Uma saudade inundou meu coração .

Quando acordei já estava no meu quarto , uma brisa fria passava entre meus dedos do pé expostos na cama , engoli um pouco de ar seco que correu minhas paredes da garganta , Encontrei meu cachecol Red Velved e o vesti com delicadeza , Procurei pelo comôdo algo e percebi que repousado sobre minha Penteadeira havia um Bilhete de papel branco , e letras elegantes parecidas com um convite de casamento , havia detalhes de rosas vermelhas destacadas de ponta em ponta e um selo creme grudado para fixar o papel , abri apressada apertando os olhos para ler oque era

Eu sei que não mereço seu perdão , mais eu preciso dele .

– Sua querida Mãe .

Serrei a mandibula quebrando minha pouca felicidade que restava em mim .

– Você não é minha mãe ! – Gritei tão alto que o Vidro da penteadeira tremeu , começei a rasgar freneticamente aquilo sem ligar para os cortes que o papel estava causando .

Corri e desci as escadas mais rapido que pude , meu coração estava quase pulando de minha boca , comecei a gritar coisas alternativas em busca de resposta .

– A menina do lago ! , ela me mandou isso eu ... – Ajoelhei diante daquilo , e me encolhi como uma fracassada sem intuito , minha cabeça girava cada vez mais , não sabia oque fazer nem minha curiosadidade me salvaria agora – Não sei oque fazer – Completei aquela frase com um grito abafado de dor , soquei meu rosto contra aquela grama sentindo sua terra e espinhos fincados abaixo dos meus labios .

Levantei fincando minhas unhas em meu joelho , e retirando os espinhos de meu rosto , olhei para a porta e caiu em minha conciencia que a Menina do lago era só mais um monstro que roubou a única coisa que me restava , meus amigos , Olhei para minha camisola respingada com sangue , e meu desejo era novamente sentir o sangue daquela monstra .

(...) Abri a porta , apenas com um motivo em mente .

Passei por aquele corredor escuro até chegar em uma vila , era a vila dos devoradores .

– Olá ? – Passei meus olhos entre as casas , um arrepio me subiu a coluna .

A vila parecia assombrada , desabrigada .

De repente as casas foram se despedaçando , revelando apenas uma Parte de Nova York , comecei a olhar em volta e pessoas iam aparecendo , crianças brincando e escondendo nas sais das mães , executivos em celulares ou até mesmo um sem teto se lamentando da vida .

Avistei uma garotinha , segura-va em mãos uma delicada mochila rosa , a menina havia um grande sorriso estampado no rosto , suas maozinhas estavam fechando o portão de sua casa quando uma senhora a avisou com calma

– Tenha cuidado – a mãe se aproximou da filha e deu um leve beijo em sua testa – Boa aula minha querida .

– Obrigado mamãe , e irei tomar cuidado . – Continuei a andar até que a conversa entre elas se tornava apenas um ruido .

Sentia meus olhos se encherem de agua quando uma palavra soou em minha mente ¨Mamãe¨quantas vezes usei esta palavra sem saber que era apenas uma mentira .

As casas e as pessoas começaram a se despedaçar como vidro novamente , aquilo se revelou uma sala escura com apenas um traço de luz .

– Não disse que ela viria Esperança – Aquela voz era familiar , uma voz gentil e doce que ao mesmo tempo dava calafrios .

– Vim procurar o dêmonio e achei – Mordi meu labio inferior a procura de parecer valente mas vacilei .

Ela apareceu na minha frente , estava ainda mais sombria com um liquido negro ainda mais espalhado pelos seus olhos e os dentes pontiagudos como uma Adaga .

– Fale direito com sua mãe sua pirralinha – Ouvi sua voz sarcastica , estava zombando de minha vida .

Dei alguns passos para trás revelando derrota .

– Deve estar se perguntando onde estão seus amiguinhos, mas antes de revelar um pequeno favor tera que fazer – Suas mãos fria se ergueram revelando uma maca onde esperança estava amarada com varios trapo , tapando seu nariz e sua boca , e seu olhinhos estavam ensopados de lagrimas .

– Você esta sufocando ela ! – Corri para a maca tentando demarrar aqueles nós infinitos .

– Na na ni na não primeiro o favor – seu sorrisso se espalhou por todo seu rosto , percebi logo de cara que aquilo não ia sair bem .

– Oque você quer ?

– ó sua curiosadidade se despertou não foi ? – Seus olhos passaram diretamente para um canto da sala revelando todos meus amigos , estavam pendurados de cabeça para baixo , alguns pareciam não respirar .

– Solta eles sua monstra !

– Ei que isso , não se esqueça que todos somos monstros , pelo que eu saiba

– isso foi antigamente !

– Antigamente , antigamente , antigame...

– Diga logo a droga do favor .

– Já que insiste, eu desejo do fundo do meu coração que não bate , que você devore a esperança enquanto eu te devoro .

– Oque ?

– isso mesmo , graças a você que possui um desejo por carne pode devorar esta criatura e se eu te devorar ficarei com seu poder , e seremos uma só – Uma risada psicotica tomou conta do lugar , ela passou a mão em meus cabelos e depois seguiu para o corpo amarrado de porta voz e começou a acaricia-lo

– A querido , me desculpe por aquilo , você esta tão lindo e tão poderoso – Ela desamarrou delicadamente a mascara dele a jogando para o lado , seus dedos começaram a acariciar os labios de porta voz , e sua mão foi passando entre seu corpo – A se você ainda me amasse .

Sem pensar a ataquei pelas costas fincando meus dedos entre suas costelas, seu pescoço virou como um boneco .

– Oque foi minha filha ? – seus olhos começaram a se respingar e vozes contornaram a sala - Não gosta de ver eu fazendo carinho no seu papai ?

Soltei um grunido e a agarrei pelos cabelos , chutando seu rosto varias vezes a procuraando a machuca-la mais , ela sumiu de minha vista aparecendo no outro canto da sala .

– VOCÊ ACHA QUE PODE ME DERROTAR , EU SOU MAIS PODEROSA E VOCÊ É APENAS MAIS UMA GAROTINHA MORTA EM BUSCA DE VOLTAR A SUA VIDINHA MISERAVEL VOCÊ ME DA VONTADE DE RIR .

Cambaliei para perto dela e quando senti alguns dos meus ossos estralarem me ajoelhei violentamente no chão .

– Tem razão minha vida pode não ser perfeita , posso não ter tido um album de viajens em familia , posso não acordar com um irmão caçula gritando pelo meu nome ou ser espantanda com uma festa surpresa quando volta-ra da escola , posso ter vivido em um cabana com custas de uma psicopata – Finquei as unhas no chão forçando para levantar – mas os filhos da umbra me deram um começo , eles me deram uma familia , e uma familia não precisa ser cem porcento , uma familia só precisa te fazer feliz , e então Menina do lago sou eu que tenho que rir da sua vida .

Senti uma onda de adrenalina passar pelo meu corpo , meus pés começaram a se levantar , meus cabelos chicotiavam o ar e uma grande esfera de sangue ergueu sobre minha mão

– Eu sou a Dama de vermelho , e eu sou a única que pode te derrotar – Mirei em seu rosto sem vida e suas ultimas palavras erqam cheias de falsidade .

– Adeus minha filha – Ela falou com uma falsa lagrima escorrendo enquanto seu corpo se dilaserava em torno da esféra de sangue .

Senti meu corpo enfraquecer , me aninhei no chão e começei a chorar mas não por dor mas sim por felicidade , senti um alivio enorme em meu coração e finalmente depois de anos me senti livre e feliz .

Levantei e dessamarrei todos da umbra fazendo com que ¨sem querer ¨a bailarina desse uma leve pancada no chão .

– Agora tenho coração da umbra – eu disse sorrindo enquanto a puxava do chão .

Porta voz veio correndo e me abraçou , um abraço puro e verdadeiro que eu nunca recebi antes .

– Você conseguio – Os olhos azuis me fitaram com alegria e senti meu rosto corar .

– Hum , acho que isto é seu – Falei devolvendo-o sua mascara .

– Pessoal , Pessoal – Absinto começou a apontar para a maca onde antes estivesse a Esperança

Agora onde estivera uma doce menininha estava uma mulher morbida vestida com um paleto masculino justo , e todo desgastado , e onde estivera seu rosto fofo e delicado pousa-ra agora um crânio de coelho que servia como uma mascara envolvendo toda a cabeça .

– E-esperança ? – Eu falei gaguejando .

A garota caminhou até mim e levantou o meu queixo com o dedo .

– Você teve sua chance irmãzinha , agora os Morbidos irão retornar e a umbra será apenas mais uma amarga lembrança .

Tentei agarra-la mas ela se desmanchou no ar como polvora em uma ventania .