Colégio Interno – O regresso! escrita por Híbrida


Capítulo 12
Má interpretação, vômito e bananas.




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Acordei deitada, nua, na cama com Gabriel.

Nua.

Na cama.

Com Gabriel.

Por um momento, tentei não surtar. Todos os garotos estavam no quarto, desmaiados após uma festa maravilhosa que eu havia dado, mas não lembrava patavinas. Espreguicei-me, sentada na cama e tomando o cuidado para não mostrar demais. Gabriel começou a se mexer demais, e afagou minhas costas.

— Bom dia – sussurrou.

— Ei, você acordou.

Sorri tímida e ele me abraçou por trás, beijando minhas costas. O que caralhos estava acontecendo ali, eu continuava sem saber. Deitei-me novamente e ele continuou me encarando, como se tentasse ler minha mente. Aquilo estava, no mínimo, perturbador.

— Que merda de término, né mesmo? – brinquei – Quero dizer... A gente já quase voltou duas vezes desde que terminamos.

— Isso significa algo.

— Que a gente não sabe o significado da palavra término?

— Que não é pra gente terminar, Amanda.

E o silêncio se instalou, pesado, no ambiente. O barulho regente era o ressono dos garotos e o ronco pesado de Rodrigo, que dormia muito mal. Levantei e rumei ao banheiro, com uma blusa de Gabriel no braço. Entrei no banho e, instantes depois, a porta se abriu.

Privacidade não existe nesse ambiente.

— Ei – Thiago guinchou – Eu sei que minha irmãzinha está aí e eu preciso dizer algumas coisas sobre ontem. Eu não quero saber das suas intimidades, mas eu não acho que valha a pena continuar com o Gabriel depois de tudo que houve. Quero dizer... Porra, Amanda! – gritou, de repente – Vocês terminam e voltam e nunca dá certo. Isso deve ser um sinal, não?

— Ele disse que isso é um sinal de que não devemos nos separar... – sussurrei, escorregando pela parede fria.

— Se fosse pra vocês não se separarem, não teriam terminado tantas vezes, pequena. Pensa nisso. Eu amo vocês dois, mas juntos não tá dando certo.

— Que merda de irmão é você – resmunguei.

Ele riu e saiu do banheiro. Terminei o banho, me sequei com a toalha que estava lá – e só depois pensei que poderia ter pego micose de algum daqueles imundos – e vesti a roupa de Gabriel. Subi na cama de Rodrigo ao sair do banheiro e lá me encolhi. Ao perceber minha presença, ele acordou assustado.

Eita, nóis! – gritou meu menino – Ah, é só você.

— O que diabos você achou que fosse?!

— Algum dos garotos querendo se aproveitar da minha embriaguez.

Sorriu doce, e voltou a deitar-se, dormindo. Fiquei ali, com aquele braço enorme e bombado, com uma tatuagem de henna enorme tomando-o todo. Afaguei-o, pensando na vida.

Provavelmente naquela festa, eu havia perdido tudo. Minha dignidade, celular, os sapatos... Tudo. Precisava começar a procurar as coisas. Começando pelas mais fáceis: as coisas físicas.

— Gabriel! – chamei, sem sucesso, já que o garoto havia voltado a dormir – Nemo! – gritei, jogando um dos doze travesseiros que contornavam o corpo de Rodrigo na cama nele.

— Puta que pariu – sussurrou – Que foi?

— Eu vim pra cá de sapatos?

— Cê acha que eu lembro?! – gritou – Não lembro nem se tava de sutiã!

— Poupem-me das suas intimidades.

Gus acordou, inchado e confuso. Afagou minha coxa ao levantar para ir ao banheiro e eu decidi começar a busca. Desci da cama, peguei um chinelo de Chris – um fato engraçado: Chris calçava 35 como eu – e saí em busca das ruínas da festa.

Quando cheguei no campus, de camiseta e cueca box, percebi que haviam alunos dormindo em todos os cantos. Era provável que eu fosse uma delas, se não tivesse me dado ao desfrute com o Gabriel. E não sei o que teria sido pior.

Comecei a buscar Matteo, o que não era muito difícil, visto que seus cabelos azuis à la Emma de Azul é a Cor mais Quente chamavam atenção no meio da multidão de máscaras cinzas que tomava o campus. Era difícil andar sem pisar em alguém.

Quando o encontrei, sentei-me ao seu lado. Estava dormindo no chão, agarrado a uma garrafa de suco de uva. Suado, vermelho e levemente patético. Sentei sua cabeça em meu colo e ele acordou, assustado.

— Que foi, criatura?! – perguntou.

— Bom dia, raio de sol – ironizei – Viu meus sapatos?

— Pior que sim.

Ele sorriu, cambaleando ao tentar levantar, e me levou até a bancada onde, ontem, eu havia enchido a cara. Tirou de um armarinho, meu sapato. Bati palminhas, sorrindo e o abraçando.

Matteo sorriu malicioso, colocando as mãos em minha cintura. Afastei-me.

— Não me olhe assim, rapaz – resmunguei – Eu dormi com meu ex e já me sinto imunda o bastante.

— Ontem ele tava aqui, amargurado, perguntando de você e conversando com a sua prima.

— Conversando com...

— É, a Bruna.

— Filha da...

— Olha. Não fala assim da Ohana.

Piscou charmoso e rumou até o próprio quarto. Com os meus sapatos em mãos e os de Chris nos pés, fui até o Chambre de Femmes. Ao entrar, a cena era ridícula.

Quase pisei em Desirèe ao sair do elevador, que dormia no chão. Havia uma pequena poça de vômito no tapete, e Chloe choramingava ao lado dela.

— Vocês estão piores que eu – sussurrei, pulando Dê.

— Onde você dormiu? – perguntou Chloe, limpando a boca com o dorso da mão – A gente te procurou em todo canto ontem, e... De quem é essa camiseta? Puta que pariu, Amanda, não me diga que você transou com um estranho!

— Não! – protestei, ofendida – Um estranho não.

— Sua vaca!

Chloe simplesmente berrou, acordando o quarto e provavelmente o campus inteiro. Luke acordou assustado e bateu a cabeça na madeira da cama. Bruna ria da situação patética de seu namorado. Ivan – que por algum motivo desconhecido havia dormido em minha cama – levantou vagarosamente, fitando a cena bizarra.

— Que nojo de você, Chloe. Em pensar que ontem a gente...

— Vocês o que?! – gritei.

— Por Deus, parem de berrar por um minutinho! – implorou Lucas, chorando.

— Não! – berrou Ivan de volta.

— Bebeu porque quis! – gritei também.

— Eu vou vomitar! – gritou Chloe.

E vomitou.

Na mesma poça, que cresceu ainda mais. E voltou a chorar. Por Deus, como Chloe chorava. Seu rosto estava suado, molhado de lagrimas e sua boca suja.

— Alguém vai limpar essa pessoa, pelo amor de Deus – pediu Bruna, cansada.

Eu estava de bom humor – provavelmente pela noite anterior –, então a levei para o banheiro e lavei seu rosto. Quando voltamos à sala, haviam chamado uma irmã para limpar o vômito, e ela tinha cara de poucos amigos. Então nos trocamos – na frente dela, já que estávamos habituados a nos ver de roupas de banho – e ela começou a orar, muito alto.

Descemos rindo do ocorrido e nos sentamos na nossa mesa.

— Cara... Que festa – soltou Ivan, fitando o nada.

— Precisamos pôr na mesa tudo o que lembramos. Vamos juntar todas as informações que temos.

— Isso, pessoal! – gritou De – Vamos descascar a banana.

— Descascar...

— É o jeito dela dizer que precisamos de uma DR – expliquei, antes que perguntassem.

Quando nos juntamos com os garotos – e o clima entre mim e Gabriel pesou levemente – decidimos começar a juntar as peças. Mas aquela peça que sempre sobra, mas a gente tenta encaixar, chegou.

— Vão falar sobre a festa? Eu, como bom fotógrafo, tenho algo a mostrar.

E Renato se juntou a nós, sem nem mesmo ter sido chamado.


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