Avatar: A Lenda de Kay escrita por Sammi


Capítulo 3
A Volta do Avatar




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Quen logo pela manhã partiu com sua patrulha de soldados em direção ao pântano. Alguns deles eram dominadores de terra e criavam passagens, plataformas e rampas entre as vinhas contorcidas do local. Uma neblina densa caiu subitamente sobre o grupo. A umidade era tão pesada que se sentia como fios de algodão caindo no rosto.

– Tenente Quen?

– Estou aqui, não se separem!

– AAAA!!! - um dos soldados gritou e depois se escutou um splash.

– As vinhas! Madame cuidado!!

– Olhem bem onde pisam! - ordenou Quen aos outros, mas suas vozes desapareciam junto com os barulhos de golpes das vinhas. Começou a correr sem rumo e tropeçou em um cipó, caindo em um declive a uma zona mais baixa do pântano. Ergueu-se de pé imponente, águas nos joelhos, a névoa densa parecia ter ficado lá em cima.

– Alô!! Alguém!!?

– Você não precisa atuar mais, mulher...

Quen buscou na paisagem aquela voz, tinha um semblante sério.

– Como? O que diz? Com quem eu falo?

– Não se faça de desentendida, tenente... - disse a voz com um tom irônico - Vocês humanos são muito óbvios para mim. Leio seus espíritos com facilidade, especialmente dentro desse pântano. Você não é o que aparenta ser, Tenente Quen, vejo um grande Shi emanando de você, mesmo que tentes contê-lo com tanto esforço, sinto um calor latente, mais um espírito do fogo veio me visitar? Ora, ora, que dia curioso!

"Mais um!? Então eu estava certa. Aquele clarão foi produzido por um Dominador de Fogo" - Quen refletia e ficava mais séria - Você deve ser, Rahan. Por favor, me conte quem era o "Espírito do Fogo" que você viu antes de mim!

Outro grande splash se fez atrás da Tenente, e um garoto de cabelos espetados negros se materializou.

– Meu nome... Como você...?

– Sou uma dos Quatro protegidos de Sarah, Grã-mestra Quen. Avatar Sarah nos ensinou tudo sobre esse pântano e o espírito que o habita, Rahan...

– Sarah... a encarnação de Raava mais doce e gentil que já passou por esse pântano, sem dúvidas... Ah, verdade, na última vez me falou algo sobre a Lótus, uma organização. Lótus! Você é uma de suas pétalas então? Que disfarce maravilhoso! - o espírito gargalhava entusiasmado - Que dia curioso... - Quen apenas o encarava séria e silenciosa, inspirou por um momento e todas as veias do seu corpo se dilataram simultaneamente, um surto de calor se fez ao redor dela, a água nos seus joelhos começou a ferver e borbulhar, expirou o ar de seus pulmões e o calor ao redor aliviara. Rahan se pôs sério.

– Esse sentimento, essa respiração... Há muito tempo não presenciava o poder de um dragão. Que tipo de monstro é você garota?

– Um tipo não muito paciente - Rahan gargalhava ainda mais alto.

– Você tem muita atitude, senhorita. Deixe-me que lhe digas... parece que meu jeito misterioso lhe irrita. Bem, o Espírito de Fogo que passou por aqui ontem é mais do que isso, é um Espírito da Terra também, e me parece que é o que você anda buscando, estou falando do novo recipiente de Rhaava!

Quen lhe mandou um olhar desconfiado e logo perplexo.

– Não pode ser... "finalmente ela está de volta..."

– Sim, e se eu fosse você, me apressaria em buscá-lo agora, o jovem avatar se encontra em um grande conflito, está bastante confuso. Siga o rastro de vinhas queimadas e pegadas de sangue que irá encontrá-lo - disse o espírito com aparência de Wan apontando pra esquerda.

– Muito Obrigado Rahan! - Quen saiu energicamente naquela direção - Parece que estamos prestes a nos reencontrar, mestra.

Só no meio da tarde que Kay chegou no acampamento. Ofegava bastante mas acelerou o passo quando viu a tenda de Matt, precisava contá-lo o que havia passado, quiçá teria algum plano. Matt, além de poderoso sempre foi muito inteligente. Talvez poderiam fugir, Kay achava muito improvável mas sonhava com isso. Enquanto passava pelo acampamento os outros recrutas apenas o ignoravam, "apenas um soldado".

– Matt, Matt, eu...!! - Quando Kay abriu as abas da entrada da tenda do Capitão, um homem sério, forte e alto sentava na cadeira de Matt. Tinha as mãos cruzadas por debaixo dos olhos e mirava fixamente a ele. Matt estava do outro lado da mesa com os braços cruzados, encarava Kay com olhos assustados.

– Soldado! Quem você pensa que é pra entrar aqui dessa maneira? Você ficará encarregado de lavar os uniformes de todos por duas semanas! Além das rondas matinais todos os dias - Kay ficou sem reação, Matt abriu ainda mais os olhos e mexeu com a cabeça sinalizando para que ele fosse embora logo - Sim senhor! - disse Kay.

– Matt, você pega muito pesado com seus jovens recrutas - disse o outro homem na tenda rindo. Kay o reconhecia de vista, era o chefe de Matt, General Sun Li. Parece que nos tempos de academia na sede do exército, o general pegou Matt como seu protegido.

– Ele não é muito mais jovem que eu, general. Isso não é desculpa.

Kay se dirigiu a saída e pediu desculpas, Matt o seguia com os olhos preocupado, mas logo voltou a tratar de seus assuntos com o general. O jovem avatar chegou no seu saco de dormir tomado de ira, pisou forte na terra e chutou seus objetos no ar, uma pequena rachadura se produziu em direção ao centro do acampamento e o tremor derrubou algumas lanças no caminho.

– Hey, atenção moleque! - um dos soldados jogou uma xícara de cobre na cabeça de Kay que caíra tonto e frustrado no seu saco de dormir - "Maldito Matt, maldito exército, maldita vida" - dizia enquanto mirava ao céu alaranjado da tarde.

Uma hora depois uma presença imponente apareceu ao lado do seu saco de dormir, só podia senti-la, já que havia fechado os olhos pra cochilar um pouco, quando os abriu, já não via mais o céu alaranjado, mas os dois olhos celestes de Matt, aqueles olhos que o hipnotizavam. Primeiro teve um leve susto e quando começava a ensaiar um sorriso recordou o que havia passado mais cedo, fez uma cara ranzinza e se virou no saco de dormir contrariado.

– Kay, eu preciso falar com você...

– Agora você precisa é?

Depois de alguns segundos de silêncio, Matt bateu o pé no chão e uma grande força da terra empurrou Kay junto com o seu saco de dormir a uma posição ereta.

– Siga-me até a floresta, ou vou precisar levá-lo eu mesmo dessa maneira?

Kay o seguiu enojado. Observava Matt e suas costas largas, com as mãos cruzadas atrás naquele seu jeito muito formal e militar. De vez em quando Matt virava a cabeça para trás como olhando desinteressadamente a ele. Desde que fora assignado a essa missão em que coincidentemente foi colocado sobre a tutela de Matt, seus sentimentos pelo amigo afloraram bastante e na última madrugada, mesmo com tudo que havia passado, só podia se lembrar do seu beijo, do seu toque.

Já estavam no meio da floresta e Kay em uma manobra rápida fez com que uma pedra o impulsara para o alto saltando diretamente a frente de Matt. Avançou em direção ao Capitão com um gancho de braço. Matt desviou ligeramente a lateral, agarrou o braço de Kay desarmando o golpe e os dois cairam no chão com Matt sentado em cima de suas costas o imobilizando. Agitou os cabelos de Kay com uma das mãos.

– Você nunca aprende não é, punhos leves? - disse sorrindo, se levantou, andou alguns passos a frente e logo se virou para Kay - Onde você esteve, lhe procurei o dia inteiro... - perguntou. Kay se levantou do chão abruptamente, e junto com ele 2 grandes pedras se levantaram também. Kay deu um chute e um soco e as duas pedras obedeciam o ângulo de seus golpes indo a grande velocidade em direção ao Capitão. Matt só se esquivou para um dos lados e agarrou uma das pedras com a mão e a afundou facilmente de volta ao solo. Golpeou o chão com a palma e vários paralelepipedos de terra se levantaram como uma onda em direção a Kay, que criou uma plataforma ascendente que o protegeu do golpe terrestre. Matt fez um forte agachamento e uma pedra de 5 metros foi cuspida do solo ao seu lado, voltou rapidamente à posição ereta normal flexionando todos os músculos da sua esbelta constituição. A pedra se desfez em várias, e com movimentos cortantes no ar, as pedras se deslocavam como misseis em direção a Kay em cima de sua plataforma. Kay pôde se desfazer de algumas das pedras com chaves de braço de defesa, mas uma o atingiu diretamente no abdomen e o

impulsou fortemente de volta ao solo. Matt, com um movimento das mãos, fez todos os estilhaços, a plataforma e as pedras voltarem ao chão, limpando completamente a paisagem dos destroços daquela luta - Onde você esteve Kay? - perguntou Matt mais uma vez.

– Ah, então era por isso que você me tratou daquela forma? Estava com raivinha por não ter me achado?

– Eu sou seu Capitão, idiota. E aquele era ,Sun Li, um dos 7 generais do Reino da Terra. Como você queria que eu te tratasse?

– Você não tem outro soldado para importunar não, Capitão Matt? - Kay parecia emburrado, Matt o ajudou a levantar-se do chão. Logo agarrou sua cabeça por trás e

encostou a testa na sua testa - Desculpe, Kay - Disse com tom grave o encarando diretamente. Kay se perdia nos seus olhos quase transparentes.

– Você sabe como ser profundo e sério não é... Err... Tudo bem, eu desculpo - disse Kay atrapalhado corando um pouco, nesse momento poderia lançar chamas de novo ao céu.

– Não sei porque você sumiu, mas eu tenho uma notícia grande para te dar.

– É? E o que seria?

– Temos informações que o Avatar pode estar de volta.

Kay arqueou as sombrancelhas e engoliu em seco.


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