Point Of View: Andrew Evans

– O que é a Clave? – A pergunta escapou de imediato.

Lily parecia congelada ao meu lado. Senti a atmosfera fria e tensa ao redor de todos, principalmente a preocupação, que parecia estar impregnando o ambiente.

– Precisamos tirá-lo daqui! Rápido! – Disse Carolli, invadindo o quarto.

Magnus, que também havia entrado, esboçou um sorriso.

– Acho que sei como podemos tirá-lo daqui... – O feiticeiro parecia animado.

– Sem magias esquisitas! – Implorei.

A última coisa que eu queria eram magias estranhas de teletransporte, como as que Magnus havia demonstrado horas mais cedo.

– É sua única alternativa “semideus”. A Clave provavelmente irá adorar investigar você. – Ele disse.

Pensei um pouco sobre o assunto. Olhei para a morena que estava do meu lado, com os olhos arregalados, pensando no meu bem-estar. Não poderia ser tão ingrato a esse ponto.

– Okay... Vamos. – Quase pude sentir a alegria vinda de Magnus.

– Vou distraí-los. – Disse Tristan, saindo em seguida.

– Vou ajudar vocês a arrumarem as coisas. – Disse Natascha.

– Vai deixa-lá ir assim? – Perguntou Jay, decepcionado. – Ela não é sua parabatai?

– Mas é claro! Por isso eu vou junto! – Disse Natascha, saindo em direção ao quarto de Lily.

Pude ouvir a porta do Instituto sendo aberta. Tristan e Molly conversando com o Inquisitor...

– Quem virá, exatamente? – Magnus perguntou, criando uma espécie de portal na Sala de Armas.

– Eu, Andrew, Naty e Jay. – Respondeu Lily, já com suas malas prontas.

Pude ouvir uma vozinha correndo. Era Dylan.

– Eu também quero ir! – Reclamou franzindo sua testa.

– Você fica aqui! Pode ser perigoso! Precisamos levar Andrew de volta para... Onde quer que seja, e não sabemos se será perigoso ou não! – Lily perdeu a paciência.

Ela era realmente linda desse jeito.

Pare de parecer idiota, Andrew!

– Mas não posso deixar minha irmã correndo perigo! – Ele já estava com uma mochila nas costas.

Abaixei-me para ficar do seu tamanho.

– Dylan, por favor. Será pior se descobrirem que você foi conosco! – Tentei clarear sua mente.

Ele fez uma cara emburrada, e dirigiu-se ao seu quarto. Lily deu algumas risadinhas.

– O que foi? – Perguntei.

– Nada! – Ela respondeu, mas não estava séria.

Ela era realmente ainda mais linda sorrindo.

– Quanto romance! – Jay foi irônico. Eu realmente não gostava desse cara.

– Alguém precisa aprender a se divertir! – Disparou Natascha.

Não pude esconder o sorriso mediante aquela cara brava.

– Desculpem interromper, mas temos pouco tempo! – Disse Magnus. – Todos para dentro, agora!

Parei em frente ao portal, pouco desconfiado. Lily segurou minha mão disfarçadamente.

– Pensem onde querem ir, ou poderão parar em qualquer lugar do planeta! “Semideus”, é melhor guiar os outros. Apenas pense em onde quer ir. – Explicou Magnus.

Pensei em apenas um lugar, e entrei. Todos os outros me seguiram. A sensação era de estar andando em uma montanha russa, fazendo minha cabeça doer. A imensidão azul era inacabável.

Senti meus pés atingirem a grama, e eu tombei para o lado. Abri meus olhos. Um par de olhos azuis me encarava. Jay Lightwood havia caído sobre mim.

– Saia! – Berrei.

– Quanto escândalo! – Reclamou Lily. Às vezes, nem tanta atitude e chatice cabiam nela.

– Onde nós estamos? – Ouvi a voz melodiosa de Natascha.

Olhei para cima, e não consegui evitar de sorrir. Bem a nossa vista, estava o Pinheiro de Thalia, com apenas a floresta de separação.

❄❄❄

– Bem vindos ao Acampamento Meio – Sangue! – Berrei com todas as forças em meu pulmão.

Eles pareciam encantados com a magnífica visão. O pinheiro era extremamente alto, e se destacava principalmente com o dragão de escamas no final de seu tronco e a vasta floresta. Aproximei-me do dragão guardião e lhe fiz um carinho. Éramos velhos amigos.

– Cuidado! – Lily tapou sua boca após me advertir.

Ri com isso. Ela parecia completamente envergonhada. Envergonhada em admitir seus sentimentos talvez?... Melhor mudar meu foco, ou não vou conseguir manter meu autocontrole...

Ela apenas mostrou-me a língua, com um olhar de reprovação que chegava a ser cômico. Depois o infantil era eu... Corri e passei a barreira, observando também o reluzente e significativo Velocino de Ouro... Pode ser uma história que eu poderia contar depois.

Eles tentaram me seguir, Lily principalmente, com uma cara assassina, mas a barreira os impediu. Apenas Meios – Sangues poderiam entrar... Esqueci-me completamente! A Trueblood não desistiu, e continuou tentando quebrar a barreira, até o momento em que a mesma passou, para a minha surpresa.

Em segundos senti minhas costas se empurrarem dolorosamente contra o chão, e um peso cair sobre mim. A Caçadora de Sombras estava descabelada, me observando ainda mais furiosa. Seus olhos azuis como o céu faiscavam, me indicando que eu deveria ficar calado. Lily se levantou, e me puxou junto. Em comparação com meu corpo magrelo, ela era muito mais musculosa, fazendo-me sentir um tanto frágil e inútil. Ela sorriu.

Voltamos-nos para os que permaneceram do lado de fora. Natascha ria muito, mas olhava de canto para Jay, que permanecia com uma expressão inalterada. Não dava para saber como ele realmente se sentia... E eu realmente não me importo com isso.

– Como passamos? – Perguntou Natascha.

– Apenas Meios – Sangues podem passar... Se bem que a Lily passou... – Eu disse, tentando ser sincero.

– Vamos achar um jeito de driblar essa barreira! – Ela disse confiante.

– Okay... Esperamos aqui enquanto isso... – Jay estava entediado.

Ele se sentou, de frente para a barreira, e Natascha resolveu fazer o mesmo.

– Vamos entrando Lily! Vou perguntar ao Quíron se ele pode deixá-los entrar...

– Mas como afinal eu entrei? – Ela estava um tanto confusa.

– Não sei... Podemos perguntar sobre isso também! – Sorri.

Ela devolveu um sorriso, um tanto forçado pelo visto.

– E se ele não concordar em nos deixar entrar? – Perguntou.

– Óbvio que ele irá, vocês estão comigo! Me salvaram... – Olhei no fundo do azul.

Lily ficou um tanto vermelha, e encarou o chão. Não deveria estar acostumada a ser elogiada. No momento em que ela subiu seu rosto, senti meus ombros doerem, ela os havia agarrado e estava me chacoalhando.

– Pare de ser tão... tão... você! – Pude sentir suas bochechas ficarem mais quentes, mesmo com a distância.

Eu ri, encostando minha cabeça em sua bochecha enquanto continuávamos andando...