Cobra POV

Jade olhava de mim para Karina, enquanto arrancava alguns fios do seu cabelo. Eu e Karina estávamos assustados, e eu ainda estava preocupado. A Jade tinha que parar com aquilo, pelo bem dela.

– Jade, olha...eu acho melhor eu ir embora! – Karina levantou e saiu andando, passando por Jade.

– Acho melhor mesmo machinho! – Disse Jade. Karina se virou e veio em sua direção. Levantei rapidamente e segurei Karina pelos ombros. – Vai sapahétero bate em mim mesmo! – Falava Jade, com fúria.

– Karina, vai embora. – Pedi, olhando em seus olhos, como que implorando. Ela bufou e foi. Encarei Jade, que estava sentada no sofá que antes era ocupado pela loirinha. Jade tinha certa razão de estar chateada, eu sabia que a Karina mexia comigo...e bom, ela também sabia. – Eu só tava ajudando ela minha dama! – Disse, me aproximando dela.

– Olha aqui vagabundo, eu não quero você agarrando a machinho ta! Ela, mesmo parecendo um homenzinho feio, ela é uma mulher. – Eu ri daquele ciúme de Jade. – Espero que eu não precise me preocupar. – Fiquei tenso com aquela frase. Ela precisaria?

– Não minha dama, você sabe de quem eu gosto! – Eu a beijei, mas estava pensando em Karina. Será que ela iria ficar bem?

Karina POV

Aquela Jade me irritava só com aquela cara de fuinha dela! Depois do dia que ela me humilhou, ela não me desce.

Cobra tinha se mostrado o cara legal que eu sabia que ele era. Não sei porque eu acreditava nele, algo me fazia confiar nele, querer me aproximar, ser sua amiga. Podiam me chamar de louca, mas ele me fazia bem.

Quem não gostava dele era Pedro, meu namo... ex – namorado, eu teria que me acostumar com isso. Não iria mais chama – lo de namorado, rir de suas bobeiras, ouvir aquela música que ele fez pra mim. Quando dei por mim já estava chorando de novo na porta de casa.

Aquele dia havia sido muito difícil pra mim...

Flashback on

– Cara, você só fica com a Karina! Que saco! Acho que você já podia ter terminado com ela, sei lá! – Ouvi a voz de João dizer. Eu tinha ido à casa de Pedro fazer uma surpresa pra ele, seria aniversário de dois meses de namoro, e eu iria aproveitar que não tinha ninguém na casa dele pra gente namorar um pouquinho.

– Tá doido João? A esquentadinha é minha luz, meu raio de sol, eu nunca vou terminar com ela! – Disse Pedro, e eu sorri pelas palavras dele.

– Pedro, entende uma coisa: você e a Karina não vão ficar juntos pra sempre, ela vai descobrir um dia! – Ouvi João dizer e fiquei tensa, queria tirar essa história a limpo, mas me agüentei.

– Cara, ela nunca vai saber por mim! Só se aquele Duca falar alguma coisa, que eu duvido muito, ele gosta muito da K pra dizer alguma coisa! – Disse Pedro.

– Pedro, como minha mãe diz, mentira tem perna curta, a Karina vai acabar ouvindo em algum momento que a Bianca te pagou pra namorar ela! – O que? Sério? Comecei a chorar, horrorizada com aquilo que havia ouvido. Entrei como um furacão e fui logo ficar cara a cara com Pedro.

– Me fala, como assim a Bianca te pagou? – Ordenei, quando vi Pedro se amedrontar.

– Calma esquentadinha! Ela... é verdade Karina. Não vou mais mentir pra você! – Eu já estava a ponto de matar o Pedro.

– E quanto foi? – Perguntei sentindo as lágrimas escorrerem. Eu queria saber quanto eu valia para minha irmãzinha.

– 2.000 reais. – Senti meu sangue ferver. Era o preço da demo. Então era Bianca a patrocinadora secreta! Saí correndo porta a fora, aos prantos.

Flashback off

Eu nunca iria perdoar a Bianca e o Pedro, nunca mesmo! Eles me fizeram de otária, de boba, e eu que pedi tanto para o Pedro nunca mentir pra mim. Entrei em casa e vi meu pai vendo TV com Dandara e João no computador.

– Karina, você tava chorando filha? – Meu pai levantou e veio até mim, me abraçando. Bianca abriu a porta do quarto ao ouvir meu pai.

– K, eu quero falar com você! – Ela estava com o semblante triste, de quem também tinha chorado, bem menos do que eu, lógico. Ela já devia saber.

– Sai Bianca! Eu não quero falar com você! Você é muito atriz mesmo né garota? Como você pode Bianca? Me vender por dois mil reais? Cara, mesmo com o lance do Duca eu acreditava em você, confia em você, e você me apunhalou! Eu nunca mais quero ver essa sua cara! – Deixei todos espantados na sala e fui para o quarto, abafando meu choro no travesseiro.

Cobra POV

Abri cedo o QG, queria ver se Karina ia pra escola e se eu via se ela estava ou não melhor. Eu não tinha esquecido que tinha que pegar Pedro e matar aquele guitarrista, mas ia fazer isso depois de ver a loirinha.

– Ei Cobra! – Me surpreendi ao ouvir a voz de Karina. Não a vi entrando, porque estava arrumando os suplementos e estava de costas. Ela sorriu de lado, mas estava com olheiras e pálida.

– Karina, você ta melhor? – Perguntei, preocupado com ela. Com a K eu agia de forma mais doce. Ela assentiu. – Vai me dizer o que aconteceu? – Perguntei. Ela rolou os olhos.

– Acho melhor não tocar nesse assunto. É... eu vim aqui pra te agradecer! – Me senti bem com aquela frase.

– Que nada K, eu quero você bem! Amigos são pra essas coisas né? – Disse, lembrando da conversa que a gente teve no QG depois que eu me envolvi com a luta ilegal.

– Cobra, ontem você me mostrou ser aquilo que eu pensava de você: um cara legal, que eu confio, e que eu quis ser amiga, mesmo quando todo mundo estava contra você. – Disse, não me gabando, mas mostrando que realmente sempre quis ficar do lado dele.

– Karina, você não sabe como sou grato por ter alguém como você acreditando em mim. – Ela me olhou confusa. – Você é boa, defende os amigos, é justa, honesta. Tudo o que eu não sou. – Ri triste.

– Fala assim não Cobra! – Disse. – Bom, vou ter que ir, a gente se vê. – Esperei pelo abraço de ontem, mas ele não veio. Karina apenas bateu seu punho com o meu.

Quando ela saiu, foi como se estivesse algo vazio. A Karina era como se fosse a minha luz no fim do túnel, a única forma de recuperação que me resta. Eu não podia pensar nela assim... a Karina é minha amiga... e é assim que vai ser!