Narração de Josh

Segunda - 7:30

 Acordei com o despertador, desliguei e levantei da cama, mas minha vontade era de voltar pra cama e passar o resto da tarde dormindo. Não havia dormido direto. Minha melhor amiga me ligou ontem seis vezes e não atendi. Motivo? Eu liguei para ela umas onze e vinte e cinco da noite anterior, e eu sei que ela estava com o Michel, e ela não me atendeu. É eu sei! Isso é ridículo e talvez infantil. Mas talvez seja apenas ciúmes. Ciúmes! Sentimento mais idiota né? Ainda mais sentir isso por minha melhor amiga, só porque ela esta saindo com um amigo meu, só porque tem grandes chances de ela gostar dele e só porque eu a amo! Coisa básica sentir ciúmes só por isso. Sim! Eu amo a Amy! Não como amigo, é algo a mais. Se ela sabe? Não! Nem pode saber. Ela me vê só como amiguinho dela, e não quero estragar as coisas entre a gente. Melhor ficar perto dela apenas como amigo do que ter que ficar longe dela.

 Levantei da cama, tomei o meu banho, vesti uma camisa preta e uma calça jeans e arrumei meu cabelo (só o molhei e deixei secar naturalmente, vou muito ficar penteando cabelo, ainda mais o meu que é liso. Minha preguiça é maior!). Depois tomei meu café da manhã e fui para a faculdade.

 Chegando à faculdade, fui para minha sala e a primeira pessoa que encontrei foi Michel. Eu tava com uma vontade louca de voar em cima dele e testar todos os golpes que eu aprendi no judô quando eu tinha 17 anos, pelo menos as aulas não teriam sido em vão.

 Você deve estar pensando: “Nossa, mais achei que vocês fossem amigos!”. E Aqui vai a resposta: Somos amigos! Mas o meu ciúme é maior. Dá licença? Deixa eu ser ciumento? Na verdade, essa é a segunda vez que tive ciúmes de verdade da Amy. A primeira foi quando ela namorou o Brian e agora essa. O Brian, porque era o namorado dela, e eu tinha que ficar vendo os dois se agarrando na minha frente e depois ela ficar falando por duas horas sobre ele. E o Michel, porque ela pode gostar dele (o cara tem mel, só pode!) e ai vai voltar ser a mesma coisa: agarração na minha frente e depois mais duas horas ouvindo toda aquela melação dela falando dele. Os outros caras que ela ficou? Alguns tiveram sim agarração na minha frente, mas pelo menos eu era poupado das duas horas de melação.

 Ele se sentou na mesa ao meu lado.

 - E ai Josh? – O filho da mãe me perguntou e nem me deixou responder nada e continuou: - Pow cara, você ligou para a Emilly justo quando eu tava com ela. Atrapalhou hein!

 - Eu liguei para quem?

 - A Emilly! Sua amiga. – Ah ta, ele estava falando da Amy.

 - É Amy! – Animal! – Não lembra nem o nome dela Michel? Ta ruim hein!

 - Ah é! Amy. Por que eu estava com Emilly na cabeça? – Não sei, mas se eu a arrancasse talvez você tirasse essa Emilly e a minha Amy dela. – Ah é! Lembrei porque eu to com a Emilly na cabeça. Lembra daquela garota que fiquei na quinta? Antes da Amy! – Não respondi nada e ele continuou: - Pois é... Ela me ligou no sábado depois que eu deixei a Amy em casa. Ai no domingo eu sai com ela. Ela é tão gostosa. Mas voltando ao que eu estava falando: você atrapalhou eu e a Amy, ligou para ela justo quando estava comigo. Ai falei para ela não atender.

 - Filho da puta! – Ele me olhou confuso. Merda! Eu falei isso alto? Merda de novo! Era só para ter pensado. Então foi ele que falou para ela não atender. Droga! Ainda botei a culpa nela.

 O desgraçado riu.

 - Fica bravo não Josh. Posso dividir a Emilly com você.

 - Michel, você é um bosta mesmo! E eu não to te xingando só porque você tá com essa Emilly, pouco me importa ela. – Disse isso calmamente. É, eu estava parecendo calmo, mas no fundo minha vontade era de pegar a cabeça dele e bater no mínimo cinco vezes na mesa. Sim! Eu tenho ódio reprimido. Você não é a primeira pessoa que pensa isso. Isso acontece porque geralmente eu não expresso minha raiva visivelmente, eu guardo ela para mim. Ai eu fico assim, parecendo violento. Mas não sou! Não faço mal a uma mosca. A não ser a vez que eu quebrei o nariz de um cara quando eu tinha 16 anos porque ele começou a mexer com a minha mãe na rua, falando que ela era gostosa e que treparia com ela ali mesmo, no meio da rua. Isso era umas 11 da noite e o cara estava bêbado.

 - O que? Por que ta agindo assim Josh?

 - Por que eu estou agindo assim? – Disse olhando fixamente para ele. – Você mal saiu com a Amy e já ta com outra! E ainda falou para ela não me atender?! – Olhei para frente e continuei: - E eu ainda fiquei com raiva dela por isso! – Voltei a encará-lo. – Olha Michel, a Amy não é como essas garotas que você costuma pegar. Ela é uma garota inteligente, bonita, incrível! Então, se você não quer nada com ela, se afasta. Se não vai machucá-la!

 - Ah! Saquei o que esta rolando aqui! – Ele deu uma pausa. Sacou o que? Não tem nada para sacar aqui! Só fica longe dela. Então ele continuou: - Você gosta dela não é Josh? – Merda! Ele sacou! – E ai ta me mandando ficar longe, porque eu estou tendo chance com ela e você não vai ter, porque ela te tem apenas como amigo. Apenas o amiguinho otário dela!

 Eu me levantei da cadeira para ir para cima dele. Estava pouco me importando para quem estava lá na sala. Ele havia estourado o meu ódio reprimido. Mas o professor entrou na sala mandando os alunos se sentarem. Me sentei e o Michel se levantou para ir mais para o fundão da sala, mas antes ele parou e falou um pouco perto do meu ouvido:

 - Então vamos ver com quem ela vai ficar! – É guerra? É guerra que ele vai ter! A Amy é minha amiga e meu amor. Não vou deixar ela ficar com um otário desses. Mas também não posso chegar nela e falar: “Ah Amy, sabe o Michel? Pois é... Ele ta saindo com você e com outra. Então, fica comigo e fica tudo certo!”. Ela vai me achar maluco!

Narração de Amy
 
Segunda – 7:30

 Acordei com a droga do meu despertador. É, mais um dia de aula! Que beleza! Pelo menos esse era o ultimo ano e depois... Faculdade! Não via à hora desse dia chegar. Qual o curso que queria? Jornalismo.

 Tomei meu banho, coloquei minha roupa e arrumei meu cabelo. Desci para tomar café com a minha mãe. Depois escovei meus dentes peguei minhas coisas e minha mãe me deixou na escola. Ok! Sei que eu podia ir dirigindo, mas minha mãe só tem um carro e ela precisava ir para o trabalho. (N/A – Nos EUA é permitido dirigir a partir de 16. É... A história se passa lá só que não coloquei o nome da cidade --‘, é alguma que seja litorânea. ;p)

 Cheguei à escola e fui até meu armário pegar alguns livros que eu não levava para casa.

 - Oi Amy! – Não precisei nem ao menos olhar para saber quem era com aquela voz irritante. – Como que anda meu Josh?

 Me virei para encará-la

 - Primeiro: ele vai bem. Segundo: ele deixou de ser seu há muito tempo, Ashley!

 - Nossa, quanta educação, amiga! – Falsa, cínica!

 Fiz um sorriso mais falso que consegui e disse:

 - Com uma “amiga” – Fiz aspas no ar. – Como você, nunca vou precisar de inimiga! – Virei às costas e fui para sala.

 Você deve estar se perguntando quem é essa e por que fui tão “delicada” com ela. Bom, vou explicar: 

             Ashley é a garota que um dia chamei de amiga. Era aquela que eu podia confiar (ou pelo menos achava isso). Aquela que colocava a mão no meu ombro e dizia: “Conta sempre comigo!”. Aquela que quando eu brigava com o Brian eu ia chorar no ombro dela e ela falava: “Não fica assim! Logo vocês se entendem.”. Mal sabia eu que era tudo falsidade.

 Conheci ela na mesma época que conheci a Suh, na 8ª série. Andávamos nós três juntas, eu, a Suh e a Ash (como costumava chamá-la). E fora do colégio andava eu, a Suh, a Ash e o Josh. A Suh nunca gostou dela e sempre falava para eu não confiar nela. Mas eu sou uma jumenta e nunca dava ouvidos a Suh. Foi quando no 1º anos eu conheci o Brian. A gente conversava muito, estávamos bastante próximos. Então começamos a ficar no final do 1º ano, entrando no 2º.

             A coisa entre a gente ficou séria. Começamos a namorar e na mesma época a Ashley começou a namorar com o Josh. Com seis meses de namoro eu perdi a virgindade com o Brian. Eu viva nas nuvens com ele. Só de falar “Brian” perto de mim eu voava. Simplesmente amava ele. Com oito meses de namoro da Ashley ela chutou o Josh. A explicação dela? Foi essa: “Ah, cansei!”. Me deu vontade de matar minha “amiga”. Todo mundo achou estranho ela terminar sem mais nem menos com ele, eles pareciam tão bem! E quando completou nove meses de namoro com o Brian, eu fui até a casa dele para fazer uma surpresa.

             A mãe dele estava saindo de casa e me deixou entrar, falou que ele estava no quarto, mas que estava com uma amiga. E quando cheguei à porta do quarto dele, quem teve uma surpresa fui eu: a Ashley e o Brian estavam se pegando no quarto dele. Ela estava sentada em uma mesa que era de frente para a porta, com as pernas abertas e ele entre elas. Ela não me viu porque a vadia estava com os olhos fechados emitindo pequenos gemidos. Minha reação? Agi que nem uma louca. Tirei o meu tênis e joguei neles. Pegou na cabeça do Brian. Achei foi pouco!

 Ele se virou assustado. Quando me viu tentou explicar e ela só ficava me olhando com cara de merda. Quem deveria estar com cara de merda era eu, não ela. Afinal era o meu namorado que ela estava pegando (depois desse ocorrido virou ex). E para minha surpresa, depois da “tenizada” que dei nele eu mantive minha calma. Entrei no quarto, peguei meu tênis olhei bem para o Brian e disse: “Acabou!”. E para ela? Disse: “Pode ficar com o lixo que já usei, você esta sempre a baixo de mim mesmo, Ashley! Ou deve dizer: vadia?”. É, com essa eu recebi um tapa. Mas não revidei.

 Depois de um tempo descobri que ela estava com ele já fazia três meses. Ou seja, eu e o Josh éramos chifrudos e não sabíamos. É claro que eu não aceitei isso numa boa. Fiquei chorando um bom tempo. Perdi uma “amiga” e um namorado. E o pior foi o Suh me dizendo 24h por dia: “Isso que dá ter confiado na loira aguada!” ou “Ta vendo? É isso que dá não me ouvir” ou mesmo um simples: “Te avisei!”. Mais tudo bem, eu merecia!

 O Josh? Ah! Ele ficou mal também. Mas não era tão visível. A Suh dizia e diz até hoje que o que ele teve com a Ashley foi só para disfarçar o que ele sente por mim. Acho isso uma viagem por parte dela, mas também nem discuto.

***

 As aulas passaram bem de vagar. Só não foram tão chatas porque teve a Suh para ficar falando besteira comigo.

 Então deu à hora e o sinal bateu para irmos embora.