E Se fosse verdade? 2 escrita por PerseuJackson


Capítulo 33
Sou linchado




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— Por aqui.

A senhora nos guiava até sua casa que, pelo o visto, era bem simples e humilde.

Eu estava me sentindo bastante culpado. Não só pelo o que acontecera com Kayro, mas por ter falado asperamente com Ashley. Tentei pensar no que eu poderia fazer para que ela voltasse a falar comigo.

— Não reparem na bagunça. — sorriu ela, abrindo a porta.

A casa era pequena e apertada. Havia somente quatro cômodos pequenos. Sala, cozinha, banheiro e um quarto. Na sala, apenas dois sofás amarelos, uma estante com televisão e um rádio.

Do meu lado, Percy emitiu um gemido.

— Odeio lugares apertados. — sussurrou ele.

Dei um cutucão em suas costelas.

— A senhora está oferecendo a casa dela e você fica reclamando?

Ele deu de ombros.

A senhora se virou para a gente.

— Aqui é um pouco apertado, então... vocês podem dormir aqui na sala, nos sofás, mas um de vocês tem que dormir comigo na cama.

Já não vai ser eu! Pensei, imediatamente.

— Hã... eu durmo no sofá. — falei, imediatamente.

— Eu também. — disse Annabeth.

— Prefiro dormir no sofá. — disse Ashley, sorrindo.

— Todos nós dormimos no sofá. — finalizou Percy.

— Mas... — a senhora olhou para os dois sofás. — Não há espaço para vocês quatro. Três até que vai. Um de vocês precisa dormir na cama comigo.

Meus amigos e eu nos entreolhamos. E de repente disparamos para os sofás.

— Cheguei primeiro! — exclamei, deitando em um.

— Esse lugar já é meu! — disse Annabeth.

— Eu durmo aqui. — falou Ashley, com autoridade suprema.

Percy ficou de pé, sem lugar.

— O quê? — exclamou. — Não! Podem ir saindo. Quero dormir aqui também.

— Meu filho, ainda tem a cama. — insistiu a senhora. — Lá tem espaço suficiente.

Pelo o olhar de Percy, vi que ele estava a ponto de gritar: NÃO! Annabeth sorriu. Eu segurei o riso.

— Okay. — disse ele, por fim.

— Vou trazer lençóis para vocês. — disse a senhora.

Fiquei olhando para Percy, tentando permanecer sério.

— O que foi? — perguntou ele, mal-humorado.

— Nada. — disse eu, dando uma risada. — Não tente fazer nada enquanto estiver na cama com ela.

Até Ashley riu com essa.

— Deixe de ser idiota. — resmungou Percy.

A senhora voltou com os lençóis e nos entregou.

— Se quiserem tomar banho, o banheiro está ali. — ela indicou com a ponta do dedo.

— Tudo bem. — respondeu Ashley. — Obrigado por tudo.

— De nada, querida. Boa noite para vocês.

Percy pegou o seu lençol e saiu junto com a senhora em direção ao quarto.

Eu ri.

— Coitado.

Annabeth deitou no sofá com a expressão séria. Ashley pegou algumas almofadas, deitou no chão e colocou-as embaixo da cabeça e do corpo. Elas pareciam não querer conversar, e eu entendi o porquê.

— Hã... olha. — comecei. — Eu sei que falei algumas coisas ruins para vocês. Digo, para Ashley somente. Desculpe. Eu não estava pensando direito naquela hora. Eu... estava em choque pela a morte de Kayro.

A dor voltou ao meu coração. Em minha mente, as lembranças do momento aterrorizante voltaram.

— Qual é? — murmurei. — Sabe que eu não tive intenção. Certo, eu estou errado. Não era para eu ter falado aquilo. Mas...

— Eu só quero dormir. — disse Ashley com o rosto virado. — Não quero ouvir pedidos de desculpas agora.

Após ouvir aquilo, desisti de tentar me desculpar. Deitei-me no sofá, e de repente uma coisa dura dentro das minhas calças bateu bem nas minhas... Hã... bem no ponto sensível de todo o homem.

— Aiii! — gani. A dor subiu pela a minha barriga. Parecia que milhares de alfinetes estavam me cortando por dentro. Me contorci totalmente. Tentei me segurar para não gritar de dor.

Acreditem meninas, isso dói bastante. Portanto, não fiquem por ai chutando os meninos nesse ponto.

— Hã... eu vou ali no banheiro. — falei, gemendo de dor.

Me levantei devagar e fui em direção ao banheiro. Quando entrei lá, logo fui tirando as minhas calças. E adivinha quem estava lá? Tcha-nam! A Máscara!

Rangi os dentes.

— Tinha que ser você. — resmunguei. Levantei a minha calça. E de repente uma voz ecoou em minha mente:

Por que não arranjamos uma carona para seus amigos?

Me empertiguei, assustado. Mas depois, relaxei. Já tinha ouvido aquela voz antes.

Olhei para a Máscara.

— Não. — falei, com autoridade. — Você não vai mais me usar. Não vou mais dar ouvidos a suas mentiras.

Calma, meu caro. Só estava dando uma ideia. Sabe, se você arranjar algum transporte, poderá chegar lá mais rápido e salvar seus amigos.

— Como você sabe disso? Você é só um objeto estúpido de madeira.

Puxa, obrigado. Mas não importa. Você poderá arranjar um carro para seguir com a viagem. Eu o ajudarei se você deixar.

— Já disse que não!

Que dia é hoje?

— Hã... 20 de junho eu acho. — eu nem me dava conta de que estava falando com uma Máscara. Uma Máscara.

Vocês só têm quatro dias a partir de agora para chegar até a Califórnia, São Francisco, e salvar seus amigos. E ainda por cima lutar contra os dois deuses menores. Sabe que eles são mais poderosos que vocês?

— Sei, sim. Mas, não obrigado, não precisamos da sua ajuda.

Okay. Mas, por favor, não me coloque mais em suas calças. É como estar no inferno sofrendo uma punição eterna.

Dei um sorriso torto.

— Tudo bem.

Abri a porta do banheiro. Eu queria sair de lá e dormir, mas por que não estava com vontade? Meu coração estava tão cheio de coisas horríveis que havia acontecido, que estava ficando ansioso demais para acabar logo com essa missão idiota. Pensei na proposta feita pela a Máscara. Essa é mais uma questão do TDHA. Eu não consigo deixar nada de lado. Não gostava de tentação por que simplesmente não conseguiarecusá-las.

— Ah, chega! — exclamei. — Eu vou tomar as minhas decisões. Não por causa de você, mas por causa dos meus amigos. Vou fazer isso por eles.

Coloquei a Máscara em meu rosto, e comecei a me transformar. Relâmpagos cintilaram e trovões ecoaram.

— Rá! Consegui! — disse eu. — É isso ai! Vamos partir para Califórnia ainda hoje. Próxima parada, São Francisco.

Saí do banheiro com tudo, girando feito um tornado, e fui em direção a sala. Mas parei quando ouvi as vozes de Ashley, que contava algo para Annabeth.

— Eu não sei o que está acontecendo. — sussurrava ela. — Nem era para eu ficar assim, sendo que ele não é nada meu. Acho que... eu o amo.

— Você? — perguntou Annabeth, incrédula.

— Sim. Eu não sei como isso foi acontecer.

Era estranho. As duas estavam conversando? Sem murros? Sem puxões de cabelos? Sem brigas? Como assim?

Annabeth deu uma risada.

— Acho que Afrodite está usando você.

— Como assim?

— Não ouviu que Ares, Hefesto, Apolo e Afrodite estão zangados com o Raphael?

Ela assentiu.

— Então. Afrodite pode estar fazendo isso para castigar ele.

— O quê? Eu sou o castigo dele?

— Não. Olhe, deixa eu explicar...

Eu interrompi a conversa quando entrei na sala com tudo e sentei perto de Ashley.

Bonjour, mon amour. — peguei em sua mão, enquanto eu estava usando um traje formal, com terno e tudo.

— Ah! — ela recuou, assustada. Annabeth pulou do sofá e recuou.

— Oh! Me desculpem, minhas querrridas. Receio que eu as tenha assustado.

— Quem… Quem está usando a Máscara? — perguntou Annabeth.

Tirei de dentro do meu terno um buque de flores e me aproximei de Ashley com um sorriso.

— Essas são para você, Mon Ange. Aceite-as como um pedido de desculpas pela a minha insolência.

Ashley contraiu os olhos.

— Raphael?

— Sim, ma belle. Por você eu mataria milhões de monstros. Mas... tudo o que posso fazer é arranjar uma carona para nós. — Eu me ajoelhei diante dela. — Desculpe-me querrida! Desculpe-me! Me corazón não aguentará tamanha solidão.

As duas ficaram me olhando de boca aberta. Mas Ashley por fim disse:

— Hã… Okay.

Levantei-me com um salto.

— Excelente! Vou procurer algum transporte para nós, mas primeiro...

Fui até o quarto onde a senhora e o Percy dormia. Percy estava encolhido no canto, enquanto a senhora tomava quase que a cama toda.

— Haha. Isso irá parar no Facebook.

Tirei uma maquina fotográfica de dentro do terno e comecei a tirar fotos de todos os ângulos possíveis. De cima, de baixo, dos lados, diagonais... etc.

— Eu quero brilho nos olhos! — clamava, enquanto o quarto era tomado por flashes da câmera. — Quero emoção! Quero que posem como se fossem a última foto.

— Raphael! — sussurrou Annabeth, zangada. — Pare com isso. Você disse que ia providenciar um transporte para nós.

Parei de tirar fotos e me virei para ela.

— É claro. Vou lá fora ver se há algum carro que eu possa roubar.

— O quê?

Saí em disparada para a rua, que estava totalmente escura. Não havia postes de luz. Nenhuma iluminação. A não ser a fraca luz da lua. Fiquei procurando, procurando, e procurando. Acho que se passou uma meia-hora, quando finalmente achei um táxi parado perto de uma avenida.

— Olha lá. Um taxi. Perfeito para dar caronas.

Mas assim que fui abrir as portas (leia-se arrombar.), ouvi grunhidos as minhas costas. Vários grunhidos e rosnados. Virei-me, e não acreditei no que vi.

Uma multidão de monstros estavam me olhando, com suas armas e escudos nas mãos. Lestrigões, dracaenaes, uma manticore, telquines, e alguns animais e monstros de metal como se fossem robôs ou... autômatos.

Fiquei tão assustado que eu fiz uma coisa que, se eu não estivesse usando a Máscara, não poderia ter feito.

Meus olhos pularam para fora como se fossem elásticos, e meu queixo caiu no chão, literalmente.

— Oh my God! — gritei, a voz estridente.

— É esse a quem devemos matar? — perguntou um Lestrigão.

— Ssssim. — respondeu uma dracaenae. — Os deuses disseram que era este.

Me transformei em uma garotinha de sete anos.

— Não, não! — gritava, fazendo birra. — Vocês não vão me matar! Não quero, não quero, NÃO QUERO!

Os monstros rosnaram.

— Matem-no! — rugiu outro Lestrigão levantando seu porrete.

Os outros monstros rugiram em aprovação e avançaram para cima de mim.

— Manhêêêêê! — berrei.

Eles me cercaram e, em conjunto, começaram a me furar e a me golpear. Os lestrigões com seus porretes. As mulheres-cobras com espadas, lanças e facas. Telquines jogavam potes de fogo em mim. E os animais de metal me bicavam e pisoteavam.

— AAAHHH! — eu gritava enquanto era massacrado, empurrado, atravessado, e esmurrado.

Depois de alguns minutos, um gigante Lestrigão me pegou pela a cabeça e me jogou contra o táxi que estava ali próximo. Bati minhas costas na porta e caí no chão.

— Ai. — gemia. — Ai, ai. Vocês vão ver só. Espera eu me recuperar. — Levantei-me tonto e cambaleante.

Ouvi um grunhido de surpresa.

— Como assssim ele não morreu?

Observei meu corpo para ver o que tinha acontecido. Imaginem um corpo esburacado, cheio de buracos horríveis e sanguinolentos. Depois imaginem o sangue jorrando e escorrendo pelos os braços, pernas, cabeça, tudo. Eu estava mais ou menos assim. Meu terno lindo e caríssimo estava agora reduzido a um terno esfarrapado e empapado de sangue. O sangue escorria por meu rosto, descia até o queixo e pingava no chão.

— Ah, esperem só mais um minuto. — murmurei, enquanto me recuperava da tontura. Respirei fundo e olhei para eles. — Pronto. Podemos continuar. Onde a gente estava?

Os monstros olhavam-me atônitos e surpresos.

— Ah! Lembrei. Vocês me agrediram e me espancaram, sujando meu terno e deixando meu lindo corpo esburacado. Quem nem as crateras da lua. Agora... — levantei um lado do meu terno, coloquei a mão dentro e comecei a remexer, procurando. — Hã... não é esse. Também não é esse. Não. Não. Esse muito menos. Esse serviria, mas não quero. HÁ! Achei!

Puxei de dentro do terno um grande machado de lâmina dupla. Levantei a outra parte do terno e tirei de lá outro machado.

— Isso sim. — sorri malvadamente para a plateia monstruosa. — Minha vez de espancar e agredir vocês. Não se preocupem. As lâminas são de bronze celestial. Hehe.

Na mesma hora, toda a multidão de monstros saiu correndo.

— Ei, eu não fugi quando vocês me agrediram. Isso não vale!

E avancei sobre eles com os dois machados nas mãos. Pulei no meio deles e, quando toquei o chão, comecei a matar todos os que estavam a minha volta, girando os machados como se fossem hélices.

— Aaahhhrrggg! — rugiam os lestrigões à medida que se desintegravam. As dracaenae tentavam se defender com os escudos, mas eu não queria saber. Os dois machados eram arcos de destruição. Eu girava como tornado e ia matando todos pelo caminho.

Minutos depois, a rua estava repleta de poeira de monstros. O vento carregava-as para longe. Enxuguei o suor da testa e larguei os machados.

— Ufa! Até que enfim acabou! Me diverti muito. — coloquei a mão no queixo. — O que estou esquecendo? Ah! A carona para meus amigos.

Entrei dentro do táxi e, não sei como, mas eu comecei a dirigir, mesmo não sabendo. Após alguns minutos, parei em frente à casa da senhora e buzinei.

Annabeth, Ashley e Percy saíram, desconfiados.

— Onde arranjou esse carro? — perguntou Annabeth, como se eu fosse um bandido.

— Não discuta e entre logo! — exclamei.

Ashley olhou para mim e arquejou.

— O que aconteceu com você? Está pingando sangue.

— Depois eu lhe conto, gata! Agora entrem, meus passageiros! Está na hora de aproveitar a vida na melhor cidade do mundo.

— E qual seria essa cidade?

— Las Vegas!


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