Eternamente escrita por Mayara


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Oi amores.
Sei que prometi um capítulo no sábado, mas eu não tinha terminado o capítulo :
Como vocês gostaram do capítulo dividido entre a Emy e o Gabe, então eu irei fazer assim, ok?!
Hoje eu dedico para a Julia Vitória linda, que recomendou a nossa história e foi uma fofa! Ju, pra você! Gabe mandou um beijo!

Espero que gostem e comentem!
Beijos



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Eu estava acordando aos poucos, pois parecia que preguiça estava me dominando. Assim que abri completamente os olhos, senti falta do Gabe ao meu lado. Senti falta dos seus braços que sempre rodeavam a minha cintura, ou que sempre estava em meus cabelos.

Levantei-me correndo para procurá-lo, já que ele tinha que fazer repouso e não ficar andando por ai atoa.

Procurei por toda a casa, quando me dei conta de que ele poderia estar em um dos lugares que ele mais gostava: seu quarto. Dei duas batidas de leve na porta e entrei.

– Com licença! Gabe eu estava te procurando. – falei chegando perto dele, que estava de costas para mim.

– AH, eu fui tomar um copo de água e decidi subir para o quarto. – falou, sem ao menos olhar para mim.

– Está tudo bem?

– Sim. Estou ótimo.

– Sei... – falei sem acreditar.

Gabe tinha essa mania de tentar esconder as coisas que estavam o afligindo. Eu gostava que ele dividisse comigo as preocupações, mas ele sempre teimava em tentar esconder. E eu sei bem quando ele está mentindo.

Dei uma olhada no quarto dele, e não tinha mudado quase nada, a não ser pelas coisas jogadas no chão.

– Gabe você jogou isso aqui no chão? – perguntei preocupada.

– Não! Eu sem querer bati a mão e caiu. Meu pé deu uma fisgada e eu fui tentar me segurar em alguma coisa.

– O médico não pediu repouso? Então porque que raios você subiu pra cá? É óbvio que ele doer desse jeito. Você é um teimoso, cabeça dura, e não sabe seguir as ordens do os outros impõem pra você. Se eu falei para você descansar, você deveria fazer isso. Será que nunca me escuta? – falei brava. – Gabe estou falando com você! Gabe, Gabe...

Argh! Eu aqui falando, e ele nem ai pra mim. Eu odiava quando ele fazia isso. Fingia que me escutava, sendo que estava em outro planeta, ou pensando em alguma coisa, ou em mulheres. Argh! Mulheres...

– GABE! – gritei.

– Oi, você estava falando comigo?

– Imagina. Eu estava falando com o Chad. – brinquei, mas logo me arrependi pela cara que ele fez.

Uma coisa para se lembrar: nunca mais brincar com o Gabe usando o nome do Chad, senão ele vai ficar com essa cara fechada e estranha pra mim. Nunca mais!

– Nunca mais use o nome dele perto de mim. Melhor, nunca mais falaremos mais dele. – falou perto de mim e beijou a minha cabeça.

Eu não queria começar uma briga, então apenas concordei, mas sabendo que usar o nome do Chad seria impossível.

Olhando mais o quarto dele, tinha algumas coisas de quando éramos crianças. O porta retrato que eu dei para ele no natal ainda estava ali, no mesmo lugar de sempre. Espera ai, tinha muitas fotos nossas. Muitas mesmo. O quarto era cheio delas. Tinha de quando éramos crianças, da nossa adolescência, dos passeios, adultos e até de quando eu era um bebê.

– Gabe você é um maníaco? – brinquei, olhando o enorme painel com as nossas fotos?

– Por quê?

– Você tem mais fotos minhas do que da sua família. – falei rindo.

– Porque a minha família é onde você está. – disse olhando para mim sorrindo docemente.

Pode alguém sair do modo muito bravo, para o modo fofo demais? Quero morder! Gabe tinha essa capacidade incrível de mudanças repentinas, e olhem que ele não era bipolar.

– Para, senão eu choro. – falei brincando.

– Sem choro, por favor. – falou rindo.

Agora era o Gabe modo engraçado. Só ele mesmo.

– Gabe você lembra-se das vezes que brincamos aqui? De cabaninha, de pular na cama, pique esconde e de várias outras brincadeiras?

– Claro que lembro. Foi a melhor época da minha vida! Nós não tínhamos preocupações, e nem pessoas atrapalhando a nossa vida. Era apenas e você contra o mundo!

– Verdade. Nós éramos imbatíveis.

– Sempre seremos princesa. – falou sério.

Ok! Esse assunto estava ficando estranho. Acho melhor mudarmos.

– E então, o que quer fazer o resto do dia?

– Você que sabe. O que você quiser fazer, eu faço.

– Primeiro nós vamos comer, e depois vamos vegetar em frente da TV. Pode ser?

– Tudo o que você quiser. – falou pegando a minha mão e saindo do quarto.

Após o nosso pequeno almoço, fomos assistir filmes de praticamente todos os gêneros.

– Já assistimos de ação, aventura e até romance. Agora falta assistirmos o melhor de todos: terror. – falou com aquela voz de filme de terror, que ele sabia que eu tinha medo.

– Ah, não! Eu morro de medo de filme de terror!

– Não precisa ter medo. E, vamos lá! Eu assisti romance mesmo não gostando.

– Você não gosta, é diferente de ter medo.

– Eu estou aqui pra você, princesa.

– Tudo bem! Mas sem fazer aquelas suas gracinhas depois, hein!

– Sem gracinhas. – falou indo em direção ao DVD, e colocando a minha tortura.

Já estava no meio do filme, e eu já estava ficando rouca de tanto que eu já havia gritado. Porque será que eles fazem filmes de terror? Ainda mais de exorcismo? Deus que me livre!

Gabe estava tranquilo e até ria dos meus sustos. Para ele era diversão, pra mim era tortura. Mas o que eu não faço por ele, não é?!

– AHHH! – gritei morrendo de medo.

– Calma, calma. Estou aqui!

– Eu vou desistir desse filme, Gabe. Estou com muito medo!

– Não vai não! Vem aqui, pode me abraçar.

Gabe me puxou para os braços fortes dele. Minha cabeça estava em seu peito definido, e o cheiro impregnava o meu nariz. Deus, que cheiro era aquele? Gabe exalava masculinidade, e isso estava mexendo de alguma forma a minha cabeça.

Olhei para cima, e Gabe me olhava estranho. Eu percebi certa escuridão, mas ao mesmo tempo tinha um brilho diferente. Ele foi chegando perto de mim, e não parava de me olhar, nem por um segundo sequer. Sua respiração estava quente e bem próxima da minha boca.

– Gabe... – soltei um gemido ao sentir sua respiração próxima demais.

– Emy, eu...

– Você...

Ele ficou me olhando por alguns segundos torturantes. Mas logo se afastou e fitou a TV.

– Vamos acabar de ver o filme, não é?! – falou sério.

– Claro.- falei sem jeito.

O que tinha acabado de acontecer ali, ou melhor, o que poderia ter acontecido ali? Um beijo? Deus, eu queria um beijo, e muito! Mas algo em mim gritava que era errado, que eu iria sair machucada daquilo. Meu medo estava se igualando a vontade de ficar uma vez com o Gabe. Deus! Acho melhor para com isso antes de fazer alguma besteira.

Depois de alguns minutos, e eu nem prestei atenção direito no resto do filme, nós fomos dormir. Mesmo com medo eu fui para o quarto que tem ao lado do quarto do Gabe. Tomei um banho relaxante e deixei que a água esfriasse a minha cabeça. No meio da madrugada o vento fazia um barulho na janela de dar medo. E aquele filme vinha na minha cabeça. Eu sabia que não tinha sido uma boa ideia ficar vendo aquelas cenas horríveis. Sabia que depois eu iria morrer de medo e não iria conseguir dormir. Será que só eu, mesmo não sendo criança, tenho medo na hora de dormir? O único que sempre me acalmou quando eu tinha esses medos essa o Gabe. Ele sempre soube me acalmar, e com ele eu me sentia protegida. Quantas vezes eu fiquei com medo de filmes e eu corria para ele. Será que eu teria que fazer isso essa noite? É... Eu acho que sim.

Peguei o meu travesseiro e a coberta e para o quarto dele. Entrei sem bater para ele não acordar com as minhas batidas. O quarto estava um pouco iluminado por causa do abajur e ele estava coberto.

– Gabe? Gabe você está dormindo? – perguntei baixinho.

– Não estou dormindo. Está tudo bem? – perguntou preocupado, levantando-se correndo.

Cueca? Jesus! Ele estava de cueca! E era branca e bem apertada. Dava para ver o tamanho mesmo assim. Porque raios ele dorme só daquele jeito? Ah, Emy, isso não é problema seu. Ele dorme do jeito que ele quer garota! Pare de ser uma safada!

– Emy, pare de babar!

– Eu... Eu... Eu não estou babando. – falei séria e gaguejando.

– Mas está olhando que eu sei. – falou rindo.

– Claro que não!

– Não precisa ficar com vergonha. Até pelado você já me viu. De cueca é fichinha, vai!

– Posso falar?

– Sou todo ouvido.

– Posso dormir aqui?

– Claro que pode. Mas porque você quer dormir aqui?

– É... Eu estou com medo. – falei baixo.

– Medo? Eu te falei que não precisava ter medo.

– Mas você sabe que eu tenho.

– Tudo bem. Vamos deitar aqui.

Deitamo-nos e eu me cobri rapidamente ao escutar o barulho do trovão.

– Ei, estou aqui. É só um trovão.

– Ok. É só um trovão. – falei para mim mesma.

Eu fiquei ali no silêncio, quando de repente eu sinto uma mão pegando a minha cintura, e me puxando para mais perto.

– Gabe...

– Só não quero que você sinta medo. – falou em meu ouvido.

Não falei nada, até porque o que eu iria falar depois daquilo.

Ele começou a acariciar os meus cabelos e algumas vezes passava a mão em meu pescoço. Senti um arrepio fora do comum, e segurei a minha respiração. Se com carinho é bom, imagina a pegada dele. Deus! Ele deve ter pegada. E muita. Estava tão bom que nem percebi quando apaguei.

Acordei com um pouco da claridade que tinha no quarto. Tentei me virar para vê-lo, mas senti algo cutucando as minhas costas. E quando coloquei a mão, tirei correndo e arregalei os olhos.

– Senhor! Isso é... Está duro! E muito mesmo! Ele estava... Excitado! O que eu faço? Cutuco ele? Mas se eu fizer isso, o negócio de lá vai se mexer e não é legal. Acordo ele? Ah, não sei. Acho que ou fingir que estou dormindo que é melhor. – falei baixo.

Fiquei imóvel por mais alguns minutos, até que eu senti que ele estava desencostando de mim e se levanta rapidamente para tomar banho. Sem pensar mais um segundo, eu saio e vou para o quarto para me arrumar.

Assim que eu acabo de me arrumar saio do quarto para tomar um bom café. Dou de cara com o gabe tentando descer as escadas e eu corro para ajudá-lo. Após tomarmos o café tranquilamente, o que eu achei maravilhoso, pois pelo menos os meus pensamentos não foram para aquilo, percebemos um movimento do lado de fora da casa e nos demos conta que eram os nossos pais. Gabe apostou comigo que a madrinha e a minha mãe ficariam malucas ao saber do seu machucado. E foi dito e feito. Assim que a madrinha chega à cozinha, percebe uma faixa no pé do Gabe e vai logo perguntado o que aconteceu. Assim que acabamos de contar ela consegue parar de se preocupar um pouco.

Nossos amigos foram visitar o Gabe, e acabamos combinando de sair qualquer dia da semana.

– Então a gente combina qualquer dia dessa semana, já que vocês estão de férias. – falou o Alex.

– Combinado. – confirmou Gabe.

– Emy, tem uma competição de dança que é super legal. É muito bom! Eu e as meninas já fomos, e nos divertimos muito! – Lis falou.

– Jura? Então nós podemos ir também qualquer dia. O que acham?

– Iremos adorar.

– Se quiser eu posso acompanhar vocês. Se você quiser dançar Emy. Porque irá precisar de um acompanhante para a dança.

– Ela não vai precisar Chad. Eu posso dançar com ela. – Gabe falou sério.

– Você não pode, Gabe. Esqueceu que está com o pé machucado?

– Não, eu não me esqueci. Mas pela Emy eu danço até com dor. E meu pé está até melhorando.

Chad não quis entrar em discussão e calou-se. Graças a Deus!

Depois que todos foram embora, e eu e Gabe ficamos conversando. Durante o jantar, meus padrinhos comentam que irão fazer uma festa para comemorar o aniversário de casamento dos dois. Claro que nós ficamos felizes e a minha madrinha ordenou que eu ajudasse com a festa.

– Claro que eu irei ajudar. A festa será perfeita!

– Com certeza, minha querida. Quero a ajuda da minha comadre e da minha afilhada. Você também pode ajudar Gabe.

– Eu não sei se será uma boa ideia. Não sei fazer nada.

– Você pode ficar com as músicas, Gabe. Eu posso até te ajudar. – Ofereci-me sorrindo.

– Se você vai me ajudar, então tudo bem.

– Fechou.

Ficamos conversando sobre a organização da festa, até que eu escutei o meu celular apitar. Peguei achando que era uma das meninas.

– Meu Deus, é o George!

Gabe olhou para mim, e depois para o celular. Seus olhos escureceram e ele deu um murro na mesa.

– Gabe o que é isso? – perguntou o meu padrinho.

Gabe não falou nada e apenas olhou pra mim.

– Filha, quem é George?– minha mãe perguntou.

O que eu faço agora? Como vou falar quem é George? Pensa Emy, pensa...

Gabe

Eu estava parado em frente ao enorme painel de fotos. Vários momentos vieram na minha cabeça. Dizem que as fotos são o melhor meio para guardarmos as nossas lembranças, e eu concordo com isso. Mas eu posso dizer que a minha memória é melhor. Lembro-me de cada momento, de cada sorriso dela, da primeira vez que peguei em meus braços. Da primeira vez que ela sorriu pra mim, da primeira palavra. Todos esses momentos estavam em minha memória e em meu coração. Eu sempre estive em seu lado, e sempre estarei. Até o último dia da minha vida! Sou egoísta demais para deixá-la ou para deixar alguém machucá-la. E eu não irei deixar ninguém atrapalhar o que nós temos e construímos com o tempo.

Escutei duas batidinhas inconfundíveis na porta, e eu sabia muito bem quem era.

– Com licença! Gabe eu estava te procurando. – a princesa falou com aquela voz doce.

– Ah, eu fui tomar um copo de água e decidi subir para o quarto. – menti. Era óbvio que eu não iria falar da minha briga com o paspalho.

– Está tudo bem?

– Sim. Estou ótimo.

Não, eu não estou bem!

– Sei... – falou.

Eu sabia que ela não havia acreditado em mim. Ela me conhecia como ninguém. Acho até melhor do que eu mesmo. Emy odiava quando eu escondia as coisas dela. Muitas vezes chegamos a brigar por causa disso. Mas eu era assim. Não gostava de deixá-la preocupada.

Ela ficou olhando o quarto, e foi ai que me dei conta que ela iria ver as coisas caídas. Droga! Nem deu tempo de arrumá-las.

– Gabe você jogou isso aqui no chão? – perguntou preocupada.

– Não! Eu sem querer bati a mão e caiu. Meu pé deu uma fisgada e eu fui tentar me segurar em alguma coisa. – disfarcei.

– O médico não pediu repouso? Então porque que raios você subiu pra cá? É óbvio que ele doer desse jeito. Você é um teimoso, cabeça dura, e não sabe seguir as ordens do os outros impõem pra você. Se eu falei para você descansar, você deveria fazer isso. Será que nunca me escuta? – falou brava. – Gabe estou falando com você! Gabe, Gabe...

Deus! Como ela é linda desse jeito bravinha. Acho que ela ficava cada dia mais linda. Seus cabelos bagunçados, seus olhos azuis, que por vezes me perdi na imensidão. Sua pele maravilhosa, seu rosto angelical, mas seu corpo do pecado. Ela era a perfeita imperfeição. Era perfeita para mim! Eu era um sortudo! Ela vale mais do que qualquer prêmio. Mais do que qualquer coisa valiosa no mundo. Eu daria a minha vida por ela sem pensar. Eu não sei vivem em um mundo sem ela. Não sei pensar sem ela. Acho que serei um nada. E ela continuava falando, e eu só sabia ficar admirando como ela ficava brava. Sua pele ficava um pouco avermelhada, seus olhos arregalavam, ela fazia gestos com as mãos, e algumas caretas. Mas isso só me fazia ver o quanto ela era perfeita.

– GABE! – gritou.

Ela me tirou do transe, e sei que vem bronca por ai. Emy odeia que quando ela está falando eu fico no mundo da lua. Ela deve pensar que eu fico imaginando outras mulheres, mas mal sabe ela o que eu fico pensando.

– Oi, você estava falando comigo?

– Imagina. Eu estava falando com o Chad.

Pronto, ela acabou de estragar o meu humor. Odiava quando ela se lembrava dele. Ela tinha que esquecer. Chad é passado! E não deve ser dito nem em brincadeira.

– Nunca mais use o nome dele perto de mim. Melhor, nunca mais falaremos mais dele. – falei perto dela, e beijei a sua cabeça.

Eu não queria começar uma briga, então me segurei para não falar demais.

Ela ficou olhando mais o quarto, e fixou os olhos no painel de fotos.

– Gabe você é um maníaco? – brincou, olhando o enorme painel com as nossas fotos.

– Por quê?

– Você tem mais fotos minhas do que da sua família. – falou rindo.

– Porque a minha família é onde você está. – falei sorrindo.

E era a mais pura verdade. Sem ela eu não tenho nada. A minha família é ela.

– Para, senão eu choro. – falou brincando.

– Sem choro, por favor. – falei rindo.

– Gabe você lembra-se das vezes que brincamos aqui? De cabaninha, de pular na cama, pique esconde e de várias outras brincadeiras?

Como eu vou me esquecer? Quantas vezes eu a deixei ganhar de mim só para vê-la sorrindo. Das vezes que fiquei olhando ela rindo das minhas piadas. Nós não tínhamos preocupações. Não tínhamos ex-namorado atormentando a minha vida. Era apenas eu e ela.

– Claro que lembro. Foi a melhor época da minha vida! Nós não tínhamos preocupações, e nem pessoas atrapalhando a nossa vida. Era apenas e você contra o mundo!

– Verdade. Nós éramos imbatíveis.

E se depender de mim sempre será assim. Sempre.

– Sempre seremos princesa. – falei sério.

– E então, o que quer fazer o resto do dia?

Percebi que ela quis mudar de assunto. E eu achei até melhor.

– Você que sabe. O que você quiser fazer, eu faço.

– Primeiro nós vamos comer, e depois vamos vegetar em frente da TV. Pode ser? – perguntou.

– Tudo o que você quiser. – falei pegando a mão dela e saímos do quarto.

Após o nosso pequeno almoço, que estava maravilhoso, fomos assistir filmes de praticamente todos os gêneros. Já havia assistido de tudo, até de romance. E ela chorou no final e ficava falando o quanto era lindo. Olha o que eu não faço por ela.

– Já assistimos de ação, aventura e até romance. Agora falta assistirmos o melhor de todos: terror. – falei com aquela voz de filme de terror, que eu sabia que ela tinha medo.

– Ah, não! Eu morro de medo de filme de terror!

– Não precisa ter medo. E, vamos lá! Eu assisti romance mesmo não gostando.

– Você não gosta, é diferente de ter medo.

– Eu estou aqui pra você, princesa.

– Tudo bem! Mas sem fazer aquelas suas gracinhas depois, hein!

– Sem gracinhas. – falei indo em direção ao DVD, e colocando um dos piores filmes de terror que eu já tinha assistido.

Durante quase todo o filme ela gritou, mesmo nas cenas que não tinha nada aparecendo. Daqui a pouco ela iria ficar sem voz, e olhem que ela mais tampava o rosto do que assistia. Eu estava tranquilo e até achava engraçado vê-la assustada. Ela ficava ainda mais linda.

– AHHH! – gritou morrendo de medo.

– Calma, calma. Estou aqui!

– Eu vou desistir desse filme, Gabe. Estou com muito medo!

– Não vai não! Vem aqui, pode me abraçar.

Ela não iria ficar longe de mim de jeito nenhum.

Eu a puxei para os meus braços, e a sua cabeça estava encostando-se a meu peito. O cheiro de flores do seu cabelo impregnava o meu nariz. Deus, que cheiro era aquele? Eu estava no paraíso com ela em meus braços. Seu cheiro, seu corpo e ela estavam impregnados nas entranhas do meu ser.

Olhou para cima, e eu não pude deixar de olhá-la de um jeito diferente. A minha cabeça falava uma coisa, mas o meu coração falava outra. Não estava conseguindo me segurar, e fui chegando cada vez mais perto dela, sem conseguir desviar o meu olhar do dela. Minha respiração pesada estava falhando com a aproximação de nós dois. Cheguei perto da boca maravilhosa dela e pude a ouvir gemer o meu nome.

– Gabe... – soltou um gemido ao sentir sua respiração próxima demais.

– Emy, eu...

Eu... Eu não sei como me segurar mais. Acho que estou ficando malucou, ou...

– Você...

Fiquei olhando para a imensidão dos olhos mais profundos e verdadeiros que já vi. Eu não podia fazer isso. Mesmo querendo loucamente beijá-la, eu não poderia estragar o que temos há anos. Aquele desejo era loucura! Eu precisava transar, por isso estava a desejando. Eu precisava ficar com alguma mulher para tentar esquecer essa maluquice da minha cabeça

– Vamos acabar de ver o filme, não é?! – falei sério.

– Claro.

Eu senti que ela tinha ficado sem jeito, e que ela me desejava também. Por um momento eu fiquei feliz, mas logo me lembrei de que não iria conseguir dar o que eu sabia que era o seu sonho. Conhecia-a bem o suficiente para saber dos seus sonhos, para saber que o que ela mais quer é um homem para a vida toda. Um príncipe encantado. Eu estava mais para um ogro. E não iria dar certo. E estragar a nossa amizade era a última coisa que eu queria fazer na vida.

Depois de alguns minutos, e eu nem prestei atenção direito no resto do filme, nós fomos dormir. Fui para o quarto e fui direto para o banho. Coloquei a primeira cueca que vi e me joguei na cama, e tentei por várias vezes cair no sono e esquecer o que tinha acontecido.

No meio da madrugada o vento fazia um barulho na janela de dar medo, e eu sabia que ela tinha medo. Cheguei a pensar em ir até lá, mas se ela não veio até agora é porque deve estar tudo bem. Fechei os olhos, mas apenas para tentar voltar ao sono. Escutei uns passos e logo me veio ela na cabeça.

– Gabe? Gabe você está dormindo? – perguntou baixinho.

– Não estou dormindo. Está tudo bem? – perguntei preocupado, levantando correndo.

Na hora eu nem percebi que estava de cueca. Então só fui ver quando olhei a cara de espantada dela. Ela olhava sem piscar, e eu não iria perder a piada.

– Emy, pare de babar!

– Eu... Eu... Eu não estou babando. – falou séria.

– Mas está olhando que eu sei. – falei rindo.

– Claro que não!

– Não precisa ficar com vergonha. Até pelado você já me viu. De cueca é fichinha, vai!

– Posso falar?

– Sou todo ouvido.

– Posso dormir aqui?

Eu sabia que ela iria me pedir isso.

– Claro que pode. Mas porque você quer dormir aqui?

Era medo, com certeza.

– É... Eu estou com medo. – falou baixo.

– Medo? Eu te falei que não precisava ter medo.

– Mas você sabe que eu tenho.

Sabia mesmo. E posso confessar que estava adorando aquilo.

– Tudo bem. Vamos deitar aqui.

Deitamo-nos e ela cobriu-se rapidamente ao escutar o barulho do trovão.

– Ei, estou aqui. É só um trovão.

– Ok. É só um trovão. – falou para mim mesma.

Ela ficou ali no silêncio, e eu não queria que ela sentisse só. A cama era grande, mas eu sentia um vazio ao mesmo tempo. Puxei-a pela cintura para que ela fixasse mais perto de mim.

– Gabe... – ela falou assustada

– Só não quero que você sinta medo. – falei em meu ouvido, sentindo certo arrepio em mim.

Eu comecei a acariciar os cabelos longos dela e algumas vezes passava a mão pelo seu belo pescoço. Percebi que ela sentiu um arrepio, mas eu não iria parar, não agora que eu estava gostando daquilo. Quando eu fui ver, ela já estava dormindo. E eu fiquei deitado olhando para a bela mulher que estava comigo ali. Será que algum dia ela irá se apaixonar? Será que ela vai me deixar para ficar com outro? Eu sei que soou um pouco egoísta demais, mas eu não sei se deixarei ir com outro. Eu já me desfiz de um, que agora insiste em voltar. Mas e o outro? Esse outro pode ser o babaca do George, que eu adoro chamar de Geoffrey só para irritá-lo. Ele é um forte candidato, e parece que gosta dela. Mas gostar não é suficiente. Ele tem que amar, e isso só eu sinto. Porém é mais um amor de irmão, não é?! Claro que é! Eu dou graças que esse George está longe dela, e talvez até desencane da ideia de namoro e tudo mais. Se isso acontecer será o dia mais feliz do mundo pra mim. Fiquei ali em meus devaneios até o sono chegar e eu apagar.

Senti uma mão no meu amigão, e logo percebi que era a mão dela. Mas que diabos ela estava com a mão logo ali? Escutei-a falando algo bem baixinho, mas estava denso impossível de escutar. Olhei para baixo e percebi que o negócio estava armado. Meu Deus! Justo agora cedo? Que brincadeira é essa? Justo com ela? Com ela mesmo, amigão? Nem para ser com outra e em outro momento? Como eu vou sair dessa? O negócio estava realmente grande, e eu percebi que ela estava disfarçando. Então era eu fazer isso, ou não sairemos da cama hoje.

Fingi que estava acordando, e fui desencostando devagar. Corri para o banheiro e fiquei morrendo de vontade de rir.

– Você é um traidor, hein! Segunda vez que faz isso perto dela. Ela é nossa amiga, garotão. Zona proibida! E não olhe pra mim desse jeito. Iremos arranjar uma mulher logo, daquelas chatas, mas que pelo menos me faça parar de pensar besteira. Eu sei, e eu vou te ajudar amigo. O jeito que temos é eu voltar a ser adolescente, e me aliviar daquele jeito. Pode ser? Vai ter que ser.

Fui para debaixo do chuveiro e dei aquela aliviada que estava presa há um tempo. Merda, eu não fazia isso desde a adolescência, mas foi o único jeito. Vida sofrida! O duro foi que em alguns momentos eu pensei na princesa. Eu precisava tirar esse atraso pra ontem!

Assim que sai do banheiro, notei que ela não estava no quarto. Soltei a respiração e sai do quarto. Estava tentando descer as escadas, mas o maldito pé estava doendo, isso porque eu não tinha me machucado tanto. A princesa me ajudou e nem tocou no assunto durante o café. Estávamos acabando de comer quando escutamos um movimento lá fora. Demo-nos conta que eram os nossos pais. Apostei com a Emy que a minha mãe e a madrinha ficariam malucas ao saberem do meu machucado. E posso dizer que acertei? Sim, foi a primeira coisa que ela viu quando chegou.

Contamos tudo o que tinha acontecido, e a preocupação diminuiu um pouco.

Estávamos sentados na sala com os nossos amigos que foram ver como eu estava. Depois que contei o que o médico falou, eles ficaram brincando com a minha cara. A presença do Chad estava me incomodando, mas como eu não queria arrumar uma briga com a princesa eu decidi relaxar e ignorá-lo.

– Então a gente combina qualquer dia dessa semana, já que vocês estão de férias. – falou o Alex.

– Combinado. – confirmei.

– Emy, tem um lugar que tem uma competição de dança super legal É muito bom! Eu e as meninas já fomos, e nos divertimos muito! – Lis falou.

– Jura? Então nós podemos ir também qualquer dia. O que acham?

– Iremos adorar.

– Se quiser eu posso acompanhar vocês. Se você quiser dançar Emy. Porque irá precisar de um acompanhante para a dança.

Pronto! Quando eu achei que tudo estava em paz... Quando será que ele vai se tocar? Meu Deus! Será que está tão difícil assim? Meu aviso não foi o suficiente? Ele ainda insiste na Emy, e pior, se autoconvida para ser o parceiro dela. Nem por cima do meu cadáver!

– Ela não vai precisar Chad. Eu posso dançar com ela. –falei sério. Eu não era um ótimo dançarino, mas cheguei a aprender algumas coisas por causa da princesa.

– Você não pode, Gabe. Esqueceu que está com o pé machucado?

Quem te perguntou? Ah, tá... Ninguém!

– Não, eu não me esqueci. Mas pela Emy eu danço até com dor. E meu pé está até melhorando.

Entendeu idiota?! Chupa mais essa!

Chad não quis entrar em discussão e calou-se. Graças a Deus! Eu não queria acabar com a raça dele bem aqui na frente de todos.

Depois que todos foram embora, e eu e a Emy ficamos conversando. Durante o jantar, meus pais comentam que irão fazer uma festa para comemorar o aniversário de casamento dos dois. Claro que nós ficamos felizes e a minha mãe ordenou que a Emy ajudasse com a festa.

– Claro que eu irei ajudar. A festa será perfeita! – Emy falou feliz.

– Com certeza, minha querida. Quero a ajuda da minha comadre e da minha afilhada. Você também pode ajudar Gabe.

– Eu não sei se será uma boa ideia. Não sei fazer nada.

– Você pode ficar com as músicas, Gabe. Eu posso até te ajudar. – A princesa ofereceu sorrindo para mim. Claro que eu aceitei sem pensar.

– Se você vai me ajudar, então tudo bem.

– Fechou.

Ficamos conversando sobre a organização da festa, mesmo eu sem entender nada. Estávamos falando sobre o que alguns convidados que a minha mãe iria chamar, quando escutei a Emy exclamando alguma coisa.

– Meu Deus, é o George!

O que? Outro idiota que veio do mundo das trevas para tirar o meu sossego? Merda! Mil vezes merda! Olhei para o celular e vi que era realmente ele. Parecia ser uma mensagem, mas ele tinha retornado do mundo dos desaparecidos. Porque raios ele não ficou por lá? É claro, alguém deve estar brincando comigo, e mandando esses encostos para me atrapalharem. Eu nem pensei direito, quando dei um murro na mesa do jantar.

– Gabe o que é isso? – perguntou o meu pai.

Isso era a vontade que eu tenho de fazer com a cara desses idiotas.

Olhei para a Emy, que estava com a aparência assustada.

– Filha, quem é George?– minha madrinha perguntou.

Merda! Como vamos sair dessa? Como vamos explicar que o George é um encosto enviado por alguém para atrapalhar a minha sanidade e paz?! Como iremos falar que ele não é nada, sem eles desconfiarem de alguma coisa. Estamos ferrados! Ah, George, se eu te pego eu te mato!


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