Colégio Interno – O regresso! escrita por Híbrida


Capítulo 2
Nossa mesa, Sutiã desbotado e Chambre des Femmes




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Depois da longa tarde resmungando sobre o que fazer para evitar que Renato me roubasse para si, como Nicholas já havia o feito, estávamos cansados e famintos. Desde o dia em que chegamos, naquela primeira manhã cujo inverno em Genebra assemelhava-se aos longos invernos narrados pelo cara que resolveu escrever Guerra dos Tronos, tínhamos uma mesa. Uma maravilhosa mesa que acomodava a todos perfeitamente, tinha um guarda-sol roxo que eu amava e era um ótimo ponto para observarmos o campus. Ao descermos para comer alguma coisa, percebemos que lá estava Renato, na nossa mesa.

— Mas que petulância! – gritou Gustavo – Quem é esse magrelo atrevido pra se sentar na nossa...

— Caio – sussurrou Bernardo – Puta que pariu, é o...

— Eu falei! – gritei – Eu falei que era igualzinho!

— Mas eu sou pauta de novo?

Abriu aquele sorriso encantador e eu me derreti em mil pedaços. Porque diabos eu estava me derretendo em mil pedaços pelo desconhecido petulante, eu também não sabia. Mas aquela ousadia e sorriso me causavam arrepios maravilhosos. Bernardo e ele começaram a conversar sobre o falecido e eu olhei pra Bruna, que o fitava assustada e estática. Era a mesmíssima reação que eu devo ter tido, e não podia ser diferente.

Renato tinha os mesmos olhos hipnotizantes, os mesmos lábios que eu nunca cansara de beijar, o mesmo pescoço muito pálido que eu vivia deixando marcado. Os mesmos ossos saltados da clavícula e as mesmas maravilhosas mãos.

Santo Deus, as mãos eram as coisas mais lindas de Caio. Os dedos longos, as veias aparentes nos pulsos. Só me faltaram as cicatrizes de guerra. Caio se automutilava antes de me conhecer e aquilo era a única demonstração de fraqueza que me deu em todos os anos que estivemos juntos. A única demonstração de fraqueza que ele demonstrara fora apagada nessa versão nova dele.

— Eu não sei o que dizer – disse Bu, apertando minha mão – Amanda, ele é...

— Idêntico – exclamou Renato – Sim! Pelo visto, vocês eram próximos do meu irmão, não?

— Só nós três – disse Bernardo – O resto, nós conhecemos aqui. Mas cara, seu irmão e a Amanda tiveram uma história de se orgulhar.

Assenti e encostei a cabeça no ombro de Bu. Quando dei por mim, estávamos sentados comendo junto a Renato. Bernardo, Thiago e Desirèe conversavam animadamente com o garoto, e Gabes e Chloe estampavam feições enfezadas.

— O que o Gabriel queria que eu fizesse? – sussurrei próxima à Bruna – Como ele queria que eu simplesmente evitasse o garoto que é a cara do...

— Seu ex, pelo qual você foi perdidamente apaixonada até o fim? Pudera, né, minha filha. Não queria que ele desse o braço ao menino e saísse dançando na chuva, né?

Ri e assenti. Ela tinha razão. Sentei-me ao lado de Gabes e puxei sua cabeça, beijando-o. Ele afagou minha mão e encostou a cabeça em meu ombro, me fazendo sorrir. Puxou-me pelo braço e avisou os demais que estaríamos no quarto deles. Sorri maliciosamente.

— O que esta cabecinha pervertida está planejando? – disse, debochada.

Ele apenas segurou minha mão e caminhou até o quarto. Quando lá chegamos, sentamos em sua cama e ele começou a distribuir beijos pelo meu pescoço, ombro e colo. Gabriel havia deixado a barba crescer, o que pinicava minha pele de maneira deliciosa. Segurei seus cabelos e os puxei levemente, fazendo-o agarrar minha cintura e puxá-la pra si. Quando dei por mim, estávamos ambos deitados, semi-nus, debaixo das cobertas. A porta do quarto se abriu.

— Merda! – ele gritou, olhando Gustavo entrar no quarto cantarolando Cheryl Cole – O que caralhos você tá fazendo aqui?

— Tá nervoso por que, meu filho? Porque eu tô vendo o sutiã de bolinha da tua namorada? Se oriente, rapaz, eu a vi de biquíni as férias todas.

— Não fala do sutiã de bolinha da Amanda!

— Tá desbotado.

— Não fala que meu sutiã tá desbotado! – resmunguei – E para de olhar pros meus seios!

— Você mal os tem!

— Não fala que minha namorada não tem peito!

E lá começamos uma discussão sobre o fato de eu ser uma tábua. Gabriel insistia em dizer que não, que podiam não ser melões, mas tinham um tamanho ótimo, enquanto Gustavo retrucava, dizendo que até Chris tinha mais seios que eu.

— Vocês são ridículos. Eu vou embora.

— Vai pra onde? Levaram o Renato pro Chambre des Femmes.

Chambre des Femmes era a maneira com que nos referíamos ao quarto desde as férias. Percebemos que havia um ar muito bordelístico no apelido dado ao quarto e adorávamos nos referir a ele como a casa da mãe Joana antes disso. Acontece que Chambre des Femmes é uma “Casa da mãe Joana” chique.

— Eu vou pro quarto do Nicholas.

— Amanda – disse Gabes, num tom levemente envergonhado.

— O que foi, Gabriel?!

— Cê tem certeza que vai assim?

Assenti. Ele riu e me jogou meu vestido. Tentei evitar dar risada, pois queria fazer uma saída triunfal. Quando já estava do lado de fora do quarto e já havia chamado o elevador, ouvi um grito de Gus:

— Volta aqui, você esqueceu sua dignidade!


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