Conto De Fadas Moderno escrita por Letícia Matias


Capítulo 15
Capítulo 15




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A casa dos meus era uma casa simples e não muito grande. Era ficava do lado de outras casas numa pequena rua sem saída que parecia um beco. Tinha dois andares, era apertadinha e aconchegante. Por fora, era marrom no estilo vitoriano e por dentro tinha uma iluminação um pouco escura. Meus pais gostavam muito de usar lampião o que era uma coisa estranha e antiga, mas eu gostava também.

Quando entrei na casa, minha mãe que era um pouquinho mais baixa do que eu tinha cabelos enrolados da cor castanho avermelhado e olhos castanhos. Ela sorriu para mim e veio me dar um abraço.

– Querida, há quanto tempo!

Apertei-a mais no abraço.

– Nem me fale. Senti sua falta, mãe.

Ela sorriu com os olhos cheios de lágrimas.

– Ah não! – eu disse. – Sem lágrimas.

Meu irmão começou a rir da cara da minha mãe e ela bateu em seu braço com o pano de prato que segurava na mão.

– Querida, suba para seu quarto, vá se trocar, tomar um banho, relaxar e depois desça para almoçar. Seu quarto está arrumado.

Sorri.

– O que a senhora fez de bom¿

– Batata assada e ravióli a cogumelo.

– Ah meu Deus, que delícia. – eu disse. – O cheiro está ótimo.

Ela sorriu e meu pai lhe deu um beijo no rosto.

Suspirei.

– Bom, eu vou subir e trocar de roupa.

– Tudo bem, vamos te esperar na cozinha.

Assenti e subi a escada coberta por um carpete cinza levando minha mala comigo.

No corredor havia vários quadros pequenos com moldura de madeira em ambas as paredes. Fotos de família, fotos minhas, do meu irmão, dos meus pais, todos nós juntos e outras pessoas da família. Sorri. A casa dos meus pais era aconchegante desse jeito.

Abri a porta do meu antigo quarto. Lá estava a minha cama antiga com a cabeceira branca, dois criados mudos da cor mogno de cada lado da cama e uma penteadeira branca perto da janela. As cortinas eram finas e brancas e estavam balançando por causa do vento que entrava pela janela aberta.

Coloquei minha mala ao lado da cama e fui até a janela para olhar pela janela. Estava chuviscando e a rua de paralelepípedo estava molhada.

Fui até a minha cama e sentei-me tirando meu celular do bolso para ligar para Noah.

O telefone tocou duas vezes e ele atendeu.

– Oi. – eu disse.

– E aí, já chegou¿.

– Já sim, acabei de chegar à casa dos meus pais.

– Que bom eu... Sim Austin, pegue o que quiser. – o ouvi dizendo com a voz longe do telefone. – Fico feliz que você tenha chegado bem.

– O que Austin está fazendo aí¿

Ele ficou mudo no telefone por alguns segundos.

– Estamos só bebendo uma cerveja e jogando baralho.

Fechei os olhos e respirei fundo.

– E então, como está aí em Londres, está muito frio¿.

– Sim.

– Já estou com saudades, baby.

Olhei para meu reflexo no espelho da penteadeira.

– Eu também. Noah, por favor, não fique bebendo, ok¿ Eu...

– Ah não Genevieve, vai começar¿

Ouvi Austin rir.

– Mande ela ir comer o peru de Ação de Graças e te deixar em paz, cara. – ouvi-o dizer.

– Cale a boca, Austin.

Austin riu novamente.

– Gen¿ - ele disse.

Não respondi. Eu sentia tanta raiva daquele imbecil do Austin, se eu pudesse dava um tiro com espingarda nele.

Perdão, meu Deus. – pensei.

– Gen, ainda está aí¿

Bufei.

– Sim, estou.

– Olhe, aproveite o feriado aí com a sua família, ok¿ Se perguntarem por mim, diga que eu mandei um feliz Dia de Ação de Graças.

– Eu direi.

– Ei baby, não fique assim. Por que está com essa voz¿

– Deve estar com saudades do namorado bêbado dela. – ouvi Austin dizer.

Ouvi também Noah abafando uma risada.

Aquilo me cansava de uma tal maneira inexplicável.

– Ah cale a boca. – Noah disse para Austin que riu. – Gen¿

– O que, Noah¿

– Estou com saudades já. Eu tenho que ir, eu... – a campainha tocou. – Austin, abra a porta.

– Quem chegou aí¿ - perguntei.

Noah não respondeu.

Forcei meus ouvidos a ouvir as vozes abafadas. Eram vozes de mulheres.

– Noah¿

– Oi, desculpe, Gen. Eu tenho que ir, eu...

– Quem está aí¿

– Ninguém, é só a namorada do Austin, ou alguém que ele está pegando, sei lá e a prima dele e o namorado dela.

– Sua ex-namorada, prima do Austin¿.

– Sim, mas ela está com o namo...

– Ah vai se foder, Noah! – eu disse e desliguei o telefone com raiva.

Segurei-me para não jogar meu celular no chão. Deitei na cama e coloquei o travesseiro na minha cara. Era inacreditável, eu não aguentava mais isso. Eu estava pensando seriamente em terminar com Noah.

– Posso entrar¿

Tirei o travesseiro da cara e olhei para a porta branca.

– Pode. – eu disse ao ver Mike parado na porta.

Ele entrou e fechou a porta.

– O que aconteceu¿

Balancei a cabeça negativamente.

– Nada, só estou cansada.

– Alguém já disse que você é uma péssima mentirosa, maninha¿ - ele disse sentando-se na cama ao meu lado.

Sorri e suspirei.

– O que o Noah fez¿

Franzi o cenho e olhei para ele.

– Eu... Ouvi um pouco da conversa sem querer, me desculpe.

Fechei os olhos e respirei fundo.

– Por que ainda está com esse cara, Gen¿

Balancei a cabeça.

– Nem eu sei.

Mike suspirou.

– Ele estava com meninas no apartamento dele, é isso¿

– Acho que chegaram algumas meninas lá, eu... Nossa é tão inacreditável. Ele faz cada coisa eu... Eu não estou aguentando mais. Eu... Amo ele, ele é uma ótima pessoa, ele tem um bom coração, mas... Eu não estou mais aguentando.

– Você não tem que aguentar isso, você sabe disso. Você está com ele porque quer. Pare de ser boba, Gen, pelo amor de Deus.

Olhei para Mike que me olhava me analisando.

– Dê um basta nisso, você não merece passar por essas coisas.

Assenti.

– Eu sei, eu... Só preciso pensar direito.

Ele abriu a boca para falar algo mas depois, fechou-a e decidiu não falar nada.

– Eu... Vou tomar um banho rápido e depois descer para almoçar. – eu disse levantando-me.

Ele assentiu e se levantou também.

– Vem cá.

Ele me deu um abraço e beijou minha testa.

– Estou aqui para o que você precisar, mana. Você sabe disso, não sabe¿

Sorri com a cabeça apoiada em seu peito.

– Sei sim. Obrigada, Mike.

Ele me soltou e sorriu. Foi até a porta e saiu do quarto fechando-a novamente. Bufei e me joguei na cama novamente. Parecia que eu estava presa naqueles pesadelos que a gente não consegue sair.

Depois de tomar um banho rápido e quente, coloquei uma calça xadrez preta, meias e uma blusa de moletom cinza. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo.

Desci as escadas e parti para a cozinha. Meus pais e Mike já estavam sentados na mesa me esperando para comer. Estava um cheio de comida delicioso.

– Que cheiro bom. – eu disse chegando à cozinha.

Minha mãe sorriu.

– Espero que esteja bom do jeito que o cheiro está. Sente-se querida. Como estava o banho¿

– Ótimo. Estava precisando de um banho mesmo. – eu disse sentando-se ao lado de Mike.

– É, estava mesmo. Estava fedendo a gambá.

Olhei para ele e lhe dei um soco no braço. Ele sorriu e depois passou o braço por meus ombros e me puxou para me dar um beijo na minha bochecha.

– Podemos comer¿ - minha mãe perguntou sorrindo.

– Sim, podemos. Estou morto de fome.

– Deveríamos beber um vinho. – meu pai disse levantando-se e indo até a sala.

Segundos depois ele voltou com uma garrafa de vinho na mão. Minha mãe pegou as taças e meu pai serviu a todos nós e depois se sentou na sua cadeira ao lado da minha mãe.

– Um brinde a nossa família e a futura cantora que está sentada nessa mesa.

Sorri e disse:

– Saúde. – e todos nós brindamos.


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