Utakata Hanabi escrita por aa


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

O nome original é "Um romance açucarado demais, ou talvez seja apenas o seu nível de açúcar que esteja alto".O nome Utakata Hanabi foi posto porque o conto foi criado enquanto eu escutava essa música.Espero que apreciem e gostem desse romance.



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Nossa história começou com um desajeitado “olá”. Eu fiquei envergonhado e você, com certeza, deve ter me achado um idiota completo; e eu não a culpo nem um pouco. Cara, como eu me envergonho daquilo. A vida é cheia desses momentos de infortúnio e temos que aprender a lidar com eles.

Mesmo sabendo que as chances de tê-la em meus braços eram completamente nulas, eu segui a acompanhando em todos os seus passos; vibrava com as suas vitórias e entristecia-me com os seus fracassos. Só eu sei o quanto sofria ao te ver triste. Os meus dias de observador apaixonado foram sendo cada vez mais numerosos.

Já se passaram seis meses desde o início das aulas. Já se passaram anos desde que a amo e a desejo. Não aguento mais viver assim. Preciso fazer algo. Preciso me declarar.

Naquele dia meu coração foi despedaçado em milhões de fragmentos destituídos de felicidade e repletos de dor e angústia. Um buraco se abriu em meu peito. Parecia que meu coração não estava mais lá, parecia que realmente tinha se despedaçado. A dor de ver a pessoa que você mais ama se entregando a outro alguém que nunca a amará tanto quanto eu, é incomparável. É uma dor que eu jamais imaginei que pudesse existir. Eu estava mergulhado nela. Então meus dias de angustia e tristeza iniciaram-se e não pareciam ter mais fim.

Meu coração ferido parecia que nunca mais cicatrizaria. Minha ferida de amor parecia ser eterna. Mas no fundo, bem lá no fundo havia uma ponta de felicidade que me atravessava e diminuía o meu sofrimento mesmo que fosse por breves momentos. Eu me alegrava por você estar sendo feliz, mesmo não sendo eu, estava feliz por você. Sua felicidade, isso é o que importa para mim.

O tempo passou, nos aproximávamos do fim do ano. Meu coração ainda doía, mas finalmente, parecia que estava se curando. Eu deveria seguir em frente, já que você estava seguindo. Nunca me importei de te amar, mesmo você mal sabendo da minha existência, mas te amar, sabendo que estava com outro, era algo que parecia tão errado e que eu não poderia suportar.

Nos dias que se passaram eu a vi chorando. Ainda que tivesse tomado a decisão de não te amar mais, simplesmente não conseguia, de forma alguma, deixar de prestar atenção a qualquer coisa que dizia respeito a você. Eu constatei algo: você estava chorando por alguém que não te merecia. Eu tinha vontade de ir falar com você, te animar, te consolar, mas sabia que faria algo errado e estragaria tudo, como sempre faço. Sou proeminente nessa arte.

Estávamos cada vez mais próximos do fim do ano e você cada vez mais triste. Aquilo dilacerava o meu coração, eu tinha vontade de espancar aquele cara! Mas eu não deveria me envolver, você parecia gostar dele e se importar, mesmo eu sabendo que ele é um babaca por não dar valor a uma pessoa incrível como você. Me partia o coração ver aquela cena: você tentando ser forte durante as aulas e chorando nos intervalos. Eu senti uma dor gritante dentro de mim. Ver a pessoa que você mais ama ser infeliz e não poder fazer nada. Talvez eu pudesse fazer algo, mas, com certeza, não deveria.

A última semana de aula chegou. Era uma pena que a nossa dor continuasse a aumentar. As aulas chegavam ao fim, assim como o meu bom senso. Antes que tivesse tempo para pensar, antes que tivesse tempo para voltar atrás eu agi. Você estava chorando e suas amigas estavam ao seu redor, tentando te consolar inutilmente. Eu cheguei para você e disse: ”Ei... não chore, Akemi-san!”. Você me olhou espantada e com os olhos cheios de lágrimas, aquilo partiu meu coração, mas eu não podia mais retroceder. “O que pensa que está fazendo, seu esquisito?!”, foi o que uma de suas amigas disse. Eu a ignorei, fiquei esperando pela sua reação, para a minha felicidade, você também a ignorou. E olhava de um jeito que me incentivava a prosseguir. Finalmente eu tomei coragem e disse o que precisava ser dito!

“Você é uma garota incrível! Sério, que tipo de garota é inteligente, entende sobre arte, literatura, música e jogos. Que tipo de garota sabe tanto de jogos quanto você. As suas qualidades são únicas. Você é única. Então, por favor, não chore por alguém que não te merece. Alguém que te faz sofrer.”, eu disse aquilo que estava dentro do meu coração. Não deveria, mas eu fui além, disse coisas que eu nem sabia que tinha coragem para dizer. “Se você me desse uma chance eu te faria a garota mais feliz do mundo. Porque acredito que ninguém jamais te amará tanto quanto eu.”, uma de suas amigas me olhou horrorizada, a outra, com raiva. “Como se atreve a falar algo assim, lixo miserável?!”. Naquele momento eu percebi que eu havia estragado tudo. Como sempre. Você me observando com espanto era demais para mim. Eu não conseguia mais ficar lá. Fui tentar te ajudar e acabei ferrando mais ainda com tudo! “Me desculpe! E-eu não quis falar essas coisas!”, foi só o que consegui dizer antes de sair correndo daquela sala.

Você veio atrás de mim, eu pude ver ao olhar para você uma última vez antes de sair pela porta. Suas amigas ficaram sem reação ao ver você arrastar a carteira para o lado e sair correndo logo em seguida. Eu não sabia o que queria, mas poderia imaginar. Acabaria comigo, dizer coisas que eu não suportaria ouvir. Eu precisava fugir, precisava me esconder. Precisava ir para bem longe de tudo. Desci aquelas escadas a uma velocidade incrível com o coração partido e com você atrás de mim, gritando “Espera”. Tive a sensação de que ouvi me chamar pelo nome, mas isso era loucura, era impossível que soubesse o meu nome. Eu estava ficando maluco. A dor estava me enlouquecendo.

Finalmente eu saí da escola e vi a rua. Tinha certeza que a atravessando estaria livre de tudo e de todos. Talvez eu estivesse certo. Nunca saberei. Eu estava lá. No meio da rua. Um caminhão veio em minha direção. Sem chance. Eu não tinha tempo para desviar. Akemi-san estava na porta. Sinto muito que tenha que ver isso. Adeus. Eu só tenho tempo para me arrepender.

Esses são os meus arrependimentos: me arrependo de ter sido um completo idiota enquanto estava vivo; me arrependo de não ter me declarado antes; me arrependo de não te feito as coisas diferentes; me arrependo de não ter sido pelo menos seu amigo; me arrependo de ter sido incapaz de a consolar; me arrependo de ser o que provavelmente será a primeira pessoa que você verá morrer. “NÃO!”, eu pude ouvir você gritando horrorizada da porta da escola. Meu coração se partiu pela última vez antes que o caminhão me golpeasse com um barulho de pneu queimando no asfalto.

Eu fui arremessado. Não sei quantos metros. Minha cabeça acertou o chão com força. Neste exato momento sentia o sangue escorrendo. Estava tonto. Tudo estava se apagando. Eu estava morrendo na sua frente, Akemi. Me perdoe. Vou ficar observando os céus. Não quero morrer vendo o seu rosto de pavor. Me perdoe mais uma vez. Sou incapaz de falar, mas não quer dizer que não me arrependo.

Só vejo escuridão. Está é a morte?

Parece que uma era se passou. Essa deve ser a eternidade da morte. Algo incomoda os meus olhos. Algo... algo do tipo... não sei... uma luz, talvez... Eu abri meus olhos e vi a face de um anjo triste me observando com cara de choro. Demorei até assimilar aquela imagem. Não era um anjo. Era Akemi, ela me observava com alegria, eu pude notar. Mas o que ela fazia aqui? Teria ela morrido também?

“Você também morreu? Me desculpe! Você morreu por minha causa?”, ela riu ao ouvir a minha voz. Aquilo aqueceu o meu coração. Quase fez com que a dor latente da minha cabeça desaparecesse.

“Eu não estou morta, e nem você está, Matsuda. Embora a sua cabeça tenha quase se quebrado e você tenha perdido bastante sangue, além de ficar desmaiado por tipo, um mês. Cara, você dorme mais do que um urso!”, ela riu ao falar aquilo. Depois se calou. Eu percebi que ela havia se sentido mal por ter brincado com o meu acidente.

“Eu precisava de um cochilo. Estava exausto”, fiz uma pausa e lembrei dos meus parentes. “Sabe onde está a minha família?”

“Eles vem aqui todas as noites. Faltaram muito ao trabalho, quase foram demitidos.”

“Não acredito que eles pediram para que cuidasse de mim”

“Não, de forma alguma, eu que me ofereci”

“E por que fez isso?”

“Bom, eu te vi apagar, então achei que deveria te ver acordar.”, ela me olhou de uma forma que nunca ninguém havia me olhado. “Nós temos muito o que conversar. Coisas aconteceram.”

Eu pensei que aquilo fosse um mal sinal, mas talvez eu estivesse sendo só o mesmo pessimista de sempre. Talvez fosse a hora de pensar positivo. Aquilo poderia ser o nosso verdadeiro começo. O começo que sempre quis e nunca tive a oportunidade. Bom, agora eu estava tendo. E deveria aproveitá-lo, afinal, Akemi havia terminado com o namorado. Agora ela sabia exatamente quem eu era e nos tornamos bons amigos. Mesmo que ela não me amasse do mesmo jeito que eu a amo, sei que tenho um espaço em seu coração. E quem sabe um dia, talvez um dia... de um simples espaço, eu consiga conquistar todo o seu coração.


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Notas finais do capítulo

Lindo ou triste? Bem, isso vocês decidem.Espero que tenham gostado. Por favor comentem dizendo o que acharam, a sua opinião é muito importante e me incentiva a continuar. Obrigado à todos e até a próxima!



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