Colégio Interno – O regresso! escrita por Híbrida


Capítulo 1
Oompa-Loompa, defuntos e QG.


Notas iniciais do capítulo

Ê, saudade!!



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Tudo estava indo bem. Havíamos voltado ao internato depois das melhores férias da minha vida e eu não poderia estar mais feliz. Namorando, com amigos maravilhosos, num mundo onde eu não precisava mais ser a vadia.

Ainda sentia as queimaduras de sol – uma branquela numa praia grega paradisíaca não poderia ter um resultado diferente – e Gabriel havia adotado um novo visual: estava laranja. Seu bronzeado não havia dado certo. Os cabelos louros destacavam ainda mais o tom “Oompa-Loompa de 1971”, e eu estava adorando caçoar de seu novo tom.

— Francamente, Froidefond – resmungou enquanto andávamos de mãos dadas pelo campus – Por quanto tempo você vai me zoar?

— Gabriel, nosso relacionamento se baseia em bullying e...

Não consegui terminar a frase. Soltei a mão de Gabriel e entrei em transe: Caio estava lá.

Sim, Caio. O Caio que morreu. O Caio dos minúsculos olhos azuis, dos cabelos negros, do porte físico de um grilo. O garoto mais branco do mundo – até mesmo mais branco que Nicholas – e incrivelmente belo e harmonioso.

— Pequena, você...

— Me diga que eu não estou vendo coisas. Não sirvo pra Cole Sear, Gabes.

— Do que caralhos você tá falando?! – perguntou, visivelmente alterado e assustado.

— Do Caio logo ali! – gritei.

O garoto ouviu. Olhou em minha direção e estava se aproximando. Gabes centrou-se em sua direção e os olhares dos dois relampejavam. O garoto parou em nossa frente e me encarou.

— Amanda Froidefond – sussurrou.

— Caio?

— Eu não levo jeito pra zumbi – ironizou, sorrindo – Eu sou o irmão gêmeo dele. Renato.

Irmão gêmeo. Do Caio. Aqui.

Eu não conseguia processar tantas informações, então simplesmente me joguei no chão para melhor raciocinar. Fazia algum sentido? Nenhum. Mas o fiz. Depois de algum tempo e nenhum resultado, pedi para que Gabriel me erguesse para que eu, no mínimo, tivesse um pouco de dignidade ao falar com meu ex-cunhado.

— Ele nunca me falou de um irmão gêmeo. E eu não me lembro de tê-lo visto no velório.

— Não é como se nós fossemos como as gêmeas Olsen ou a mini Lindsay Lohan com ela mesma naquele filme. Nós... nunca nos demos bem. Sobre o velório, você estava meio ocupada manchando o caixão de rímel pra reparar na presença de qualquer outra pessoa no recinto.

— A semelhança é assustadora – sussurrei – Já vi gêmeos idênticos, mas você...

— Parecemos um clone, não é mesmo?

Assenti. Mas que merda, olhar para aquele garoto me trazia tantas lembranças que eu mal conseguia raciocinar. Gabes apertou levemente minha mão e eu o encarei, ainda perdida.

— Então, esse é o irmão gêmeo do meu ex.

— O defunto? – perguntou, confuso.

Assenti e Renato riu. Até a maldita risada era igual. O som melódico que costumava me acalmar de um jeito assustador. Caio era praticamente meu rivotril. Chegava a ser ridícula a dependência que eu tinha daquele garoto; com Gabriel era diferente. Nós nos completávamos, mas ninguém precisava um do outro como um drogado precisa da droga. Ninguém fica em situação de abstinência quando separados, diferentemente do que eu tinha com Caio.

Ver seu irmão gêmeo ali me afetou, e isso não posso negar.

— Eu... Preciso levar essas malas para o meu quarto. Foi um prazer conhece-lo, Renato.

— É como se eu já a conhecesse. Minha mãe vive falando de você.

Piscou charmosamente e eu o ignorei. Segurei apertado a mão de Gabes e o puxei até o quarto, correndo. Chegando lá, joguei-me no chão e coloquei as mãos sobre o rosto.

— O que você fez com ela, Nemo?! – perguntou Rodrigo, e eu o encarei confusa – Sim, Nemo. Laranja e defeituoso.

Não pude evitar uma risada espontânea. Aquele garoto havia me feito gargalhar durante todos os malditos dois meses de férias. Era uma delícia conviver com Rodrigo, e eu não me cansaria nunca.

— Eu não fiz nada. O espírito do natal passado o fez.

Gabriel fora ríspido e muito sério. Todos os presentes no quarto – ou seja, todos os que haviam viajado conosco: as garotas do Chambre 657, os garotos do dormitório Alpha, Nicholas e Rafael – o encararam como se fosse tamanha heresia me tratar daquela forma. Senti-me na obrigação de me recompor e contar a eles toda a longa – ok, nem tanto – e dramática história de uma garota, seu namorado e o clone do ex namorado perfeito.

— Você quer dizer que o Caio, o nosso Caio, tinha um...

— Nosso o quê?! – rosnou Luke.

— Nosso. Ele era o meu Rodrigo.

— Que gracinha! – miou Rodrigo – Eu sou especial.

— Só se for pra tua mãe – ironizou Thiago.

— Foco, galera!

Chloe gritou e todos a encararam. Era estranho vê-la botando moral em alguma coisa. Talvez por ser menor que eu, ou por ser uma Chiquitita do Inferno. Fitamo-la e ela sorriu, satisfeita. Pigarreou como se fosse começar um discurso.

— O importante é: esse gêmeo do mal quer roubar a Amanda de nós, como o amigo vampiro ali também já quis. Acontece que ele não vai conseguir por um simples motivo.

— Nós estamos em bem maior número e o cara não é um psicopata como o Nick? – sugeriu Chris.

— Temos o Nicholas ao nosso lado, então nenhum outro psicopata pode encostar na nossa? – completou Bernardo.

— Temos o Hulk? – disse Thiago, referindo-se a Rodrigo.

— Não, imbecis – rosnou – Tudo isso, também, na verdade. Mas o mais importante é: estamos juntos dessa vez. Não vamos deixar nenhum babaca nos desmoralizar.

— Estávamos da ultima vez, e mesmo ass...

— Calado – gritou Bruna – Ela está certa. Nós precisamos de um plano.

E lá se foi uma tarde que devia ser tranquila e harmônica. Renato transformou meu quarto num QG.


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