No Limite do Amor escrita por J N Taylor


Capítulo 1
Capítulo 1 - Encontros




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/564082/chapter/1

Ethan se levantou da cadeira. Ele era alto e um pouco magro, com o cabelo negro levemente encaracolado e olhos na mesma cor. Ele jogou um livro na direção de Eric, seu assistente, que era de estatura média mas tinha um certo porte físico, com o cabelo loiro, quase branco, e olhos cinzentos.

-Então, Eric?

-O que, Ethan?

-Nada. Soube sobre o festival hoje? Na praça, de noite.

-O Festival da Colheita? Tradição um pouco antiquada para homens como nós. Não acha, Ethan? Sinceramente, acho que, na verdade, já passamos da idade de festivais.

-E se tem idade para isso, Eric? - e riu. Não importa o que me diga, eu vou. Vai me acompanhar ou vai ficar aí sentado, reclamando, igual um velho?

-Certo, certo. Eu vou com você. Mas com uma condição.

-Que seria?

-Você paga minha conta essa noite. - e riu – E acho que vai ter que me carregar se eu ficar bêbado demais.

-Não posso garantir, Eric. Talvez você tenha que me carregar. - e ambos riram. Alguém bateu à porta. Ele se levantou para atender e um homem estava de pé. Ele esticou a mão e o entregou uma carta.

-O que foi, Ethan?

-Uma carta. Hum… Pelo que está aqui, fomos convidados para participar do Festival. Bom… Você vem comigo, Eric.

-Você realmente não vai desistir de me…

-Não, não vou desistir. Escolha uma boa roupa.

O dia passou normalmente. Ethan estava na terminando de se arrumar quando Eric bateu em sua porta. Ele atendeu e cumprimentou ele enquanto vestia uma camisa.

-Meu amigo, - disse enquanto fechava a porta após a entrada do jovem – Está ótimo! Pega meu casaco pendurado ali, por favor. Obrigado. - ele vestiu o casaco – Estou pronto. Vamos?

-Se quiser. Já estou arrumado também. - e saíram.

-Interessante…

-O que é interessante? - perguntou Eric.

-Não sei ao certo.

-O que você não sabe ao certo, homem?

-Qual parte do “não sei ao certo” você não entendeu?

-Não responda minha pergunta com outra!

-Certo, certo. - suspirou Ethan – É apenas algo estranho. Algo como um pressentimento. Um bom pressentimento. Entende?

-Também sinto algo. - disse Eric enquanto se aproximavam da praça. Ele olhou em direção a uma jovem de cabelos castanhos lisos, com uma flor branca no cabelo e um vestido também branco – Sinto que meu coração vai saltar do meu peito.

-Parece que você quer arrancá-lo e entregar ele para uma mulher. - retrucou, percebendo a troca de olhares entre o amigo e a garota.

-O que você quis dizer com isso?

-Eu? Nada. Achei estranha a sua troca de olhares com aquela garota. Qual o nome?

-Melissa. Melissa Graham. É a empregada da filha do Duque Alexander Hawthorne .

-Você e ela estão juntos? E você não me contou!

-Apenas um flerte ou outro. Olhares, nada mais

-Nada mais. Interessante.

-Eric? - disse Melissa, se aproximando deles.

-Melissa! Tudo bem? - Ethan tossiu discretamente.

-Acho que vou… Naquela banca, comprar alguma coisa. - e saiu.

-Acho que ele ficou sem graça. - disse Eric.

-Depois se desculpe com ele. - e ela sorriu.

-Deus! Melissa, minha amada. Quanto tempo não nos encontramos. Eu… Eu não acreditei quando te encontrei aqui.

-Eric. A família do duque tem estado muito ocupada com a visita do Arthur.

-Arthur? Quem é Arthur?

-É irrelevante! Eu estava com tanta saudade de você! Você não me enviou nenhuma carta. Nada!

-Eu estive muito ocupado com o Ethan. Perdão, querida.

-Não se desculpe. Não temos o que perdoar um ao outro. Esse momento é nosso.

-Sem desculpas, então. - e beijou a mão dela.

-Acho melhor conversamos em um lugar mais reservado, não acha?

-Vamos. Melhor. Como tem sido os seus dias? - ele perguntou enquanto caminhavam para um lugar mais quieto e sozinho, próximo as árvores.

-Cada vez mais frios sem você.

-E quando estive perto o suficiente para te aquecer?

-Eric, meu querido. - ela acariciou o rosto dele com um sorriso doce no rosto - Se não vai dizer nada importante, cale-se e me beije! - e o beijou.

-O que? Melissa! - ele pulou para trás, surpreso.

-Deus! Eu já deveria ter feito isso a muito tempo.

-Mas você…? - ela o beijou novamente, interrompendo-o.

-Eu não mandei você ficar quieto?

Ethan andou até uma pequena barraca. Estava distraído e acabou esbarrando em uma jovem. Ela tinha a pele levemente bronzeada, olhos em um verde intenso e cabelos castanhos ondulados. Ela olhou para ele, surpresa.

-Perdão, senhorita. Eu a machuquei?

-Não se preocupe, estou bem. Obrigado pela preocupação. Helena. - ela estendeu a mão para ele, que prontamente a beijou.

-Ethan, Ethan Cole.

-Quanto cavalheirismo, afinal.

-Um cavalheiro para uma dama. - e sorriu.

-Você está flertando comigo?

-Você está flertando comigo? - ele repetiu a pergunta.

-O que eu devo dizer para ter uma resposta sua?

-Talvez me responder primeiro.

-Eu perguntei primeiro.

-Lembre-se: Primeiro as damas.

-Esperto. Acho que ambos sabemos as respostas para essas perguntas. É desnecessário que tenhamos essa conversa.

-De fato, senhorita Helena. Bom, posso lhe fazer uma pergunta?

-Por que não? Faça. - ela disse, sorrindo.

-O que uma jovem, tão bonita, faz aqui, desacompanhada?

-Não estou. Estou acompanhada.

-Noivo? Ou algum parente mais próximo?

-Como? Acho que não entendi.

-Com quem você está?

-Uma amiga.

-Duas garotas sozinhas? - Ethan riu.

-Não entendi a piada. Sim, uma amiga. Ela já deveria ter voltado.

-Desculpe se minha presença te incomoda. Devo me retirar?

-Eu agradeceria.

-Mais uma vez, perdão por esse… Inconveniente, senhorita.

-Não se desculpe, senhor.

-Ethan, por favor, senhorita.

-Eu chamo o senhor de Ethan se me chamar de Helena.

-Claro, Helena. Como eu disse, me perdoe. Com licença. - ele virou as costas.

-Ethan! - ela foi atrás dele após alguns passos e sussurrou para ele: - Diferente do que você pensou, Ethan, eu sou solteira.

-Eu também. - ele disse, sorrindo. E continuou andando. Parou, mas a frente, para conversar com alguns amigos.

Melissa e Eric ainda estavam próximos as árvores, conversando.

-Pode me dizer as horas, Eric?

-Sim. - ele puxou o relógio de bolso – São sete horas. Por que?

-A Helena está me esperando, desculpa. Tenho que ir. Por favor, não podem suspeitar do nosso romance. Aquele seu amigo..

-Calma! Tudo bem, ele é confiável. E a Helena? Sabe?

-Claro que sabe, Eric. Confio minha vida e minha alma nela.

-Então o nosso segredo está bem protegido, minha querida. Não quero te trazer problemas. Vá, até o nosso próximo encontro.

-Já sinto saudades. - ela o beijou.

-Já comecei a sentir quando disse que precisava ir.

-Até, Eric. Pense em mim.

-Não consigo pensar em outra coisa. - disse ele, segurando as mãos dela entre as suas.

-Eu também não consigo. Sonhe comigo.

-Não poderia sonhar com algo mais lindo, Melissa.

-Tenho que partir, meu amor! Adeus.

-Adeus, querida. - e ela foi, andando rápido entre as pessoas para o outro lado da praça. Eric ficou lá, em silêncio, pensando na amada. Poucos minutos depois, Ethan voltou segurando alguns livros e uma pequena bolsa atravessada no peito.

-Eric, meu amigo. Acho que vou voltar para casa.

-Vamos, então. Mas, o que houve?

-Conheci uma garota. Ela era... Era perfeita.

-Sabe o nome dela, ao menos?

-Sim, eu sei. Helena.

-Espera! Helena? Qual o sobrenome dela?

-Eu não sei, Eric.

-Ethan, ela tinha os cabelos castanhos ondulados e os olhos verdes?

-Sim! Você a conhece?

-Não pessoalmente. Mas eu sei quem é. Ela é Helena Hawthorne, filha do Duque Alexander. A Melissa é empregada dela.

-Que coincidência!

-Ethan, você não entende. Ela é prometida para outro homem.

-Ela disse que era solteira.

-Por enquanto. A Melissa me disse que ela foi prometido a Arthur Caldwell.

-Arthur Caldwell? Irmão de Samuel Caldwell?

-Exatamente. Por que?

-Conheço o irmão dele, já trabalhamos juntos alguns anos.

-Não, você não vai conseguir convencer ele a desistir da Helena.

-Eu não disse que iria tentar.

-Eu te conheço, Ethan, e sei o que você está pensando. Eu não vou deixar você falar com Samuel. Os Caldwell são mercenários. Aposto 20 libras que ele apoiaria o irmão.

-Certo, não vou insistir.

Melissa caminhava para o ponto onde deveria encontrar Helena, mas alguém a segurou firme pelo braço e ela se virou para ver quem era. Um homem alto estava atrás dela, segurando-a. Ele era sério, tinha traços duros e um olhar cínico. Seus olhos eram em um azul pálido e seu cabelo era em um tom bem escuro de loiro, quase castanho.

-Arthur. - ela disse, firme. Ela resistia a vontade de dar um tapa nele em público por sua agressividade – Já pode soltar meu braço.

-Desculpe, Melissa. - ele soltou e acariciou o cabelo dela, que o repeliu.

-Não me encoste! - disse ela, quase gritando – O que você quer?

-Nada. Só posso falar com você se eu quiser algo em troca?

-Você só fala comigo quando quer algo em troca, Arthur. Fale logo!

-Assim você me ofende! - ele esperou ela responder. Ela simplesmente cruzou os braços. Ele deu um sorriso sem graça e continuou – Quero que você entregue isso para a Helena. Poderia me fazer esse favor? - e mostrou a mão com uma embalagem simples, com um fio dourado e uma rosa azul.

-Arthur, você não pode forçar a Helena a te amar.

-Eu não quero forçar, eu quero conquista-la. Por favor.

-Certo, eu acho que posso fazer isso. - e pegou a caixa da mão dele.

-Muito obrigado, Melissa. Eu não sei como te agradecer.

-Não agradeça. - ela virou as costas e andou. Alguns metros depois, encontrou Helena.

-Melissa! - ela disse - Onde você estava? Estava com ele?

-Poderia estar com outro? - e trocaram olhares cumplíces – Bom, Helena. Encontrei, infelizmente, com Arthur. E ele praticamente me implorou para te entregar isso. - e entregou a caixa com a flor – Desculpe, não sei o que é.

-Não importa. Tenho que te contar uma coisa. Conheci um homem hoje. - ela disse, quase sussurrando – Senti uma sensação estranha falando com ele. Como se eu quisesse permanecer naquela situação, naquela conversa, para sempre.

-Minha senhora está amando? - perguntou Melissa, sorridente.

-Eu não o conheço. E devo me casar com Arthur. Eu não posso.

-Arthur. Arthur, se realmente te amar, vai querer sua felicidade.

-Ele só quer se casar comigo por causa da posição do meu pai. O negócio da família lucraria muito se tivesse o duque como um investidor. Ele não me ama.

-Não paraceu isso hoje, quando eu o encontrei.

-Melissa! Aquilo era uma óbvia atuação.

-Ele disse que só se casaria com você quando a conquistasse.

-Ou desse dinheiro o bastante para meu pai para me "conquistar".

-Helena. Nos conhecemos desde que éramos crianças. Eu só sou sua empregada porque eu fui a única garota que realmente se dispôs a te servir. Eu sou sua amiga desde que me lembre do que significa essa palavra. A Helena que eu conheci era uma garota que acreditava que qualquer um poderia amar.

-Era uma Helena afogada em romances. Minha mãe me mostrou que homens não amam. Homens negociam.

-E o Eric? Você quis dizer que ele não me ama?

-Eu não quis dizer isso, Melissa.

-Você disse isso. Desculpe, Helena, mas eu acredito que ele me ame.

-Perdão, Melissa. Eu passei algo diferente do que eu queria dizer.

-Não, não. Você disse o que acredita. Eu digo o que eu acredito.

-Eu falei no calor da discussão, minha amiga.

-As verdades são ditas nessas horas. Continue falando sobre o homem. Sabe o nome dele? Como se encontraram?

-Você ainda consegue se preocupar comigo depois de uma quase briga?

-Seria esse o mais ridículo motivo para que eu parasse de me preocupar com você. Somos amigas, Helena.

-Melhores amigas, Melissa. Não se esqueça.

-Não mude de assunto, Helena! Fale sobre ele.

-Eu estava andando por algumas bancas de flores e ele esbarrou em mim. Tivemos uma conversa curta e nos desculpamos. Insistimos um ao outro para nos chamarmos pelos nossos nomes.

-Qual o nome dele?

-Cole. Ethan Cole.

-Estranho. - pensou Melissa.

-O que é estranho? - perguntou Helena, confusa.

-Nada. Esse nome é familiar.

-Realmente, é algo estranho. Você deve ter lido sobre ele em algum lugar. Ou o conheceu, talvez. Essas coisas acontecem.

-Sim. Estou com fome, Helena. Podemos comprar algo para comer?

-Claro. Vamos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "No Limite do Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.