estar lá pra ajudar!- Magali estendeu a mão e eu apertei.
–Sem dúvida Magali, vou estar do lado de vocês!- coloquei a outra mão no ombro de Dora! -E dos meninos também, claro!
As horas passaram e nos preparamos para dormir, resolvi usar camisa e bermudinha porque o pijama de tão usado estava sujo. Faltava uma hora para meia noite e alguém bateu na porta, tecnicamente nenhum aluno deveria estar nos corredores naquele horário e se fosse a Denise não faria sentido porque ela tinha a chave da porta, por isso meu coração disparou, será que era alguém da diretoria?
Magali destrancou a porta, Cebola e Cascão estavam do outro lado.
–Entrem!- nenhuma das meninas havia dito aquilo, a ordem vinha de fora, de trás deles.
Os garotos entraram e em seguida Denise também, toda aquela cena era estranha, ela parecia prestes a rir.
–O que foi? Aconteceu alguma coisa?- perguntei.
–Sim, aconteceu. Um incêndio!- Denise afirmou. -Sinceramente Mônica eu espero que você fale mais sobre isso do que esses dois!
–Do que você está falando?
–Hoje cedo eu estava voltando da minha corrida quando ouvi um barulho muito alto vindo de uma das alas do colégio. Outras pessoas ouviram mas acharam que era uma obra ou coisa assim. Eu fui procurar a origem do barulho e cheguei numa porta destrancada. Eu desci as escadas daquele porão e vi vocês quatro lá, conversando sobre o ginásio e depois atravessando a parede juntos.
Eu estava em choque, olhei Cebola em seus olhos tristes. -Como vocês puderam...
–É melhor você abrir o jogo pra ela Mônica!- Cascão estava tão taciturno quanto o amigo.
–Por que fizeram isso?- eu estava com raiva mas também confusa, eles pareciam ter sido torturados.
–Porque eu os obriguei! Caso você não saiba, extrair a verdade é o meu dom, eu posso fazer isso sem causar muitos danos quando a pessoa não resiste tanto. Então é bom falar por bem, caso não queiram acabar igual a eles.


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Notas finais do capítulo

o próximo capítulo sai na terça ou quarta. ;)



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