Colégio Interno – O regresso! escrita por Híbrida
Notas iniciais do capítulo
É muita da cara de pau voltar depois de mais de ano. Eu sei. Mas me reapaixonei por CI, e estarei aos poucos remasterizando a original e voltando a postar nessa com frequência.
Espero que ainda tenha alguém aqui!
Durante os dias seguintes, passamos a maior parte do tempo sendo discretos. Os garotos saíam cedo do nosso dormitório, eu não dei nenhum escândalo e Rodrigo nem surtou quando descobriu da traição: tudo em prol da grande missão de não dar a ninguém nenhuma pista que estávamos embriagados noites antes.
No fim do quarto dia, os garotos estavam no nosso quarto e Ivan parecia radiante em poder voltar a beber. Segurava uma garrafa long-neck de cerveja que sabe-se lá onde tinha conseguido e cantarolava músicas típicas de seu país, a Nevolândia.
— Isso tudo é alegria de voltar a beber, meu bem? – perguntei, enquanto tirava a garrafa da mão dele e dava um gole – Eca, odeio cerveja.
— Ninguém tá com uma faca no seu pescoço te obrigando a beber não, coração – e pegou a bebida de volta – Preciso te contar uma coisa.
— Diga, meu bem.
Ivan começou a coçar o braço e não sabia como continuar. Segurei o riso e o peguei pelo braço pra subir pra cama. Afinal de contas, dentro do QG que virou o Chambre, a minha cama era o meu escritório oficial: era pra lá que eu levava todos que eu precisava levar um lero particular.
— Fala.
— Eu acho que meio que tô a fim da Chloe.
Ok, por aquela eu não esperava.
Eu não poderia simplesmente ser conivente com aquilo, porque implicava em ir contra o namoro dela com Rodrigo, que era, no fim das contas, bem mais meu amigo do que Ivan. Devo ter passado um tempo com a maior cara de panaca da história, porque meu russo favorito arqueou a sobrancelha e me cutucou o ombro.
— Er... A gente conversa outra hora?
— Ivan, isso tá errado em muitos níveis.
— Eu sei.
— Então deixa isso quieto.
— Seu conselho é me privar do meu relacionamento com a única mulher que já gostei na vida por conta de um estigma social que...
— Relacionamento monogâmico não é estigma social, meu bem – ri, puxando-o pra deitar ao meu lado e olhar pro teto – Veja meu relacionamento com Gabriel como um exemplo do que não fazer. Perceba como estamos instáveis. Isso é porque começamos errados.
— Como?
— Teve traição envolvida – relembrei, olhando pra cima – Olha, Ivan, só segue meu conselho, tá legal?
— Você é insuportável, sabia disso?
Assenti, dando risada e ele beijou minha testa. Sentou-se novamente na cama e voltou a beber a long-neck, que estava durando muito por ser de Ivan. Os demais do quarto estavam muito entretidos com o drama de Bruna sobre nunca saber de nada que acontecia naquele quarto. Ivan riu.
— Se soubesse do que estamos falando...
— E não é? – ri, sentando na cama – Bruna, para de drama!
— Você fala mais com esse monte de macho que comigo. E o que o Ivan tá fazendo aí?!
— Bebendo cerveja e abrindo o coração! – e jogou o meu travesseiro nela. Encarei-o com expressões de “vou te matar” – Eita, eu vou lá buscar, relaxa, não precisa me olhar assim!
— Agora pensando, não faz muito sentido o Ivan voltar a beber cerveja, porque se fizerem o bafômetro nele...
— É culturalmente aceitável que eu beba muito. Eu sou russo!
— Você é russo, mas não é um senhor da Bielorrússia que precisa beber muito pra se aquecer, Ivan, larga essa cerveja – bronqueou Nicholas.
— E o Gasparzinho tá achando que é quem pra brigar comigo?!
— A gente não devia se preocupar com coisas mais relevantes do que os maus hábitos que um dia matarão o nosso abominável russo das neves? – pontuou Luke.
— Quer discutir sobre o que? Qual nosso drama da vez?
— Eu não entendi a relação do Gabriel e da Amanda – comentou Rodrigo – Quer dizer, eles voltaram? Não os vi mais juntos mas teve aquele lance do baile, né, que ela acordou lá no quarto e o sapato tinha sumido...
— Nós precisamos falar sobre isso agora?
— Podemos falar sobre a sua tarde no quarto do Renato também – caçoou Rafa – Caralho, você fica mexida facinho, né? É só passar um mutilado na sua frente que cê esquece quem é Gabriel.
— Cala a boca – vociferou Gabriel, no seu tom habitual de poucos amigos.
— É sério, cara. Todo magrelo com cara de dor que passa perto dela, já é motivo pra...
— Cala a boca, Rafael! – eu, Gabriel e, milagrosamente, Nicholas.
— Credo, que mau humor.
— Será que a gente pode falar sobre outra coisa que não o Renato?
— É difícil, cara – soltou Thi, segurando o riso – Quer dizer... A gente sempre tem uma pauta muito específica. Ou é os efeitos do psicopata, ou é a festa, ou a viagem... Agora é o defunto.
— Nós precisamos ser adolescentes normais – resmungou Rodrigo – A gente não pode só se reunir pra jogar um basquetezinho?
— Se a gente fizesse isso, não seria a gente – lembrou Chris – E eu gosto da gente assim.
— Mas um basquetezinho cairia bem – comentei, ainda deitada na cama, com a cabeça no colo de Ivan, enquanto gotinhas d’água caíam de sua garrafa – Dá pra jogar essa merda fora, que tá pingando na minha testa?
— Ou a gente podia invadir a piscina.
Desirèe parecia muito orgulhosa de sua ideia genial. Todos nos encaramos por um instante e decidimos: iríamos invadir a piscina.
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