Quando cheguei à tal sala, Remy estava com Loki e Daniel. -Por que será que eles querem tanto que eu conheça esse cara?- eu me perguntava. Entrei e fui até eles.

– Olá Johanna - eles dizem em uníssono.

– Bem, agora que estão todos aqui, nós não iremos conversar aqui nessa sala, as paredes daqui tem ouvidos, se é que me entendem - Loki nos diz.

– Certo, então onde? - seu irmão, Daniel, pergunta.

– Na sala de reuniões de nossos pais. Venham - ele então sai da sala e todos seguimos ele. Já na sala de reuniões, depois de estarmos todos sentados, Loki começa a falar. - Daniel me contou o que aconteceu com Randall e Sam Johanna. Sinto muito - Loki me diz.

– Eu sei que ele tá tramando algo, mas não sei o que é - Daniel diz.

– Descobri algumas coisas quando fui visitar Remy e seu pai. Mas vou contar depois, quero que Johanna e Remy se conheçam primeiro - Loki afirma.

– Certo, eu não pude conversar com vocês antes por causa de Randall. Bem Johanna, é um prazer finalmente te conhecer. Eu me chamo Remy Tristan. Moro em Oakley desde criança, mas há dois anos vim para cá. Acabei me tornando melhor amigo desse rapaz aqui - ele coloca a mão no ombro de Daniel e de repente todos na sala me olham, esperando que eu diga algo.

– Você é um dos últimos Tristan que vivem em Oakley então? Qual seria nosso grau de parentesco? - pergunto a Remy. Loki e Daniel ficam apreensivos, tanto quanto o próprio Remy.

– Bem, eu nem sei como te dizer isso... - ele morde o lábio, como eu quando fico nervosa.

– Tudo bem, diga. Já estou me acostumando com surpresas - digo tentando tranquilizá-lo.

– Eu sou o filho mais velho de Bruce e Madison. Sou seu irmão Johanna.

– Eu tenho um irmão? - pergunto e olho para todos os rapazes. Volto a falar com Remy.- E quanto a nosso pai? Onde ele está?

– Em Oakley. Depois que mamãe morreu, ele achou que tinha perdido você também, então foi para Oakley, onde eu estava morando com meu tio. Quando eu vim para cá, há alguns anos, descobri que você estava viva e então decidi ficar por aqui.

– E ele sabe que eu estou aqui?

– Sim. Mas ele não pode vir para cá, pois se ele vir, pode ser morto. Randall e Henry são aliados e inimigos dele. Ninguém sabe que sou um Tristan, ninguém além dos Suolide. Me chamam de Remy Sicha por aqui.

– Quantos anos você tem Remy? - pergunto-lhe.

– Vinte e dois anos. Quando teve a guerra em Jotunheim, eu fui para Oakley, nossos pais iriam para lá assim que as coisas se acalmassem, mas mamãe foi morta e você sequestrada - Remy me conta, realmente por essa eu não esperava, um irmão?

Ainda estava chocada por descobrir que tenho um irmão mais velho e que meu pai está vivo. Mais dúvidas surgiram em minha cabeça.

– Você sabe a verdadeira história sobre meu sequestro e a morte de nossa mãe? - pergunto a Remy.

– Bem, Randall sequestrou vocês duas, mas Isabella os encontrou e te salvou, só que já haviam matado mamãe. Ela não a salvaria também, pois morria de inveja por não ter poderes iguais aos de nossa mãe. Eu descobri a verdade quando conheci Daniel - ele me explicou. Então Isabella falou a verdade? Ela me salvou mesmo, mas por quê?

– E você sabe por que Randall matou nossa mãe? - pergunto.

– Acho que tem a ver com a mágica dela. Não sei se você já sabe - Remy começa a falar, mas é interrompido por Daniel.- Johanna já sabe algo sobre o Spark. Loki, não surte, por favor, ela merece saber a verdade.

– Eu não vou surtar, até acho bom que ela já saiba. Assim podemos contar o que realmente aconteceu à Madison - Loki responde. Remy então continua.

– Randall é um meio-sangue, descende dos jotuns do gelo eu acho, queria que ela usasse o Spark para liberar a mágica dele, ela se recusou, pois sabia que ele a usaria para o mal, então foi morta. Isabella só te salvou para, caso você tivesse o Spark também, te usar quando se manifestasse. Tudo para que ela, Henry, Randall e sei lá mais quem pudesse usar de magia Jotun.

– Minha nossa! Meus pais só me adotaram para me usar quando chegasse a época em que liberaria meu poder? Que doentio! Eu nem sei se possuo Spark - digo em um tom mais alto que meu normal.

– Johanna, eu posso tentar descobrir se você permitir - Loki me diz.

– Tudo bem, vá em frente - digo impaciente. Loki levanta-se, eu faço o mesmo, ficamos de frente um para o outro. Remy e Daniel nos observavam ansiosos. Loki pega minhas mãos e se concentra, tento me acalmar. De repente minha respiração fica normal, sinto batimentos cardíacos diferentes em meu peito, me sinto forte. De repente, sinto uma euforia, as emoções de Loki. Solto suas mãos assustada.

– O que foi isso?

– Spark. Você o possui Johanna. Nos conectamos rápido, com Remy não aconteceu, apesar de sua mágica ser diferente, não teve essa conexão quando tentamos - Loki explica. Daniel está radiante com a descoberta, Remy sorri para mim quando o olho.

– Eu estou morta de cansada, por favor, será que podemos conversar sobre tudo isso mais tarde? Esse bombardeio de informações me abalou, sabe? - digo e espero a resposta deles.

– Tudo bem. Descanse, quando se sentir melhor nos procure. Você precisa saber sobre essas coisas, pois corre risco - Loki me alerta.

– Eu te acompanho Johanna - Daniel me diz. Me despeço de Remy e Loki e saio com Daniel.Quando chegamos ao meu quarto convido Daniel a entrar um pouco. Tranco a porta logo que ele entra.

– Por que trancou a porta? - ele me pergunta com uma expressão até engraçada.

– Por que quero pesquisar algo no meu livro - digo já sentada em minha cama pegando o livro. Ele senta ao meu lado.

– O que exatamente você está procurando aí?

– Loki disse que Remy possui uma mágica diferente, mas não se conectou a ele como eu. Eu li algo sobre o Spark ficar oculto, acontece às vezes... Aqui, achei! - mostro-lhe a página e começamos a ler.- Quando um indivíduo tiver o Spark latente em si, este só poderá ser liberado por outro possuidor do Spark no lugar onde nasceram - cito as palavras do livro.

– Então quer dizer que você pode liberar o poder de seu irmão, mas só em Jotunheim?

– Jotunheim? - pergunto.

– É onde Remy nasceu. Depois ele foi para Oakley.

– Ah... - é tudo que consigo dizer. Ficamos os dois processando nossa recente descoberta até que Daniel pega minha mão, eu então olho para ele.

– Gosto quando você me toca. Sua temperatura me tranquiliza - digo meio sem jeito. Ele sorri.

– Que bom, porque eu sinto o mesmo. Seu calor é tão bom - Daniel então me beija. Sinto toda sua energia, ouço seu coração como se estivesse dentro de mim. Me deixo levar pelo momento. Quando paro de beijar ele eu olho para o livro que estava em minha outra mão, sua capa está congelada, mas não foi Daniel. Minha mão estava coberta por uma fina camada de gelo.

– O quê? - digo olhando surpresa para minha mão. Daniel sorri.

– Qual é a graça? - pergunto.

– Você usou minha mágica enquanto eu te beijava - ele me explica.

– Isso foi o Spark? Essa conexão parece mais do que simples junção de poderes, posso te sentir em mim, é... É estranho.

– Eu achei magnífico - ele me diz. Eu então o beijo de novo. E assim ficamos um bom tempo.

[...]

Eu tive quase que expulsar Daniel do meu quarto um tempo depois. Estava bom ficar com ele ali, mas eu precisava descansar. Depois de convencê-lo a ir, tomei um banho e dormi. Sonhei com Randall, vi ele matando minha mãe no sonho, não sei se era uma memória reprimida ou um simples sonho, mas de uma coisa eu sei, foi horrível, vi a espada atravessando seu peito e o rio de sangue se formando quase que imediatamente em sua volta enquanto a vida ia sendo tirada dela. Acordei com um susto, já estava perto do pôr do sol. Me arrumei e fui até o jardim, me acostumei a passar o tempo lá. Sentei-me em um banco e fiquei a admirar o horizonte com o céu alaranjado pelo pôr do sol. Havia algumas pessoas lá, inclusive Samuel e Addie, sua irmã, mas fiz que nem os vi.

Estava distraída observando a paisagem quando senti uma mão fria em meu ombro, um toque inconfundível.- Daniel? - pergunto, sem ver quem estava atrás de mim. Ele então senta ao meu lado, me abraçando.

– Está melhor agora dorminhoca?

– Estou bem, só tive um sonho estranho. Mas antes que pergunte, depois eu te conto. Não quero falar disso agora.

– Tudo bem, quer falar sobre o que então? - ele me pergunta.

– Não sei. Só não quero falar desse sonho agora - digo., deitando minha cabeça em seu ombro. Nossos dedos estavam entrelaçados e assim nós assistimos ao pôr do sol. Depois disso nós fomos jantar, dessa vez fui convidada a jantar com os pais de Daniel. A rainha Kathrin pediu, pois depois do jantar ela e o rei iriam me contar algo. Terminado o jantar, acompanhei toda a família Suolide até uma sala, onde eles iriam falar comigo. Remy foi convidado também. Quando todos já estavam lá, o rei Claus começou a falar. - Nós descobrimos hoje, Johanna, que você tem mesmo o Spark. Loki disse que conseguiram se conectar. Você sabe que corre perigo se descobrirem sobre isso, não sabe?

– Sei sim sr. Claus. E eu descobri outra coisa a respeito do Spark hoje - digo, de repente todos me olham.

– O que você descobriu Johanna? - Loki pergunta.

– Daniel não contou? Bem, nós achamos que Remy também possui Spark, só que está oculto. Para liberá-lo ele teria que ir à terra onde nasceu, no caso, Jotunheim, e outro Jotun com Spark o liberaria, ou seja, eu.

– Como vocês descobriam isso? - Remy pergunta interessado.

– Um livro que conta histórias sobre Spark e sobre as famílias que o possuíam - Daniel explica a ele.

– Sinto dizer que Jotunheim não é mais nada além de cinzas. Desde a guerra que houve, ninguém jamais voltou até lá - a rainha Kathrin enfim fala.

– Eu acho que deveríamos tentar - Loki diz.

– Não acho uma boa ideia arriscar os dois, possíveis últimos, portadores dessa incrível magia - rei Claus responde.

– Tudo bem, mas acho que poderia dar certo, a mágica de Jotunheim não foi destruída - Loki afirma.

– Vamos discutir isso depois, eu e você - Claus diz a Loki.

– E o que vocês tinham para contar quando marcaram essa reunião? -Daniel pergunta a seus pais.

– Alertá-los. Ninguém deve saber que Remy é irmão de Johanna e nem que eles possuem o Spark - Claus responde.

– Alerta recebido. Podemos ir agora? - Daniel pergunta.

– Sim, mas Loki, quero que fique. Você e Remy - o rei Claus diz. Daniel e eu nos despedimos e saímos.