Jogue toda a lógica pela janela

Não precisamos mais dela

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Nunca tinha reparado muito bem nas “irmãs pinguins” que comandavam Marshaw junto alguns psicólogos e psiquiátricas que eram mais malucos que nós mesmos –mas agora, olhando melhor elas são todas iguais, rosto redondo, pele flácida e olhos apagados- assustadoras se querem realmente saber. Estava sentada em um dos bancos no jardim, esperando meus pais, quando vi uns homens de branco, arrastando um garoto, que quando passou por mim me mostrou seus dentes, sorrindo como um tubarão.

– O medo nos move, nos guia ...e traz todos eles para mim –arquei minhas sobrancelhas, dando um breve aceno enquanto o cara sumia. Outch, novo companheiro, realmente ...maravilhoso, quanto mais louco melhor. Logo vi meus pais se aproximando, eles pareciam ...assustados.

– Amanda –sorri para minha mãe, que me deu um abraço apertado, em seguida um beijo nos meus cabelos –Está tudo ok?

– Sim, muito bem –sorri abraçando meu pai, em seguida eles me encararam, apenas mordiquei os lábios –Porque a visita tão repentina?

Mamãe abaixou os olhos dourados e em seguida olhou para papai, que mantinha-se em uma pose formal, usando seu velho suéter xadrez das manhãs de sábado –se nada disso tivesse acontecido, eu poderia ver perfeitamente, agora mamãe fazendo panquecas e papai tentando preencher seu sudoku mensal, e eu ...bem, eu não fazia mais parte daquilo tudo.

– Uma tragédia ...Daniel e Hanna, eles foram brutalmente assassinados dentro da própria casa –mamãe parecia transtornada, enquanto papai afagava seus ombros –Da pra acreditar nisso, foi horrível Amanda, a polícia ...tudo.

Houve um minuto de silêncio, enquanto eu apenas processava suas reações. É, realmente dava pra acreditar, muito bem, apenas menti a pose. Estava ficando muito boa nisso.

– Oliver ...e Oliver? –perguntei sabendo que ele estava bem, mas só para confirmar.

– Ele apareceu em casa tarde da noite, dizia que seus pais estavam brigando muito e fugiu –papai suspirou –Você sabia que eles batiam no garoto? Porque o que Oliver nos contou, me fez querer vomitar.

Olhei para longe, observando uma borboleta voar por cima de uma flor, em seguida uma garota de cabelos verdes correu rindo, enquanto uma enfermeira estava logo atrás, chamando outros enfermeiros que trajavam roupas brancas.

Suspirei.

– Não, mas eu vi as marcas no corpo dele –sussurrei, então olhei novamente para eles –E como ...como ele está lidando com isso?

– Ele chorou, mas ...ele não demonstrou mais nada, temo que ele se feche em si mesmo, acho melhor passar ele com algum psicólogo –meditou minha mãe, em seguida abriu um sorriso curto –Ele disse que quer ficar com a gente, que quer ser seu irmão.

– E vocês vão fazer isso certo? É o Oliver, não pode deixa-lo solto por ai ....

– Calma Amanda, sim vamos pegar a guarda dele.

Deixei um sorriso oculto apontar nos meus lábios, enquanto meus pais me contavam que a polícia estava fazendo o possível para rastrear o assassino e que a cidade estava em total alvoroço, porque na outra parte da cidade, uma garota de 17 anos foi encontrada morta na porta de uma boate.

Uhun, parabéns Julian.

Oliver ainda estava dormindo, foi uma noite “cansativa”, ele queria ter vindo mas meus pais acharam melhor ele ter ficado, nossa vizinha a doce e velha Margo estava de olho nele. Me senti quase desapontada, afinal, apesar de tudo eu queria-o aqui.

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– Temos um problema –cantarolou Chelsea algumas horas mais tarde, enquanto matávamos tempo pelo campus, fugindo de alguns psicólogos que queriam nos “entrevistar”, Stevan e Julian soltaram um “ooo” baixinho, eu apenas arranquei algumas flores da grama.

Pobres Sabrina, Bonnie e Frank certamente estavam sendo interrogados sobre seu “estado mental”.

– Tsk, então nada de saber sobre o “grande baile”, realmente acho que vocês não estão com nada –desabafei por fim, jogando de lado as pétalas. Chelsea assoviou baixo.

–Bem, isso está já em andamento, na hora certa você vai ficar por dentro, o problema agora é...

– Jeremy –sussurrou Julian abaixando o tom de voz, ele ergueu os olhos sombrios e fez uma careta. Sim, realmente estava suspeito o garoto ter simplesmente sumido, digamos que é bem percebível a presença inquieta e maníaca que é Jeremy, Julian suspirou –É o Alex novamente?

Chelsea apenas assentiu, deixando seus olhos vagarem pelo muro, com uma careta azeda, eu sentia uma vibração ruim, muito ruim vindo desse tal Alex, mas Stevan apenas abriu um sorrisinho sapeca, estralando os dedos em seguida.

Um som altamente irritante se querem saber.

– Pelo visto Jeremy vai surtar novamente, e vai sobrar pra gente.

Chelsea abriu um sorriso louco, enquanto deitava a cabeça no colo de Julian, que parecia estranhamente pensativo, talvez nem esteja pensando algo bom- o que realmente não seria novidade.

– Estamos aqui para ajuda-lo, seja no que for.

Fiz uma careta me sentindo um tanto deslocada, ainda com o rumo esquisito da conversa.

– Hunn, não quero ser intrometida mas também não quero ficar perdida.

Já sabendo do que eu estava falando, Chelsea apenas abriu um bocejo, deixando os olhos vagos.

– Alex é o irmão mais novo de Jeremy, sério Jer protege aquele garoto com navalhas e tochas –ela se sentou, retirando algumas folhas da saia vermelha –Foi por causa de Alex que Jeremy desmembrou sua primeira vítima.

– E ele simplesmente ...desapareceu? –perguntei lembrando que não o vi o dia todo. O vento frio de início de tarde fazia meus cabelos chicotearem em meu rosto, o silêncio foi quebrado pela voz um tanto calorosa de Julian, seguida dos risos de Chelsea e Stevan, que pareciam saber de algo que eu estava por fora.

– Sim, e aguarde ...Jeremy irá nos trazer uma surpresa, uma surpresinha viva.

E isso conseguia ter um leve frescor de morte, ou no mínimo a velha ultraviolência.

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– Você está me saindo uma vaca muito estúpida –esbravejou Sabrina, enquanto nos reuníamos em uma das mesas do refeitório de Marshaw para comer aquilo que chamavam de “jantar”, Sabrina como sempre apenas brincava com sua comida, ela me mostrou a língua –Nós deixou com aqueles esquisitos com seringas na mão e sumiu, acredite que aquela coisa me deu comprimidos para “estimular o apetite”.

Apenas observei o frasco laranja em suas mãos, ela não parecia muito feliz em observar aquilo.

– Sabe –Frank começou, mastigando um pedaço de carne como se fosse um chiclete –Você perdeu uma ótima palestra sobre psicopatia.

– Oooo eu imagino, vocês totalmente se enxergaram ali –sussurrei, mas minha cabeça estava bem longe. Logo depois que voltei para o quarto, não vi mais os integrantes do Dark Carnival, isso me deixava com uma coceira, aquela coceira que dizia “perigo killer por perto”.

– Claro, porque ser tachada de psicopata toda hora é realmente adorável –resmungou Bonnie com uma careta –Não preciso de mais alguém dizendo que sou louca, sabe havia um estagiário muito fofinho, mas depois que viu minha ficha ele simplesmente nem olhou mais para minha cara.

Todos na mesa riram com isso, afinal Bonnie era conhecida meio que por “odiar” garotos, ou querer parti-los ao meio.

Logo depois eles me chamaram para “um passeio noturno secreto”, mas eu tinha que pensar em algumas coisas, tanto relacionados a Oliver –e seu novo pensamento um tanto esquisito para uma criança- e o que fazer em relação a Harold e Sharise.

Ah sim, esse último pensamento me dava vontade até de desenhar ou escrever alguma fanfic muito, muito hardcore.

Mas para isso eu teria de conseguir informações com qualquer um do Dark Carnival, me sentindo frustrada apenas peguei minha jaqueta e caminhei em direção ao quarto de Chelsea. Antes que eu me aproximasse no bloco totalmente psicótico onde ela ficava, algo me chamou atenção.

Algo relacionado a Jeremy.

O que realmente foi o início para uma caçada, ou um banho de sangue que eu não tinha a menor intenção de participar, mas ...fazer o que eu já estava no meio mesmo.

Então aprendi que Jeremy pode sim ser um maníaco de carteirinha ...e que bem, torturar as pessoas é tão legal quando comer biscoito.