Auld Lang Syne escrita por Melusina


Capítulo 1
Auld Lang Syne


Notas iniciais do capítulo

Hoje é aniversário do Milo. ♥ PARABÉNS, MIII ♥

Eu me empenhei em escrever algo, comecei um pouquinho ontem. Quero logo avisar que não estou com prática em escrita e a fanfic NÃO está betada. Não passo por um bom momento, mas foi bom escrever, esquecer, pois esses dias eu estava surtando.... Hoje o Enem me ferrou toda, era para poder ter postado mais cedo.

É apenas uma fanfic simples, queria apenas escrever algo, não trabalhei tanto o texto. E claro, Milo sem Camus, não existe para mim.

Bem, mas espero que curtam.

Obs: meu Camus chora, ele é humano! u.u ashuahsa *aquela que não suporta o Camus uma muralha inabalável de frieza*



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Auld Lang Syne

Milo x Camus

Olhou para o copo, que descansava sobre a mesa, agora estava vazio, mas com os resquícios do caro whisky em suas extremidades. O rimbombar dos trovões lá fora o despertou de seu devaneio.

Suspirou, deixando o ar sair devagar.

Aquela dor estava o consumindo, pouco a pouco, seu âmago era corroído deixando-o pusilâmine. As lembranças antes doces agora só lhe traziam reverberações dolentes.

Os olhos azuis transbordavam toda sua tristeza através do seu brilho. Não sabia o que fazer, apenas se pegava tentando relembrar de suas últimas palavras, de seu encontro derradeiro com o francês. Aqueles cabelos ruivos jamais saíam de sua memória.

Você sabe que não está dando mais, Milo. — A voz séria com o sotaque puxado, ganhou uma entonação mais sombria, como se ditasse uma sentença de morte — não passamos um único dia sem brigar.

A única coisa que eu sei é que está jogando fora oito anos de relacionamento, Camus. Oito anos! — Replicou, enfático e amuado.

Eu tentei, Milo. Tentei. Mas só nos machucaremos mais se continuarmos…

Não queria admitir, mas Camus estava certo. O relacionamento havia caído no desgaste, as brigas eram as grandes causadoras disso e todas por motivos frívolos.

Quando seus olhos se encontraram por um instante, conseguiu ver as lágrimas nos orbes castanhos avermelhados. Eram poucas as vezes que o viu chorar. Aquilo apertou seu peito, com intensidade. Mas nada diz, vendo-o se afastar pela rua pouco iluminada e não olhar mais para trás.

Aquele foi seu adeus, sabia que não voltariam, não havia sido uma simples discussão como as outras.

Em um choro mudo e sentindo-se impotente ao ver o homem de sua vida escorrer por suas mãos como uma bruma ao vento, ficou ali, na frente do seu prédio, na falsa esperança do outrem mudar de idéia e voltar para seus braços.

Mas isso jamais ocorreu.

— Se eu pudesse voltar no tempo… — murmurou, para si, arrependido, passando os dedos pelos cachos de tonalidade trigo.

Estava certo que teria feito tudo diferente. Ouviria mais e seria atencioso, em todos os momentos.

Já fazia seis meses. Seis meses que Camus saiu de seu apartamento, mas ainda doía como se tudo houvesse ocorrido apenas poucos minutos.

Trocaram palavras breves nesse decorrer, o francês o evitava de todos os modos. Não sabia onde ele estava morando, com quem, se era solteiro ou se estava com alguém. Camus havia trocado até mesmo o número do celular, sabia que era por sua culpa.

Temia em pensar que o ruivo havia encontrado outra pessoa e que agora era o motivo para sua felicidade. E aquilo o desesperava.

Era egoísta, não negava; queria ser o único motivo de seus sorrisos. Talvez por isso que tenham derruído daquela forma.

Olhou para fora, ainda sentado na cadeira; a chuva começava a apertar, ouvindo os pingos colidindo contra a superfície vítrea da janela. Havia perdido a noção de espaço e tempo, fazia dois dias que não saía de casa, às vezes se pegava nesses momentos de fraqueza repentina e acometido em sua aguda desilusão.

Isso ocorreu quando encontrou um álbum de foto dos dois e aquelas fotos foram o que puxaram de volta ao desequilíbrio emocional.

Estava conseguindo se manter, apesar de suas recaídas. A bebida que antes era evitava, entrou como uma de suas principais companheiras.

Milo era um bem-sucedido escritor, nascido na Grécia, mas em pouco tempo, completaria duas décadas que residia em solo parisiense.

Fez uma pequena fortuna com o seu primeiro bester-seller. Especializando em romances policias, também conseguiu conduzir bem enredos mais dramáticos e românticos. Seus livros haviam sido traduzidos para inúmeros idiomas e possuía um número considerável de apreciadores de seus trabalhos.

Mas já faziam meses que nada produzia, desde o momento que Camus o deixou seus dedos perderam a vida para manifestarem seus textos. Sabia que o outrem era sua inspiração para a escrita e desde que terminaram, não conhecia nem escrever uma simples carta.

Seus amigos já haviam desistido de tentar animá-lo; arrumaram saídas, mulheres e homens. Mas a resposta sempre era um retruque negativo.

Após isso, só sabiam lançar provérbios referentes ao tempo. Não obstante era certo que não seria o tempo que conseguiria fazer esquecer de Camus. O tempo e nem ninguém.

Era peremptório em seus sentimentos e estava ciente que não existia alguém que cobriria a sua outra metade, o vazio que estava em seu peito e em seu cerce. Apesar de serem quase um paradoxo, o ruivo era sua alma gêmea. Por mais clichê que isso fosse.

Só que constatou aquilo tarde, muito tarde.

Should auld acquaintance be forgot,
and never brought to mind?
Should auld acquaintance be forgot,
and auld lang syne?

Já passavam de meia-noite quando ouviu o interfone, após a terceira chamada, saiu do seu lugar. Não era muito comum receber visitas inesperadas tão tarde e aquilo o deixou atônito.

Vestia apenas um roupão escarlate, apertou o nó enquanto ajeitava o objeto do ouvido o segurando com ombro.

— Alô?

— Bom dia, senhor Vikélas. Um homem veio vê-lo.

— Um homem? Quem?

— Disse que se chama Camus.

Ouvindo aquele nome, seu coração agora dava palpitações retumbantes, quase deixando o telefone cair, o segurou com uma de suas mãos. Ficou em um silêncio sepulcral diante a surpresa, ouvindo seu coração se elevar daquela maneira extasiada, consequentemente, olvidando dar a resposta ao homem.

For auld lang syne, my jo,
for auld lang syne,
we’ll tak a cup o’ kindness yet,
for auld lang syne.

And surely ye’ll be your pint-stowp!
and surely I’ll be mine!
And we’ll tak a cup o’ kindness yet,
for auld lang syne.

— Senhor? — Insistiu o porteiro, achando que a ligação havia caído — posso mandá-lo subir? Senhor?

— Olá. Desculpe — retomou o diálogo após aquela pausa, lacônica, mas ainda estava absorto, não conseguindo redefinir uma linha categórica, suas mãos tremiam pelo fremir arrebatador — é claro… É claro que sim.

Acabou tartamudeando, mas o retruca, para desligar o interfone. Quis arrumar algumas revistas e objetos, espalhados, mas se enrolou nessas tarefas.

O som da porta lhe arranca daquela corrida frenética pelo apartamento. Seguiu até ela tentando se manter impassível e agir naturalmente. Mas não era como Camus, não conseguia dissimular seus sentimentos.

We twa hae run about the braes,
and pu’d the gowans fine;
But we’ve wander’d mony a weary foot,
sin auld lang syne.

Pegou o celular, tentando discar o conhecido número, e a voz feminina, maçante, pedia-lhe para continuar na linha caso quisesse deixar um recado. Jogou o celular na cama e buscou por mais um copo de bebida. A saudade e tristeza eram irredutíveis.

Sorrisos foram trocados de forma ligeira.

Milo conseguia sentir que o ruivo estava sem jeito e não muito à vontade. O próprio loiro sentia-se dessa forma. Não sabiam por onde começar, depois de todos aqueles meses longe.

Convidou-o para adentrar em seu apartamento, vendo que o sobretudo de tonalidade marrom que o francês trajava estava manchado pelos pingos da chuva. Antes de aceitar o convite para entrar, deixou o guarda-chuva encostado perto da porta, do lado de fora.

— Quanto tempo, Camus — queria abraçá-lo, enchê-lo de indagações, mas se conteve, precisava ser cauteloso. Desejava que aquilo não fosse um mero sonho, ainda parecia irreal ver o amado em sua frente — o que faz por aqui e tão tarde?

— Sim, muito tempo, Milo — seu tom existia um retumbar nostálgico, em suas mãos trazia uma sacola branca — achei que hoje estaria em festa por aqui, não esperava encontrar esta quietude…

Como sempre, Camus foi enigmático, não explicando com exatidão as suas intenções, porém, suas palavras o fizeram se intrigar.

A palavra festa já não existia mais no seu vocabulário, e Milo sabia que o francês tinha conhecimento disso.

— Em festa? Camus, já faz anos que não dou mais festas — replica. — Você que me fez perder esse hábito.

Os olhos castanhos do outrem desviaram o olhar, mas tornaram a se encontrar com os de Milo, e de uma face séria o francês abrando sua compleição facial

— Milo, hoje é seu aniversário. — Um sorriso divertido delineou sua boca — você sempre o comemorou à meia-noite, todos os anos…

We twa hae paidl’d i' the burn,
frae morning sun till dine;
But seas between us braid hae roar’d
sin auld lang syne

Como havia esquecido o próprio aniversário? Isso nunca aconteceu. Sabia que ele estava próximo, mas não esperava ser hoje.

— Eu não sabia... — confessou, agora envergonhado ainda mais pelo detalhe que ele havia recordado. Tentou se restabelecer e aproximando-se de Camus, notando que ainda estavam em pé e próximos da entrada — quer algo limpo para vestir? Se quiser pode tomar um banho quente...

— Milo, não, não precisa — estendeu-lhe a sacola, cortando a conversa — estava passando pelo mercadinho e encontrei. Espero que goste.

Pegando nas mãos o presente, retirou um vinho tinto, francês e adocicado. Seu coração acelerou.

— Esse mesmo vinho... — não continua a frase, se limitando apenas essas palavras.

— Sim, eu o encontrei, foi o mesmo que tomamos quando nos conhecemos naquele bistrô, lembra-se?

— É claro, deu uma ótima cena em um dos meus livros. — Responde, saudosista, segurando garrafa enquanto a contemplava. A cena da primeira conversa com o parisiense voltava em seus pensamentos, havia se encantado por Camus desde a primeira vez que o conheceu.

— Nós gostamos tanto do vinho que você até pediu a marca ao garçom.

— Sim, e virou o nosso vinho.

— Sim.

Um novo silêncio foi formato. Aquilo incomodou ao loiro.

O ruivo queria se expressar, mas o campo sentimental nunca foi o seu forte. Ajeitou a mecha dos fios avermelhados de sua franja, o grego sabia que ele fazia isso sempre quando estava nervoso.

— Milo...

Camus suspirou, as palavras pareciam não chegar, não obstante acabou sendo calado em seu limiar frustrando, quando Milo o surpreendeu, com um beijo, segurando com força o seu queixo.

O francês não pensou em ser desvencilhar, não existia hesitações e deixou claro, retribuído o ósculo, com ardor.

O carinho durou longos minutos, de maneira apaixonada e urgente os dois amantes se tocavam de novo. Milo o segurava em sua nuca, e a outra mão mantinha o presente seguro enquanto sentia os toques delicados dos dedos do francês.

And there’s a hand, my trusty fiere!
and gie's a hand o’ thine!
And we’ll tak a right gude-willy waught,
for auld lang syne.

— Perdoe-me... — murmurou, entre a carícia.

— Shh... não vamos falar sobre isso agora, você voltou para mim, isso que importa — interrompeu o beijo, enquanto colava suas testas — estava sendo difícil sem você, Cam.

O francês fechou os olhos por um momento, sentindo a respiração do amado acariciar sua face.

— Descobri que não posso viver sem você, Milo. — Confessou, para lhe dar um selinho, demorado; afasta suas bocas e tornar a buscar os orbes azulados do grego.

— E eu digo o mesmo.

— Feliz aniversário, mon ange.

Juntos, celebraram seu aniversário, entre beijos e declarações, aquele era um recomeço que o loiro não esperava.

Tudo parecia ter saído das páginas de algum de seus livros, estava em plenitude.

Tinha novamente Camus. Tinha sua vida de volta.


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