Nova Orleands, Junho de 2014, Escola (Lorenzo Malarkey)

“Olá câmera! Hoje é o ultimo dia para as férias de verão e aqui estou eu filmando tudo!” Fixo meus olhos na pia do banheiro a minha frente “Tudo bem que o cenário não é dos melhores, mas vamos dar um desconto, é o ultimo dia de aula...bom...como esses vídeos serão uma espécie de diário, lá vamos nos...estou trancafiado no banheiro para não acabar me descontrolando e esmurrando a cara dos idiotas do time de basquete como Andrew Park ou Scott Lancaster, com a aproximação das férias as suas provocações só pioraram, e agora estou feliz por que finalmente, estou de férias e agora posso finalmente ir pra casa pegar minhas malas e partir para Filling Power...eu tenho que explicar o que é Filling Power? Ah, foda-se vou explicar, é um acampamento de férias para mutantes, que por sinal, minha tia é a dona; lá não é tão perfeito assim, mas, sem duvidas é muito melhor que a merda dessa escola. Acho que por hora é isso, se eu acabar socando a cara de uns imbecis hoje eu volto para contar...encore plus!” Desligo a câmera e a guardo na minha mochila.

Me olho no espelho rapidamente, meus olhos castanhos quase negros me encaram, noto minha barba crescida demais e faço uma anotação mental para raspa-la antes de ir para o acampamento.

Ajeito a mochila nas costas e saio do banheiro dando uma rápida conferida para ver se não havia esquecido nada, após me certificar que não, eu abro a porta. Não vejo nenhum dos idiotas então resolvo caminhar o mais rápido que posso para fora da escola.

“E agora cadê o diretor trouxa para lhe proteger, seu nerd de merda?” Espera...eu conheço essa voz, ah não!

Corro o mais rápido que posso em direção a voz, cortando as pessoas no meio do caminho sem me importar nenhum um pouco com pedir desculpas se quer, aos poucos os gritos de dor vão se tornando mais altos, até chegar em um trecho deserto do corredor e poder ver ao longe, o grande e típico valentão da escola, líder do time de basquete, quase dois metros de altura, musculoso e é claro, um grande imbecil que só sabe medir forças com os mais fracos, e como se não bastasse ele estava com Mike preso em sua mão esquerda enquanto a direita lhe mirava outro soco.

“Sabe Andrew, estive fazendo uma pesquisa estatística e cheguei a conclusão de que...você é um idiota, é claro que tem uma margem de erros mais ai significaria que além de idiota você é um covarde, será que você concorda com essa pesquisa?” Digo enquanto vou me aproximando da figura com quase o dobro do meu tamanho (sim isso é um modo de dizer).

“HAHA, muito engraçado Malarkey, mas é bom calar sua boca senão quiser ser o próximo”. Sua entonação soa raivosa, mas não me assusta.

Fico a apenas a um passo de distancia dele, abro um largo sorriso que o faz soltar o Mike no chão tamanha sua raiva pelo meu ‘desaforo’.

Puxo do meu bolso da calça algumas cartas de baralho.

“Diga-me Park, acha que tenho medo de você?” O encaro, enquanto sem ao menos olhar puxo a carta coringa e seguro entre meus dedos virando a carta para que ele pudesse vê-la com perfeição. “Sempre gostei do Coringa, sabe por que Park?” Questiono-o. Ele solta uma alta galhada e então da um meio passo a mais em minha direção. “Por que ele assumi o valor de todas as cartas, ele é especial, é... diferente”.

“Diferente? Diferente como, como você Malarkey, diferente de idiota?” Andrew solta outra gargalhada “Quer saber Malarkey, acho que hoje vou te quebrar no meio.” Ele me encara desafiadoramente, eu apenas intensifico ainda mais meu sorriso.

“Sabe Park, como Shakespeare dizia, em certos momentos, os homens são donos dos seus próprios destinos” Jogo a carta em minha mão no ar, e antes que ela possa voltar até minha mão novamente, faço com que a mesma entre em combustão em uma pequena explosão, rapidamente atiro uma carta na direção do homem a minha frente fazendo com que ela passe de raspão pela sua orelha. Sua feição torna-se assustada, suas mãos ficam tremulas e posso notar suas pernas falhando consigo próprio.

Tiro algumas cartas especiais do meu baralho, são os meus bebês, por um simples motivo, elas tem uma fina lamina na ponta, seguro três delas entre os espaços dos meus dedos e deixo bem na frente da minha vista, para que as laminas fiquem visíveis para meu ‘querido’ oponente. Sem nem precisar mirar muito lanço as cartas em sua direção.

A primeira atingiu a manga de seu casaco direito, a segunda no esquerdo, e por fim, a terceira na região de suas pernas, sendo mais claro, bem perto da sua região genital. As laminas das cartas cravaram-se na parede prendendo-o pelos braços e pela calça.

“O que aconteceria se eu não mirasse...muito bem.” Minha voz parece um sussurro pensativo, mas a ideia é que ele escute, e se apavore ainda mais.

Rapidamente, tiro mais cartas com lamina e atiro três de uma só vez, atirando mais três em seguida, e depois mais duas. Só então paro para notar o estrago, a área de sua cabeça até a área de sua barriga estava contornada pelas cartas.

“Boa sorte para sair dai Park”. Digo, e desta vez, sem olhar para trás eu começo a caminhar pelo corredor.

“E-e...Enzo...Obrigado”. Ouço a voz sussurrada de Mike, mas não paro para responder, apenas saio pelo corredor, quando me retiro finalmente da escola ligo a câmera e a posiciono perto da minha face.

“Então, quinze minutos depois aqui estou eu, depois de prender um idiota na parede usando minhas cartas prediletas...as chamo de cartas laminadas, ou bebês se preferir”. Tiro a chave da moto do meu bolso e a balanço entre os dedos da minha mão esquerda. “Agora vou para casa, para por fim pegar minha prima e irmos para Filling...então, rendez-vous à Filling Power! A mesmo, e se você não falar francês...pera, eu não vou mostrar meu diário pra ninguém, droga, será possível que eu não consigo nem filmar o diário direito? Quer saber...esquece vou traduzir, nos vemos em Filling Power.”