Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 83
Capítulo 83


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora, mas meus últimos dias não foram os melhores...

Pelo início desse capítulo, onde a cena é bem delicada, eu agradeço pela contribuição crucial da minha parceira nessa fic, a Anonimata e à Bia, uma amiga que me ajudou também a ter uma visão mais poética da situação.

Boa Leitura!



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(Pôs enfim, o pé dentro do quarto. Seus olhos, por um segundo, relancearam pelos aparelhos, até encontrarem o que procuravam: Pamela. Viu-se acometido por uma tontura melancólica, imediata. Ela estava imóvel, tão pálida quanto a gélida neve que agredia o país de onde viera. Herval encontrou-se ao seu lado, com um forte pesar no peito e sentindo uma dificuldade imensa em tocá-la, ela parecia tão frágil quanto um cristal que ele tinha medo de quebrar. Nenhuma palavra foi necessária para que a primeira lágrima fosse derramada e depois dela, a nascente de um rio fosse formada em seus anoitecidos olhos.

–Pam... – Finalmente falou, rouco, num sussurro. – Você não vai me abandonar, não é?

Pamela, encostada à parede, perdida em pensamentos, finalmente viu que Herval estava ali. A possibilidade de abandoná-lo lhe doeu fundo na alma! Colocou a mão sobre a boca, como se estivesse a tentar abafar um grito desesperado. Aquilo era demais! Sentiu-se cair no falso sentimento de desistir. Sabia que não sairia fácil dali. Então lhe veio o conforto em pensamento. O de que não adianta tantas atitudes e lutas se não viver como guerreiro).

Por Pamela:

“O guerreiro está dentro de mim, e eu vou fazer ele viver e relutar com aquilo que me impede de me mover, de acordar, de olhar para o meu amor e de sorrir para ele... Posso não ser grande o suficiente para fazer e acontecer as grandes atitudes carnais, mas tenho a certeza que sou grande em pensamento e sentimento. E mesmo que um dia tudo acabe, eu vou saber que fui uma grande guerreira. Pois não é somente de atitudes que se forma uma pessoa, mas também de sentimentos e energias!” – Pensei, querendo, por Herval, lutar por minha vida-cristal.

–Será que estava escrito que ia ser assim, Pam? A nossa vida? A felicidade como o intervalo curtíssimo entre dois sofrimentos? – Ele tinha razão, nossa paz não durou muito... Seu coração se acometeu de uma revolta daquela situação, do meu estado, da vida! – Não! Não acabou! Eu não acredito que esse seja o final do show... Foi só o intervalo, não é? Pamela Parker não é o tipo de estrela que se apaga tão facilmente... Você vai voltar a brilhar, não é, meu amor...? – Sua mão tocou meu rosto que cada segundo parecia mais alvo, e o seu toque, foi como uma gota de vida chegando a mim. Eu tentava me aproximar dele. Soluçava de tanto chorar. Queria abraça-lo, beija-lo, dizê-lo o quanto o amo, do fundo do meu coração... Herval segurou-me a mão, e de onde eu estava pude sentir seu toque. Houve um contraste, de sua mão quente com a minha, fria. Mas à medida em que os segundos se estendiam, ele me aqueceu, seu amor aqueceu meu corpo ali, deitado, num sono profundo, e aqueceu minha alma que estava completamente atordoada, perdida, e agora encontrava-se ao menos controlada. – Você não vai me deixar sozinho... Não vai me abandonar... Eu tô com tanto medo, Pamela.

–No... My love, eu... Eu nunca vou te deixar... Não tenha medo, eu... Vou voltar, honey, vou...! – Tentei inutilmente lhe confortar, estar ao seu lado e fazê-lo sentir a minha presença, mas ele só juntou minha mão ao seu coração que batia triste, temente e descompassado.

–Volta pra mim, meu amor... Volta pra sua família... Volta para os seus filhos... – Era tudo o que eu mais queria... - Volta pra mim meu amor, e-eu não quero te perder! – Minha cabeça parecia querer explodir, as lágrimas pareciam queimar meu rosto, tudo em mim parecia implorar ou a vida, para que ele parasse de sofrer, ou a morte, para que eu não precisasse mais vê-lo sofrer.

–Você não vai me perder, eu estou aqui, Herval! Aqui, do seu lado... Não é possível que não sinta a minha presença, ou o meu toque, que não ouça a minha voz! Se ela vem daqui do coração... – E ele, sem fazer a menor ideia do que eu lhe dizia, apenas olhando meu rosto desprovido de cor, continuou:

–Deus não pode me castigar assim! Nem você, Pamela. Você não pode entrar na minha vida, fazer a bagunça que fez, depois me ajudar a arrumar, a pôr tudo em ordem, me fazer te fazer minha vida e de repente ir embora...! Minha vida era metódica, eu tinha tudo definido, até você aparecer... Eu nunca me apaixonei assim antes, você me fez querer enfrentar Deus e o mundo pra te ter! Quando finalmente pudemos ficar juntos, eu senti que antes de você minha vida não tinha sentido, que você a iluminou, você que fez esse coração aqui pulsar mais depressa. E por isso o seu não pode parar!

–Herval... – Grunhi.

–Eu te amo tanto...! Eu não sei mais como viver sem você...

–Ah Herval... Como eu queria que você me ouvisse, me visse! Eu não vou te deixar nunca, my love! Nunca! No way! – Só o vi baixar a cabeça e uma lágrima derramar. – Daddy! Daddy! Onde você está?! – Ele tinha que me ajudar!

–Aqui, princess... Sempre ao seu lado.

–Ah daddy... Herval está sofrendo tanto... Eu quero voltar agora!

–Paciência, baby... Você não pode se esforçar tanto de uma única vez. Leva um tempo...

–Mas ele precisa saber que eu não vou abandona-lo, daddy! Eu vou voltar para my love...

–Vai com certeza, vai... Mas ele no fundo sabe que você não vai deixa-lo, Pam. Descanse, e... – Olhou para a porta e lá apareceu uma enfermeira.

–Sr. Herval, o tempo acabou... – Daddy sumiu, olhei para Herval e ele enxugava as lágrimas para ir embora.

–Eu vou ficar te esperando tá...? Agora eu vou pra casa, cuidar do nosso filho e amanhã eu tô de volta. – Fez uma última carícia em meu rosto e disse: - Eu te amo... – E sentindo um peso enorme em todo o corpo, o vi ir embora.


Por Herval:

Eu voltei para casa, de carro, mas antes de entrar tive que passar uns cinco minutos dentro dele ainda. Chorei, indaguei, esmurrei o volante, tentei colocar tudo aquilo pra fora de alguma maneira, porque assim que eu entrasse em casa teria que ser forte e sorridente ao máximo, para não preocupar o Joaquim.

–Daddy!! – Voou em meus braços, quando me viu. Ele me lembrava tanto a Pam quando falava inglês... Eu só consegui abraça-lo, fechando os olhos, tentando segurar as lágrimas. – Você entlegou a flor para a mamãe?

–Entreguei, meu filho... Ela ainda não viu, tá do lado dela na cama, mas eu tenho certeza de que quando ela acordar, vai adorar! – Era inútil eu tentar disfarçar a minha cara, ele percebeu na hora!

–Ela piorou, papai? – Dorothy chegava na sala, com a mão na boca, me olhando, mas eu não iria mentir pra ele.

–Um pouquinho, Quim... Mas agora o estado dela já tá estabilizado, é só esperar sua mãe querer acordar, agora.

–Eu acho que sei como fazer ela acordar... – Disse, comprimindo o dedo indicador na bochecha, olhando para o nada, “pensando”.

–Como? – Se aproximou mais de mim e pediu para que eu me abaixasse. Pôs as mãos em concha, perto do meu ouvido e sussurrou:

–Se o senhor me levar lá, e não contar a ninguém, eu posso pular em cima da cama que ela tá! Mommy sempre acorda quando eu faço isso... – Se afastou novamente e piscou o olho pra mim. Pela primeira vez naquele dia, eu sorri. O Quim vinha com cada uma... Ele era uma criança muito especial.

–Eu acho que pular você não vai querer... A cama é super dura! Mas eu vou perguntar lá quando você pode ir ver ela, tá bom? – Falei ainda com um sorriso sutil na cara e ele acenou que sim, animado e em seguida bocejou. – Já tá com sono, filho? Ainda é tão cedo...

–É que amanhã eu vou pla escola e tenho que dormir cedo... – Primeira criança que eu vejo dizer isso.

–Ah é mesmo... Então vem com o papai! – Peguei-o no braço, colocando-o em minhas costas. – Vamos, que eu vou te contar uma história de cavaleiro. E sabe qual é o nome do cavaleiro?

–Não, qual?

–Joaquim! O cavaleiro Joaquim e seu fiel companheiro, o alazão Herval! Iririririri! – E saí correndo pela casa, em direção ao seu quarto, com ele às gargalhadas. Lhe vesti o pijama, deitei-o na cama e deitei ao seu lado. Ele me olhava curioso, e embora estivesse morrendo de sono, queria ouvir a história. Naquele momento eu esqueci todos os problemas... Eu continuava num furacão, mas naquele instante com o Quim, se alguém olhasse de cima desse furacão veria que eu me encontrava no olho do mesmo, tudo a minha volta estava um caos, mas ali, com o meu filho, eu estava num lugar tranquilo e podia avistar, mesmo que de longe, um céu limpo, de um azul sereno. – Era uma vez... – Comecei a lhe contar a história, com toda a empolgação que poderia existir em mim, Joaquim estava me salvando, por algum tempo, do grande tormento que estava sendo meus dias, e eu queria lhe recompensar com todo o meu amor.

Na metade da história, quando eu estava prestes a contar o acontecimento do apogeu da história, olhei para o lado e ele estava dormindo. Um sono pesado... Respiração tranquila e um leve sorriso no rosto, sequer se dava conta da gravidade do estado de sua mãe.

Voltei para a sala e lá estava a Dorothy, com uma revista na mão, folheando-a.

–E então, Herval, como ela está?

–Em coma, Dorothy... Não há alteração nenhuma...

–Ao menos não piora...

–É... – Olhei-a e ela parecia estar exaurida. – Você não quer ir lá vê-la, amanhã?

–Yeah! Aproveito e levo Brian comigo!

–O Brian?

–Sim, ele está chegando. Eu lhe contei sobre o estado da Pam, sobre a vontade da Megan se casar e ele concluiu que precisa estar aqui conosco, porque essa tormenta pela qual estamos passando, é forte demais para aguentarmos sozinhos... – Apenas confirmei com a cabeça. – Ele, Lara e Thomaz já devem estar chegando, eu não quis te falar, porque você já tá com coisa demais na cabeça.

–Mommy!!

–Oh Brian Roberto! – Mas já chegou?! Ela mal terminou de falar. – Seja bem-vindo de voltar ao lar!! – Ela ia abraça-lo, enquanto eu me levantava do sofá.

–Boa noite, Herval! – Eu ia lhe responder, mas ele foi mais rápido: - Confiança, é a palavra. Confie, que tudo vai dar certo. Pamela vai sair dessa! – Eu nunca sabia o que dizer, quando ele vinha com uma dessas, então só acenei positivamente.

–Brian, amanhã nós vamos ver a Pam! E o meu netinho, han? Quando nasce, estou louca de ansiedade! – Disse, passando a mão na barriga da Lara que estava em silêncio desde que entrara, com o Thomaz logo ao seu lado.

–Ainda falta sete meses, Dorothy... – Ela respondeu.

–É muito tempo! Eu não sei se me aguento até lá! – Disse sorrindo.

–Bom, gente, sejam bem-vindos de volta... Mas, agora eu preciso ir dormir, amanhã tenho que acordar cedo... Dorothy, não se preocupe, eu mesmo arrumo o Quim e o levo pra escola, se preocupe só em dar atenção ao seu filho e à Pam quando for no hospital. Boa noite...

Sozinho no quarto. A tranquilidade que o Quim havia me passado, se foi. Quando eu me deitei naquela cama enorme, me senti não só, sem a Pam, não fazia sentido estar ali. O celular tocou.

–Alô?

–Oi! Herval?

–Rita!

–É! Como é que a Pamela tá hein? O Davi me contou do acidente...

–Tá em coma, eu tô esperando ela se sentir forte pra voltar... Como é que estão as coisas na Plugar? Eu te sobrecarreguei demais, né?

–Não... Imagina! Tá meio complicado, mas sempre tem alguém pra ajudar, relaxa. Cuida da sua mulher e só volta a pensar em trabalho quando ela tiver bem.

–Obrigado, Rita... Não sei nem como te agradecer!

–Não precisa... Só me mantem informada tá? Beijos, tchau!

–Tchau! - Me deitei, desanimado e trazendo o travesseiro da Pam pra perto de mim, dormi sentindo seu cheirinho.

No dia seguinte, acordei bem cedinho já deixando a cama impecável. Acho que uma maneira de tentar me organizar internamente, é organizando as coisas ao meu redor. Tomei um banho, me vesti e fui cuidar de acordar o Quim. Só que no caminho encontrei o Brian falando ao telefone, parecia querer se esconder e ao perceber a minha presença, logo falou para a pessoa, que precisava desligar e que dali a 10 min iria lhe encontrar. Tentei ignorar, fui ter com Joaquim, lhe dei um banho, lhe vesti o uniforme, preparei sua mochila, e enquanto isso, Dorothy se preparava para ir para o hospital, na frente, enquanto Brian dizia que iria se atrasar um pouco pois tinha alguma coisa para resolver. Lara iria na casa dos pais com o Thomaz. Quando estava tudo pronto, fui tomar café da manhã com o Joaquim e nós ficamos conversando. Ele parecia gente grande! E me fez prometer que na noite daquele dia, eu terminaria de contar a história que começara na noite anterior.

Peguei o carro, Joaquim entrou e eu fui todo o caminho com aquela ligação do Brian na cabeça. Aquilo não estava me cheirando nada bem...


Por Brian:

Eu tinha acabado de chegar de viagem e Jonas já descobriu que eu havia chegado! Ele me ligou e nós ficamos conversando, afinal, sempre fomos best friends! Ou até mesmo Brothers. Mas acontece que u acabei falando do acidente da Pamela e ele quis me encontrar urgentemente. Ele estava com uma cara muito esquisita, tinha deixado a barba crescer um pouco, sinceramente parecia um serial killer... Eu lhe contei que Pam estava em coma e de tudo o que eu sabia em relação ao seu estado. Ele me implorou para eu o deixar me acompanhar até o hospital, mas eu sabia bem de tudo o que o Jonas aprontou e mommy com certeza arrancaria minhas orelhas se eu aparecesse lá com ele. Fui embora, deixando-o abismado.

Só que eu subestimei Jonas Marra. Era óbvio que ele não desistiria assim tão fácil. Eu fui para o hospital e estava esperando mommy sair do quarto para eu poder mandar vibrações positivas para a Pam, quando ele chegou lá, com trajes diferentes do que eu o havia encontrado, estava de jaqueta de couro, preta, uma calça vermelha e sua barba agora se encontrava cerrada, fazendo uma sombra má em seu rosto e dando um tom ainda mais sombrio a ele.

–Jonas, man! O que está fazendo aqui?!

–Eu vou ver a minha MarraWoman! E ninguém vai me impedir! – Disse, autoritário. Nesse instante mommy saiu do quarto e deu de cara com Jonas.

–Mas o que esse marginal está fazendo aqui?!

–Dorothy, não enche o saco! Eu vou ver a Pamela. – E ousou dar um passo.

–Epa! You’re crazy?! Só passando por cima do meu cadáver! Jonas Marra, não me faça querer te mostrar o Dorival Berimbal...!

–No dia em que você me impedir de fazer o que eu quero, eu mudo o meu nome para Joana! – Ele a empurrou para o lado e entrou no quarto sem cerimônia.


Por Pamela:

Fazia algum tempo que eu não via madrinha... Sua presença ali me alegrou bastante! Mas quando ela saiu, um vazio tomou conta de mim novamente. Me sentei num canto de uma parede e fiquei olhando para mim mesma, querendo acelerar aquele processo, mas sem poder fazer nada, quando a porta se abriu.

–Jonas?! – Levantei imediatamente do chão.

–Oi, baby... Como é que você tá, hein? – Ele chegava perto do meu corpo e suas mãos nojentas começaram a acariciar meu rosto.

–O quê que você acha?! Fora daqui! Não toque em mim! – Corri em sua direção e com toda força nas mãos, esmurrava-lhe as costas. – Saia daqui, Jonas Marra! Você é o culpado por isso! A culpa de todo esse sofrimento é sua!

–Desculpa seu hubby? Eu não tive a intenção de provocar esse acidente...

–O quê que você está fazendo aqui?! – Herval! Finalmente tinha chegado.

–Herval, tire-o daqui, please! Ele me faz muito mal... – Senti uma tontura e algum dos aparelhos que estava conectado a mim, fez um barulho.

–Foi você!? Você provocou o acidente?! Seu canalha!

–Eu só liguei para ela, a Pam que é descuidada e atendeu o celular, no volante. Eu estou visitando a minha mulher! – Herval se limitou a segurá-lo pela gola da jaqueta e dizer:

–Eu só não quebro a tua cara aqui, e agora, porque eu respeito a minha mulher que não está bem!

–Herval... – Eu tentei falar seu nome, mas tudo girava a minha volta.

–Pois eu tô afim de quebrar a tua cara! – O empurrou, já lhe dando um murro.

–No!! Herval!!


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Notas finais do capítulo

Continua...



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