O Paciente Do Quarto Zero escrita por Lamasway


Capítulo 4
Honra Teus Pais, Para Que Se Prolonguem Os Teus


Notas iniciais do capítulo

Olá! Por favor, me desculpem pelo atrasado. Nesses últimos dias á escola esteve bem movimentada e tive (e ainda tenho) trabalhos para entregar...
Boa leitura



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Capítulo 4 - Honra Teus Pais, Para Que Se Prolonguem Os Teus Dias Na Terra.

DEATH NOTE

MODO DE USAR:

O shinigami dono original do caderno não poderá ajudar o humano a utilizá-lo, e não tem a obrigação de explicar todas as regras que regem ao humano que o possui. Um shinigami pode estender sua expectativa de vida usando o caderno mas humanos não podem fazê-lo

L POv's

Já está escuro lá fora, porque ele ainda não veio? Aquelas lembranças... não tenho certeza do que significam ou se são reais, não reconheço o lugar em que estamos, nem sei quem é a pessoa que está comigo, mas... a voz, o toque daquelas mãos quentes... a voz.

"L, mais... Por favor... L"

Ah.

Não consigo me lembrar da sensação de ouvir essa voz sem me arrepiar por todo o corpo. Se perguntasse a ele... mas não confio nele. Esse cara esconde alguma coisa, tenho certeza. Ele veio até mim procurando por algo ou alguém, tem um interesse por trás de suas visitas, posso ver isso claramente. E claramente, não resisto à ele.

Ele me pediu perdão, e eu consenti. Eu não faço a mínima ideia sobre o motivo daquela cena toda, e tenho a impressão de que ele também não sabe, mas aquilo foi algo tão impulsivo. Meus braços se moveram por conta própria em volta do corpo dele, minha boca disse palavras que não estavam na minha mente, e tudo o que eu pude fazer após o drama, foi implorar como uma garotinha apaixonada para que ele voltasse. Ironicamente, eu me sinto em perigo perto dele. Porque ele ainda não veio?

– Lawliet, já está na hora de apagar as luzes. - a enfermeira interrompe meus pensamentos.

– Não consigo dormir, meus travesseiro é desconfortável, desculpe.

– Tenho que apagar as luzes, Lawliet, mas você pode continuar acordado pensando na sua saída deste hospital. É por isso que está ansioso e não consegue dormir, não é? - ela tem um rosto sereno, está convencida do que disse.

– Sim! - não. Nem me importo com isso, só quero saber do Raito-kun agora.

– Não precisa de tanta ansiedade, querido. - ela sorri e percebo que já esta indo embora, será que ela pode me dizer algo sobre ele?

– É, vou sentir falta daqui... os médicos, enfermeiras, todos que cuidaram de mim.

– Você tem sorte, nesse andar só temos dois pacientes, você e uma senhora que sofre de Alzhaimer, assim fica mais fácil para cuidar de vocês. - eu sabia que ele estava mentindo.

– Ah, sorte a minha mesmo. Mas seu trabalho não é tão simples, você precisa trazer remédios para ela de madrugada, eu imagino.

– Não, não é necessário.

Ela foi embora. Aquele cara... vou descobrir o que ele esconde e o que quer comigo. Mas porque ele ainda nao veio?

***

Raito POv's

Já é visível que o dia está acabando e eu ainda continuo a pensar em Lawliet. Eu daria tudo pra saber o que ele pensa quando encosta o polegar em seu lábio inferior. Daria tudo para lamber e morder aqueles lábios agora. Ele mente.

Meus olhos estão fechados e meus pensamentos giram em torno desse fato, o que ele não quer me dizer? Estou deitado em uma escada que tem seu telhado quebrado, posso sentir a brisa bater levemente em meu rosto, bagunçando meus cabelos. Saio dos meus devaneios por culpa de Ruuyki, que cutuca minha bochecha esquerda com uma de suas unhas grandes e afiadas.

– Oe! Raito… - ele me cutuca novamente quando não respondo sua primeira chamada.

– O que foi? - disse meio ríspido.

– Eu estou com fome... - acabei escutando sua barriga gritar.

– Hmph… - abro meus olhos, mas percebo que não enxergo nada. Tento piscar algumas vezes, mas mesmo assim não consigo enxergar.

– Aconteceu alguma coisa? - escuto Ryuuki dar uma de suas gargalhadas.

– Ryuuki, você sabe porque eu estou assim, não é? - pergunto com raiva. Ryuuki ri em escárnio, eu não sei o que está acontecendo e para ser sincero, tenho medo do que pode ser

– Seus olhos mudaram, que surpresa - sinto Ryuuki um pouco mais perto de mim.

– O que? Agora? E como vou fazer para ver? - minhas perguntas foram respondidas por um breve suspiro.

– Respire fundo, pressione seus olhos e os abra devagar.

– E o que vai acontecer depois? - pergunto com receio do que virá.

– Faça e descubra - sinto Ryuuki sorrir da minha preocupação.

Respiro fundo, pressiono meus olhos meio receoso e logo os abro lentamente. Acabo dando um pequeno pulo para trás, assustado pelo que vi.

– Isso… - levo minhas mãos aos meus cabelos.

Eu estou enxergando tudo em vermelho, quer dizer, em parte estou vendo tudo em vermelho, o outro olho está normal e isso me deixa ainda mais assustado.

– Hmmm… isso é mal… - Ryuuki estica seu pescoço até a minha altura.

– O que…? - tento falar, mas Ryuuki está sério demais.

– Era para os dois olhos estarem vermelhos, mas só um está… - engulo em seco o que Ryuuki disse, tento me manter calmo.

– O que isso significa?

– Já ví shinigamis assim e afirmo que isso não acaba bem… - Ryuuki consegue me deixar ainda mais desesperado.

– Parece que você ainda está apegado demais ao mundo humano… pensei que esse seu “amor” pelo tal L era só faixada para conseguir saber sobre seu passado, mas acho que me enganei… você está mesmo mudado Raito. - Ryuuki inclina seu pescoço para o lado, e aponta seu dedo indicador para mim.

– Sua “vida” está em risco… - Ryuuki faz uma pausa, e continua. - A transformação de um shinigami é feita de acordo com o tempo que ele veio para no mundo dos shinigamis… mas se esse shinigami ainda se apega ao seu antigo corpo, ele acaba não mudando… - Ryuuki parou.

– O que acontece com o shinigami que não muda? - minha pergunta faz Ryuuki virar o rosto para um lado qualquer do galpão.

– Ele desaparece…

Minhas pernas estão fracas, não consigo me manter em pé e tenho que me segurar no corrimão para não cair da escada, meu rosto sua frio e eu pude perceber que estou mais pálido que de costume.

– Eu vou morrer… de novo? - minha pergunta veio com algumas lágrimas, mas consegui escondê-las por baixo da minha roupa.

– Você tem que se desprender desse mundo… se afastar daquele garoto… - Ryuuki me fez pela primeira vez depois de acordar querer matar alguém, esse seria ele.

– O QUE ACHA QUE EU SOU? EU NUNCA VOU ME TORNAR UM MONSTRO COMO VOCÊ. NUNCA!!!! - ele ouve meus gritos e nem sequer se abala.

– Raito, como eu disse antes e atualmente… eu nunca vou estar de um lado da moeda, nunca vou torcer pro mocinho ou pro vilão, por isso não cabe a mim decidir o que você vai fazer… você decide se quer desperdiçar seus últimos dias com aquele L ou se quer viver pra sempre. Humanos se tornam shinigamis após a morte por não poderem ir para o céu nem para o inferno... - Ryuuki se cala por um momento, respira fundo e continua. - Só estou dizendo que já vivi muito e já vi muitos shinigamis desaparecerem por culpa dos humanos, e sabe, só estou estou avisando. - Ryuuki solta suas palavras ainda olhando para um lugar qualquer.

Me levanto e desço as escadas. A noite se mostra no céu e eu vejo a escuridão total, igual à minha alma, igual ao meu corpo. Meu corpo também está mudando e se transformando em algo obscuro e negro… tenho medo, medo de fazer a escolha errada e acabar machucando a única pessoa que faz algum sentido na minha “vida”.

Acabo adormecendo no chão do galpão, e o Ryuuki… bom, ele ficou o tempo todo parado na escada encarando o céu. Fico me perguntando se fui longe demais chamando Ryuuki de monstro, ele pode ter sido um humano antes de virar um shinigami. Eu no final também vou acabar virando um Deus da morte… se eu me desapegar desse mundo.

Acordo com um feiche de luz no meu rosto, já é manhã. Me levanto e por impulso vou até a escada. Ryuuki ainda está lá, parado encarando o céu e eu, com o pesar na conciência, subo os degraus da escada.

– Ryuuki…

– Oe! Raito… - ele me olha com seus olhos vermelhos, arregalados.

– O que foi?

– Estou com fome… me dá uma maçã? - sinto uma raiva muito grande e minhas mãos já estão formigando, eu quero matar esse shinigami. Esse idiota realmente…

– Que tal uma troca? Você me dá uma maçã e eu te levo ao lugar onde está enterrado seu corpo - Ryuuki ri maliciosamente.

– Meu corpo?

– Sim… feito? - ele estende sua mão direita. Dou um longo suspiro, mas fico um pouco alegre de ver que Ryuuki voltou a ser o mesmo.

– Está bem…- estendo minha mão esquerda e aperteo a dele.

E assim, sem pensar duas vezes subo em suas costas. Ryuuki voa pela cidade e acabamos chegando em uma tenda que vende frutas. Claro que as pessoas não nos vêem, mesmo ainda sendo um shinigami iniciante, sei disso. Encontro as maçãs que estão alinhadas e me aproximo. Para distrair o vendedor, eu pego uma garrafa de cerveja qualquer e jogo atrás do balcão, atingindo a parede. Por sorte consigo pegar uma maçã e me abaixo para que ninguém veja a maçã voando, caminho até atrás das tendas tentando não esbarrar nas pessoas.

– Feito! - pego Ryuuki distraído, olhando a rua.

– Conseguiu? - ele pergunta ansioso.

– Pensa que eu sou uma pessoa que não cumpre o que promete? - jogo a maçã para ele, que a devora em um piscar de olhos.

– Delicioso…

– Bom, agora é hora de você cumprir com o que prometeu - cruzo os braços e encaro Ryuuki.

– Sim, Sim… suba. - ele revira os olhos.

Novamente subo em suas costas e Ryuuki voa pelos céus, durante a viajem toda não nos dirigimos a palavra, até que chegamos à um grande cemitério.

– É aqui?

– Sim… vamos descer.

Já no chão, Ryuuki começa a andar e eu me limito a seguí-lo. Passamos cinco minutos caminhando e eu vejo os túmulos e leio as homenagens, acabo ficando perdido em meio à tantos túmulos.

– É aqui. - Ryuuki pára.

– Aqui…? - paro atrás dele. Tomo coragem e me aproximo do túmulo, fico surpreso e emocionado com o que leio.

"Uma das pessoas que mais amamos no mundo, querido filho e irmão, certo ou errado viverá sempre em nossos corações, sua coragem e inteligência serão exemplos no futuro. Nossa luz e escuridão.

Raito Yagami. "

Sou todo sentimentos. As lágrimas escorrem pelo meus rosto sem minha autorização, sinto tantas coisas nesse momento, parece que tem um furacão dentro de mim bagunçando tudo, sinto remorso. Ryuuki não diz nada, mas seu típico sorriso não está em seu rosto, ele está sério e acho que por um segundo, sente pena de mim.

– Eu…

As palavras não querem ser formuladas em minha boca, mas acabo sendo atingido por um forte vento que vem do leste, onde o sol nasce. Olho para a direção da ventania e me deparo com um ser parado, segurando um ramo de flores e logo que me viu, deixou cair tudo no chão. O ser se aproxima e posso ver que é uma garota que chora incondicionalmente, ela tem cabelos loiros que vão até a metade de suas costas, seus olhos são azuis como o céu e sua pele é pálida como a neve. Mas meu espanto é ainda maior, a garota abre seus lábios vermelhos pelo batom exagerado e suas lágrimas caem ainda mais.

– Raito… - Ela diz o meu nome. Olho abismado para a garota, que parece ter visto um fantasma. Ryuuki está atrás de mim e ouço ele cerrar seus dentes.

Como um aviso vindo dos céus, o vento fica ainda mais violento chacoalhando meus fios de cabelos e os da garota. Quem é ela, porque ela sabe o meu nome e porque pode me ver? Será que também está morta? Talvez, mas antes que eu possa perguntar qualquer coisa, ela cai ao chão, desmaiada.


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Notas finais do capítulo

Chegou até aqui? Obrigada! Até mais.



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