Liberdade de uma Deusa escrita por Saibotris, Ana Katz, Laurah Winchester, Gabriel Teixeira, Larissa Almeida, Thais Cabout


Capítulo 5
Samuel




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/563456/chapter/5

23 de agosto de 1572 - Paris, França - 23h00

— Samuel! — ouvi uma voz feminina sibilar — Sam, acorde!

Abri os olhos lentamente. Obviamente ainda era noite, minha irmãzinha de apenas 7 anos sacudia-me freneticamente, espantada com algo.

— Bien, bien, já acordei — eu disse — O que houve Mags?

— Sam, eu... eu tive um pesadelo. Tinham pessoas, matando outras pessoas... Quando acordei haviam gritos vindos da Vila Principal.

— Foi só um pesadelo, pequena, volte a dormir.

Coloquei um cacho de seu cabelo dourado atrás de sua orelha. Ela parecia realmente preocupada.

Então eu ouvi gritos horrorizados cada vez mais altos, àquela altura a vizinhança inteira já deveria estar de pé.

— Se esconda, se esconda! — sibilei, Maggie rolou para debaixo da cama enquanto eu me espremi ao lado da janela, tentando ver algo, até que fui surpreendido por um som de tiro e uma bala no peito. A última coisa que ouvi foi o grito aterrorizado da minha irmã, e o que vi era um rosto distorcido pela expressão maléfica, mas captei um par de olhos vermelho sangue.

Calçada da Igreja St. Alban, Londres, Inglaterra – 14 de maio de 1639.

“Então eu acordei, do nada, em um lugar totalmente diferente, num quarto do Palácio Whitehall, em Londres, um menino que havia entrado no local arregalou os olhos ao perceber que eu estava ali e começou a gritar “Dad, Henry is alive”, saindo do quarto em disparada.
Daí eu aproveitei a deixa, coloquei um capuz de tecido marrom e fugi do castelo, então encontrei vocês aqui”.

— Isso já faz sessenta e seis anos... Sua morte. — disse Azá.

— Impossível — murmurei — Eu morri. Com um tiro no peito.

— Isso é tão estranho. Henry nunca chegou a crescer, morreu logo após um parto complicado, como você pode ser a reencarnação do príncipe? — disse Scarlett.

— Quem era o garoto que entrou no quarto?

— Muito provavelmente era Carlos, o Carlos príncipe, ele tem apenas 9 anos e é o filho mais velho do rei Carlos do Reino Unido, Jaime, que tem 7, é o mais novo. Ao menos em teoria, Henry nasceu um ano antes de Carlos, mas morreu logo após o parto.

— Está bem, mas eu não sou esse tal de Henry, meu nome é Samuel.

Scarlett me encarou, seus olhos semicerrados me causavam uma espécie de adrenalina que me fazia querer sair correndo.

— Talvez, só talvez, você seja um viajante do tempo. — murmurou.

— Viajante do tempo? Isso não existe.

Scarlett grunhiu e jogou o mosquete no chão.

— Está vendo, Azá? Vai ver foi por isso que aconteceu o Massacre da Noite de São Bartolomeu.

— Não seja insensível, Scar, sabemos muito bem o porquê de tudo isso estar acontecendo, e não é culpa de um adolescente viajante do tempo que cheira a abóboras estragadas.

Eu havia pisado em algumas abóboras na minha fuga do Palácio de Whitehall.

— Olha, eu não sei se vocês perceberam... que eu ainda estou aqui. — grunhi.

Scarlett me fuzilou com o olhar. Dei graças que ela havia largado a arma, que Azaléia havia tirado de sua frente.

— Ainda não entendo porquê você insiste em trazê-lo.

— Se ele for um viajante, há uma possibilidade de ter sido enviado por um deus.

— Se é um viajante, por que renasceu com a mesma idade, sessenta e seis anos depois?

— Que dia é hoje?

— 14 de maio de 1639. Estamos em guerra contra a Espanha. Desde 1619 não temos passado mais de 3 anos sem batalhas na Europa.

— O que aconteceu em 19?

Azá olhou para Scarlett, que apenas fechou os olhos e balançou a cabeça.

— Podemos falar disso depois, temos que encontrar Safira.

Antes que eu perguntasse qualquer coisa, Azá olhou para mim.

— Uma amiga nossa, achamos que pode estar em perigo. Há algum tempo a visitamos, ela é guardiã do equilíbrio, e o equilíbrio foi desfeito... O palácio está destruído, e nós a perdemos... a perdemos de vista. — ele trocou um breve olhar com Scarlett. — Quae tu facis, ut sepeliret. — somente moveu os lábios para ela, que assentiu discretamente.

De alguma forma eu soube que era latim, e havia entendido: "Pode ter a ver com o que ela nos disse". Ignorei, deixaria para perguntar no momento certo.

— Vamos para onde mesmo? — perguntou Azá.

— Para a Espanha, ouvi dizer que Oberon esteve por lá, podemos procurar por ele, pedir ajuda. — disse Scarlett.

Então uma cena começou a passar diante de meus olhos, mas não era real, eu não estava lá, como se pelo menos dois terços do meu consciente estivessem voltados para aquilo.

Estava em uma espécie de floresta negra, eu via um grandioso palácio em chamas, avistei uma dama de vestido verde, ela estava em cima de um cavalo negro, fugindo do castelo, que queimava e se despedaçava. Ah, sim, havia outra uma notavelmente esquisita. O cavalo negro tinha asas. Logo avistei também Scarlett e Azaléia, Scar estava em um pégaso branco, o de Azá era marrom.

“Scarlett e Azá, eu tenho muita coisa para contar para vocês”.

Os dois voltaram seus olhares a ela, mas assim que ela abriu a boca para falar, a cena mudou brevemente.

A dama agora estava deitada num piso rochoso com algumas estalagmites, estava numa caverna, seus cabelos grudavam na testa e seu vestido estava em ruínas, e as últimas coisa que pude notar foram grandes cristais no chão.

Quando voltei à consciência total, pressionava as têmporas com força, esfregando a testa eventualmente, com uma careta de dor.

— Sam, você está bem? — perguntou Scarlett.

— Sim, estou. — murmurei, recuperando-me — Só acho que sei onde está sua amiga.

Scar franziu a testa, em desconfiança.

— Onde?

— Caverna dos Cristais, Império Asteca.

— Como você sabe? — questionou Azá.

— Eu não sei como sei, eu só... sei.

— Tudo bem, mas não imagino como iremos conseguir chegar lá à tempo.

— À tempo do quê? — perguntei.

— Se continuar fazendo perguntas, não vamos chegar mesmo. — disse Scar — Peguem suas coisas, vamos atravessar o rio para chegar à França e partiremos para a Espanha. O quanto mais rápido pudermos encontrar Safira, melhor.

Dei de ombros, só o que tinha era uma bolsa de pano com algumas coisas que havia roubado do meu próprio quarto... Ou do quarto de Henry, e armas do arsenal do palácio.

— Vamos pegar três cavalos e chegar ao porto, lá daremos um jeito de atravessar o rio. — disse Azá — Prontos?

Assentimos.

— Então vamos lá.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Liberdade de uma Deusa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.