Battle escrita por Lady Morgan


Capítulo 19
Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Ooi pessoas, voltei! E tô MUITO DECEPCIONADA, apenas UM comentário no capítulo anterior? Não deveria reclamar (aliás, agradeço do fundo do core), mas em comparação à antes, Battle está caindo muito! Se continuar assim, eu não vou poder continuar a fic :c Enfim.. Boa leitura.



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– Mas que droga, Kate. – Bufei, cruzando os braços. – Dá pra parar com isso?

– Não. – Ela revirou os olhos, me encarando. – Por que faz isso consigo mesma?

Puxei o casaco, cobrindo as cicatrizes novamente. Não falei nenhuma palavra depois daquilo, me sentei no chão frio do ateliê. Ela se sentou ao meu lado, deixei as lágrimas caírem, lavando meu rosto. Kate me abraçou, acariciando meus cabelos. Me permiti ficar ali, por longos minutos – ou até mesmo horas – abraçada a ela.

– Me desculpe. – Sussurrei, me separando e ficando ao seu lado. – Mas dói tanto, sabe?

Eu estava mesmo fazendo aquilo? Mas que droga, Catherine.

– Minha mãe é praticamente uma... – Hesitei por alguns instantes. – Uma prostituta de luxo, que depois que foi largada pelo meu pai, começou a levar homens lá pra casa e fazer fortuna. Continuamos ricas mesmo depois de ele ter ido embora, mas eu não me importaria de ficar na pobreza, e não ter que aturar tudo aquilo. Os anos passaram e aqueles nojentos olhavam pra mim de outra forma, sabe? Eu quase fui uma vítima de um deles e minha mãe agiu como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Parei de falar, as lágrimas desciam sem cessar e eu estava desesperada em lembrar tudo aquilo.

– Tudo bem, minha querida. – A loira deu um sorriso fraco, como se me passasse segurança.

– Eu senti raiva, raiva de tudo. Raiva do meu pai, por ter me deixado com aquela louca, raiva dela, por não se importar com nada além do dinheiro sujo que ela ganhava. Raiva de mim mesma por não ter fugido de casa naquele momento. – Continuei. – E quando eu vi, não conseguia mais parar de descontar minha raiva em mim mesma com aquelas malditas lâminas.

Ela enxugou algumas das lágrimas, me olhava com pena, e aquilo era ridículo.

– Viu? Por isso decidi não confiar nas pessoas. Todas elas me traem. Me machucam depois ou eu acabo machucando elas. Sabe por que não falo nada pra ninguém? Pra evitar esses olhares ridículos de pena sobre mim. – Despejei, ela assentiu séria, dessa vez.

Ela suspirou, tomei forças para continuar.

– E finalmente ela me mandou pra cá. Parte de mim agradecia por me afastar de tudo aquilo, mas outra parte ficava indignada por ela realmente não se importar comigo e não hesitar em me mandar para longe. Foi aí que eu decidi não me aproximar de ninguém, pra não ter que lidar com eles. Mas acabou não dando certo. – Dei de ombros. – Mas acabei me machucando de novo, parece que é inevitável.

Enxuguei meu rosto, livrando-o das lágrimas e a encarei. Eu estava com raiva por ter falado tudo sobre mim, mas de certa forma foi bom, eu sentia que podia confiar nela e eu havia tirado um peso de minhas costas por compartilhar o que eu sentia para alguém, mesmo que eu pudesse me arrepender depois.

– Eu sinto tanto... – Ela murmurou, seu olhar era triste. – Você não poderia ter passado por tudo isso, ninguém poderia. Mas olha, você confiou em mim, e eu te prometo Catherine, que você não vai se arrepender. Eu quero te ajudar, mas você mesma tem que querer isso, tem que lutar, eu sei que é difícil.

– Se você soubesse... – Sussurrei.

– Agora eu sei. – Ela interrompeu, com uma voz firme. – Você é forte, Catherine. Vi você fazer coisas que nenhuma garota daqui fez, desde que chegou.

Eu assenti, me levantando.

– Agora vamos. – Falei, direcionando-me a porta. – Você tem uma aula daqui a cinco minutos.

Ela riu, balançando a cabeça negativamente.

– Você não tem jeito. – Sorriu. – Vamos passar no seu quarto primeiro, olha, você está horrível!

Foi a minha vez de rir, ela conseguia ser mais patricinha do que as garotas da minha idade.

– Você não tem jeito. – Revirei os olhos, mas dei um leve sorriso.

...

Esperei os outros alunos saírem e entrei na sala, Holdman estava guardando os materiais em algum dos vários armários.

– Hey.

– Oi! – Ela sorriu. – Pronta?

Assenti, Kate havia conseguido permissão para que eu saísse com ela depois que as aulas acabassem, e lá estávamos nós.

Andamos e andamos pelo colégio, até chegarmos ao estacionamento dos professores – aliás, eu nunca tinha ido lá – e ela pegou suas chaves.

Em pouco tempo estávamos nas ruas de Los Angeles. Há quanto tempo eu não saía daquele presídio? Desde que eu entrei naquele lugar, não fiz questão de sair – não porque eu amava estar ali, mas sim para não voltar para o cabaré, vulgo minha casa.

– É até estranho. – Comentei observando a rua. – Faz tanto tempo que não saio de lá, que parece mesmo que eu estava numa prisão.

– Não exagere Catherine. – Ela riu, prestando atenção ao volante. – Faz só alguns meses, e já vai acabar o ano.

– Até parece que vou querer sair de lá. – Revirei os olhos. – Ainda mais nas férias, quando a maioria dos estudantes vai para casa.

– Chegamos! – Ela exclamou e só aí eu percebi que estávamos diante de um shopping.

– Sério? – Perguntei irritada. – Um shopping?

Ela revirou os olhos, divertida. Aquilo seria longo...

Começamos virando lojas de cabeça para baixo, ela mais parecia um adolescente louca correndo pelas lojas e provando roupas, até aí tudo bem, até ela me fazer provar também.

Acabei comprando algumas roupas, calças, blusas, e até alguns pares de sapatos – com a insistência da minha “professora”, que fez questão de me dar.

Paramos na praça de alimentação para comer algo, já haviam se passado horas, e estava tarde.

Comemos conversando sobre coisas aleatórias, coisas alegres e inspiradoras, ela acabou me falando de diversos pintores famosos e me prometeu que me levaria para conhecer algum museu nos próximos dias.

– Isso não foi ruim. – Admiti, depois de acabar com o meu milk-shake.

– Eu sei, querida. – Ela respondeu, sorrindo. – Sabe? Existem coisas boas no mundo, apesar de tudo, você tem que saber que existem pessoas que estão aqui pra você. Pessoas que te amam de verdade apesar de tudo. Eu estou aqui, as meninas também e até mesmo...

Ela parou de falar, como se estivesse percebendo que não deveria. O que me deixou intrigada.

– Até mesmo...? – Incentivei, havia ficado curiosa, ela deixou a frase incompleta, e ela nunca fazia aquilo.

– Hã... Até mesmo pessoas que não aparentam gostar de você, mas gostam. – Ela falou como se falasse para o nada, revirei os olhos, decidi esquecer.

– Olha Kate, muito obrigada. – Agradeci com um sorriso, pegando em uma de suas mãos. – Você tem sido tão cuidadosa comigo. Tem sido como uma mãe. É estranho falar, mas, tem sido como a mãe que Lucy Walker deveria ser...

Eu poderia ter guardado aquelas palavras para mim, mas achei melhor falar, ela realmente se tornou alguém muito presente na minha vida, tem se preocupado comigo, cuidado de mim e tem me feito ver o mundo com outros olhos, desde que a conheci.


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Notas finais do capítulo

Uma pergunta, vocês gostam de ler? Qual o livro favorito de vocês? Vamos lá, pessoas, não me deixem no vácuo :'(