Colégio Interno – O regresso! escrita por Híbrida


Capítulo 4
Terapeuta, PLAU! e Eau D'Amanda.


Notas iniciais do capítulo

Apaixonadíssima por esse capítulo



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Deitada na grama sentindo a brisa de veraneio no rosto, eu me sentia livre. Era uma delícia voltar àquela graminha gostosa que me pinicava as costas e o cheiro de orvalho se misturando ao do tabaco. Mas por Deus, tinha que ser tudo tão conturbado? O semestre anterior não foi o bastante pra acabar com a minha sanidade, ah não; vamos terminar de foder a psicótica.

— Você devia dar uma trabalhada nessa dependência a qualquer substância adicta.

Voz grave, limpa, a risada quase muda. Ah, meu doce Thiago. Sentou-se ao meu lado entrelaçando a mão na minha e deitando minha cabeça em seu colo. Sorriu doce e se contorceu para beijar-me a testa.

— Preciso – sussurrei – E preciso procurar um terapeuta. Porque olha, Thi, essa coisa de irmão gêmeo de namorado defunto é assustadora demais, por Deus.

— Você precisa lidar com o Cosmos. Parece que ele não te curte muito, e eu sinceramente o entendo. Você não é o tipo de pessoa de quem todo mundo gosta e as forças que regem o universo, pelo visto, não fazem parte do número seleto de seres que te amam.

— Sou 08 ou 80, meu bem - ironizei, fazendo-o gargalhar – E eu queria muito que esse Renato me odiasse e simplesmente PLAU! – gritei, assustando-o – Sumisse da minha vida.

— Plau?

Assenti, fazendo-o rir. Após muito tempo de conversas, alguns queimões causados pelo cigarro e aquela pontada autodestrutiva que não saía de mim jamais e o melhor cafuné do mundo, eu estava revitalizada. Incrível como algumas pessoas simplesmente têm o dom de te tranquilizar e de fazer as coisas valerem a pena, não? Thiago era uma dessas.

— Levanta, vamos voltar pro quarto antes que o Garfield fique preocupado.

— Esses apelidos pro teu irmão? – disse, fazendo-o me encarar – Eu tô amando é todos.

Riu mais alto do que o normal e levantou-se, pegando minha mão e caminhando comigo até o dormitório. Quando lá chegamos, Renato já havia partido, o que foi um alívio imenso. Sentei-me entre Rodrigo e Bruna, que me encararam com olhinhos culpados.

— Não quero conversar sobre o que houve aqui há minutos.

— Você tá cheirando cigarro – resmungou Rodrigo – Detesto quando você fuma.

— E eu detesto quando vocês espalham a história do Nicholas pra qualquer Zé bonitinho que entra por aquela porta.

— Você falou que não queria falar sobre isso! – protestou Bu.

— Não queria ter minha privacidade invadida pelo fantasma do meu ex, mas olha o que vocês fizeram!

— Será que dá pra gente parar de falar nesse cara pela porra de um minuto?!

Gabriel não estava feliz com toda a situação e eu simplesmente não podia culpa-lo. Sua namorada estava aparentemente obcecada pelo cara que é o fantasma do ex-namorado do qual ela sempre falou, e sempre ressaltou o quanto ele – Garfield – se parecia com esse fantasma. E agora, lá está um filho da puta milhões de vezes mais parecido: o gêmeo do cara que morreu.

— Eu não queria ter que tocar nesse assunto, mas eles...

— Vamos parar de falar nesse nome antes que eu atravesse o campus e o faça reencontrar seu amado irmão. Mais amado por você que por qualquer pessoa viva ou morta que o tenha conhecido, mas enfim.

Ele estava seco. Terrivelmente seco. E eu nem mesmo poderia censurá-lo, porque estava completamente dentro de sua razão. Sentia-me angustiantemente mal em ter deixado o meu Gabriel naquele estado, então o peguei pelo braço e levei até o Dormitório Alpha.

— Você não vai me comprar com sexo – resmungou no caminho, como uma criança que perdeu seu doce.

— Será? – questionei, mordendo o lábio e brincando com a barra de sua calça no elevador. Ele riu – O que foi?

— É incrível como as coisas são incrivelmente fáceis pra você, não é? – fiz uma careta ao ouvir a frase, mas ele prosseguiu – Eu fico bravo e você faz uma simples menção a relações sexuais. Está tudo bem. Eu volto a te amar, você volta a ser minha pequena e eu tô aqui apaixonado de novo, quase recitando um poema de Vinicius de Moraes sobre nossa relação. Se eu te deixo brava e me atrevo a encostar num ponto errado seu, ai de mim!

— Não tenho culpa se você anda pensando com a cabeça errada – brinquei.

Meu pequeno Garfield abriu um sorriso doce e me mordeu o lábio superior. Entrelacei as pernas sobre seu tronco e ele me levou no colo até sua cama, sem deixar de espalhar beijos e mordidas pelo meu lábio, ombros, colo e pescoço. Gabriel tinha essa coisa louca com meu pescoço.

Na verdade, Gabriel tinha essa coisa louca comigo. De perguntar que perfume eu usei assim que acordo, porque ele nunca sentiu aquele cheiro em nenhuma outra pessoa. E então eu lhe respondo que não uso, e ele abre aquele sorriso lindo e simplesmente diz ‘Então é Eau d’Amanda’. Aquela coisa de morder meu pescoço e passar horas contemplando o chupão no mesmo, passando-lhe o dedo delicadamente e esboçando um sorriso bobo.

Tinha essa coisa maravilhosa de cuidar de mim mesmo quando eu mereço ser arremessada longe, e foi essa paciência toda que o fez não desistir de mim ate hoje.

— Eu amo você – sussurrei.

Ele assentiu, me beijando e percorrendo meu corpo com as mãos muito ágeis e familiarizadas com cada pontinho do meu corpo. Aquelas férias haviam sido muito úteis para que tirássemos esse atraso, aliás. Pudemos, depois de tanto tempo, ficarmos sós.

Estávamos deitados enquanto ele tirava minha blusa e eu arranhava suas costas por baixo da camisa quando Chris abriu a porta.

— Por Deus – resmungou Gabes, saindo de cima de mim – Eu desisto, Amanda, desisto.

— Belo sutiã – ironizou Chris – Mas tá sobrando tecido e tá desbotado.

— Voltamos ao assunto central: a forma com que lavo meu sutiã e a minha falta de peitos.

É. Ainda haviam coisas que valiam a pena naquele maldito Instituto. Esse nível de piadas e a facilidade com que Gabriel se distraía e não se irritava era o maior deles.


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