Lily

Pus a carta num envelope e entreguei-a à Milky, a minha corujinha linda e fofa! Vesti o pijama e fui para a cama.

Já passou meia hora e as miúdas ainda não chegaram! Óptimo!

Merlin, amanhã é o último dia de aulas! Vou sentir saudades durante as férias! A Petu vai ficar tão contente por poder vir a Hogwarts! E... E-la, vaaaaaii a-a-a...

Petunia

O que hei-de vestir? É o último dia de aulas, tenho de ir bonita! Fui até ao armário.

Hummm...Soltei o cabelo louro e pôs umas pulseiras e essas coisinhas.

Peguei num vestido de lã grossa preto com gola larga. E pôs uns collants de vidro e calcei as minhas all star pretas. Soltei o cabelo louro e pôs umas pulseiras e traquitanas dessas. Vou colocar um pouco de rímel para me realçar os olhos azuis e um gloss vermelho.

– Ah prontinha!

Ainda tenho meia hora para sair de casa o que é muito raro...

O meu pensamento foi interrompido pelo barulho que o bico de uma coruja fez na minha janela.

– Milky!

Abri-lhe a janela para ela entrar.

– Vou à cozinha buscar algo para tu petiscares.

Fui até à cozinha e trouxe pão e leite. Não é à toa que ela se chama Milky. Pode parecer errado mas a sua bebida favorita é leite.

– Toma amor, bebe!

Entreguei-lhe o pão e o leite.

Peguei na carta e abri-a. Depois de a ler escrevi:

Lily, amor do meu coração,

Recebi o Profeta Diário, sim. Os correios devem estar com alguma problema...

Aaahhh, nem sabes! Os Velottencia ganharam o primeiro jogo da Taça Natalícia de Quidditch! Eeeeehhhh, ganhamos! Hoje é o último dia de escola. Vou toda gira e o Vernon vem-me buscar para jantar! Deve-me levar aqueles restaurantes caros! Ai!(suspiro)

Se não viesses para casa amanhã, exigia que me contasses a primeira novidade!

Agora vamos à segunda, já sabes como costumo fazer (comentar á medida que vou lendo para não me escapar nada ;D).

Espero que o Lupin melhore. A Lua Cheia é sempre uma chatice!

Ah, ah, ah! O Potter sabe sempre onde estás! Mas não te estavas a dar melhor com ele?

Eu até acho fofo os nomes que ele te põe. Um pouco piroso... Mas fofo!

És tão mázinha para ele, 'tadinho!

Estás gorda no cérebro!

Ah, ah, ah! Hambúrguer! Já estou a chorar de tanto rir! Este James é o máximo! Tens sorte de ele conseguir aturar tanto de ti! Se fosse o meu Vernon já se tinha passado!

É claro que não fizeste estragos! O James é forte. É o que o Quidditch faz e é por estas e por outras que é o melhor desporto do Mundo! Para além de nos proporcionar montes de diversão também nos proporciona boas vistas!

Huuummm... Posição íntima ;) ah, ah, ah!

Rasgaste o lábio? Mas já está bom, não está?

Ai, Bananinha! Que máximo!

Oh, estava tão preocupado com a ferida. Que amoroso!

Caalmaaa! Tu sentaste-te ao colo dele?

ELE BEIJOU-TE? ISSO NEM ME TINHA PASSADO PELA A CABEÇA! TU CORRESPONDESTE? AAAIII! NÃO ACREDITO!

Terás de lhes contar. Mas nem quero saber disso!

O que fizeste depois? Como te sentes? Beija bem? E exijo que me respondas antes de voltares para casa!

Responde rápido!

PS.: Ainda nem acredito! Amo-te muito!

Beijos,

Petunia Evans, a Surpreendida

James

– Vá Prongs! Fala com ela agora! Nem ela está a prestar à calorosa despedida da professora Janice!- encorajou Sirius.

Realmente esta aula de Adivinhação, apesar de ser a última, está a ser uma gigantesca maçada. E a Senhorita Janice nem nos quer deixar sair mais cedo!

– Prongs!- sussurrou.- Anda lá! Estás à espera do quê?

– Tens razão Padfoot! Arranja-me um pedaço de pergaminho!

Sirius cortou um pouco de pergaminho e passou-mo.

Molhei a pena com tinta e... E o que escrevo?

– Pergunta-lhe se está bem.- disse Lupin, atrás de mim.

Virei-me para ele.

– Achas mesmo?

Ele anuiu.

Comecei a escrever.

Estás bem?- James Potter

Entreguei-lho e vi-a a lê-lo.

Meu Merlin... Ela é tão bonita... Os cabelos caem livremente pelos ombros e meio que fazem um caracol nas pontas. Dá-me vontade de chorar só de olhar, tanta beleza...

– Prongs!

Vi Lily de braço estendido à espera que eu aceitasse o bilhete.

– Desculpa.- disse-lhe.

Lily não respondeu.

– Estavas a pensar em quê?- perguntou Sirius

– Na beleza de Lily

– Huuummm...

Sirius virou-se para Lily e quando ela o olhou ele mandou-lhe beijinhos pelo ar.

Ri-me e bati-lhe na cabeça.

Não gosto que se metam com a minha Lily mas é o Sirius... A excepção confirma a regra.

Estou.- Lily Evans

Estás calada, nunca mais falaste comigo.- J

Estamos a falar agora.- L

Sabes o que quero dizer! Nunca mais falaste comigo desde o beijo. E muito menos sobre o beijo. Vermelhinha, tenho saudades tuas...- J

Não quero falar sobre isso.- L

Não queres falar sobre isso porquê? Se não queres falar pelo menos ouve! Ou lê... Lilyta aquilo significou muito para mim. Foi o nosso primeiro beijo e foi maravilhoso! TU és maravilhosa!- J

Pára!- L

Não há nada para parar. Só para continuar! Por favor Lily... Diz-me o que significou para ti. Para mim foi muito especial!- L

Ai Potter! Será que não percebes que não quero falar sobre isso?- L

Andas-me a evitar desde o beijo! Queria ir de férias com este assunto resolvido.- J

É sempre o que tu queres, não é? Queres saber o que significou? NADA! NADA DE NADA! Para mim não foi nada de especial! Foi só um beijo! Não quero ter nada a ver contigo! Estava simplesmente carente naquele momento e deixei-me levar. Mas se não fosse contigo seria com outro qualquer!- L

O quê? Usaste-me?- J

Sim, podes ver nesse termo! E tu que nunca usaste nenhuma rapariga! És um monstro! E eu estou farta de ti!- L

Monstro?- J

Ela leu o bilhete, virou-se para mim e sussurou:

– Um monstro!

Atirou-me o bilhete e voltou-se para a frente.

Encostei-me à cadeira.

Ai okay... Desta não me levanto. Sinto um vazio enorme no coração mas ao mesmo tempo alguma coisa dentro dele teima em empurrar-lhe as paredes provocando-me uma dor profunda. Ela não me ama. A realidade...

– Prongs?

Sou um monstro?

– Prongs?- Sirius passou-me o braço por cima dos ombros, penso eu.- James? O que tens?

Levantei-me e deixei a sala de aula.

Sirius

– Sr. Potter, Sr. Potter!- gritava a professor Janice.

– Podem deixar comigo.- disse ao Lupin e ao Peter.

Eles anuíram.

– Sr. Black!

Fui atrás de James, deixando os gritos histéricos de Janice para trás.

Fui até ao campo de Quidditch. James estava sentado a meio do campo a brincar com a sua snitch de ouro.

Ui, parece que desta vez a Lily deu forte! O que será que fez? Se calhar saberias se não tivesses passado a aula toda a olhar para os peitos da Clarice! Raios partam esta consciência!

Sentei-me ao lado dele. Ele limpou as lágrimas e entregou-me o bilhete da aula.

As palavras passavam à velocidade da luz pela minha cabeça.

"Estás bem?"; "...falar agora."; "...tenho saudades tuas..."; "... e foi maravilhoso!"; "Pára!", "NADA!"; "... carente naquele momento...outro qualquer!"; "Usaste-me"; "...monstro!"; "... farta de ti!"; "Monstro?".

Valha-nos Merlin!

Voltei a olhar para ele.

– Depois...- começou ele, com os olhos repletos de lágrimas.- Ela virou-se para mim e disse que eu era um monstro. Os olhos dela... Ela não me ama! E só cai na realidade agora! Ela não me ama! Pois... Pois não?

Ele virou-se para mim com aquele ar de Bambi abandonado pela mãe. Ai, como eu odeio isto! A Lily paga-me esta!

– Não sei... Talvez...- fiz uma pausa.- Não sei.

– E durante este tempo eu humilhei-me por causa dela! Eu sofri por causa dela! E ela sempre me tentou mostrar que não gostava de mim! E apesar de saber que ela não tem culpa por me magoar assim... Que fui eu que não entendi... Ainda me sinto no direito de estar ressentido mas racionalmente não o tenho! Eu é que foi demasiado burro para entender! E... Como é que eu fui tão idiota?

– Pronto! Acabou!- gritei.- Já bateste no fundo do poço!- levantei-me.- Vais ficar por ai a apanhar conchinhas?- quando vi que ele ia responder agitei as mãos.- Nem quero saber a resposta! Porque eu não deixo! Não te deixo ficar no fundo! Isso mancharia a minha reputação de irmão.- Estendi-lhe a mão e esperei que ele a aceitasse.- Eu ajudo, irmão!

Ele sorriu e agarrou-me a mão. Eu puxei-o para cima.

– Sei exactamente do que precisas!- disse-lhe.- Vamos fazer um jogo. Paramos aos 20. Depois vamos à Zonko's, inventa-mos uns feitiços novos, junta-mos o grupo e pregamos uma partida ao Filch! Accio Vassouras!

– Esta foi a coisa mais gay que fizeste até hoje.

Oooh seu grande filho duma...!

Lily

É de noite e estou sozinha na Sala Comum dos Gryffindor. Li a carta que a minha irmã me mandou e, por muito estranho que pareça, não me apetece responder-lhe.

Mandei-lhe uma carta a dizer simplesmente que não me apetecia falar e que precisava de estar sozinha.

Ouvi risos e o buraco da entrada a abrir-se. Depois os Marotos entraram, incluindo James.

– Vão indo.- disse Sirius.

Sentia os olhos dele pregados e mim.

– O que vais fazer?- perguntaram os outros.

– Cofiem em mim.- acrescentou dirigindo-se a todos os Marotos mas aposto que só estava a falar para James.

Ouvi os outros Marotos a afastarem-se.

– Lily.

Não lhe respondi.

–Lily-repetiu.- ESTOU A FALAR CONTIGO!

Aii! Tenho de admitir que apanhei um valente susto. Daqueles que até dão para saltar-mos. E o Sirius nunca tinha gritado comigo nem nunca o tinha visto a gritar assim, neste tom. Mas não deixei que ele percebesse o que eu senti.

– O que queres?- questionei eu, virando-me.

Encarei-o. Ele estava furioso. E... E triste. Não sei bem... Possivelmente um misto de mágoa e fúria.

– Como pudeste?- perguntou-me.

– Como pode o quê?

– Não te faças de parva comigo!

Ele está a ralhar comigo? Não deveria ser mais ao contrário?

– Eu não...

Ele interrompeu-me.

– Não! Vais-me deixar falar! O que é que te passou pela cabeça? Lily ele... Monstro? Estás maluca?

– Ele...

– NÃO! Não é ele! És tu! Depois daquilo ele foi para o campo e chorou, Lily! Durante a minha vida toda eu só o vi a chorar três vezes! A primeira foi porque eu estava a chorar e as outras duas adivinha porque foi? Por causa de TI! Como foste capaz de fazer uma coisa destas?

A sério?

–Ele chorou por ti?

– Foi isso que retiraste do que disse?! Ele disse que vai virar a página! Parabéns Lily, conseguiste aquilo que querias! Ele vai desistir de ti! Espero que estejas contente!

– Por acas...

– Vais dizer que sim? Quando não tiveres o James na palma da tua mão vais ver o que é! Quando as pessoas têm não dão valor e quando deixam de ter desejam ter dado.

Ele ia sair.

– Estás chateado comigo?- perguntei.

– Eu sei que não devia estar porque a nossa amizade não devia ter nada a ver com a tua vida amorosa mas a tua vida amorosa incorpora o James. Ele é meu irmão, Lily! É ele que me dá sempre a mão, amo-o mais do que amo qualquer outra pessoa e o sofrimento dele dói em mim. Portanto não posso continuar teu amigo. Desculpa, mas não vou arriscar ser o próximo monstro!

Ele saiu. E ai o completo vazio abateu-se sobre mim.