Wyrda escrita por Brisingrrr


Capítulo 11
Brom, O Contador de Histórias


Notas iniciais do capítulo

Olá, Cavaleiros! (Ou elfos, anões, simples humanos, quem sabe até um Urgal...)
ME DESCULPEM! Faz 1 mês que não posto :( Por que? Porque a correria tá me sufocando. Mas aqui estou, e peço desculpas mesmo.
Mas, e como vão vocês? Espero que bem.
Ao(s) novo(s) leitor(es) (que eu sei que tem um novo por aí), seja bem-vindo e espero que goste de Wyrda.
Eu prefiro deixar pra falar as mil coisas que sempre tenho pra falar no final, então, até lá, e boa leitura!



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Acordou na manhã seguinte já recuperado. Ao voltar pra casa, não tentara inibir o efeito da bebida. Deixou que agisse, pois assim dormiria de imediato e não pensaria muito nas palavras de Alanna. Ao abrir os olhos, a claridade pedia passagem para o quarto. Sentiu Saphira, mas ela ainda estava adormecida.

Ele não podia negar, as palavras da elfa causaram um efeito sombrio. Agora, com a mente clara e os pensamentos livres, refletia tudo o que ela havia dito. Ela não defende a Menoa, ela defende a vingança de Linnëa, ele pensava enquanto tomava o desjejum. Além de tudo, a paixão com que ela dissera aquelas palavras, quase como uma devoção, era o que mais o surpreendia.

Ao lado da casa o som de pássaros chilreando tirou Eragon de seus devaneios.

Bom dia, pequenino, Saphira disse em sua mente e rugiu.

Bom dia, Saphira. Até hoje não entendo como os pássaros ainda vivem aqui, quando ao menor sinal de que você acordou eles já fogem, Eragon disse rindo.

Um grande predador é temido. E no meu caso, não só grande, mas gigantesca.

Você poderia ser mais cheia de si?, Eragon já estava mais do que acostumado com tais comentários.

O Cavaleiro terminou de se alimentar e saiu da casa, aquele seria um longo dia. Subiu no dorso de Saphira e como sempre, pediu seus conselhos. Contou ao dragão sobre Alanna e tudo o que ela dissera.

Que péssimo exemplo, o Mestre dos Cavaleiros se embebedando com faelnirv na casa de uma elfa, o dragão fingiu estar escandalizado.

Saphira, eu falo sério! O que acha das palavras de Alanna?

Eragon, eu não acho que seja algo de importância. A elfa é um tanto imaginativa e fez sua teoria para a história. Já vimos pessoas mais peculiares, não entendo o porque de sua preocupação.

Com isso, ele se calou. Afinal, ela estava certa, o que havia de mais naquilo? Nada. A elfa só tinha ideias malucas, nada com que se preocupar.

Ao chegar na Sede, Murtagh já o esperava. Estava encostado em uma pilastra e comia alguma fruta. Thorn estava afastado, os olhos vermelho brilhantes fitando o seu Cavaleiro.

— O que temos para hoje, Eragon? - Murtagh disse ao atirar o resto da fruta para Saphira, que abocanhou no ar.

— Alguns Torneios que organizei. Arco e flecha, espada, desafios...

— Entediante. Mas está sozinho, então o perdoo, e o evento de amanhã compensa o de hoje — sorriu para o irmão — Além disso, eu parto amanhã, então aproveite minha breve companhia.

— Você anda tendo aulas com Saphira? — ambos riram, e Eragon entrou na Sede.

Era estranho vê-la tão monótona. Geralmente, os Mestres e Feiticeiros zanzavam por ali todo o tempo, os dragões enfiavam as cabeças pelas janelas e lá fora, Cavaleiros andavam para todo lado. Mas nesses dias que eles estavam livres, quase não passavam por ali.

— E como foi o encontro com a elfa? — Murtagh escondia um sorriso, mas não passou despercebido por Eragon.

— Que encontro? Não me lembro disso. Lembro apenas de ter visitado Alanna, nada mais — queria parecer sério, mas escondia um sorriso também.

— Entendo. Então, como foi a visita? — ele fez questão de enfatizar a última palavra.

— Alanna é... peculiar. Tem ideias curiosas, mas foi agradável.

Murtagh apenas sorriu, sem estender o assunto.

A manhã passou logo, com os irmãos conversando e Eragon respondendo uma carta vindo de Surda, tratando assuntos cotidianos e ambos estavam ansiosos por notícias da Alagaësia. Depois, quando os Cavaleiros já estavam reunidos no Pátio iniciaram as atividades do dia.

Como uma tradição, elfos se destacavam com o arco e flecha, e não foi diferente naquele dia. O dia correra tão rápido, que quando Eragon notou, o céu já escurecia. Sentaram então, em uma roda em torno de uma fogueira acessa por magia e contaram histórias. Anões falaram sobre seus deuses, Urgals contaram histórias de coragem, elfos descreviam suas florestas e os humanos contavam lendas há muito esquecidas. Quando as falas envolviam mistério o efeito era reforçado pelas sombras das chamas bruxuleantes da fogueira. Ouviram-se histórias dos Ra'zac, de feras já esquecidas, de dragões, de animais terríveis que se embrenhavam pela escuridão e de tempos tão remotos que nem mesmo os dragões podiam se lembrar. E estes, os dragões, espalhados entre o pátio, vez ou outra acrescentavam comentários ou rugiam à menção de seus ancestrais.

Como já era de se esperar, quando as histórias cessaram, os olhos de todos Cavaleiros se voltaram para os irmãos. Todos sabiam de cor as histórias vivenciadas por eles, mas nunca cansavam de ouvi-las. E se elas fossem contadas ali, pelos dois irmãos, seria algo inédito. Os Cavaleiros se agitaram com a oportunidade.

— Vocês não nos deixarão sair daqui sem contar alguma coisa, não é? — Eragon disse e os Cavaleiros riram, confirmando.

— Sobre o que querem ouvir? — Murtagh questionou, e vários Cavaleiros se manifestaram.

— Eu sei do que podemos falar: a pessoa que permitiu que estivéssemos aqui. Bom, nessa jornada, muitas pessoas foram importantes e com papel essencial na vitória, mas eu acho que ele merece destaque — Eragon passou os olhos pelos Cavaleiros e parou em Murtagh que sorria, ele sabia de quem ele falava — Cavaleiros, hoje vocês ouvirão sobre Brom, o Contador de Histórias, Cavaleiro de Dragão, criador dos Varden e meu pai.

Os Cavaleiros endireitaram a postura, atentos. Sempre ouviram falar de Brom, mas não por Eragon. Murtagh fez a chama da fogueira aumentar, fazendo com que uma fumaça espiralasse e nela aparecesse o rosto sábio de Brom. Eragon sorriu, pego de surpresa. Logo ele fez a fumaça dissipar-se e as atenções voltaram para o Mestre.

— Nascido na cidade isolada pela Espinha, Kuasta, mantinha costumes diferentes. Ainda na infância teve a benção de se tornar Cavaleiro de um dragão, também chamado Saphira — ele olhou para seu dragão, que o fitava com enormes órbitas azuis — ele a amou mais do que a si mesmo. Partiram então para Ilirea para serem ensinados, e tiveram como tutores Oromis e Glaedr...

Assim como nós, Saphira disse na mente de todos.

— E durante o aprendizado, Brom teve o infortúnio de se aproximar de Morzan... — foi Murtagh quem completou — meu querido pai.

— Brom idolatrava Morzan, considerava-se inferior, e Morzan sempre aproveitou dessa devoção. Oromis percebeu que aquilo não era saudável, mas não interferiu, porque aquilo não era dever dele. Morzan se aproveitou dele até o último momento. Quando os Cavaleiros iam para Du Weldenvarden se refugiar da rebelião de Galbatorix, Brom e Saphira voltaram para Vroengard. Com a traição de seu amigo, Brom queria vingar-se e lutou, mas Morzan era cruel — os Cavaleiros nem desviavam os olhos de Eragon e sua história — ele matou Saphira e Brom perdeu Undbitr, sua espada.

— Com a perda de sua companheira de mente e alma, Brom jurou vingança à Morzan – Murtagh continuou — depois, Brom fundou os Varden, com intuito de ter uma organização que combatesse o mal de Galbatorix, depois de alguns anos, voltou a se dedicar à sua maior missão: destruir Morzan.

— Infiltrou-se no castelo do traidor, e trabalhou disfarçado. Durante esse tempo, apaixonou-se por Selena – olhou para Murtagh, que agora estava sério – que era esposa de Morzan. Além disso, Selena trabalhava para Morzan, era uma agente dele. Nesse período, eles me conceberam e Selena viajou secretamente para Carvahall, onde me deu a luz, depois me deixou com Garrow e Marian, meus tios. Antes de Brom saber sobre o filho que concebera, ele foi até Jeod, um estudioso que havia descoberto uma possível passagem até Urû'baen. A partir daí, os acontecimentos são confusos.

— Eles planejaram o roubo aos ovos, mas o ladrão os traiu. Pegou apenas um dos ovos e fugiu com ele, fazendo com que tanto Brom quanto Morzan o perseguisse para recuperar o ovo. Morzan foi mais rápido e pegou o ovo. Brom, em algum momento, encontrou-o e matou o Renegado pessoalmente. Vingou a morte de seu dragão, recuperou o ovo e a espada de Morzan — ele desembainhou sua espada e levantou a lâmina de Zar'roc que brilhou com as chamas — e não sendo só isso, Brom matou outros sete Renegados.

— Mas a história está longe de terminar — Eragon interveio — Brom se preocupava com Selena, e temendo o que Galbatorix seria capaz voltou ao castelo de Morzan. Era tarde demais, Selena já havia morrido, deixando Murtagh sob os cuidados do rei tirano — Eragon olhou o irmão e sabia que no fundo ele se ressentia por isso. De certa forma, Selena o colocara em risco quando fugiu para Carvahall por Eragon, deixando à mercê da crueldade de Morzan — Brom descobriu que Selena tivera um filho, e foi para a sua cidade natal, encontrando lá Eragon.

“Mas Brom não havia terminado seus deveres. Sabendo que Galbatorix iria caçá-lo até o último segundo, resolveu questões dos Varden, foi para Ellesméra, contou aos seus antigos tutores, os últimos Cavaleiro e dragão vivos, sobre seu filho e pôde voltar para Carvahall com um disfarce de contador de história, para ver seu filho crescer.

— É aqui a partir daqui que Eragon toma importância na história — Murtagh disse mais relaxado.

E não o julguem por certas atitudes, ele ainda era um filhote irresponsável, Saphira aconselhou e alguns Cavaleiros riram.

— Quando eu encontrei Saphira, fui pedir conselhos para ele, porque ele demonstrava entender sobre dragões.

— “Certas atitudes” começam aí — Murtagh falou rindo — a sorte que Brom era bom, mas foi imprudente.

— Isso aconteceu 200 anos atrás e ainda zomba de mim? Vamos voltar à história. Ele me ajudou, mas sendo quem era, ficou desconfiado. A história a partir desse ponto é conhecida por vocês. Saímos pela Alagaësia, ele me ensinando sobre magia, luta e história. Mesmo sem que eu soubesse da verdade, realmente considerava Brom como um pai. No tempo que estive com ele, eu mudei e amadureci. Sem ele eu jamais teria vencido os obstáculos. Sem ele, eu nem estaria aqui. Ele morreu pra me defender, ele morreu me defendendo. Todas as coisas que ele me disse ainda estão frescas na minha memória. Cada ensinamento e bronca, que não eram poucas. Brom presava acima da força a inteligência, a capacidade de vencer os inimigos com sabedoria e estratégia. Brom era um homem bom, e quero que vocês se lembrem sempre dele. Ele foi um herói, sem ele nada disso teria sido possível. Vocês, Cavaleiros de Dragão, espelhem-se nele. Façam como ele, se tornem heróis, salvem pessoas. E quando forem à Alagaësia, visitem seu túmulo. A mera presença do seu corpo já traz a dose necessária de força, esperança e sabedoria. Eu me sinto alguém muito honrado, e o maior motivo é que sou filho do maior herói da Alagaësia.

Eragon terminou seu relato emocionado, e ninguém disse nada. Todos digeriam a força daquelas palavras, a força dos feitos de Brom. Eragon levantou-se, e Murtagh fez o mesmo.

— Por hoje é só. Voltem para suas casas, amanhã não se esqueçam, a Celebração acontece aqui na Ilha — fez um gesto de despedida e seguiu para a Sede junto com Eragon.

— Acho que deixei de contar alguns detalhes — Eragon disse já recuperado da emoção — agora, vá descansar irmão. Amanhá será sua partida e precisará estar forte.

Despediram-se, Murtagh entrou para o prédio gigantesco e Eragon montou Saphira. Não foram para casa. Voaram no véu negro que era o céu. Eragon lembrando de todos os momentos que passou com o pai e mentor. Saphira vez ou outra compartilhava cenas vívidas com ele, e eles ficaram assim por muito tempo, sem dizer nada, apenas saboreando a nostalgia. Quando a madrugada já se estendia, voltaram para a clareira, Eragon desmontou Saphira e quando caminhava para entrar na casa, ela tocou-lhe a mente com afeto.

Você sabe, pequenino. Brom teria muito orgulho de você.


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Notas finais do capítulo

E Então, o que acharam? Sejam sincerosssss, por favor.
Ah, esse capítulo é "Ok, eu já sabia de tuuuuudo isso", mas gente, EU SEMPRE TIVE ESSA CENA MONTADA NA MINHA CABEÇA, o Eragon falando do Brom como um herói e cheio de orgulho.
Esse aliás é o penúltimo capítulo que está pronto, tenho que acelerar o processo aqui, vou aproveitar essa semana, acho. E aviso: já vão se despedindo de capítulos "lights", meus planos são que a ação chegue em breve u-u bem em breve.
Bom, digo o de sempre: a opinião de vocês conta muito, então me digam o que estão achando, porque me baseio nisso. Eu gosto de vê-los participando, me anima.
Fugindo um pouco do assunto: alguém assiste The Flash? GENTE VOCÊS VIRAM QUE INCRÍVEL QUE ESSA SÉRIE ESTÁ? ESSE EPISÓDIO 19 VEM PARA ABALAR COM NOSSAS ESTRUTURAS.
Enfim, espero que tenha agradado. E pra quem quer ver ação: sua hora está chegando. Até o próximo, que tentarei postar no dia 5, então, quase certeza.
Feliz Dia do Índio e bom feriado!
Atra du evarínya ono varda!



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