Karina POV

Eu nunca imaginei receber uma declaração dessa! Depois ele vem me dizer que não é fofo e romântico! Fiquei com vontade de rir e chorar ao mesmo tempo, mas antes que eu pudesse escolher qual dos dois eu ia seguir, as lágrimas brotaram dos meus olhos. Cobra me olhou preocupado e limpou minhas lágrimas com o polegar.

– K, por que você ta chorando? Eu falei alguma coisa errada? – Ele tinha uma expressão confusa. – Karina, eu me declaro pra você assim, e olha que você sabe que eu não sou um cara disso. – Ele riu. – E você começa a chorar?

– Não Cobra... eu to chorando de felicidade! – Falei e seus olhos se iluminaram. – Cobra você não imagina o medo que eu tinha de abrir meu coração pra você. Eu já me machuquei tanto, e sou assim mesmo, fechada, na minha, tento não demonstrar muita fofura. – Ele riu e eu também. – Mas com você é tudo tão novo, diferente. Você me faz querer berrar ao mundo que eu to feliz e que é você que eu quero! Você me faz ficar mais alegre do que triste, me faz chorar de emoção, me faz querer ouvir música romântica, me faz querer contar estrelas, me faz até chorar vendo filme água com açúcar. – Ele me ouvia atentamente e mordia os lábios, enquanto me observava. – Cobra, você me faz tão feliz! Eu nunca disse “eu te amo” pra ninguém, mas pra você eu sinto vontade de dizer! – Cobra abriu os lábios e fechou. Eu estava confirmando que realmente amava ele.

– K, você realmente me ama? – Perguntou ele se sentando melhor no sofá e me encarando. Nos olhávamos tão profundamente, que parecia que ele enxergava minha alma. Cobra tinha os olhos arregalados e um pouco úmidos e eu tinha uma vontade enorme de agarra – lo.

– É engraçado... – ele ficou me encarando, enquanto eu tentava fugir do seu olhar, sem graça do que eu ia falar. – Sabe quando eu descobri isso? – Ele negou. – Quando você falou comigo lá em casa. Falou sobre como eu entrei de forma especial na sua vida. Depois disso, eu fui na fono e a primeira palavra que eu disse foi “Amor”. – Soltei tudo para ele, que me encarou surpreso.

Cobra POV

Ela já me amava! Ela me amava! Eu nunca imaginei que ouvir essas três palavras iriam me fazer tão feliz! A Karina me deixava sem chão, sem rumo, ou melhor, meu rumo era ela!

– Então, você já sabia que me amava, e não me falou nada? – Falei, fingindo – me de bravo, mas por dentro eu queria soltar fogos e beija – la a noite toda.

– Cobra, eu vi você com a Jade! – Ela me deu um tapa no braço e eu ri. – E aí eu tinha medo de você me rejeitar. Depois eu disse que queria você e você fez todo aquele drama de que não podia ficar comigo porque você não merece! – Era verdade. Olhar para Karina me lembrava que eu não a merecia ao meu lado. Meu rosto transpareceu isso, porque ela o pegou entre as mãos e me encarou brava. – Nem pense nisso entendeu? Você é bom, seu coração. – Ela colocou a mão no meu peito. – É bom sim! E mesmo que você não acredite, eu vou te provar! Eu to aqui do seu lado pra que? – Falou ela brincando e me dando um selinho, me soltando em seguida.

– Você ta do meu lado pra me levantar quando eu não tiver força, ou quando eu tiver indo pra caminho errado, você ser a força que me puxa pro lado certo. Sempre que eu penso em fazer alguma besteira, é em você que eu penso, e no que você sentiria se soubesse. Você sentiria vergonha? Provavelmente e eu não quero ser motivo de vergonha pra você K, nunca! Eu quero ser o cara que você se orgulha, mas eu tenho medo de nunca ser esse cara, por isso eu sempre tento te afastar de mim. Eu tenho medo que você conheça um cara especial, e ele seja muito melhor que eu. Eu tenho medo de te perder, porque te perder seria pior que a morte, porque você é a minha salvação Karina! – Ela me ouvia atentamente. Já sentia algumas lágrimas escorrendo. Não sei desde quando eu fiquei tão emotivo, mas com a K era tudo diferente. Eu me permitia chorar com ela, e ela permitia mostrar sua verdadeira face delicada, doce e sensível comigo. Ela me abraçou apertado, colocando sua cabeça em meu pescoço. – Karina eu te amo demais! – Falei em seu ouvido e ela me soltou, mas ainda continuamos próximos, minha mão rodeava sua cintura.

– Nem vem Cobreloa, eu te amo mais. – Ela disse e eu sorri, a beijando. Nosso beijo não tinha nada de selvagem, nem foguento, era um beijo sincero, um beijo de amor. Karina tinha a respiração suave e suas mãos estavam iam do meu pescoço para o meu ombro. Nos soltamos e ficamos com as testas coladas. – Preciso ir embora. – Ela fez biquinho e eu ri, lhe dando um selinho. – Me leva em casa? – Perguntou e eu assenti.

Nos levantamos e saímos do QG. K arrumou os cabelos e o vestido, para Gael pensar que a gente só tinha visto filme. Ah, se ele soubesse o que a gente fez, ou melhor, o que eu fiz com ela, ele me matava. Comecei a rir quando ela terminou de se olhar no espelho, arrumando o cabelo.

– Ta rindo de que? – Perguntou, olhando para si. – Ta com alguma coisa errada em mim? – Perguntou e eu a olhei.

– Não né meu amor. – Ela sorriu de lado ao me ouvir a chamando assim. Tinha um gosto diferente chama – la assim, era bom, era gostoso. – Mais perfeita, impossível. – Fui até ela, e cheirei seu pescoço, e ela sorriu e colocou a mão em meu rosto, se arrepiando. – To pensando é que seu pai me mataria se soubesse o que aconteceu aqui. – Eu disse e ela começou a rir da mesma forma que eu anteriormente.

– Mas ele não vai saber né. – Fiz que não. Nós saímos do QG e ela segurou a minha mão, enquanto andávamos, conversando. – Até porque se ele souber eu não posso vir mais aqui né, e tipo você não vai agüentar ficar longe desse corpinho aqui. – Ela apontou para si e eu ri.

– Ei, essa fala é minha ta pestinha. – Ela me deu a língua. – Mas é uma pirralha mesmo. – Ela soltou a minha mão e fingiu estar emburrada. – Ah K, fica bravinha não! – Ela cruzou os braços. – K, já sei um jeito de te fazer rir. – Fui até ela e lhe fiz cócegas. Nós estávamos no meio da praça, parecendo um casal apaixonado, o que definitivamente nós éramos.

– Para Cobra... – Ela tentava falar, mas sua risada deliciosa invadia mais meu tímpano. – Cobra! – Ela conseguiu se soltar e saiu correndo e eu corri atrás dela.

– Ora, ora, que casalzinho fofo! – Disse Jade em tom de ironia, entrando na minha frente. Karina estava atrás dela, e ela me encarava.

– Jade, por favor, eu não to afim de discutir nada com você. – Ela tinha os braços no quadril. – E sua mãe, como ta? – Perguntei, tentando mudar de assunto.

– Ela é assunto meu, Cobra! Acho que você tem mais coisas pra fazer do que se preocupar com a minha mãe né! – Ela disse com raiva, e eu me calei. Ela se virou para Karina. – É machinho, tanto fez que conseguiu! – Karina estava com uma cara de ódio.

– Olha garota, eu tentei ser legal com você, mas não mexe com a Karina! – Eu disse, segurando em seu braço e a virando para mim, com raiva.

– E você hein Cobra, sempre quis essa daí na tua cama né? Agora você realmente conseguiu o que queria! Que você sejam muito infelizes! – Ela disse berrando e saiu.

– Que cena patética! – Passei a mão no rosto. Eu já não agüentava mais discutir com ninguém.

– Cobra, a Jade sempre insinuou que tinha algo entre eu e você, lembra naquele dia que eu cuidei de você? – O melhor dia da minha vida? Claro que eu lembro.

– Lembro sim K, ela sempre achou mesmo. – Falei e continuamos andando.

– Por que Cobra? Por que ela achava isso? – Perguntou indagadora, nos parando quando já estávamos quase na porta.

– Porque era verdade K! Eu tentei fingir pra mim mesmo, mas eu sempre gostei de você, e eu percebi isso desde aquele dia que eu te vi chorando. – Falei logo. Ela sorriu de lado, do mesmo jeitinho de sempre, que eu tanto gostava.

– E você nunca tentou nada comigo por quê? Às vezes eu te dava uma chance, quem sabe? – Ela disse, e nós paramos em frente à porta.

– Por que eu achava que você merecia ser feliz, e eu acreditava que o Pedro era o cara certo pra você, porque ele parecia ser um cara legal, e do bem, meio lerdo, mas do bem. – Ela riu do que eu disse do lerdo.

– Cobra, quantas vezes eu vou ter que te falar que você é que vai me fazer feliz? – Ela disse, se aproximando de mim e me dando um beijo rápido. A porta abriu, revelando um Gael com tromba.

– Demoraram hein! – Falou ele. Karina, pra dentro. – Ele disse e ela acatou, sorrindo pra mim e acenando antes de entrar. – Cobra, quero falar com você. – Assenti e ele fechou a porta atrás de si e se aproximou de mim. – Tem como você me fazer um favor? – Perguntou. Ele não ia me pedir pra eu me afastar da K né?

– Depende! Se for pra eu me afastar da Karina eu... – Parei de falar, porque ele me cortou.

– Não é nada disso. Eu quero que você seja meus olhos e meus ouvidos na academia do Lobão, você aceita? – Perguntou.

– Aceito sim. – Disse. Gael me estendeu a mão e eu apertei.

– Estamos combinados então. – Ele falou e entrou em casa, enquanto eu segui para o QG.

Karina POV

Entrei em casa e me deparei com Duca e com a voz de Dandara na cozinha. Ela parecia conversar com alguém. Me sentei ao lado de Duca.

– Oi K. – Disse ele sorrindo. – Tava onde em mocinha? – Perguntou.

– Estava com o Cobra. – Falei e ele fez uma careta de desgosto. – Ah, para Duca, o Cobra é um cara legal, você vai ver.

– Só você acha isso. – Falou ele. – E seu pai? – Perguntou, querendo saber o que ele tinha achado de mim e do Cobra.

– Ele ta aceitando. Acho que aceitou rápido demais, mas sei la, ta bom. – Falei e sorri.

– Só quero você feliz! – Falou ele e me deu o punho, que eu uni com o meu. Uma voz de homem foi surgindo, e eu vi Dandara, carregando uma panela, com um rapaz bonito, que a ajudava, com outra panela. Um rapaz que eu conhecia pouco, mas me lembrava bem.

– Alan? – Perguntei chocada.

– Você... – Ele disse, ao me encarar assustado. – Você é a menina que eu atropelei!