Merda, eu não suportava mais aquela garota. Louise estava mais grudenta do que nunca, e eu sabia o motivo: Catherine. Ela sabia que essa “batalha” entre mim e ela não tinha mais sentido nenhum, até porque eu não tinha mais nenhum plano e não queria mais aquilo.

Conheci Louise assim que ela chegou ao internato, dois anos antes, o que me encantou nela, foi que ela não era aquela novata tímida, ela chegou com um ar superior – até porque realmente era, a família Lancaster era uma família muito poderosa – e acabou atraindo diversas garotas que se uniram a ela. Todas – ou quase – as garotas a invejavam, ela era bonita, rica, e poderosa, muito poderosa. A garota mal havia chegado e já se tornara uma líder de um bando de meninas que queriam ser ela.

Não pensei duas vezes: Aquilo seria bom para mim, juntos seriamos um casal invencível, e eu decidi correr atrás dela. Não foi difícil convencê-la a ser minha namorada e lá estávamos nós: Dominando o colégio. Mesmo ela não sabendo de que o fato de eu estar com ela, não influenciava em nada o fato de eu pegar outras garotas.

Mas a Walker chegou e acabou virando tudo de cabeça para baixo. Apesar de o grupinho ser de poucas pessoas, ela se tornou alguém respeitável lá dentro, só por me confrontar. Mas do nada, eu descubro que ela não é tudo o que aparenta ser, tudo bem que tem um gênio forte, é rebelde e chata na maioria das vezes, além de mostrar ser forte e destemida para todos.

Só que aquela máscara não me enganava mais: Catherine era uma garota frágil, que não precisava de um inimigo, e sim de alguém que tentasse a ajudar.

Lá estava eu, na frente do dormitório das duas, pronto pra chutar Louise.

– Bebê? – Ela chamou assim que entrei no quarto.

– Bebê porra nenhuma. – Respondi em um tom normal. Ela arregalou os olhos, surpresa.

– Christopher, o que é isso? – Ela perguntou já de pé ao lado da cama.

– Isso é um fora. – Dei de ombros. – Nunca gostei de você, e você deveria saber. Eu já te coloquei tantos chifres que não sei como você não descobriu. Certo, você é gostosa, invejada, desejada, mas acabou. Cansei de você no meu pé o tempo todo, valeu?

Ela estava surpresa demais pra falar alguma coisa, me segurei para não rir. Saí do quarto sem esperar por uma resposta, afinal, nunca precisei dela, aliás, até a ajudei a conseguir mais popularidade ainda, dentro daquele lugar.

Sentia falta daquilo, humilhar sem piedade alguma, tirei um peso das minhas costas e não me importei de ser duro ou não dar explicações porque primeiro: eu não me importava, e segundo: ela se recuperaria em alguns dias e voltaria a ser a mesma Louise de sempre.

– Ala feminina, Lahey? – Escutei aquela voz, virei-me rapidamente. – Veio ver a namoradinha?

– Ela não é mais minha namorada. – Dei de ombros. – E não te devo satisfações.

– Ui. – Ela riu. – Está estressado? Saudades desse Christopher.

Eu não esperava por aquilo, mas realmente eu tinha mudado muito com ela ultimamente, tudo por causa daqueles cortes.

– Digo o mesmo. – Respondi, ela estava radiante, mas não do jeito de antes, estava feliz e isso ativada o lado irônico que tanto me fascinava, apesar de tudo.

Ela fechou a cara, pronta para se virar.

– Espera. – Chamei. Ela permaneceu ali, fui até ela. – Prometo não tocar mais naquele assunto, se não quiser.

– Faria um enorme favor. – Ela sorriu. – Não gosto que tenham pena de mim.

– Eu não tive pena. – Falei, agora sério. – Mas não queria ver você mal, afinal, com quem eu ia brigar?

Ela riu, nunca tinha reparado em seu sorriso, mas era lindo. Catherine sorrindo era perfeita, fazia qualquer um querer sorrir também, até porque era uma raridade um sorriso vindo dela, que não fosse carregado de sarcasmo.

– Tem razão. – Ela respondeu. – Eu sei que foi você quem falou com a Kate, eu devia te bater agora, mas muito obrigada. E é melhor ter escutado, porque não vou repetir.

– Uau. – Foi a minha vez de rir. – Tudo bem, não há de que. Vi que fiz bem, você parece melhor, parece a Walker de antes, só que mais verdadeira.

– Ahn, pois é. – Ela murmurou, encarando o chão. – Kate me ajudou muito, pude desabafar e estou me sentindo tão bem pelas coisas que ela disse que... Mas que merda, por que tô falando isso pra você?

– Porque eu preciso saber, talvez? – Perguntei com um sorriso nos lábios, era bom que ela estivesse bem, talvez tudo fosse voltar ao que era antes.

– Já sabe o suficiente, Lahey. – Ela respondeu séria. – O que eu tenho a dizer, é que se prepare, porque a batalha ainda não acabou.

Me senti como naqueles filmes de luta, Catherine estava bem, e aquilo me fazia sentir bem também, tanto que concordei com ela.

– Digo o mesmo, Walker. É melhor tomar cuidado. – Pisquei o olho, dando um meio sorriso e segui meu caminho. Ela fez o mesmo.