A princesa e o Guarda escrita por Amanda Azevedo


Capítulo 1
Prólogo




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Dez anos antes

Era um dia frio em Angeles. Cubro-me um pouco mais enquanto observo Jem correr atrás de nosso novo mascote, Dobby.
Jem é um garoto alto para sua idade. Mesmo com dez anos, a convivência com seu pai só o deixa mais forte. Seus cabelos castanhos, às vezes claro às vezes escuros, esvoaçam e se bagunçam pela corrida.

Já cansado de correr atrás do Beagle dourado e branco que havíamos acabado de ganhar do pai de Jem, guarda William, ele volta sorrindo ao meu encontro.

— Venha Lily! Não pode ficar sentada ai o dia inteiro — Ele sorri.

Cruzo os braços, mas acabo escapando um sorriso — Está frio Jem! A gente podia ter ido assistir um filme... — Digo tentando convencê-lo a sair do jardim, em que o vento gelado estava alfinetando meu rosto.

— Não! Para mim não há tempo ruim! — Ele levanta a mão determinado — Aliás, meu pai pediu que fôssemos levá-lo para passear lembra?
Suspiro frustrada.
— Lembro.
Após muita corrida e brincadeiras já estávamos sujos e com frio demais para continuar.

—Será que minha mãe deixaria Dobby ficar no meu quarto essa noite? — Digo esperançosa no caminho para dentro do palácio.

— Sabe que sua mãe odeia animais Lily — Ele ergue um sobrancelha mas tenta me animar - Mas pense, não confia em seu súdito para cuidar de seu novo mascote real? — Ele diz em voz grossa e séria. O que arranca risadas de ambos.

— Hmm... Tenho escolha? — Abaixo e acaricio o pelo de Dobby.

— Não — Ele pega a coleira e começa a correr - Venha Dobby! Vamos ganhar uma corrida!

Começamos a correr pelos corredores do Palácio, diante dos gritos assustados de criadas e do olhar reprovador de Susan, começo a rir e corro mais rápido.

— Vai perder Jem! - Grito.

— Nunca! — Ele diz fazendo uma curva em uma das entradas, não estava preparada para a mudança repentina de caminho, acabo batendo meu braço com força na parede, consequentemente um dos quadros velhos pendurados começa a cair em minha direção. O tempo começa a passar em câmera lenta, lembro-me de alguém me empurrando, da minha cabeça batendo no chão, da dor excruciante em meu braço, até que... Mais nada.

Acordo com o zumbido constante da enfermaria que estava praticamente vazia, mais especificamente eu e alguns enfermeiros a ocupavam. Tento me levantar, mas quando vejo meu braço, levo um susto, ele estava engessado. Solto um gritinho abafado e meus olhos se enchem de lágrimas. Ouço passos vindos à direção da porta e rapidamente finjo estar dormindo.

— O que aconteceu? Onde está minha filha? O que ela tem doutor? — Ouço a voz preocupada de meu Pai.

— Esse pest... Menino deve ter aprontado mais uma — Cochicha Melody, a mulher que se diz minha mãe.

Ouço o suspiro frustrado do Papai e um choro abafado de alguém.

— Acalme-se majestade, Alice bateu o corpo em uma das paredes e consequentemente um dos quadros de sua família iria cair nela, mas, como contou James um pouco mais cedo, ele a empurrou para longe, mas infelizmente no percurso Alice bateu a cabeça no chão e ficou inconsciente. – Explica Dimitri o médico real, calmamente. Escuto outro choramingo.

— Obrigado, Posso vê-la? — Pergunta e mesmo sem resposta já vai a minha direção – Filha? 

Após certificar de que eu estava bem, com muita relutância meu pai me deixa sozinha com Jem, vejo suas lágrimas caindo lentamente e meu coração se comprime. Levanto-me e imediatamente sinto uma pontada de dor na cabeça. Aproximo-me dele e passo a mão em seu rosto, enxugando suas lágrimas.

— Jem, não chore eu estou bem — me aproximo mais um pouco e dou um beijo em sua bochecha. Um sorriso involuntário apareceu em seu rosto

— A culpa foi minha, se eu não tivesse... — O interrompo com um gesto.

— Não fique assim, a culpa não foi sua, além do mais estou ótima! - Dou uma rodopiada — E mais, tenho o melhor amigo do mundo... — Nesse momento Melody, em seu vestido vermelho sangue entra na enfermaria gritando, me afasto rapidamente de Jem.

— O que está acontecendo aqui? Já não te disse para ficar longe da minha filha? — Ela diz encarando James, sua franja ruiva interrompendo sua visão.

Como assim ficar longe de mim? Do que ela está falando? Olho para Jem com um olhar interrogador.

— E-eu... – Gagueja Jem – Vossa Majestade eu não... — Ela dispensa o assunto com a mão.

— O que eu disse foi uma ordem, e eu espero que ela seja cumprida — Ela olha em seus olhos ameaçadoramente e vai a sua direção — Você faz mal a minha filha, está a transformando em um menino sujo e bagunceiro sendo que ela é uma princesa! Como você pretende que ela suba ao trono com não um braço, mas talvez uma perna quebrada? Hã? — Ela aponta para seu peito — Ou essa ordem será acatada por bem, ou eu mesma vou fazer questão de que seu pai seja demitido e os dois virem Oitos mortos de fome! Passar bem. — Ela sai da sala a passos firmes.

— Como assim vocês já haviam conversado sobre você ficar longe de mim? — Digo tentando controlar minha raiva.

— Sua mãe me odeia e... Você não estaria assim se fosse minha culpa! O que ela disse é verdade eu só te prejudico e eu não quero fazer isso Lily! — Confessa seus olhos verdes me suplicando compreensão.

— E se eu quiser ser prejudicada?! E se eu quiser ter um amigo?! E se eu quiser ser feliz? — Grito com as lágrimas embaçando minha visão – Eu... Eu não quero te perder Jem, simplesmente não posso! — Não aguento mais e começo a chorar, vejo que seus olhos também estavam cobertos de lágrimas.

Ele me abraça forte, me seguro a ele como se ele fosse meu ponto de equilíbrio, ele afaga meu cabelo — Eu não vou te perder Lily, é uma promessa. — Sorri em meio a lágrimas, quando estava prestes a falar, um grito nos chama a nossa atenção.

— O que esta acontecendo Jem? - Digo assustada e me afasto dele.

— Ataque rebelde! — O grito de um dos guardas responde minha pergunta.

— Droga! Venha! — Ele pega minha mão e começamos a correr, milhões de perguntas invadem minha cabeça, não me lembro de nenhum ataque rebelde — Precisamos achar um abrigo vazio!

 

Depois do que me pareciam horas fechada naquele cubículo, algo diferente acontece.

— Achamos! Achamos! A princesa Alice está aqui! — Diz o guarda que abriu a porta do abrigo.

Levanto-me rapidamente e solto a mão de Jem, que não havia soltado desde então.

— Onde está o papai? E minha mãe? O que aconteceu? — Pergunto desesperada por respostas a dúvidas que me invadiam desde que o ataque teve seu início.

Eles se entreolham de um jeito em que só pessoas que estão escondendo alguma coisa fazem.

— Estão me escondendo algo — Passo por baixo das pernas dos grandalhões e começo a correr em direção aos aposentos reais — Papai! Mamãe! — Quando chego ao quarto de meus pais, a surpresa. Melody estava sentada na cama, sendo auxiliada por um dos médicos, já meu pai... Não estava lá

— Onde está o papai? — Pergunto com medo da resposta.


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