Paz Temporária - Chama Imortal escrita por HellFromHeaven


Capítulo 6
Primeiras impressões




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Ainda estava entorpecida pela visão extremamente incomum para meus olhos, quando Ruby adentrou aquele local estranho me levando junto. As estradas eram revestidas por uma espécie de pedra negra com faixas brancas e havia muitas pessoas andando de um lado para o outro num ritmo frenético e, mesmo assim, sem trombar uns com os outros. Aposto que se eu tentasse andar sozinha por ali ira acabar esbarrando em todo mundo. Fui guiada até uma encruzilhada, onde paramos enquanto várias... Máquinas de metal com rodas cruzavam a estrada à nossa frente. Tais máquinas pareciam ser conduzidas por pessoas e eram muito barulhentas. Voltamos a nos movimentar depois de algum tempo e... Cruzamos uma grande distância. Tudo parecia tão igual e, ao mesmo tempo, tão... Diferente. Eu estava completamente perdida. Era capaz de me guiar com facilidade pela floresta cujas árvores eram muito parecidas, mas havia tantos sons, luzes, máquinas se movimentado e pessoas... Era informação demais para minha cabeça assimilar. Enfim, paramos em frente a uma casa de uns dois andares com um pequeno muro e um portão de metal. Ruby, então, começou a vasculhar sua bolsa.

– Bem... Só vou achar a chave aqui e... Ah! Deve ser meio óbvio agora, mas essa é minha casinha. Bonita, não?

– Bem... É muito diferente das construções que estou acostumada a ver, mas sim. Não existem mais casas de madeira?

– São raras por aqui. É mais fácil encontrar esse tipo de casa lá nos países do norte. Madeira é um material caro... Pelo menos as boas são.

– Entendo.

– E então? O que achou da cidade?

– Bem... É um lugar muito confuso. Acho que eu me perderia fácil por aqui.

– Heh. Realmente é fácil se perder por aqui... Na verdade só se você for novato mesmo. Ah! – exclamou Ruby tirando um pequeno molho de chaves de sua bolsa. – Achei! Vamos entrar.

Ela abriu o portão e entramos no local. Ao passar pela porta, me deparei com um corredor que continha algumas portas e cujas paredes apresentavam uma coloração azul clara. Havia diversos quadros espalhados pelas paredes. Alguns eram muito realistas e nem parecia que eram pinturas. Ruby me guiou até um cômodo que parecia ser a cozinha. Lá, avistei uma mulher alta com roupas acinzentadas e aparentemente desconfortáveis, com seus cabelos soltos e um óculos, um homem, também alto, com roupas muito parecidas com as da mulher, cabelos curtos e arrumados lendo um grande pedaço de papel de um cinza escuro e... O Jim. Todos estavam sentados silenciosamente à uma mesa redonda de vidro e não notaram nossa chegada. Ruby, então, coçou a garganta o mais alto que pode e disse apontando para mim com uma expressão de vitoriosa:

– Família! Apresento a vocês... Tia Tsuya!

Eles olharam rapidamente para nós e depois voltaram a fazer o que estavam fazendo. Passados alguns segundos, a ficha caiu e eles olharam novamente para nós, espantados. Levantaram-se e ficaram me encarando desconfiados, com exceção de Jim, que apenas parecia confuso.

– Quem é essa pessoa, filha? – perguntou o pai vindo em minha direção.

– É a tia Tsuya, ué. Acabei de falar isso.

Ele rapidamente a puxou para trás de si, ficando entre mim e ela. Parecia muito desconfiado, o que não era de se espantar afinal, duvido que a pequena sequer os comunicou sobre minha “visita”. Comecei a me sentir estranha, pois minhas vestes eram muito diferentes das deles, mas mantive minha compostura.

– Filha... O que nós falamos sobre falar com estranhos? – perguntou a mãe gentilmente.

– Mas ela não é estranha! É a tia Tsuya, droga!

– Você não tem nenhuma tia, filha.

– Está tudo bem. – disse Jim. – Eu também a conheço.

Os pais se viraram confusos para o garoto, mas sua expressão de... “Nada” transmitia seriedade para suas palavras. Depois de algum tempo analisando a situação, os dois voltaram-se para mim mais aliviados e baixaram a guarda. Pareciam um pouco envergonhados, mas fingi não notar isso em respeito a eles.

– Er... Desculpe meu modo de agir. – disse o pai enquanto coçava a cabeça. – É que esses dois tem se metido em muitas confusões, então tenho que ficar alerta.

– Não se preocupe com isso. – disse. – Você só estava pensando na segurança da pequena. Eu faria o mesmo.

– Oh... Entendo. Bem... Sente-se.

– Com licença.

Sentei-me à mesa e todos também o fizeram. Ruby possuía um grande sorriso de vitoriosa em se rosto, os pais me olhavam curiosos e Jim... Continuava com sua expressão habitual, como se nada importante estivesse acontecendo.

– Então... – disse a mãe. – Você é a mulher que ajudou meus filhos há um mês?

– Sim! É ela. – exclamou Ruby antes mesmo que eu pudesse responder. – Ela deu uma bela surra naqueles caras malvados!

– Gostaria de agradecer e me desculpar em nome deles. – disse o pai. – Esses dois só sabem se meter em encrenca.

– Hey! – exclamou Ruby indignada. – Mas eu não fiz nada! Não é minha culpa que o Jim deu uma de “ateu intelectual” pra cima dos caras.

– Bem... – disse a mãe meio sem jeito. – Agora já não importa de quem foi a culpa. O que importa é que terminou tudo bem graças a você... É... Qual seu nome mesmo?

– Tsuya e... Eu não fiz nada. Apenas o que achei ser o certo.

– Não seja modesta! – exclamou o pai. – Eles disseram que você até enfrentou um homem armado.

– Bem... Isso é verdade, mas não faz muita diferença.

– Heh. Parece que você tem bastante confiança.

– Não é bem isso. É só que...

– Ela é imortal! – interrompeu Ruby.

Houve um momento de silêncio após essas palavras, seguido de várias gargalhadas vindas dos dois. Jim permaneceu quieto e desviou o olhar para a janela enquanto Ruby parecia se irritar cada vez mais. Isso me lembrou de que essa informação não era fácil de ser aceita. Aliás, até mesmo na minha época era difícil para as pessoas acreditarem e geralmente só o faziam quando eu provava de alguma forma. Lembrando disso, notei uma faca em cima da mesa. A peguei e olhei para eles:

– Pode ser difícil de acreditar apenas com palavras, então...

Segurei a faca com firmeza e a atravessei em meu pulso esquerdo. As risadas logo se transformaram em silêncio enquanto eles me encaravam muito assustados. Mantive minha expressão séria e desinteressada, principalmente porque não senti nada com aquilo, por alguns segundos. Depois retirei lentamente a faca e coloquei a outra mão por baixo do furo para evitar que o sangue sujasse o chão. Os dois ficaram paralisados enquanto o sangue pingava em minha mão cada vez mais devagar até, finalmente, cessar. Neste momento levantei meu braço, mostrando que não havia mais nenhum vestígio do ferimento a não ser o sangue que tinha escorrido.

– Foi o suficiente? – perguntei.

Eles continuaram paralisados e assim ficaram por alguns minutos. Demorou mais do que eu imaginava para que eles saíssem do transe e nesse meio tempo Ruby sorria com uma expressão de “eu avisei”. Jim continuava olhando a janela e apenas suspirou profundamente quando percebeu o longo tempo que seus pais ficaram petrificados.

– I-isso não... Como... – indagou o pai, muito confuso. – Como é possível?

– Também não acredito no que meus olhos estão dizendo. – disse a mãe, também confusa. – Você... Poderia fazer de novo?

– Claro. Tem algum ponto específico onde você quer que eu coloque a faca?

– No pescoço. – disse Jim.

Seus pais se viraram para ele aparentemente irritados enquanto o mesmo apenas me olhava com sua expressão desinteressada.

– Você está louco? – perguntou o pai, irritado. – Se aquilo for algum tipo de truque... Então...

– Tudo bem. – disse.

Os dois pais se viraram para mim muito espantados e eu simplesmente cravei a faca no meu pescoço enquanto mantinha minha expressão séria. Desta vez, doeu um pouco, mas apenas ignorei isso e a cravei o máximo que pude. Parei quando senti a lâmina raspando em uma de minhas vértebras. Aqueles dois ficaram boquiabertos enquanto eu retirava a faca lentamente e, depois de um leve “esguicho” de uma de minhas artérias, tampava o buraco com a mão. Desta vez, o sangramento demorou mais para parar, mas ainda assim o fez. Retirei minha mão do ferimento, que já não mais existia, e estiquei meu pescoço para que eles pudessem vê-lo... Caso ele ainda estivesse lá, claro.

– Agora foi o suficiente?

– S-sim... – disse a mãe.

– Pelos Deuses... – disse o pai.

– Por Deus, pai! – exclamou Ruby. – Só tem um, não é tia Tsuya?

– Exatamente.

– O quê? – exclamaram os dois.

Resolvi, então, explicar tudo o que havia explicado para Jim e Ruby a seus pais. Isso levou algum tempo, já que eles relutavam a aceitar algumas coisas. Mas no final deu tudo certo. Quando a discussão finalmente terminou, eles pareciam mentalmente esgotados. Não é de se espantar, afinal, não é fácil descobrir que o que você considerava verdade na verdade não é. Enfim, já era de noite e pensei em ir embora.

– Bem... Já está tarde. Acho melhor eu ir andando.

– O quê? Não. – disse a mãe. – Nossos filhos dormiram com você naquele dia, certo?

– Sim, mas...

– Então essa é nossa chance de retribuir o favor! Aí amanhã os dois te mostram a cidade direito.

– Bem... Eu... Não sei.

Senti algo apertando meu braço e me virei para verificar. Ruby estava me abraçando enquanto me encarava com os olhos levemente marejados. Suspirei profundamente e decidi ficar.

– Tudo bem... Afinal... Tenho que admitir que fiquei curiosa a respeito da cidade.

– Então está combinado! Você fica no quarto de hóspedes... À propósito... Como somos mal educados! Meu nome é Carla Evenger e esse é meu marido, Chris Evenger.

– Oh... Muito prazer.

– Bem... Sinta-se em casa.

A noite passou rápido e fui até o banheiro, onde tomei banho com uma geringonça estranha. Enfim, fui até o tal “quarto de hóspedes” e deitei na cama. Era muito mais macia do que a minha e... Confesso que apaguei rapidamente. Foi um dia interessante, mas nunca poderia adivinhar que o que estaria por vir seria tão... Impactante.


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Notas finais do capítulo

Antes de mais nada queria me desculpa com meus leitores pela demora deste capítulo. Acontece que houveram vários imprevistos e passei os últimos dias muito ocupado com várias coisas... Enfim, antes tarde do que nunca 8D Aqui está mais um capítulo pacato, o que vai começar a mudar a partir do próximo!
Enfim, agradeço a quem leu até aqui, espero que estejam gostando e até a próxima =D



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