Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 151
Capítulo 151


Notas iniciais do capítulo

Demorei. E quase morri por isso, mas o que vale é que cheguei ♥
Boa leitura!
Música do capítulo: Without You - Lana Del Rey
https://www.youtube.com/watch?v=FronrchbU1k



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Por Pamela:

 

Eu optei por preservar a integridade física do meu celular. Não valia a pena me irritar por uma coisa que não dizia mais respeito a mim! Se Herval estava reconstruindo a vida dele, que fosse ele muito feliz! Os sentimentos que se misturavam dentro de mim, ameaçavam explodir meu corpo, quando me assustei ao sentir um toque no meu ombro.

— Ainda vai precisar dos meus serviços? – Neguei com a cabeça, sem ter coragem de olhar para Katy. Eu estava sem ação. – Tá tudo bem? Mrs. ... Quer dizer, Pamela... – Olhei para o lado, ela tinha o cenho franzido e parecia estar bem preocupada comigo.

— T-tá tudo ótimo, Katy... Não precisa se preocupar. – Ela sorriu cumplice e no instante seguinte, senti o celular vibrar na minha mão, acompanhado por uma musiquinha irritante.

— Não vai atender? – Era o número de Herval e algo impedia que eu atendesse.

— Prefiro conversar com você agora. Essa ligação não tem importância... – Ela esticou o pescoço e conseguiu ler o nome na tela.

— Tem certeza de que não tem importância? – Abaixei a cabeça com um certo nó na garganta. – Por que não quer atende-lo? Só porque o casamento acabou vocês serão dois estranhos? Vocês têm um filho em comum e sempre se deram muito bem! Não dá para serem amigos?

No, de jeito nenhum, Katy. E-eu... Ainda o amo. Não conseguiria ser sua amiga. – O celular continuava a tocar. Ele estava sendo insistente.

— De qualquer forma... Ele está com seu filho agora, não está? Você não quer falar com ele? – Assenti. – Então... Tenha coragem! Eu estarei lá fora se quiser conversar. – Passou a mão em minhas costas e me deixou um beijo na testa.

O nome de Herval permanecia na tela. Seria muita infantilidade não atender, né? Afinal, eu não queria que fôssemos inimigos com o término do nosso casamento... Tudo, menos viver em pé de guerra com Herval!

Hello...?— Atendi finalmente.

— O-oi, P-Pamela... D-desculpa estar incomodando, mas é que...

Oh, no problem! Eu que liguei primeiro, right? — Tentei sorrir para me enganar, mas acho que falhei e ele não fez nenhum ruído.

— Então... como é que cê tá? Fez boa viagem?

— Estou cansada. Mas nada que uma boa noite de sono não resolva... And... How are you?

— Com saudade... – Murmurou, mas acho que não era para eu ter escutado.

— O quê?

— O-o-o... O Joaquim! O Joaquim tá morrendo de saudades de você... – Consertou.

— Ah... Me too. Foi justamente por isso que liguei, mas uma mulher atendeu, achei que tinha ligado errado... – E aquele ciúme idiota voltou com a lembrança da voz da sua possível new girlfriend.

— Não, não, foi a Margarida, a minha...

— Não precisa me explicar, Sr. Domingues. – Fui mais seca do que quis parecer lhe interrompendo. Sinceramente não queria saber o que a tal Margarida era dele. – Nós não estamos mais casados. Você não me deve satisfação de quem atende seu celular. Now... Poderia passar o telefone para o Quim? Eu quero muito falar com ele... – Ele bufou do outro lado da linha, e sem responder minha pergunta, afirmou:

— Engano seu. Até eu assinar o divórcio, ainda somos um casal.

 

Por Herval:

Eu devia ter desconfiado... Ela atendeu a ligação dócil demais! Eu devia saber que ela viria com patada. Na verdade, não deveria sequer ter falado com ela! Devia ter passado o celular para o Quim imediatamente, assim que ela atendeu. Mas eu fui fraco, apaixonado...

— Toma, Joaquim. Quando terminar, vem já jantar. – Disse, mal-humorado pelo modo com que Pamela me tratou. Sentei à mesa e Margarida me olhou e rabo de olho fazendo sinal negativo com a cabeça.

— Já brigaram?

— Não, só não quero ser saco de pancada.

— Eu tô morrendo de saudade, mommy... Você vai demorar muito aí? – Joaquim falava com ela, com voz de choro. – Mas... então vai me ligar todos os dias, né? – Será que ela achou que eu estava com contra pessoa...? E estava com ciúme?I love you so much! — Não... era muito otimismo da minha parte.

— Quer um calmante?

— Eu não estou nervoso, Margarida! Só... Um pouco irritado. – Ela ergueu as mãos, rendida e voltou aos seus afazeres.

— Eu queria tanto lhe abraçar, mommy... — Ela que quis assim. Agora esse sofrimento o Joaquim seria constante. Ou ele estaria com saudades dela, ou de mim. – Okay... — Disse ele, como se estivesse chegando ao final da ligação. Já?! – Daddy está um pouco impaciente mesmo... Deve ser fome. A Margarida ainda não terminou de preparar o jantar...

— Quim! Não precisa falar de mim pra ela. – Protestei, mas ele me ignorou.

— Não demora... Love you so much... Me liga amanhã de novo? – Margarida começou a colocar os pratos na mesa. – Okay. Good Bye. — Ele desligou e foi ter comigo, me entregando o celular.

Passou o jantar inteiro em silêncio. Tentei animá-lo, fazendo algumas perguntas, mas ele só respondia com um balançar de cabeça ou um dar de ombros. No fim da noite, ele foi dormir na minha cama e eu fiquei um tempo no sofá. Estava tentando colocar a cabeça em ordem, aquela ligação me tirou do eixo... Pamela sempre me deixou alterado.

E ela que prometeu nunca me abandonar...

Foi mentirosa, ilusória! Passamos por tanta coisa juntos e agora... Era como e nada existisse mais. Como se o passado tivesse sido apagado e todas as palavras de amor que ambos dissemos, tivesse se tornado folha seca lançada ao vento. Mas... Eu tinha que admitir: apesar de tudo, foram anos muito felizes.

Por Pamela:

Foi um tormento ter que falar com Joaquim de tão longe. Aquela viagem veio em boa e em péssima hora! Mas eu tinha que focar no meu trabalho. Havia ido para Califórnia para tratar de negócios e não sentir ciúmes do cara que eu estava me separando! Chamei Katy e lhe pedi um remédio. Qualquer um que me fizesse dormir. Meus motivos eram convincentes para que me desse e mesmo depois de relutar, ela me deu.

No dia seguinte, acordei apenas às 10 horas. Havia dormido um sono mais que pesado e me sentia um pouco melhor. Ao colocar na cabeça que eu deveria focar no meu trabalho e que com o passar do tempo aquela dor da separação se esvairia, me senti um pouco mais leve. Ao sentar à mesa para tomar café da manhã, Katy me perguntou o que eu faria naquele dia. Só então lembrei que precisava falar com meu novo assistente, sobre a reunião que teríamos, para que eu soubesse de tudo o que afligia a empresa.

Katy fez isso por mim. A reunião seria às 14h, logo, eu teria algum tempo para me preparar. Seria no mínimo estranho ter um novo assistente. Eu já estava mais que habituada ao Murphy, mas mudanças acarretam mudanças, right? Eu já deveria estar me acostumando com a ideia de que tudo na minha vida seria novo de novo. Depois de conversar com Katy por um tempo, tratei de ir tomar um banho e me trocar para ir para a Marra International.

— Uau... você está linda. – Katy foi gentil, ao me ver descer as escadas.

Thanks, dear... Você é um amor de pessoa. – Ela se limitou a sorrir. – Katy, eu gostaria de pedir desculpas por qualquer coisa... Não sei se tenho agido adequadamente com você, mas o fato é que minha vida está um verdadeiro turbilhão e eu acabo sendo ríspida sem perceber.

— Até aqui tem sido o doce que sempre foi. Não se preocupe, eu entendo que está passando por um momento delicado, mas está aqui para superar, não é verdade? – Assenti e lhe dando um beijo no rosto, me despedi.

(...)

Mal entrei na Marra e olhos curiosos me observaram. Logo fui abordada por um rapaz meio atrapalhado. Apresentou-se como Chang e disse que era um prazer ser meu assistente. Eu lhe daria no máximo 30 anos. Hoje em dia as pessoas sobem na vida cedo demais! Pelo nome, já dá para ter uma ideia de onde ele era: China. Seu inglês era engraçado e o português... mais atrapalhado que o meu, quando eu ainda estava aprendendo a falar. Tinha um bigode e um cavanhaque que lembrava bastante Murphy além de usar óculos.

— Me permita mostrar sua sala. – Me indicou o elevador, no qual eu entrei e ele, logo depois, apertando o botão do 3º andar. Dados alguns passos, abriu uma porta, avisando que havíamos chegado. – Segundo o que me disseram quando cheguei aqui, esta ser a sala o falecido Sr. Marra.

Sim, eu estava reconhecendo algumas coisas. Lembrava que era mesmo no 3º andar e poucas coisas do antigo designer ainda estava lá. Agradeci a gentileza e pedi para que avisasse às demais pessoas que em 10min eu estaria na reunião. Sentei-me um instante na cadeira e respirei fundo olhando em volta. Era estranho... Eu não era eu. Na verdade, até era, mas de uma maneira diferente... Todas aquelas novidades estavam me deixando zonza!

Dentro da bolsa, ouvi o celular tocar. Ao tirá-lo de dentro, constatei ser Dorothy. Imediatamente lembrei que tinha que procurar um psicólogo para frequentar. Ela fizera questão de enfatizar bastante isso! E, bem, eu estava começando a gostar da ideia. Seria bom para que tudo de rui que havia ficado armazenado na minha mente fosse embora de uma vez.

Hi, madrinha!

Very good! Já atendeu animada!

— Os ares californianos estão me fazendo bem, Darling! Afinal, esta é a minha terra! – Ela deu uma curta risada e então falou:

— Ligou para o Quim?

Yeah. E prometi ligar hoje de novo...

— E aí?

— E aí que vai ser quase impossível ficar sem meu baby aqui comigo.

— Eu estou falando do Herval, Pamela... Você falou com ele? – Sabia que ela dele a que ela se referia!

— Sim, afinal o celular para o qual liguei, é dele. Mas ele apenas perguntou se fiz boa viagem. Depois falei diretamente com Joaquim, não comece com especulações, Dorothy Benson!

— Mas eu não disse nada...!

— E nem vai dizer!

— Será que eu posso ao menos perguntar como você está? Lembra que estava meio pálida, magrinha, fraca, quando saiu do Brasil?

Relax, mamãe. – Ironizei. – Eu estou bem. Amanhã vou em busca de um psicólogo e te deixo a pá de tudo o que estiver acontecendo comigo. – Ela suspirou visivelmente aliviada. – Pode ficar tranquila, eu não vou me matar... Now... Eu preciso desligar, tenho uma reunião agora, madrinha.

Okay, me mantenha mesmo informada! Senão vou ser obrigada a ir aí cuidar de você!

(...)

— ...O problema é que ao longo desses últimos anos, a Marra International tem tentado inovar. Nós temos investido em novas ferramentas de trabalho, novos produtos, novos gênios para produção de algum produto bombástico, mas tudo isso vem falhando e a verba vem diminuíndo. A venda tem decaído dia após dia e isso não permite que o lucro chegue até nós. Logo, não temos como manter todos os empregados e demitimos muita gente.

— Um círculo vicioso... – Murmurei. O caso era mesmo sério. Já havia se passado uma hora de reunião e haviam me mostrado detalhadamente todos as tentativas de inovação e os gráficos com a queda de vendas e de produção da Marra.

— Exatamente. Então nós estamos de mãos atadas. Esperamos que a Sra. como presidente dessa empresa, possa fazer alguma coisa.

Well... Agora, no momento, eu não vejo outra solução a não ser pensar num produto realmente inovador. Mas isso é a resposta mais óbvia. Eu tenho ótimos contatos e talvez tenha a pessoa adequada para executar esse papel, mas precisamos pensar em outras coisas. Em maneiras de poupar o capital da empresa. Precisamos adotar medidas que possamos lançar esse novo produto sem precisar demitir mais ninguém. – Suspirei, cansada. – Dou por encerrada a reunião. Eu entro em contato com vocês para marcar uma próxima, e até lá, espero que todos pensei e me tragam ideias de maneiras para contornar essa situação. Modos de economia! Eu irei fazer o mesmo. Boa tarde a todos.

Deixei-me recostar na cadeira enquanto todos recolhiam papéis e pastas para se retirar a sala. Fiquei perdida em meus pensamentos por bastante tempo... Eu tinha um pepino dos grandes para descascar e tinha que fazer isso rápido antes que a Marra entrasse numa crise ainda maior que atingisse nossas outras filiais.

Aos poucos ia ouvindo as vozes se afastarem, até só poder ouvir a minha própria respiração. Dei um último suspiro antes de me levantar da cadeira, e ao olhar para a porta, senti uma fisgada no peito, pelo susto.

— D-desculpe, a assustei? – Passou a caminhar em minha direção.

Oh, no... Só achei que estava sozinha. – Tentei sorrir. O homem parou na minha frente e sorriu levemente me observando da cabeça aos pés.

— Não lembra de mim? – Um homem loiro, de cabelos cacheados, olhos verdes, barba cerrada e porte finíssimo... Tive de franzir o cenho, forçar a memória e depois de olhá-lo por uns dois minutos, sorri, impressionada com a surpresa que a vida me preparara.

— Richard Trainor!


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Notas finais do capítulo

Continua...
Vamos às perguntas:
1. Qual seu(ua) cantor(a) favorito(a)?
2. Me conte algum micão que você passou:
3. Descreva-se em uma palavra:



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