Segredo mortal escrita por Luana Maschietto


Capítulo 5
Descoberta sem sentido




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Entro em casa e vejo meu tio me encarando, sentado rígido na poltrona da sala com aquele olhar que faz você desejar não ter entrado em casa. Ele se levanta da poltrona e vai até mim sem demostrar uma emoção ou dizer uma palavra se quer, se aproxima tanto de mim que posso sentir sua respiração quente e problemática e finalmente ele diz algo:

–Kendery Clark poderia me explicar o porquê que sua escola ligou querendo saber onde você estava, se estava tudo bem? – sinto seu bafo forte de cerveja, vodka e cigarro, não aguento responder aquilo então apenas abaixo a cabeça e olho para os meus pés. Ele pega meu rosto com nenhuma delicadeza e o ergue em sua direção – Onde você estava? –Ele grita.

–Não é da sua conta seu bêbado louco. –Raiva subia por meu corpo, estava começando a ficar estressada.

–Tudo bem.

Ele dá um passo para trás então quando vou andar para sair dali ele me surpreende com um soco em meu nariz, a surpresa foi maior do que a dor. Não expresso nenhuma emoção e o olho por baixo de meus cabelos e me afasto dele e saio de casa. Ando pelas ruas sem rumo, não sabia aonde ir, eu normalmente iria até a casa de Tyler mas meu orgulho falou mais alto dessa vez. Não havia a noitecido ainda então fui até minha escola para pegar roupas limpas, limpar o sangue de meu nariz e pegar talvez algum livro ou algo assim. Entro na escola onde todos me encaram provavelmente por conta do sangue, passo pelo diretor que me para no corredor:

–O que aconteceu com você? Está tudo bem, sem nariz t...

–Sim eu sei. –o interrompo – eu cai não é nada demais. – com isso continuo andando.

Chego no vestiário e pego as únicas peças de roupas que tinham em meu armário, uma calca jeans, uma regata e meu moletom, tomo um banho, coloco as roupas pego o desenho da tatuagem e vou até a biblioteca para ver se eu descubro alguma coisa. Passava por corredores assustadoramente vazios por conta de os alunos estarem em aula, chego na biblioteca me sento em uma mesa pego o desenho da tatuagem e começo a analisar, aquilo realmente parecia familiar para mim. Pego um outro papel na esperança de que se eu desenhasse aquilo novamente eu vou me lembra, quando acabo o desenho e fico mais um grande período o olhando até que desisto, apoio minha cabeça em meus braços e durmo.

–Olá?! A biblioteca está fechando amore.

Abro meus olhos e a luz forte do ambiente invade meus olhos me fazendo enxergar tudo embaçado, me foco em uma silhueta em meu lado e me esforço para ver quem é, meus olhos começam a se acostumar com a luz e vejo uma garota, provavelmente de minha idade, de cabelos longos e ruivos e tinha belos olhos azuis. Me esforço para perguntar a ela e tento fazer com que a minha voz não saia muito estranha:

–Quem é você? –digo meio grogue ainda

–Me chamo Calissa, estou no último ano também, na mesma classe que você.

Percebo que ela tem fazer com que eu me lembre dela mas a verdade é que eu não fazia ideia de quem ela era:

–Ah Calissa. –forço um sorriso e tento convencer a garota que eu realmente a conheço.

–Você não sabe quem eu sou não é? –ela sorri e senta na cadeira do meu lado e é quando ela vê um dos desenhos e pega, ela o analisa de forma seria, quase assustadora, então ela vira pra mim- Por que desenhou isso?

–Hm é só algo que eu vi por ai. –Digo surpresa por sua pergunta.

–Você sabe o que significa?

Apenas nego com a cabeça em resposta.

–É um Heartagram.

–O que significa isso? –levanto uma sobrancelha e apoio minha cabeça em minha mão.

Ela tira um Ipad de sua bolsa e com dedos rápidos pesquisa e lê em voz alta:

–Heartagram é a mistura de um coração com um pentagrama invertido. O significado desse símbolo é o equilíbrio entre os extremos; a vida e a morte, o amor e o ódio.

Por um momento acho nada demais, depois acordo de meu devaneio, pego meu lápis e escrevo em cima de um dos desenhos HEARTAGRAM, minha letra chega a ser quase ilegível mas isso não importava no momento. Vejo Calissa me olha com uma curiosidade em seu olhar:

–Está tudo bem Kendery?

–Está só na quero ir para casa encontrar o meu tio maluco, mas preciso pegar algumas coisas lá, além do mais a escola está fechando.

–Ah okay isso pode ser estranho mas se você quiser ir lá em casa eu te levo mais tarde você para sua casa assim você não tem que encontrar o seu…ah…tio não é?

–Sim isso mesmo, mas eu mal te conheço!

–Mas pode passar a conhecer, não é mesmo?

–Ah então vamos, pior do que ficar na minha casa não vai ser.

–Eba! –a garota comemora batendo palminhas e sorrindo- eu posso te ajudar a pesquisar sobre esse desenho, se você quiser é claro.

–Ajuda nunca é demais. –sorrio para a garota, que apesar se totalmente diferente de mim era a amiga que eu estava precisando- obrigada.

–Não me agradeça, agora vamos.

Ela se levanta da mesa pega sua bolsa e seu Ipad e sai da biblioteca a caminho do estacionamento, eu invejava as pessoas da minha escola que tinham carro, esse sempre fora meu sonho mais no momento eu não tinha o luxo de reclamar sobre isso. Calissa tira as chaves do carro da bolsa e para na frente de um carro que parecia ser bem caro, meu queixo cai é um carro muito bonito, provavelmente a garota percebeu minha surpresa:

–Ah é bonito não é mesmo? Ganhei de aniversario ano passado, entre

A garota dá a volta e senta no banco do motorista e eu em seu lado, gostava daquele carro era tipo aqueles que você sonha desde de pequena em ter quando crescer sabe? Fico olhando pela janela até que paramos na frente de dois portões grandes de ferro com duas inicias em dourado com aquelas letras de convite de casamento uma de cada lado, uma era um C e a outra um B, Calissa abre os portões e dentro tem uma enorme mansão que tinha direito a mordomo, motorista e tudo, olho para a casa e não consigo controlar um ´´meu deus``, entalhado em cada pilar do lado de fora tinha impecáveis arabescos que dava um charme a mais. Olho para Calissa e digo:

–A sua casa é incrivelmente perfeita, é a casa dos meus sonhos.

–Ela é incrível mesmo, eu tenho muita sorte de morar aqui. –diz ela parando na frente da porta da casa que mais parecia um castelo.

Desço do carro admirando cada detalhe daquele lugar, vou até um dos pilares e passo as mãos pelos arabescos perfeitamente feitos, aquele lugar parecia não ter nenhum defeito, vejo em cima da porta de entrada o que parece um nó e no instante que eu vou perguntar o que era aquilo Calissa responde antes:

–Ah é só algo antigo, essa casa era dos meus bisavôs, as iniciais que você viu no portão significa Clarissa Bittencourt, a minha bisavó, e foi daí que veio a ideia do meu nome Calissa.

–Eu gostaria de saber a história de minha família, mas se me contaram eu não me lembro.

–Eu...eu sinto muito

–Não precisa sentir, você não fez nada, você só me ajudou até agora. –sorrio para ela

–Bom vamos para a biblioteca pesquisar alguma coisa.

Passamos na frente de duas sala, uma segundo ela era para festas grandes a outra era sala de jantar, subimos um andar para que Calissa fosse pegar alguma coisa em seu quarto então continuei andando naquele corredor amplo cheio de portas e passei na frente de uma sala de música não resisti a tentação e entrei, fiquei observando o violino, me lembro que quando eu era pequena minha mãe havia começado a me ensinar a tocar mais logo em seguida ela morreu então não aprendi muita coisa mas as melodias dela tocando havia ficado grudado em mim, era o que eu usava para me lembrar dela, mas com o tempo uma parte da lembrança ia se perdendo. Depois de um tempo Calissa surge na porta e me olha preocupada:

–Por que está chorando?

Não havia percebido que eu estava chorando pois estava muito envolvida em meus pensamentos então limpo as lagrimas do meu rosto me levanto e falo em fim:

–Por nada não, vamos?

–Hm vamos, tem certeza que você está bem?

–Absoluta, onde fica a biblioteca?

–Me siga.

Sigo ela passando por corredores e escadas que pareciam labirinto para mim, ela para em frente de uma porta como se pensasse se deveria entrar mesmo mas por fim acaba abrindo a porta e revelando a maior biblioteca que eu já vi na minha vida, havia vários sofás e pufes espalhados pela sala, um tapete que parecia ser importado estava estendido no centro da sala, nas laterais havia duas escadas que levava a um lugar onde ficava mais livros, prateleiras e estantes até o teto.

–Meu deus isso daqui é o paraíso –digo me virando para Calissa

–Quando eu era pequena eu passava horas e horas aqui.

–Eu moraria aqui –digo descendo as escadas- Bom vamos fazer o que viemos fazer.

–Vamos, deixa eu pegar alguns livros. –ela vai até as estantes e volta com dois livros- Esses acho que vão ajudar.

Me sento em um dos sofás ela me entrega um dos livros e começo a ler, a maior parte do livro não tinha nada de importante mais em certa parte do livro estava escrito:

´´(...) O heartagram também demonstrava nos anos antes de cristo, na época que existiam maior frequência de rituais e aqueles que diziam ter poder sobrenatural, uma forma de estabilizar corpo e alma para que seus ´´feitiços`` fossem bem sucedidos, algumas pessoas diziam poder ocultar sua aparência ou alguns diziam poder voar mas tudo isso foi considerado mito por (...)``

Mostro esse trecho pra Calissa:

– Isso me chamou um pouco a atenção, não por causa ´´daqueles que diziam ter poder sobrenatural e bla bla bla`` mas sim por conta da parte que fala ´´... uma forma de estabilizar corpo e alma`` -digo apontando a frase com meu dedo -talvez isso me leve a algum centro budista vai saber.

–Por que exatamente você quer saber o significado desse símbolo?

–Ah só curiosidade mesmo, acho que preciso ir –me levanto apressadamente do sofá deixando o livro de lado.

–Mas já?

–Sim tenho que estudar para prova.

–Estou na mesma classe que você e amanhã não tem prova –ela me olha desconfiada.

–Gosto de estudar com antecedência.

–Ah okay então, vamos eu te levo até a sua casa se você quiser.

–Isso seria um imenso favor.

–Venha então.

Ela sai da biblioteca e passa por aqueles corredores confusos e finalmente passamos pela cozinha quando Calissa é parada por uma senhora de cabelos ruivos como o dela mais de olhos cor de mel e ela diz com uma voz doce:

–Não sabia que você havia chamado uma amiga para vir querida.

–Ah foi de última hora desculpa não te avisar –ela se vira para mim – Kendy essa é minha mãe.

Estendo a mão a ela em forma de cumprimento:

–Olá Sra. Bittencourt, desculpe se estou atrapalhando de alguma forma.

–Magina, não está atrapalhando, quer ficar para o jantar?

Estava com fome mas não queria mais ficar ali, iria arriscar ir para casa:

–Não obrigada estava de saída, preciso ir para casa.

–Então você me deve um jantar –brinca ela

–Combinado – digo sorrindo

–Vamos então –diz Calissa – tchau mãe.

–Até mais Sra. Clark

–Até

Entramos no carro e logo que entro digo:

–Sua mãe é uma graça!

–Apenas com as visitas.

–Não seja tão dura com ela eu daria de tudo para ter a minha mãe de volta.

–Eu daria de tudo para que ela sumisse.

–Você fala isso agora mas se algo acontecesse com ela você ficaria arrasada, a maioria das pessoas não dá valor as coisas e pessoas até perdê-las.

E diante disso a conversa chegou ao fim. Depois de alguns minutos chego em minha casa agradeço a ela e entro, meu tio já estava dormindo então aproveitei para comer e fui para meu quarto, planejando acordar antes que ele e sair de casa mando a Jake uma mensagem:

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Para: Jake Pevensie

Jake, oi sou eu Kendery só queria saber se podemos nos encontrar amanhã umas 7:00, descobri algumas coisas, se é que você já não sabe.

Bjs

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E depois disso deito em minha cama, fico olhando para o teto pensando sobre o dia e acabo adormecendo.


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