Liberdade de uma Deusa escrita por Saibotris, Ana Katz, Laurah Winchester, Gabriel Teixeira, Larissa Almeida, Thais Cabout


Capítulo 1
Callie


Notas iniciais do capítulo

Bem, finalmente o primeiro capítulo. Palmas para nós, vamos brindar.



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Passei a mão pelos longos fios de meu cabelo negro, olhei para o criado mudo, onde a carta se localizava, o clima ficou tenso, era como se nós nos encarássemos, era como se ela cochichasse em meu ouvido que me assombraria a vida toda, e que já tinha começado a fazer isso.

Peguei o envelope de cima do móvel e observei as grandes letras que diziam claramente em sua parte externa “Para: Callie. Apenas Callie”, um calafrio percorreu por minha espinha, porém, mesmo assim, li novamente a carta, provavelmente pela terceira vez em menos de dez minutos, e bem provavelmente, pela centésima vez desde que a recebi no início da semana. Eu não conseguia acreditar no que estava escrito.

Joguei o papel no chão, sem me importar ou ao menos me lembrar que existem regras de etiqueta, direcionei-me ao espelho e encarei meu reflexo: Dentre tantas pessoas, por que eu? Nunca fui muita coisa, e agora passei a ser tudo, na verdade, é como se nesse momento eu fosse mais do que tudo. Para outras pessoas seria algo simples, mas para mim, era algo complicado.

Observei cada detalhe da minha face, poderia ser normal, mas começando pela minha aparência, isso era impossível. Cabelos negros e lisos, que antes eram um tom de castanho quase louro, mas que tive que pintar por conta do que a carta pedia, caindo pouco abaixo do quadril, quem nesse mundo deixa o cabelo até pouco abaixo do quadril? Eu. Nariz pequeno e arrebitado, cujo eu odeio, lábios delicados e vermelhos, sabe a branca de neve? Então, essa aí é a minha boca. Não posso me esquecer do rosto oval e... Haviam eles, que deixavam bem clara a minha origem: os olhos violeta.

Não posso dizer que me acho feia, pois não sou. Dizem que sou convencida ao falar isso, porém, não vou me fazer de vítima apenas para receber elogios, quero que me conheçam pelo o que sou, não pelo o que finjo ser, ou pela educação que finjo ter. E... bem, confiança é tudo nessa vida.

Suspirei por longos segundos, soltando provavelmente todo o ar que já respirei na minha vida, peguei a tesoura e a deslizei por meus dedos, brincando com sua ponta, não queria cortar o cabelo, mas precisava ficar o menos reconhecível possível. Encarei o objeto que estava em minhas mãos, então, separei uma mecha de cabelo, e com muita angústia, a cortei, repeti o processo pelo cabelo inteiro.

Ao terminar, fechei meus olhos, preparei todo o meu psicológico, e então, os abri: Não tinha ficado tão ruim, mas não era a mesma coisa de meus longos cabelos, que agora estavam espalhados pelo chão, o corte ficou um pouco torto, mas nesse momento tentei deixar meu perfeccionismo de lado.

Me direcionei de volta ao quarto, peguei um de meus vestidos de festa, um não, o vestido, era o mais belo, que foi feito especialmente para essa ocasião. O modelo era bem simples, na verdade. O busto era liso e justo, havia apenas uma alça, que ajudava a destacar meus seios, a saia rodada era enfeitada com vários babados, da cintura até os pés, sem exagerar muito. Apesar do modelo simples, algo chamava muito a atenção: seu vermelho era tão vibrante que chegava a doer nos olhos, como sangue.

Coloquei a vestimenta e os sapatos, vermelhos e com pouca altura, pois não era adequado à situação, e nem aos meus pés. Passei uma maquiagem não tão leve e me olhei no espelho: Poderia ser qualquer pessoa, menos eu, o único problema eram os olhos, que provavelmente me denunciariam.

A carta dizia claramente: Eu deveria estar sozinha e na festa. E assim o fiz, subi em meu cavalo, com uma certa dificuldade, nunca fui boa em fazer isso, de salto e vestido longo vira uma tarefa quase impossível.

Comecei a cavalgada, o local não era muito longe, o que me fez ver os grandes portões pretos abertos em pouco tempo, e assim, fui diminuindo a velocidade até entrar no local.

– Me espere aqui, em breve voltarei, ok? – Disse para o animal, entregando-o para um dos servos que ajudava na festa.

Observei o grande castelo que estava a minha frente, já conseguia ouvir a música e imaginar as várias pessoas dançando, uma das situações sociais que não aguentaria por muito tempo, teria que ser rápida, encontrar Scarlett, e logo partir.

Entrei no local, e observei a parte interna, tão linda quanto a externa, as paredes eram cor de ouro, que de alguma maneira realçavam a importância do evento, as janelas eram escondidas por cortinas, que dançavam junto com as pessoas, por conta do movimento do vento, havia uma mesa extensa, cheia de comidas e bebidas, sem contar as que eram servidas para o público por mordomos, no meio do salão, havia uma escada, além de alta, era larga, do tamanho de aproximadamente 50 homens de bom porte físico. A escada, o local para ter uma visão inteira do local... Sim!

Caminhei até o topo, sorrindo, cumprimentando as pessoas fingindo que as conhecia, e por incrível que pareça, elas faziam o mesmo. Um estranho em uma festa me cumprimenta... Normal, vamos cumprimentar de volta, quem sabe até mesmo conversar?! Sim! Ótima ideia! Morrer? Sem chances, isso não existe.

Do alto, tudo parecia muito mais convidativo, via vários casais dançando as típicas valsas, os vestidos rodados, cheios de detalhes chamavam a atenção, mas nenhum vestido chamaria a atenção tanto quanto aquele negro, o único vestido de uma cor tão escura no meio de toda aquela multidão.

Desci as escadas o mais rápido que pude, tentando não perder a visão de Scarlett, porém, a garota parecia fugir, e por algum tempo, quase conseguiu isso.

– Scarlett. – Disse, ofegante, ao conseguir segurar o braço da garota.

– Eu estou ocupada, me solte. – A garota disse sem paciência, ao virar me encarou por alguns segundos, e logo estava boquiaberta, seria o fim de meu disfarce? – Seus olhos... – As palavras insistiam em não sair, então a ajudei.

– São violetas? – Falei com humor.

– Então você recebeu a carta... Callie. – Dizia com um sorriso.

– Achei que era para meu nome ser mantido em segredo. – Respondi irônica – Vamos logo, quero acabar com isso o mais breve possível.


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