Paz Temporária - Chama Imortal escrita por HellFromHeaven


Capítulo 19
Com a brisa da Guerra




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Alguns anos se passaram desde nossa intervenção à operação de “limpeza em massa” da Igreja e desde então Harvyre se esqueceu do que era paz. Nossa ação gerou uma repercussão muito maior do que havíamos previsto e tivemos que nos reunir e pensar melhor em como agir futuramente. O líder supremo dos Fallen Ones fez um anúncio declarando guerra oficialmente a todos aqueles que iam contra a “doutrina” da seita e nos usou como justificativa. Em contrapartida, várias rebeliões eclodiram (novamente) por todo o país, mas dessa vez elas não foram paradas tão facilmente. As tropas da Igreja e as nossas estavam debilitadas por causa de nossa batalha e apenas nossos inimigos tentaram agir (alguém tinha que parar as revoltas). Aproveitamos a reação do povo para nos recompor enquanto Roward se deslocava por todo o país para recrutar novos adeptos à causa.

Depois de alguns meses de batalhas constantes em todo o território nacional, finalmente conseguimos voltar a agir podendo contar com o apoio de boa parte da nação. Com isso, várias batalhas entre a Organização e a Igreja foram travadas com diversas perdas de ambos os lados. Para a surpresa de nossos inimigos os números estavam ao nosso lado e, mesmo com menos recursos, era possível dizer que estávamos ganhando a guerra. É claro que isso não significa que ela acabaria a qualquer momento, mas sim que o número de vitórias estava ao nosso lado.

Mesmo assim, não havia tempo para relaxar... Aliás... A tensão tomava conta das vinte e quatro horas diárias dos comandantes, pois estava cada vez mais difícil encontrar pessoas de confiança. Afinal, se nós tínhamos pessoas infiltradas nada impedia os Fallen Ones de fazer o mesmo em nosso exército. Por causa desse tipo de coisa, o período de tempo entre nossas reuniões ficava cada vez mais curto e, consequentemente, meu tempo no campo de batalha se reduzia cada vez mais. Nem preciso comentar o quanto isso estava me incomodando e chegou em seu ápice em uma semana quente de verão.

Estava em uma de nossas filiais, localizada em uma cidade do interior cujo calor superava o do templo e acabava com meu humor. Havia acabado de sair de uma reunião com alguns líderes de pequenas tropas e me sentei na calçada em frente ao prédio onde nos encontramos. Fiquei apenas observando o movimento de soldados e alguns poucos refugiados que circulavam pelas ruas de lá enquanto tentava encontrar uma forma de eliminar meu estresse. A essa altura, eu já era uma figura conhecida por todos do país, o que tinha seus lados bons e ruins que nem preciso mencionar.

Comecei a pensar em como o país estava uma merda e de que maneira eu poderia acelerar o processo de reversão dessa situação e acabei notando algo que havia me passado despercebido: nenhum outro país havia interferido até aquele momento. Isso me fez pensar que não era apenas Harvyre que estava ruim, mas sim toda a humanidade, pois mesmo que nossas matanças estivesses logo ao lado deles, nenhum grande líder (ou presidente, como eles eram chamados) sequer fingia que estava ligando para isso.

Tal pensamento apenas aumentou minha raiva e fez com que eu simplesmente saísse andando em rumo pela cidade. Fiquei vagando enquanto olhava para o chão e tentava não pensar em nada até que trombei com alguém. Ao conferir, notei que era um soldado aliado usando roupas rasgadas e com alguns ferimentos superficiais espalhados pelo corpo. Sua expressão de espanto complementava a ideia gerada por sua condição de que algo havia dado muito errado. Rapidamente lhe cedi meu ombro e comecei a leva-lo para onde a unidade médica. Esperei um pouco para o homem recuperar seu fôlego e comecei a interroga-lo para saber o que havia ocorrido:

– Você está bem surrado. O que houve?

– Desculpe-me por te fazer me carregar neste estado, senhorita. Sou Oscar, venho de uma pequena tropa que estava escoltando um grupo de rebeldes que estava lutando sozinho contra a Igreja.

– Então vocês foram interceptados pelos Fallen Ones?

– Exatamente... Tive sorte por ser o mais rápido e consegui escapar a salvo. Alguns de nossos homens morreram e os sobreviventes foram levados. Segui-os para descobrir o que pretendiam e descobri um acampamento no meio da Floresta Esmeralda.

– Então você foi descoberto e acabou desse jeito?

– Sim... E, por sorte, consegui despistá-los e cheguei até aqui. Gostaria de pedir que a senhorita enviasse um grupo até lá para salva-los.

– Fique tranquilo. O farei assim que você estiver recebendo tratamentos médicos. E não precisa me chamar de “senhorita”. Apenas Tsuya está bom.

– Oh... Tudo bem. Obrigado, Tsuya.

Deixei o homem aos cuidados dos médicos da cidade e convoquei alguns de meus homens para me acompanhar na missão de resgate. Decidi ir pessoalmente porque eu já estava cansada de apenas mandar as pessoas morrerem por meus ideais. Sempre fui ensinada a correr atrás de meus desejos e os agarrá-los com minhas próprias mãos, então a posição da qual me encarregaram me incomodava demais. E aquela situação era a desculpa perfeita para eu fugir disso e aliviar todo o estresse que me acompanhava há um bom tempo.

Chegar ao acampamento foi uma tarefa difícil, principalmente porque acabei me esquecendo de pedir indicações para aquele soldado ferido. Está é uma prova irrefutável de que agir por impulso pode gerar resultados muito desagradáveis. Por sorte, conseguimos encontrar dois homens patrulhando o local e usamos um pouco de “jeitinho” para que eles nos revelassem a localização de sua base. Eram bons homens, pois resistiram o máximo que puderam antes de ceder, mas isso já era o esperado. Afinal, na minha época de mercenária eu era especialista em “interrogatórios” e tive a melhor professora da época: minha mãe.

Enfim, conseguimos chegar até o local. Era uma grande clareira cercada por um vegetação densa (com a exceção de algumas trilhas estreitas) onde havia umas cinco grandes cabanas de madeira muito bem construídas (o que indicava que o local era “antigo”) e uma maior coberta com uma espécie de tecido. Cerca de cinco homens patrulhavam a instalação e dois guardavam a cabana maior. Provavelmente era lá onde os prisioneiros estavam. Bem, como naquele dia específico minha paciência era inexistente e o local não parecia abrigar um grande número de soldados, pedi para que meus homens esperassem por mim do lado de fora e só entrassem caso eu os comunicasse.

Saquei minha espada (pedi para que forjassem uma e embora não fosse igual à minha antiga, conseguia cumprir sua função) e adentrei o acampamento. Rapidamente eliminei os guardas que rondavam o local, mas os outros dois soaram um alarme. Isso serviu para mostrar que eu estava muito enganada quanto à capacidade do local. Fui cercada por cerca de trinta soldados e mais deles continuavam saindo daquelas barracas. Espantei-me de início, mas logo ignorei isso e parti para cima deles. A luta demorou mais do que eu esperava e já não podia utilizar meu braço direito depois que o último corpo caiu. Olhei ao meu redor e vi vários pedaços de pessoas espalhados pelo acampamento, onde parecia ter chovido sangue. Respirei profundamente e entrei na cabana maior.

Para minha surpresa, ali não passava de uma sala com uma grande mesa redonda e um mapa de Harvyre com alguns locais circulados, preso a algumas cordas eu desciam do teto. Era provavelmente o local onde eles discutiam suas estratégias e coisas do tipo. Revirei a o lugar e não encontrei nem uma gota de sangue sequer dos prisioneiros. Sai de lá confusa e percebi que meus homens haviam entrado na instalação. Como eu já tinha derrotado os soldados deixei passar e apenas pedi para que me ajudassem a encontrar nossos aliados. Entramos nas outras barracas e notamos eu havia alçapões abertos que levavam para o subterrâneo.

Ao descer, demos de cara com túneis que levavam a um arsenal, um depósito de munições e mantimentos e a um local sujo de sangue com jaulas de metal e cadáveres em decomposição sendo devorados por ratos. Essas jaulas abrigavam as pessoas que fomos resgatar. Quebramos os cadeados e deixamos todos saírem. Eram poucos e não pareciam estar ali há muito tempo. O que significa que deveriam ser apenas aqueles mencionados pelo homem que encontrei na cidade. Tudo parecia normal, até que uma figura familiar cruzou meu caminho e nossos olhos se encontraram. Era um jovem alto, moreno com cabelos curtos e levemente espetados e se espantou ao me ver:

– Sacerdotisa?

– Eu não acredito... Jim?

Os soldados pararam e apenas observaram a cena cômica de qual eu fazia parte, curiosos. Eu e o jovem ficamos nos encarando sem acreditar que aquilo era possível. Levei a minha mão com força contra meu rosto e suspirei profundamente. Aquilo seria só tornou tudo mais complicado.


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Notas finais do capítulo

Acho que vou acabar mantendo mesmo esse lance de postar uma vez por semana, mas meh...
Altos sanguinhos rolando a todo vapor e uma figura conhecida surge... Será que ele vai realmente se juntar à Organização? Tsuya vai lavar o sangue de seu corpo? Roward continua dorminhoco? Veja mais no próximo episó... capítulo de Immortal Flame! (não, não existe motivo nenhum pra isso)
Agradeço a quem leu até aqui, espero que estejam gostando e até a próxima =D



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