Conto De Fadas Moderno escrita por Letícia Matias


Capítulo 14
Capítulo 14




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No dia 22 de Novembro eu estava terminando de arrumar minhas malas. Seria o dia de Ação De Graças no dia seguinte. Eu ia pegar um avião para Londres para a casa dos meus pais.

Meu celular vibrou ao lado da mala que estava encima da cama. Peguei-o e deslizei o dedo pela tela. Era uma mensagem de Noah.

“Quando chegar lá, me avisa. Te amo”.

“Você poderia ir comigo!” – mandei respondendo a mensagem.

“Não gosto desses feriados, você sabe disso. Mande um beijo para seus pais, sei que eles perguntarão sobre mim”.

Sorri, com certeza perguntarão.

“Tudo bem. Te ligo quando chegar lá. Te amo”.

Fechei o zíper da mala cinza e a coloquei no chão, puxando para cima sua alça.

Meu pensamento voou para Nate. Há mais de duas semanas eu tentava falar com ele, mas ele não atendia minhas ligações. Eu não havia falado com ele desde aquele dia que ele veio para cá e aconteceu o beijo. Ele parecia estar fugindo de mim.

Disquei seu número e o telefone tocou até cair na caixa postal. Eu decidi não deixar nenhum recado. Já havia deixado muitos e ele não havia me retornado.

Suspirei e terminei de pegar meus documentos. Depois, fui até a frente do prédio e esperei um táxi passar por ali.

***

Quando cheguei ao aeroporto, eram seis horas da manhã. Fui direto para o balcão fazer o check-in. Faltava meia hora para o meu embarque. Eu chegaria a Londres por volta das uma da tarde. Decidi tomar um café da manhã ali no aeroporto, pois eu não havia comido ou bebido nada antes de sair de casa.

Dirigi-me até uma cafeteria e sentei-me num banquinho alto de frente para o balcão. Pedi um café expresso e um donuts.

– Um café expresso para mim, por favor. – ouvi uma voz conhecida dizer.

Virei-me para o lado e vi Nate fazendo o pedido para o garoto que havia me atendido. Ele parecia não ter me visto.

– Nate¿ - chamei.

Ele olhou para mim surpreso. Estava vestindo uma calça jeans azul escura, um sapato preto e um suéter preto de lã.

– Oi Gen! Que... Surpresa.

– É mesmo. – eu disse. – O que está fazendo aqui, vai viajar¿

– Não. Meus pais estão vindo para cá, meu irmão e minha irmã também.

Assenti.

Ficamos nos olhando e o garoto trouxe nossos pedidos ao mesmo tempo.

– Obrigada. – eu disse me dirigindo ao garoto e lhe dei uma nota de dez dólares.

Nate veio se sentar ao meu lado e perguntou.

– E você, vai viajar¿

Assenti.

– Estou indo pra Londres, para casa dos meus pais.

Ele assentiu.

– Dê um abraço neles por mim.

– Dou sim. – olhei para ele analisando-o e depois perguntei. – Você vai fingir mesmo que nada aconteceu¿ Por que não retornou minhas ligações¿ Eu estava preocupada com você.

– Eu... Desculpe-me, ok¿ Mas eu estava... Confuso. Eu não devia ter te beijado e...

– Nate, está tudo bem. – eu disse me curvando e colocando a mão em seu joelho.

Ele olhou para a minha mão e depois olhou para o seu café. Recuei minha mão e ajeitei-me no banco.

Nate olhou para mim e suspirou.

– Eu queria te retornar, mas eu queria um tempo pra pensar. A verdade é que... Eu ainda sou apaixonado por você, Genevieve.

Engoli em seco. Meu coração estava disparado e minha boca secou de repente.

– Nate, eu...

– Não, não diga nada, ok¿ Você está com aquele cara que não te dá valor algum e você gosta dele, tem todo o direito de ficar com quem quiser. Mas, você queria saber o porquê eu não te liguei e esse foi o motivo. Eu ainda gosto de você e... Não tive coragem de te ligar. Agi igual um adolescente, mas... Foi isso o que aconteceu.

Tomei um gole do meu café novamente. Eu não sabia o que falar.

– Desculpe te perturbar com isso antes da sua viagem.

– Eu... Só não quero que pare de falar comigo por causa disso.

Ele sorriu.

– Não vou. – ele disse. – Desculpe.

Forcei um sorriso.

Eu já estava perturbada com isso.

A voz de uma mulher soou no microfone dizendo o número, nome e destino da próxima embarcação. Era o meu voo.

Suspirei me pondo de pé.

– Bem, é o meu voo.

Ele se levantou e me olhou nos olhos. Ele era tão mais alto que eu. Eu batia em seu peito.

Desviei o olhar sentindo minhas bochechas começarem a ficar quente.

– Faça uma boa viagem, Gen.

Tornei a olhar para ele e forcei outro sorriso.

– Obrigada.

– Posso te dar um abraço¿

Ri baixinho e balancei a cabeça.

– É claro que pode.

Ele sorriu me abraçando como um urso, me envolvendo em seus braços fortes. Senti-o cheirar meu cabelo.

Olhei para ele e sorri.

– Tchau.

Peguei minha mala de mão e parti para o portão de embarque enquanto Nate me olhava deixando-o ali.

***

Quando o avião começou a decolar, senti um frio na barriga ao olhar pela janelinha pequena. As ruas e as casas iam ficando pequenininhas cada vez mais rápido à medida que o avião subia. O céu estava claro e com uma faixa alaranjada misturada com as nuvens brancas. Parecia que ia ser um dia bonito e frio em Nova York.

Eu estava sim perturbada com aquela história. Aquilo estava mexendo comigo por dentro.

Olhei para a tela do meu celular onde estava uma foto minha e de Noah. Mordi o lábio e tornei a olhar pela janela. Eu não queria pensar nisso agora.

***

O voo foi cansativo e demorado como todo voo é. Cheguei lá por volta das uma e dez já que o tempo em Londres estava chuvoso.

No portão de embarque, meu pai e meu irmão me esperavam. Meu pai com cabelos grisalhos, baixinho sorriu e meu irmão, alto, moreno com cabelo liso espetado para cima sorriu também.

Sorri e corri com a mala de encontro a eles. Eu estava morrendo de saudades.

Meu irmão abriu os braços e eu larguei a mala no chão, corri e lhe dei um abraço apertado.

– Gen! – ele exclamou.

– Mike, você cresceu!

Ele riu.

– Você que sempre foi a baixinha.

Fitei-o com os olhos estreitos e ele sorriu e depois me deu outro abraço.

– Senti sua falta. – ele disse com sotaque britânico.

Eu havia me livrado do sotaque britânico quando fora pra Nova York, mas, tecnicamente, eu era inglesa.

Abracei meu pai.

– Oi pai, que saudades!

– Eu também, Gen, eu também. Como você está¿

– Estou ótima e o senhor¿ – sorri e ele também sorriu.

– Melhor agora com os meus dois filhos perto de mim.

– Ei, eu sempre estou perto de você pai. Eu moro aqui em Londres, a única com fogo de ir embora foi a Genevieve.

Ri.

– Não foi fogo de ir embora. – respondi lhe dando um soco no braço.

Meu irmão balançou a cabeça rindo.

– Vamos¿ - ele perguntou pegando minha mala.

Assenti.

Fiquei entre meu pai e meu irmão, com a mão nas costas dos dois, abraçando-os. Então me dei conta de que eu sentia muita falta de Londres e principalmente da minha família.


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