Lily

Voltámos a sentar-nos no sofá.

James pegou na bolsa e tirou de lá uma folha de pergaminho de forma quadrada e velha.

— Uma folha de pergaminho velha?- perguntei.

— Não insultes a folha! É um projecto que temos. Planeamos terminá-lo quando terminarmos este ano lectivo. Aliás... Vou voltar a guardá-lo só te mostro quando estiver terminado.

— Hey! Isso não se faz!

— Posso dar-te uma pista: é um mapa.

— Um mapa?

Levantei-me mais do que frustrada sem ter ideia do que aquilo seria

— Senta-te. - sussurrou-me ele, ao meu ouvido.-Ainda há mais que te quero mostrar.

Sentei-me outra vez, tentando esquecer o assunto da Petu e do Sirius.

Ele tirou um espelho da bolsa.

Vi o meu reflexo nele! Os meus lábios estão super feios! Que coisa horrível! Tirei o meu gloss do bolso do meu vestido (é claro que o bolso não se nota. É a magia... Ah, ah! Invejem-me!). Agarrei no espelho e passei gloss nos lábios.

James abanou a cabeça.

— O que foi?- perguntei-lhe.

Ele tirou-me o gloss da mão, fechou-o e meteu-o na bolsa.

— Não precisas disso. Já és linda.

Corei bruscamente.

— Este espelho convoca a pessoa que tiver o outro espelho. Não te posso mostrar como funciona porque os Marotos deixaram-nos no dormitório e eu esqueci-me de trazer o outro. Há uns dias atrás lembramo-nos de aperfeiçoar o espelho para podermos comunicar com só um espelho. Percebes? Por exemplo, agora se eu quisesse podia falar com o Sirius por este espelho sem ele ter outro espelho. Mas ainda estamos a preparar isso.

Deitei-me no sofá e encostei as costas ao braço esquerdo de James.

— Vocês são realmente brilhantes...

— Não tanto quanto tu. 

Houve um momento de silêncio. Ele mexeu-se ligeiramente. Ele está incomodado. Se calhar não devia encostar-me a ele. Ia a sair quando ele passou a mão pela minha cintura, abraçando-me.

Quando viu que eu ia a sair, largou-me e encostou-se às costas do sofá.

...

Não me perguntei porque o fiz, raios! Já disse que hoje não estou bem!

Abri-lhe a pernas e meti-me entre elas de costas para ele.

Encostei a cabeça ao peito dele e após uma breve hesitação ele abraçou-me.

— No 5º ano foi quando eu percebi que te amava.

Não olhei para ele. Que vergonha!

— Que queria ficar contigo para sempre. Casar e ter filhos, por mais comum e piroso que pareça.

Ai! Eu não sei o que dizer.

— Lily...

Olhei-o. Ele olhava-me triste.

— Desculpa.- disse-me.- Não era isto que eu tinha planeado. Eu queria desistir de ti, eu quero, mas eu não consigo. E eu sei que tu não me amas como eu te amo. E por isso que isto nunca dará certo. Desculpa-me.

Ele encostou a cabeça às costas do sofá e olhou para cima.

E...

Segurem-se porque agora é que me deu uma panca bem forte.

Puxei-o para perto de mim de modo a ele baixar a cabeça, o que ele fez. Olhamo-nos nos olhos e aqueles olhos encheram-me por dentro. E... LAMBI-LHE OS LÁBIOS. Literalmente e simplesmente passei-lhe a língua pelos lábios!

É que nem o beijei! Lambi-o como se fosse um cão! E desatei a rir à gargalhada!

Primeiro ele olhou-me confuso mas depois abriu um sorriso enorme. Apertou-me junto dele e colou a boca dele à minha. Os lábios dele pressionaram os meus e a sua língua pediu licença para poder aprofundar o beijo.

Petunia

Ai que canseira!

Sentei-me ao pé de Jhessica mas Sirius agarrou-me na mão e puxou-me para cima, levantando-me.

— Sirius, não... Doem-me as pernas!

— Vem.

Arrastou-me pela sala.

— Mas onde?- perguntei.

Levou-me até ao lago e descalçou-me.

Enterrei os pés na relva, sentindo-a.

— Esperas aqui?- perguntou.- Eu vou só à casa de banho.

Sirius

— Esperas aqui?- perguntei.- Eu vou só à casa de banho.

Deixei-a no lago e andei em direcção ao castelo. Fiz um pequeno desvio para uma árvore longe da vista de Petunia e dos outros convidados.

Transformei-me na minha forma animal: o cão. Afinal deu-me imenso trabalho, tenho de aproveitar!

Tentei aproximar-me de Petunia sem ser visto pelas outras pessoas. Aproximei-me hesitantemente. Não sei se Petunia gosta de cães ou se tem medo.

Porém quando me ela avistou não mostrou medo, abriu um sorriso enorme, retirou os pés da água e veio de gatas até mim.

Parte do peito dela ficou ao dispor da minha vista e viu-se parte do soutien vermelho que ela usava.

Como eu adoro ser Animagus... Parou a poucos metros de mim.

— Vem cá, lindo, vem cá!- disse ela, amorosamente.

Agachei-me de rabo para cima e abanei a cauda. O famoso gesto da brincadeira canina. Ladrei.

Ela riu.

Eu saltei para cima dela, tendo o cuidado de não a magoar.

Ela riu-se e abraçou-me.

— Quem é um cão grande e forte? És tu, não és? És tu um cão grande e forte! Não sabia que os cães eram permitidos aqui em Hogwarts. - disse ela, olhando para os lados.

E não são...

Normalmente as mulheres não me apreciam na minha forma animal devido ao meu tamanho exagerado. Elas gostam mais de cães pequenos, daqueles que se metem no bolso (argh!). O ladrar deles é de arrebentar os tímpanos, mas voltando ao assunto, os grandes metem-lhes medo. E eu dou pela anca do James que é maior que a maioria das mulheres.

Mas Petunia adora-me! Sou o Sirius e basta!

Ela passava as mãos pelo meu pêlo, o que me fazia arrepiar todo.

Ooooohhh eu quero vê-la molhada! Não era esse tipo de "molhada", era molha-molhada-água mas até que a outra opção não era má ideia! Eu sei que sou perverso! Não posso fazer nada!

Saltei para dentro de água com esperança que ela viesse atrás de mim mas ela só voltou a pôr os pés dentro da água. Tentei puxar-lhe pelo vestido, sem o rasgar, para ela perceber que eu queria que ela entrasse mas ela limitou-se a acenar "não" com a cabeça.

— Ficarei toda molhada.- explicou. (Pois esse era o objectivo)- Eu não posso deixar que o Sirius me veja molhada!

Oh, meu Merlin, que pouca sorte!

Sai do lago e sacudi-me para cima dela, de modo a alguns pingos caírem em cima dela e molharem-na. Morrer com orgulho! Ela riu-se.

Deitei-me ao lado dela e ela começou a ajeitar o meu pêlo.

— Ele está a atirar-se a mim.

Jura?

— Mas, eu não posso, né?

Olhei para ela de forma interrogativa, ela olhava para o horizonte.

— Ainda nem contei à minha irmã... Agora que estou noiva do Vernon, ela vai ter um ataque cardíaco!

A informação demorou algum tempo a chegar ao meu cérebro.

Levantei-me.

— Estás noiva?- perguntei, chocado.

Ela deu um salto de susto e caiu dentro do lago.

Só aí me apercebi que me tinha "re-transformado" em humano. Merda!

— Mas como...?- começou ela.- Tu eras um cão, posso jurar! Espera ai!

Ela saiu do lago a pingar.

— Tu és um animagi? Ilegal?

Quem é ela para me acusar?

— Então e tu?- apontei-lhe o dedo.- És noiva e andas a atirar-te a outros e ainda por cima não avisas?

— Tu também andas!

— Mas eu não estou noivo!

— E eu não te tenho de te dar justificações da minha vida!- disse ela, empurrando-me.

Ai que raiva!

— Tens quando implicas os outros na tua vida! Eu não ando com mulheres dos outros!

— Eu não sou de ninguém!

Ela aproximou-se de mim, ficando apenas a meros centímetros de mim. Que vontade de beija-la! Mas não posso! Sendo assim, afastei-me.

— Nunca disse que eras propriedade dele mas ÉS, sim, comprometida com ele! E noiva!! Oh raios!

Fui-me embora, deixando-a encharcada para trás...